(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 28
Capítulo 27: Let's play, baby!


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas!!!

9 meses de hiatus. EU SEI. Mereço uma série de reclamações, faz todo o sentido. O que eu tenho a dizer é que eu tive um semestre muito difícil. Quem me acompanha fora daqui, pelo facebook ou instagram, sabe. Último semestre de faculdade não é fácil, quando se faz engenharia, acreditem em mim, é pior ainda. Eu abri mão de muita coisa por conta da reta final, formatura e o sossego só veio agora. Não espero que me perdoem tão fácil, apenas que entendam e não guardem rancor :)

Este capítulo foi escrito há um tempo, mas pausado várias vezes por falta de tempo. Ou as vezes inspiração mesmo. Então hoje eu peguei isso para fazer, em compromisso a vocês que não me abandonaram e sempre estiveram aqui, esperando. Acabei de terminá-lo faz uns 5 minutos...
Não sei se ainda tenho o dom para a coisa, nem se está engraçado, mas espero que esteja razoavelmente bom para vocês! Tem muito amor e carinho em cada linha aqui s2



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Bella

Eu queimei de raiva e frustração por uns cinco minutos, tremendo e desejando poder matar o Agente Cullen de cem formas diferentes. Até que eu decidi que não precisava lidar com aquilo naquele momento, porque não era minha prioridade. Eu simplesmente tinha que apagar por alguns dias, colocar minha cabeça e corpo em ordem, lidar com o que aconteceu e planejar uma estratégia depois de tudo.

Fui até meu banheiro para tirar os resquícios de maquiagem que ainda me deixavam com cara de zumbi, fechei a cortina da minha varanda e apaguei todas as luzes. Coloquei meu celular para recarregar e me enfiei debaixo do edredom, usando a máquina de ronronar de Preciosa para pegar no sono.

Quando acordei, provavelmente já passava da metade do dia seguinte. O sol estava alto no céu, um dia claro e ensolarado. Uma careta se formou em meu rosto quando olhei sobre meu criado mudo, meu relógio marcando duas da tarde. Tentei fechar os olhos e voltar a dormir, mas depois de dez minutos, simplesmente não estava mais funcionando. Com um resmungo baixo, joguei tudo para o lado e fui até o banheiro tomar um banho revigorante.

De volta ao meu quarto, enrolada em um roupão grosso e fofo, encontrei Preciosa aninhada como uma bola ao pé da cama, olhando para mim com aqueles olhos de gata. Ela provavelmente teria saído do quarto e voltado enquanto eu estava apagada em processo de hibernação.

– Você também está me julgando, pequena traidora? – acusei.

Ela não miou, apenas balançou sua cauda de um lado a outro, como um adorável filhotinho. Suspirei e me aproximei dela, beijando o topo de sua cabeça e fazendo carinho em seu pelo macio. Ela cheirava tão bem.

– O quão bom soa um café da manhã, minha linda?

Preciosa rapidamente ficou de pé e saltou para o chão, fazendo o seu caminho para fora do quarto através da sua portinhola de gata. Meus olhos caíram de relance no meu celular sobre o criado mudo, ainda conectado ao carregador, e decidi checá-lo antes de sair do quarto. Eu tinha 78 ligações perdidas – as últimas 20 de Jacob –, 123 mensagens de texto e 25 mensagens de voz. Eles realmente tinham batido até o inferno por mim – o que deveria ter me deixado comovida, mas não. Ver o nome de Jacob fez meu estômago se revirar e um mundo de arrependimento caiu sobre minhas costas. Eu precisava falar com ele, tirar tudo a limpo. Mas não naquele momento.

Saí do quarto e me deparei com o apartamento deserto. Levei menos de dez segundos para concluir que Alice não estava em casa, porque quando estava, silêncio não existia dentro de todas as paredes. Fui até a geladeira, servi uma tigela de leite para minha gata e peguei um iogurte para mim. Reparei então em uma folha de papel rosa fluorescente grudada ao microondas.

Hey, você.

