Somebody That I Used To Know escrita por Meg


Capítulo 1
Somebody That I Used To Know


Notas iniciais do capítulo

Recomendo lerem escutando a música, vai fazer mais sentido. Mas quem não quiser... Boa leitura, anyway.



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Fazem 10 anos, e eu ainda me lembro de como tudo começou. A mesma coisa clichê de sempre. Menina novata no colégio, com vergonha de se enturmar, e etc. Quando eu entrei no W.M.H, foi apenas por que meus pais não tinham condições de pagar a escola que eu queria estudar, chamada Sonho Vivo. Eu entendia eles, sabia que dinheiro não era uma coisa que se arrumava de repente, e sim algo pelo qual deveríamos batalhar pra conseguir. Eu sempre fui compreensiva quanto à isso.

Meus pais já eram separados na época, e meu irmão... Bem, nem lembrava que eu existia, e quando lembrava, era apenas pra me deixar maluca. O meu único consolo real era ir á escola, porque pelo menos lá, eu podia chorar, espernear, ninguém notaria mesmo. Essa sempre foi uma das vantagens de ser invisível. Mas é claro que nada permance por muito tempo.

A minha sala tinha 34 alunos, e deles apenas 1 falava comigo. Quando mais nova, eu tinha uma melhor amiga chamada Lydia. Sabem aquela época quando somos crianças e tudo que nos importa é a nossa melhor amiga? Sim, ela sempre foi esta. O problema é quando entramos no colégio juntas, ela me deixou de lado. Ainda falava comigo de vez em quando, mas não na frente das novas amigas dela. Afinal, quem gostaria de falar com a estranha do colégio? Eu mesma sabia que eu era impopular, ninguém lá gostava de mim, nem os professores. Eu não era bonita, só tirava notas regulares, mas eu nunca senti inveja de ninguém. Não mesmo, porque fui criada por uma mãe que me ensinou à não ter inveja de ninguém, e se contentar com o que tinha. Eu não sentia inveja de ninguém, mas isso não me impedia de querer mais, certo?

Foi quando finalmente ele aconteceu. Daniel Hudson, apenas um garoto da escola. Não era o garoto mais popular, mas nem por isso era desconhecido. Era o garanhão, pega-todas da escola. E eu o detestava com todas as minhas forças. Já dá pra ver no que isso deu, certo?

No início eu não tinha nada contra ele, até que ele esbarrou em mim, e em uma garota, e nos chamou de nerds nojentas. Aí qualquer tipo de encanto que eu tivesse pelo garoto, foi embora. Mas penso que ele ter feito isso foi bom pra mim. Me ajudou a conhecer a minha verdadeira melhor amiga. O nome dela era Louise Wellance, ela era a maluca da escola. Desde aquele dia, ela começou a falar comigo, e logo já éramos amigas. Foi a primeira vez que eu realmente me abri com alguém pra falar da minha vida... Mas mesmo assim eu ainda tinha medo de me entregar à algum tipo de amizade.

Desde aquele dia, eu comecei a nutrir certo rancor por ele. Eu não acreditava muito em amor, na época, porque meus pais tinham se separado antes mesmo de eu nascer, e logo eles tinham encontrado outras pessoas. Eu não acreditava em amor, eu acreditava em pessoas certas. E não me arrependo de um dia ter pensado assim.

Quando uma vadia da escola (sempre tem, né?) começou a flertar com ele, foi que eu percebi meus reais sentimentos. No início, eu tentei lutar contra, mas o sentimento foi maior que eu. Era algo que já não estava mais sob o meu controle. Deixei os meus sentimentos me guiarem, aos poucos, e no fim nem foi ruim. Foi péssimo.

Porque assim que todos perceberam os meus sentimentos por ele, eles começaram a dizer isso à ele, e tudo que ele sabia dizer era "é só uma quedinha, logo vai passar". No fim nem foi só uma quedinha. Ele tinha sido meu primeiro amor, e era difícil pra mim lidar com isso.

Às vezes eu ainda me encontro sentada na varando, olhando pro céu, lembrando de como eu e ele costumávamos ser. Ele era 'O' pegador da escola, e eu era apenas uma garota que o admirava a distância. Apenas mais um coração apaixonado entre muitos outros.

Já haviam passado dois anos, com eu o amando, e ele me ignorando. Eu fingia não ligar, mas machucava. Custava alguma coisa ele pelo menos ter a descência de chegar em mim, e dizer que não sentia o mesmo? Mas não, ele fazia questão de me ignorar, de brincar com meus sentimentos, como se eles não fossem nada.

