Sessenta E Dois Dias escrita por awfullyawful


Capítulo 1
Único; Murder was the case they gave me.


Notas iniciais do capítulo

Narra uma história de um modo não muito convencional. É curto e sim, já está finalizado. Escrevi em busca de me livrar de algumas sensações e quem sabe sentir-me mais leve. Enfim, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/246798/chapter/1

Olhares, olhares por todos os lados. Um atraso de trinta e dois minutos e tintura de cabelo vermelha.

O que gosta de ouvir?

Arrependimento, ódio. Tais se apossam e correm por finas veias. Uma pergunta tão simples, algo para gerar um diálogo. Talvez o diálogo que mudaria vidas. E não foi diferente.

A pergunta em si não foi o que dera origem ao inevitável, mudanças viriam após ela, todos sabiam. Ela era observada e analisava seu arredor, lá estava ele a encarando e tentando decifrar tudo o que queria saber através de uma suave aproximação e um leve desvio das mechas que já cobriam seus olhos castanhos.

Eram fundos como um poço, era fácil distrair-se e cair. E como era. Nada mudava aquele maldito olhar, quanto mais dialogavam, mais profundos aqueles olhos se tornavam. Não tinha mais volta.

Irmãos. Juraram que nada mudaria aquilo. Prometeram coisas que não poderiam cumprir. Aquele sentimento de carinho e desejo disfarçado entre diálogos longos, iniciados sempre pelo falsificador. Nunca passara daquilo, e como queriam que fosse além. As consequências foram postas de lado, em um canto qualquer, foram esquecidas assim como o bom senso.

As mudanças começaram. Cores e mais cores, opções e mais opções, a transformação de um desencadeou a do outro. Expressavam-se do mesmo modo. Fios, aqueles que cresciam no topo de suas cabeças. Eram tais quem diziam se estavam contentes e confortáveis com suas imagens.

Música, luzes e aquilo que lhes impedia já não era importante, nenhum pouco importante. Amantes. Era esse o rótulo que dispunham em suas testas, nada fora feito por obrigação, era prazer. Jovens e absintos de amor, não puderam evitar. Talvez até pudessem, mas não por muito tempo. Algo ocorreria e isso era predestinado em um futuro indisponível em opiniões. E ali aconteceu tudo o que não poderia nem ao menos uma vez ter sido cogitado.

Sussurros tomavam ambos os pensamentos. Tudo se resolveria em uma questão de dias. Dias que duraram a passar na cabeça dela. Talvez estivesse em dúvida se aquilo era o certo mesmo sendo o que mais quis durante certo tempo. Toda vez que se olhavam pensavam em como seria e finalmente tinha ocorrido. Como se comportariam diante de tal situação? Os problemas e consequências eram maiores do que pareciam.

As primeiras semanas foram as mais maravilhosas que já haviam transcorrido ao longo de suas curtas vidas, completavam-se mesmo que não soubessem. Poderia ter funcionado. Falsas esperanças, nada mais importava. Declarações sujas, lavadas pelo pecado e amaldiçoadas pelos erros de ambos.

Um mês. Trinta e um dias passaram e nada mais parecia funcionar. Desespero e preocupação invadiam lhe a mente atormentada que buscava uma resposta. Estava em busca de uma solução. Nada parecia encaixar-se por mais que pensasse e buscasse salvar tudo aquilo. Sabia que se o pior acontecesse, não se comunicariam como antes. Caso viessem a trocar palavras, murmúrios eram considerados até demais.

Era a única ainda em mente com a relação de ambos, e isso foi o suficiente para que inúmeros lhe dissessem para desistir. Todos tinham a noção e a diziam que era melhor do que o enganador. Alguns chamavam-no de viciado, vagabundo e desgraçado por suas escolhas e modo de enxergar o mundo. Não tinha rumo, vontades ou até mesmo compaixão por aquela que mais havia se preocupado com ele. Estavam certos, realmente certos. Corretíssimos. Fora necessário mais outro mês para que tudo se esclarecesse.

Em uma noite fria, assim como o coração gélido e morto daquele envolvido, tudo desmoronou. O coração da jovem estava mais vulnerável do que jamais pensou que fosse capaz, sua voz tremula ligava em busca de esclarecimentos ou só uma simples confirmação sobre o amado, mesmo que ela estivesse a sangrar fisicamente e atormentada mentalmente.

Foi o suficiente. A ignorância imposta ultrapassou qualquer limite e tudo que fez foi desmoronar em lágrimas, fora enganada durante dois meses, sessenta e dois dias que passaram deixando a maior cicatriz de todas. Soluçava descontroladamente até que terminou tudo. Uma gravação de sua voz fraca e doente conseguiu deixar a mensagem.

Um dia e ela já havia sido substituída. Vingança era a palavra que mais lhe parecia propícia diante dos fatos. Nada consegue lhe tirar a vontade de degolar o maldito com uma faca ou apenas assustá-lo enquanto dispara dois tiros em sua nuca. A perfeição de um calibre 45 era tudo o que mais buscava, junto com os defeitos que buscava destruir.

Ela sonha, todo o dia com a morte daquele que mais lhe fez mal. Tão mal quanto a fumaça de um incêndio que invade pulmões e mata seus respectivos donos. Que necessitados aspiram tal até que morram, enganados e persuadidos pelo desejo de seu corpo na busca de adquirir mais oxigênio. Assim como ele a matou. Enganada e persuadida por um amor que nunca fora recíproco mesmo que iniciado pelo desgraçado.

Jura a si mesma que vai realizar com suas próprias mãos o crime que o sufocará fazendo com que a ultima coisa que veja seja seu rosto, mais parecido com porcelana devido a delicadeza e brancura, para que o ouça implorar por piedade. Para que mostre-se o verme que verdadeiramente é.

Ele a matou e jogou em um buraco, não sendo capaz de escavar mais um pouco, afinal há notícias de que a oprimida está retornando dos mortos e escalando com facilidade as paredes de terra. Roubará a vida que lhe tomou, além do tempo que lhe fez perder e o rancor que instalou em seu (agora pequeno) coração.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sessenta E Dois Dias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.