Não sei se você ainda está no modo BITCH operandi, mas caso você se importe em saber onde estou, fui ao apartamento do Chad. Tem comida chinesa dentro do microondas e aspirina na caixa de remédios. E ligue para o Imperador, porque ele está louco atrás de você. Ele te ligou zilhões de vezes, ligou para mim umas dez vezes seguidas e veio pessoalmente até aqui ontem para ver se eu realmente estava falando a verdade e você estava dormindo. Depois que ele viu com os próprios olhos sua baba escorrendo pelo travesseiro, ele finalmente me deixou em paz. O que você fez ao pobre rapaz eu não sei, mas parece que você ferrou com a vida de mais alguém – além de mim, Emmett e meu irmão.

–A

Oh, sim. Tão delicada como só Alice Cullen poderia ser. Aquela garota sabia muito bem como trabalhar com o psicológico de alguém – e impor remorso de sobra.

– Então o Jake esteve aqui? – perguntei a Preciosa, enquanto lhe entregava o leite.

Ela olhou para mim por meio segundo e soltou seu miado de reprovação, depois concentrou-se na tigela de leite que eu acabara de colocar na sua frente. Mas que ótimo. Jacob Black esteve aqui e me viu afogada em uma poça de baba. Eu realmente precisava falar com ele.

Peguei o telefone sem fio sobre a bancada e disquei seu número.

– CALEM A BOCA! – ele rosnou do outro lado, após o segundo toque. – Black!

– Wow, acho que eu posso te ligar depois... – falei, após um segundo.

– Bella?! – ele perguntou mais baixo. – Seu número não apareceu aqui.

– Jacob, podemos conversar depois.

Ouvi uma sequência de barulhos do outro lado da linha.

– Caiam fora daqui agora! Não Quil, eu não quero mais falar sobre isso... FORA SETH!... E você também Leah, vá procurar alguém para torturar lá fora – ele esbravejou do outro lado, furioso como eu nunca tinha ouvido antes.

Preparei-me caso ele destinasse essa fúria para o meu lado. Armadura em postos.

– Pronto, estamos a sós agora.

– Eu estou interrompendo algo importante?

– Não, você evitou que eu cometesse um genocídio – ele suspirou do outro lado. – Como você está hoje?

– Isso depende.

– Depende do quê?

– Você veio até a minha casa ontem?

Ele fez uma pausa que me pareceu uma eternidade. Sua voz soou cansada.

– O que você queria que eu fizesse?

Foi a minha vez de ficar quieta.

– Bella, eu te fiz uma pergunta.

– Eu sei! – agarrei o balcão atrás de mim com mais força. – É só que eu...

– Você simplesmente tinha evaporado quando eu acordei e não atendeu minhas ligações. Eu fiquei louco atrás de você, Bella. Surtei! Você não tem noção do que aconteceu, do que passou pela minha cabeça. Pensei inúmeras bobagens.

Revirei os olhos. Eu não precisava de mais um fazendo drama para mim.

– Jacob, me escuta. Nós precisamos conversar. Só que não assim, por telefone. É um assunto muito delicado.

– Eu também acho. Preciso sair daqui ou eu vou ficar louco. Quer dar uma volta?

– Tudo bem. Eu vou me trocar e desço em quinze minutos.

– Estarei esperando – e ele desligou, sem mesmo de despedir.

– Ótimo! – resmunguei, colocando o aparelho de volta na base com mais força do que o necessário.

Corri de volta até o quarto para me trocar. O tempo mudara tão repentinamente como meu humor – indo de um dia ensolarado para agora cinzento e nublado, exatamente como eu me sentia. Decidi então usar o máximo de preto que eu pudesse – talvez deixar o mundo em estado de alerta para mim. Peguei a primeira peça preta que eu vi, que por ironia dos deuses, era um vestido que parecia comportado e ao mesmo tempo escondia um decote profundo nas costas. Calcei minhas botas stiletto até os joelhos e me dediquei à aplicação de rímel e lápis preto nos olhos. Baguncei meu cabelo um pouco mais e um par de Ray-Bans brilhou ali perto, lembrando-me que eu ainda estava com algumas coisas de Jacob. Decidindo por devolvê-las aos poucos, coloquei os óculos e saí do quarto, parando apenas para pegar minha bolsa sobre o sofá antes de sair do apartamento. Mas não fui tão longe como eu gostaria.