Um dia, eu me cansei de esconder o que sentia. Escrevi uma carta contando meus sentimentos, e enviei a ele. Okay, escrever carta de amor não era a melhor maneira, e nem a maneira mais adulta, de dizer que se ama alguém. Mas eu não conseguia pensar em outro modo, eu não gostava de demonstrar o que eu sentia. E no fim não deu certo. Apenas outra humilhação, e eu fui motivo de deboche mais uma vez.

Naquele dia, bastou. Eu não seria mais o motivo das humilhações dele e dos amiguinhos dele. Eu pensaria apenas em mim. E no fim, isso deu certo. Eu não esqueci ele, mas consegui afastá-lo um pouco, e me concentrei em mim. Minhas notas melhoraram, e eu comecei a pensar nos meus sonhos de me tornar uma atriz poderosa e famosa. Quando eu era criança, minha mãe me dizia "Se você tem um sonho, agarre-o firmemente, e lute por ele." Desde pequena eu queria ser uma estrela, e eu lutaria por aquele sonho, não deixaria mais que ninguém pisasse em mim.

E então veio o ano seguinte. Eu descobri que aquele seria meu último ano no colégio, e isso praticamente tirou um peso de cima de mim. Em breve, eu estaria longe dele, e não seria obrigada à ter que aturar aquelas humilhações. Mas quando o ano começou, as coisas estavam diferentes. Muitas coisas mudaram.

Eu resolvi não ser mais aquela nerd estranha geeky. Tirei meus óculos, ajeitei meus cabelos, cuidei das espinhas, e comecei a me vestir de forma melhor. As antigas roupas de vovó que eu usava, que transformaram em roupas modernas, como short e blusa, vestidos, mas nada que mudasse quem eu era. E aquilo pareceu ser o suficiente pra ele finalmente me notar.

Ele havia começado a me mandar olhares significativos, e muitas vezes eu o flagrava me observando de cima pra baixo. Só que ele nunca admitia nada, apenas ficava na dele. Quando outros garotos se aproximavam de mim, ele me olhasse como se eu estivesse fazendo algo errado, como se eu estivesse traindo ele... O que começou a me trazer dúvidas se o desejo dele por mim era apenas físico. Eu não queria ter expectativas que ele se apaixonasse por mim, não mesmo. Mas era inevitável, porque eu queria que ele sentisse o mesmo, e soubesse como era estar no meu lugar.

Era meu último ano lá, e ele tinha ousado apenas me notar quando eu estava prestes a partir. Não importava o que acontecesse no futuro, eu sabia que eu teria que dizer adeus àquele amor, eventualmente. Afinal, dizer 'adeus' já é uma fase da vida pela qual nós todos passamos. Mas eu ainda tinha a esperança de não passar por isso.

E então um dia eu percebi. Ele era meu primeiro amor, não o amor da minha vida. Como eu poderia me concentrar apenas em mim, se no fundo eu ainda esperava por ele? Eu tinha que seguir em frente, aquela era minha chance, e eu não a deixaria escapar. Se ele quisesse me contar o que sentia, ele poderia apenas chegar em mim, e me falar. Mas ele nunca o fazia, então o que eu supostamente deveria fazer? Eu acreditava em destino, e sabia que eu e Daniel não havíamos sido feitos um pro outro... Que o meu amor de verdade estava lá fora, me aguardando. As coisas deveriam acontecer naturalmente.

Quando chegamos ao último dia de aula, foi como esperado. Choros, e abraços pra todo lugar. Até eu chorei, porque no fundo doía. E eu acho que esse era o meu problema. Às vezes meu maior medo não era se ia doer, e sim se ia sangrar. Eu estava pronta pra viver a minha nova vida, e deixar a antiga pra trás, mesmo sabendo que Daniel estaria sempre no meu coração.

Demoraram meses, até eu finalmente conseguir me dar conta que havia acabado. Eu jamais o veria, e aquele era o momento perfeito pra não ter mais expectativas. E então aconteceu o que eu finalmente esperava. Um novo primeiro dia de aula numa escola completamente diferente. Invisível de novo.

Mas quando cheguei lá, a primeira cena que eu vi não foram colegas se abraçando, nem líderes de torcida me importunando. Eu vi os jogadores do time de basquete implicando com um garoto que parecia bastante assustado. Não era da minha conta, mas resolvi interferir.

- Hey! - eu falei, irritada, e afastando os meninos. - Ele não fez nada demais contra vocês, deixem-o em paz.

- E quem é você, doçura? - perguntou um deles, sorrindo.

- Eu sou a novata - foi o que eu falei, antes de dar um soco enorme na cara do grandalhão. Ele imediatamente caiu no chão, e as risadas pararam. Ficou um clima bastante tenso ali. Primeiro dia de aula, e eu já me metia em confusão. É, sem ponto pra mim.

- Você está na minha mira, você vai pagar - disse ele, com a mão no nariz, e saindo dali junto com os 'escravos' dele.