– Boa tarde, majestade – uma voz divertida ecoou no deserto corredor.

Pulei de susto antes de deixar um suspiro exasperado escapar.

– Agente McCarthy – respondi, ainda sem virar-me em sua direção.

Ele caminhou até onde eu estava esperando o elevador, parecendo confortável e sorridente demais dentro de uma camiseta azul marinho e um par de jeans surrado.

– Como estamos? – ele insistiu em puxar conversa.

– Parados. Esperando o elevador.

Ouch – ele gargalhou, rindo até sua cabeça tombar para trás. Estreitei meus olhos para ele, que não viu por causa dos óculos escuros. – Adoro gatas selvagens.

– Você pode desfrutar um tempo de qualidade com Preciosa, se desejar – sorri.

– Eu agradeço baby, mas eu dispenso – ele se sacudiu todo em repulsa, antes de entrar no elevador e se voltar para mim. – Você não vai entrar?

– Aonde você está indo? – perguntei a ele, dando um passo à frente.

– Não sei ainda. Aonde nós estamos indo? – ele repetiu, fazendo-se de bobo.

Levei os óculos ao alto da cabeça e fiz questão de manter o contato visual. Encarei-o como se eu pudesse ler o que estava explodindo dentro daquela cabeça enorme, oca e cheia de fios loiros.

– Oh não. De jeito nenhum. Pode parar!

Seu sorriso torto cresceu até tornar-se cruel.

– Estou parado, Bella.

Você não vai me seguir! – explodi, enfiando o dedo em seu peito duro. – Seu idiota! Eu não preciso de uma babá! Sou adulta, maior de idade e responsável!

– Há controvérsias...

– Emmett! – esbravejei.

– Prefere o Edward? – ele ergueu uma sobrancelha. – Ele ficaria muito feliz com isso.

Vi tudo vermelho à menção daquele nome. Meu punho se fechou sobre seu peito.

– Você não vai me seguir por aí. Não preciso de uma babá idiota!

– Você fere o sentimento de todas as profissionais da categoria falando desse jeito, majestade – ele balançou a cabeça de um lado para o outro, me repreendendo. – Além do mais, eu não sou sua babá. Deixemos essa função para a Alice, que possui a estatura adequada para o cargo... Considere-me um dos seus seguranças particulares. Estou apenas fazendo uma escolta, é bem comum.

O elevador chegou ao térreo e ele saiu, mantendo a porta aberta para mim.

– Ah claro, é bem comum as pessoas terem escoltas por aí.

– Pessoas da sua importância, é sim – ressaltou ele.

– Pensei que eu havia deixado essa identidade para trás.

– Estamos revendo alguns pontos em nossa missão. Aonde vamos?

Virei-me para ele abrindo um sorriso enorme.

– Estou indo falar com o meu namorado. E dar alguns amassos nele... você sabe como é, né Emmett... o Jake tem uma pegada inesquecível – bati meus cílios para ele.

Sua expressão foi de nojo à incrivelmente fechada.

– Eu prefiro não saber os detalhes. Não preciso de imagens mentais.

– Quer dizer que você não vai mais me seguir?

– Não.

– O quê?! – guinchei, abrindo um sorriso.

– Quero dizer que agora eu vou seguir você a distância. E intervir se necessário.

Nesse exato momento, Jacob tinha acabado de atravessar a rua e me achou ali, com uma carranca na direção da estátua à minha frente. Ele me pegou em seus braços em um dos seus abraços esmagadores tipo urso, ignorando o agente McCarthy.

– Bella! – ele sussurrou em meu ouvido, ainda sem me largar. E me puxou para um daqueles beijos desentupidores de pia ali mesmo, no meio da rua, com todas as testemunhas e em plena luz do dia. Quando seus lábios deixaram os meus, meus joelhos estavam trêmulos e ele ostentava um sorriso luminoso.

– Emmett – ele cumprimentou o agente, como se não tivesse feito nada demais.

– Black – cuspiu Emmett, estreitando os olhos para ele. – Sabe, eu estava lembrando agora mesmo a importância de passar mais tempo com a família. Bella e eu somos primos, e não passamos um tempo de qualidade há décadas.

Desvencilhei-me de Jacob só para poder golpear o agente no braço.

– Emmett!

– Achei que vocês já passassem algum tempo juntos – Jake franziu as sobrancelhas.

– Tempo demais para o meu gosto – ressaltei, fuzilando o agente com os olhos.

– Nunca se tem o suficiente ao lado da família – Emmett falou, puxando-me para o seu lado e passando seu braço sobre meu ombro. – Eu realmente gosto dessa baixinha.

– É bom você tirar o braço daí agora – sussurrei para ele.

– Ou o que? – ele desafiou, sorrindo para mim.

– Idiota! – dei uma cotovelada em seu estômago, mas ele mal se mexeu.

– Achei que você quisesse falar comigo, Bella – Jake soltou a indireta, olhando para Emmett.

– Eu realmente preciso – voltei-me para Emmett. – Você pode me soltar? Ou eu vou começar a gritar a qualquer minuto.

O agente olhou de mim para Jacob, e de volta para mim.

– Tudo bem, acho que não há perigo. Mas lembre-se do que eu disse agora há pouco.

Revirei os olhos e quando ele finalmente me soltou, puxei Jacob na direção contrária sem olhar para trás. Eu sabia que de um jeito ou outro, ele acabaria me seguindo mesmo que de longe. Mas que droga!

– Malditos agentes. Maldito FBI – resmunguei baixinho enquanto marchava pela rua.

– O que você disse? – perguntou Jacob ao meu lado, quando me alcançou.

– Nada. O que foi aquilo de me agarrar no meio da rua?

Ele abriu seu sorriso de novo e passou o braço pela minha cintura, me puxando para mais perto dele.

– Você está tão linda que eu não resisti – ele aproximou a boca da minha orelha. – Ainda não esqueci a nossa noite. E amo ver meus óculos em você.

O que eu fiz? Tropecei na calçada e corei, feito uma idiota.

– Calma aí amor – Jake me segurou, para minha sorte, antes que eu beijasse o chão.

– Você não pode me dizer essas coisas assim e esperar que eu aja de um jeito normal!

– Quer dizer que eu perturbo você? – ele sorriu para mim, convencido.

– Continue andando, Black! – eu rugi para ele, mas me contorci por dentro.

Droga. Eu deveria estar muito brava com ele. E arrancar todas as respostas.

– Aonde estamos indo? – ele perguntou quando viramos outra esquina.

– Longe o bastante – eu falei, olhando para trás. Onde estava Emmett? É claro que ele estava me seguindo, mas ele era assim tão bom mesmo nessa coisa de discrição?

– Longe o bastante..? – ele repetiu.

Antes que ele tivesse mais perguntas para mim, vi uma pequena cantina à nossa frente e entrei, seguida por um Jacob ligeiramente confuso. O lugar não era dos maiores nem tão luxuoso, mas tinha uma tranquilidade e era tão acolhedor quanto eu precisava. Caminhei até a mesa mais isolada no canto e sentei-me, usando o cardápio como uma trincheira de proteção entre nós.

– E então? – perguntou ele delicadamente, algum tempo depois, abaixando o meu menu para que pudesse ver meu rosto.

Respirei fundo, reunindo toda a minha coragem e olhei bem para ele.

– O que você tem a me dizer?

– Que você está linda hoje. Está transformando um dia de cão em Paraíso.

– Obrigada – eu sorri um pouquinho para ele. – Mas não foi a isso que eu me referia.

– O que você quer saber então?

– O que aconteceu no final de semana?