Então eu finalmente voltei a minha atenção para o garoto que recolhia os livros ao meu lado.

- Você está bem? - perguntei, docemente.

- S-Sim, estou... - ele gaguejou, erguendo o olhar pra mim, me permitindo de ver os belos olhos azuis que ele tinha. - Você... É um anjo?

Tudo que eu fiz foi sorrir.

- Não exatamente - respondi, enquanto ajudava ele.

Nós dois finalmente nos levantamos do chão, e eu estendi a minha mão.

- Sou Elizabeth Summers - falei, normalmente.

Ele sorriu, e apertou minha mão de volta.

- Eu sou Jude. Jude Sobrev.

E naquele momento o destino se traçava.

Hoje em dia, Jude é meu noivo, e eu sou uma atriz famosa. Já estive em vários programas, como o da Oprah, e o da Ellen, e até em campanhas pra PETA, no Outdoors. Eu consegui tudo que eu sempre quis, em especialidade o amor da minha vida.

Mas é claro que no fundo meu coração ainda tinha um pequeno espaço guardado pra Daniel. Ele tinha me ensinado várias coisas. Tinha me ensinado a ser quem eu realmente era, e a não deixar o amor entrar no meu caminho. Havia me ensinado a ser forte, e a suportar vários tipos de dores. No fim, todas aquelas humilhações me fizeram de quem eu sou hoje. Uma estrela.

Eu finalmente havia conseguido diferenciar as coisas. Daniel era meu primeiro amor. Jude era o amor da minha vida.

Mas é como as cicatrizes de um amor não correspondido são. Elas podem ser curadas, mas sempre vai restar alguma coisa.

Um dia desses, eu andava pelas ruas, olhando meu celular, quando eu avistei um rapaz de longe. Ele era alto, bonito, cabelos castanhos... Mas os olhos... Eu sabia que eu já tinha visto aqueles olhos em algum lugar. E no momento em que os vi, eu soube quem era.

- Daniel Hudson? - eu mal podia acreditar.

Assim que ele se virou pra mim, ele estava meio confuso. Daniel nunca foi do tipo de pessoa que se lembrava das coisas, e nem sequer deveria me reconhecer.

- Desculpe, eu conheço você? - ele me perguntou, gentilmente. É, as pessoas mudam.

Eu abri um sorriso.

- Elizabeth Summers. Baixinha, nerd, motivo de piada no colégio, que hoje em dia virou uma atriz. - eu falei, sem nenhuma vergonha.

Os olhos dele se arregalaram na mesma hora. Ele pareceu mesmo surpreso em me ver ali, e ficou paralisado. Eu não esperava um abraço, é claro, nós nunca fomos próximos. Nunca nem chegamos a ser amigos.

- Uau - ele falou, me olhando de cima pra baixo. - Há quanto tempo! Quem diria que a nerd mais linda do colégio viraria uma estrela?

E assim engatamos uma longa conversa sobre como a nossa vida no colegial costumava ser. Eu ainda me perguntava se ele sabia dos meus sentimentos, do jeito que eu me sentia por ele na época. Mas não abri a boca nenhuma vez pra falar sobre isso. Até porque não havia necessidade.

Jude me fazia a mulher mais feliz do mundo, e eu tinha certeza que o sentimento era recíproco. Eu sabia que se eu tivesse com Daniel, as coisas não terminariam como eu esperava. No fim, meu amor à pessoa errada me levou a pessoa certa. Jude era o meu cara certo, meu verdadeiro amor, meu lar, e minha alma gêmea.

Mas eu até hoje ainda me pergunto quando ele passou de amor da minha vida pra apenas alguém que eu costumava conhecer.

- E então... - eu tive que falar naquilo. Eu precisava. - Como vai seu coração? Está casado? Namorando?

- Não. Na verdade, eu já tive várias namoradas, mas nenhuma delas supera a garota pela qual eu me apaixonei quando era mais novo - ele comentou, timidamente.

Eu sorri.

- E você realmente a amava?

Ele apenas me olhou cuidadosamente, e sorriu.

- Mais do que ela possa imaginar. - e respirou fundo. - Eu apenas nunca tive coragem de contar pra ela meus sentimentos... E eu me arrependo disso... Todo dia, eu me arrependo de nunca ter contado. - ele olhou pra mim novamente, e perguntou: - Você já se arrependeu de ter amado seu primeiro amor?

- Não. Nunca. - eu falei, e era verdade.

Eu nunca me arrependi de ter amado Daniel, porque por um momento, ele costumava ser tudo que eu queria.

Moral da história: Não esconda o que você sente por uma pessoa por muito tempo, porque essa pessoa pode acabar desistindo de você, e te deixando.

FIM!


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Notas finais do capítulo

review?



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