Ele me estudou por um longo tempo. Tempo o suficiente para eu me contorcer.

– Você não se lembra – ele disse por fim. Não era uma pergunta.

A forma como sua voz saiu sem emoção nenhuma, aliada à uma expressão impossível de decifrar, foi como um chute em meu estômago. Eu não sabia se ele estava decepcionado, bravo ou não se importava mesmo.

– Jacob... – baixei meus olhos para as minhas mãos, porque eu não conseguia encarar a falta de expressão em seu rosto. – Eu só me lembro de algumas coisas. Eu bebi muito e comportei-me de uma forma como eu nunca havia feito antes. Deus sabe que eu tento me lembrar de tudo, mas eu não consigo. Eu só tenho esses flashes...

– Você foi ao meu apartamento – ele contou. – Quando eu cheguei do trabalho você estava lá, na minha porta, com uma tira de pano no corpo e bêbada. Você praticamente me agarrou ali na porta mesmo e me jogou para dentro de casa.

– Disso eu me lembro – cobri o rosto com as mãos.

– E aí você me pediu mais bebida. Eu deveria ter dito que não, mas eu... você estava tão bonita... tão diferente, tão alegre... que eu simplesmente não resisti. Aconteceu.

Minhas mãos caíram de volta à mesa e meus olhos se arregalaram.

– O que aconteceu?

– As coisas saíram fora do controle. Eu não consegui me segurar, e você não parecia do tipo que queria ser contida – ele sorriu um pouquinho, pegando minhas mãos.

Santa Bharsóvia! O que eu temia... realmente aconteceu!

– Quando eu acordei, você não estava do meu lado – sua voz baixou um pouco mais, mas seu aperto tornou-se mais firme. – Eu desci e procurei por você em cada maldito canto daquele apartamento. Eu só achei seu bilhete meia hora depois, porque o Napoleão fez o favor de sentar-se sobre ele enquanto me assistia batendo o inferno para fora de mim enquanto eu estava atrás de você. Então tudo piorou quando eu li aquele papel.

Ele soltou uma de minhas mãos para pegar a carteira, e de lá tirou um papel tão amassado que parecia ter sido revirado várias vezes. Reconheci a minha letra quando ele o devolveu para mim e, quando acabei de ler, me senti pior ainda.

– Você não imagina o quão louco eu fiquei quando eu li isso – ele voltou a segurar minha mão. – Imaginei você pela cidade, quase sem roupa, de ressaca e à mercê de qualquer um que pudesse se aproveitar de você. Você sabe quantos caras malucos existem nessa cidade? Existe uma coisa por aí chamada serial killer, Bella. Pelo amor de Deus. Sabe o que um homem pensa quando vê uma mulher seminua? Sabe o risco que você correu? Você poderia ter sido sequestrada, para não dizer o pior!

Ouvir todo aquele sermão fez com que eu me sentisse estúpida. De novo.

– Eu saí de casa às pressas, com uma dor de cabeça dos infernos, e rodei por cada canto dessa cidade. Passei por cada rua e esquina em todos os trajetos possíveis entre a minha casa e a sua. Liguei para o seu celular sem parar, para Alice e pra qualquer um que pudesse ter te visto nas últimas horas.

– Eu sinto muito Jake! – sussurrei, recolhendo minha mão. Olhei então para ele, desta vez sem me esconder atrás da garota encurralada. – Eu sei que eu fiz besteira, ok? Sinto muito por ter deixado você preocupado! Mas eu não preciso ouvir outra hora de sermão. Não estamos na igreja. E eu já ouvi o bastante nas últimas 24 horas.

Eu estava a ponto de chorar, mas eu não o faria. Isabella Swan não choraria mais na frente de um homem. Nunca mais. Levantei-me da cadeira e procurei a saída.

– Espera, Bella – ele segurou meu pulso quando passei por ele, me detendo. Parei, mas não voltei-me em sua direção. Vi então o agente McCarthy do outro lado da rua, fingindo estar lendo um jornal, mas eu sabia que ele estava tão atento como nunca. – Desculpa. Eu exagerei com você. Mas por favor, não vá embora. Não assim.

Contei até cinco e, depois de respirar fundo e ter certeza de que nenhuma lágrima traiçoeira escaparia, eu virei devagar e retomei meu assento. Encarei o homem na minha frente com a minha melhor expressão vazia, aperfeiçoada há anos.

– Desculpas aceitas. Mas lembre-se: você não é meu pai para me dar ordens ou sermões. Ninguém além dele pode fazer isso. Você é apenas o namorado.

Eu vi que ele ficou magoado, mas ele rapidamente escondeu isso.

– Tudo bem – ele assentiu, e depois me dirigiu um pequeno sorriso. – Então eu ainda sou seu namorado?

Revirei os olhos. Homens não passam de garotinhos com corpos super desenvolvidos.

– Até onde eu estou sabendo, sim. Meu grande herói. Meu Imperador – zombei.

– Todo seu, pode ter certeza – ele afirmou, beijando minha mão.

Oh Deus. Quando ele me olhava desse jeito, me devorando com os olhos, eu simplesmente virava geleia. E me transformava em uma coluna de chamas.

– Preciso de algo para beber – sussurrei. CALOR. CALOR. CALOR. CALOR.

Jacob fez um gesto e em um instante uma garrafa de vinho surgiu do meu lado. Eu ainda tentava entender em qual parte da nossa conversa ele havia feito o pedido, mas depois de certo ponto desisti. Ah, que ótimo, mais álcool! Perfeito.

A antiga Isabella, depois de tudo o que aconteceu, teria recusado.

A nova Bella ligou o FODA-SE e desfrutou o momento.

[...]

Quando eu voltei para casa, algumas horas depois, eu estava novamente irritada. Eu tive um momento ótimo com Jacob, mas tudo foi por água abaixo quando eu cheguei ao hall de entrada do edifício. Lá estava ele, fungando atrás de mim como o cão raivoso de Hades, braços cruzados e cara de poucos amigos.

– O que foi agora? – questionei, fechando a cara também.

– Precisava de todo esse agarramento com o Black?!

O agente McCarthy referia-se ao meu showzinho com Jake. Fiz questão que ele visse.

– Ele é meu namorado, não sei do que você está reclamando.

– Ele estava praticamente te engolindo no meio da rua – acusou ele, quando entramos no elevador.

Abri um lento sorriso para ele.

– Isso tudo é ciúme, McCarthy? – provoquei.

– Claro que não! – explodiu ele, vermelho, enquanto eu rolava de rir.

– Pois não é o que parece – ainda estava rindo quando saímos no nosso andar.

– Você não pode se prestar a esse papel! Lembre-se de quem você é!

Virei-me para ele, agora sem o bom humor de antes.

– Sou Isabella McCarthy, uma cidadã livre, até onde eu sei. O que é isso? Repressão?

Para colocar a cereja no bolo, a porta do meu apartamento se abriu antes que eu a tocasse. A única pessoa que eu não queria ver nem pintada de ouro e cravejada de diamantes, acabava de surgir à minha frente. Alice vinha atrás dele resmungando de algo, enquanto ele ostentava em seu rosto um sorriso torto.

Maldito. Enviado pelo próprio Satanás, para atormentar minha turbulenta tarde.

Sim, era um tapa na minha cara. Em grande estilo.

Majestade – seu sorriso continuou lá, cínico, aliado à uma reverência em tom de deboche. – Vejo que já voltou de seu passeio. Foi agradável o bastante?

Meus punhos se fecharam, loucos para apertar seu pescoço até que ele parasse de respirar. Alguém precisava dar um jeito naquele cabelo despenteado, pelo amor de Deus. Algo como um pote de gel, um cabelo lambido ao meio e óculos fundo de garrafa. E roupas engomadas. Suspensório. E uma gravata borboleta.

Nada como o jeans claro justo e a camiseta preta que o deixavam quente como inferno.

– Você nem faz ideia – sorri para ele, amplamente.

Cinismo era um jogo para dois? Let’s play, baby.

– Que bom – ele ergueu uma sobrancelha, trocando um rápido olhar com Emmett. – Eu estava acertando uns detalhes com Alice sobre o jantar de amanhã.

Estreitei meus olhos para os irmãos Cullen.

– Que jantar?

– Hello, Queen B – ironizou Alice, saindo detrás do irmão e colocando-se entre nós. – Há quanto tempo não nos vemos, não é mesmo coração? Você parece ótima.

Ignorei-a e continuei observando seu irmão, atrás da resposta.

– Amanhã teremos um jantar em família – ele respondeu, mal conseguindo conter sua própria felicidade. Como se houvesse uma grande piada ali entre os três. – Meus pais estarão na cidade e eles querem ver como estamos.

– Uau, parece promissor. Jantar dos Cullen – falei, sem grandes emoções.

– Você não imagina o quanto – sorriu Alice, tão feliz quanto o irmão.

– Bom, divirtam-se – desejei e passei entre os dois, mas não fui muito adiante. Um braço agarrou o meu antes que eu passasse a porta. – Importa-se em tirar a mão?

O Cullen me segurava ali, entre ele e a porta, impedindo-me de me mover.

– Como eu disse, é um jantar em família. Eles querem ver como nós estamos.

O tom que ele usou para o nós fez sua mágica em mim. Droga!

– Ah não, você só pode estar brincando comigo! – falei, negando qualquer possibilidade. Por mais que eu gostasse dos pais de Alice, eu não queria me envolver mais com essa família do que o convívio obrigado com seus filhos. – De jeito nenhum!

Três sorrisos cresceram à minha frente, felizes como o gato de Cheshire.

– É um jantar em família, honey – explicou Alice.

– Mas eu não sou da sua família! Nem Emmett é! – esbravejei, tirando o foco de mim.

– Tecnicamente, eu sou sim – ele zombou, piscando para mim. – Os Cullen me adotaram como filho deles há alguns anos. Eu até ganhei um quarto na mansão, suéteres no Natal e fotos de família na lareira.

– E como prima dele, você está oficialmente intimada – observou o agente Cullen.

Bati o pé e soltei meu braço de seu aperto, após algum uso de força.

– Eu. Não. Vou – esclareci, fuzilando três pares de olhos sobre mim.

– Você não tem opção, eu lamento – ele zombou. Lamentava coisa nenhuma.

– Sim, eu tenho. Não sou obrigada – ergui o queixo.

Ele sacou o celular e em instantes estava com ele no ouvido, ainda me encarando.

– Alô, Mãe? Tudo bem, sim. Escuta, tem alguém que quer falar com você...

Eu gelei por um segundo, antes de forçar minhas pernas para dentro de casa. Mas obviamente que eu não fui tão longe de novo, graças aos malditos reflexos dele.

– É, sobre o jantar de amanhã... Eu vou passar o telefone, só um segundo.

Encarei o telefone estendido à minha frente como se fosse uma granada que pedissem para que eu segurasse. Eles não estavam fazendo isso comigo!

– Esta é a sua chance de explicar à minha mãe que você não quer jantar com ela. Boa sorte em convencer a dona Esme sem quebrar seu frágil coração – ele sussurrou, fazendo cara de coitado, enquanto os outros dois caiam na risada.

– Isso não é justo! – sussurrei, ainda sem me mexer.

– Não deixe a dona Esme esperando no telefone. Ela fica furiosa – aconselhou Alice.

Bufei e peguei o celular, xingando aos três à minha volta mentalmente. Em cada idioma que eu conhecia.

– Alô, Esme? É a Bella falando.

– Bella, querida! – Esme cantarolou do outro lado, em um tom tipicamente materno. – Como você está?

– Estou bem, obrigada por perguntar.

– Meus filhos te falaram que vamos estar em Nova York amanhã?

– Sim, eles tocaram no assunto...

– Oh, que ótimo! – ela soou realmente feliz. Eu estremeci por dentro. – Eu estou tão animada! Carlisle precisa pegar algumas coisas em um hospital aí perto, então eu tive a ideia de jantarmos todos juntos. Será tão divertido! Eu estou louca para abraçar cada um de vocês, inclusive você minha menina.

Oh Deus, eu não conseguiria fazer isso. E minha plateia sabia desde o início.

– Eu tenho certeza que sim, Esme, mas eu...

– Ah sim, o Edward disse que você queria falar comigo sobre o jantar. O que houve?

O que houve? Seus filhos são maquiavélicos e estão te usando contra mim.

– É, eu queria falar algo sobre o jantar de amanhã... – comecei, então fiz uma pausa para encarar cada um dos três rostos à minha frente, esperando pela minha ruína. Bando de traidores. – Eu gostaria de saber qual é a sua sobremesa favorita. Faço questão de prepará-la eu mesma.

Esme riu do outro lado da linha, um som que fez meu coração se retorcer.

– Oh querida, não se preocupe com isso... Meus filhos não te falaram qual é?

– Digamos que nenhum dos três está colaborando comigo em nada – falei, cínica o bastante para repreendê-los enquanto eu falava com a Mamãe Cullen. – Eles são terríveis.

– Eu imagino que sim, querida – Esme riu do outro lado, e pela primeira vez eu ri também. – Mas não se preocupe com isso. Eu sou fã de morangos.

– Entendido – sorri de volta, um sorriso grande e diabólico com a ideia que me veio em mente. – Eu preciso desligar agora, Esme. Foi um prazer conversar com você.

– O prazer foi todo meu, Bella querida. Até amanhã, beijos – e ela desligou.

Em um movimento lento e bem calculado, coloquei o celular no bolso da frente da calça do agente Cullen, aproveitando a falta de espaço entre o tecido jeans e sua coxa torneada. Meus dedos passearam por li, brincando entre o inocente e o perverso.

Sua respiração soou alta o bastante pelo corredor. Ponto para Queen B!

– Aí está, garotão – brinquei, dando uma batidinha no local e piscando um olho, meu sorriso crescendo em meu rosto. – Tudo certo para o nosso jantar em família amanhã.

– O que você está tramando? – ele aproximou seu rosto do meu, olhos em chamas e o aperto em meu braço se intensificando.

Abri um lento sorriso para ele.

– Eu? Nada, Cullen. É só um jantar em família – banquei a inocente.

– Eu não confio em você – era uma afirmação, dura, como um tapa na cara.

A antiga Bella teria se magoado. Eu? Sorri de volta e ergui o queixo.

– O sentimento é recíproco. E se você não me soltar agora, eu vou começar um escândalo nesse corredor. Posso chamar a atenção de metade de Nova York.

Ele largou o meu braço e se afastou, puxando Emmett para a casa deles.

– Ei, Cullen? – chamei quando eles estavam entrando.

– O que é? – ele respondeu, mas sem olhar para mim.

– Aprenda a jogar como um homem. E não como um garotinho que precisa da mãe para convencer uma mulher a fazer o que ele quer. Fica dica.

Enquanto ia para o meu quarto, com um sorriso de orelha a orelha, ouvi passos e sons de corpos colidindo seguidos pela voz do agente McCarthy “deixa pra lá, cara! Não cai no jogo dela”. Parece que o menino Cullen se irritou.

Perfeito.


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Notas finais do capítulo

E então??? O que acharam???
Quero saber tudo nos comentários. Críticas, elogios (será?), sugestões, partes favoritas, o que precisa ser melhorado... Por favor, não deixem de me dizer o que vocês quiserem. E pra quem tiver vergonha, mensagens privadas estão aí para isso :)

Quero agradecer também à quem comentou no capítulo anterior, vou respondê-los agora mesmo. Obrigada também à Juu, pelo apoio incondicional via facebook (muito amor envolvido por você, Ju s2), e à Mili, que me mandou uma mensagem privada. Prometi que ia postar, demorei um pouquinho, mas cumpri! Obrigada s2

Nos vemos no próximo capítulo!! beeeeijos