For Amelie - 1a Temporada escrita por MyKanon
Notas iniciais do capítulo
Música: Halo - Beyoncé
Desci do tróleibus na quarta seguinte no horário em que costumava encontrá-lo, mas não o vi. Segui para a passarela e ainda dei uma última olhada pra trás, mas nada. Esperei em frente à sala de SIC, enquanto mais gente começava a se aglomerar e nada dele. Até que por fim a professora chegou. Entramos e avistei a Bia entrando com o Rafa. Nada de Aquiles.
Ela sentou na outra extremidade da sala quando viu que ele não estava comigo. A aula passou custosamente e não consegui me concentrar direito no que a professora falava. Eu ainda esperava ele chegar durante a aula de matemática, mas também não aconteceu. Felizmente as funções conseguiram me distrair. A Bia limitou-se a me dar um “Oi” de longe e não se aproximou mais de mim. Isso só foi acontecer na aula de biologia, mas era inevitável. Eu queria perguntar alguma coisa pra ela, mas ia parecer preocupação demais... E eu ainda corria o risco de ser ridicularizada por ela. A professora trouxe um documentário breve para qual não dispensei a mínima atenção. Volta e meia eu estava focando a cadeira vazia do Aquiles. Será que ele estava estudando ou tinha sucumbido por causa da pressão? Será que causei muito terror a ele?
_ Por hoje é isso pessoal.
A Bia saiu da sala acompanhada do Rafa e da turminha da outra mesa sem nem dirigir um olhar a mim. Que bom que ela não precisava dissimular naquele dia.
Fui pro banco em frente a porta de Língua e Literatura e abri meu livro. Consegui me distrair pelos 15 minutos do intervalo e depois mergulhei nos períodos literários modernos da professora Sônia.
O sono custou a chegar durante a noite, mas chegou.
Na quinta-feira, dia da prova desci do tróleibus num misto de preocupação e raiva. E novamente não o encontrei. Subi para a escola decidida a não me preocupar mais. A prova era dele, as notas eram dele, a vida era dele.
_ Ué, o que aconteceu com o Aquiles? Tem prova hoje de Química... – foi a única vez que a Bia se dirigiu a mim na aula de Biologia.
_ Não sei.
_ Acho que vou ligar pra ele...
Droga, pra ela eu não poderia perguntar como foi a conversa... Nem pra ninguém... Eu não falava com ninguém... Exceto com o Aquiles.
Quando o sinal do intervalo soou, eu a vi discar um número e sair da sala. Fiquei me remoendo de curiosidade, mas não me atrevi a dirigir a palavra a ela. No fim do intervalo, quando ela voltou à sala, eu me empertiguei e a encarei, buscando algum sinal, alguma palavra, algum gesto, mas ela só me ignorou e foi para o lugar dela no fim da sala.
A próxima aula era a aula de química. A prova. O professor de matemática ainda dispensou a gente mais cedo por simpatizar com a nossa preocupação.
Como não tinha ninguém tendo aula de química, pudemos entrar e estudar pelos últimos 10 minutos. Avistei a Bia e a Bruna estudando juntas na bancada ao lado. Batuquei com os dedos na mesa aguardando o Aquiles chegar, ou não. E não pude deixar de suspirar aliviada quando ele atravessou a porta.
_ Oi Mel.
_ Aquiles... O que...
_ E aí Aquiles? Tudo bem? – perguntou a Bia já com uma mão sobre o ombro dele.
_ Tá tudo bem sim. Hoje estou bem, é que já aproveitei pra ficar em casa pra estudar, já que ontem não consegui...
_ Ah que bom, fiquei preocupada... Você acha que vai conseguir fazer a prova então?
_ Não sei não Bia... O que eu aprendi acho que esqueci ontem mesmo... Hoje fui tentar resgatar e não tive muito sucesso... – ele olhou desesperadamente para mim.
_ Não fale assim. Fique calmo e as idéias vão fluir. Vou voltar pro meu lugar. Boa sorte.
_ Obrigado.
Depois que ela sentou, eu o encarei furiosa.
_ O que foi? – ele perguntou inocentemente.
_ Achei que não viesse. – respondi tentando demonstrar indiferença.
_ Se eu tivesse seu telefone, eu avisava. Mas eu disse pra Bia quando ela ligou no intervalo... Pedi pra ela te avisar... Ela não avisou, não é?
_ Você achou mesmo que ela ia avisar?
_ Ah, foi mal Mel, mas não tinha como te avisar. Depois me dá seu telefone.
_ Mas o que foi que aconteceu?
_ Tenho problemas com gastrite. Essa tensão de prova e DP atacaram a crise e não consegui me levantar ontem... Mas minha mãe me levou ao médico e já tá tudo bem... Hoje de manhã eu tentei estudar, mas não lembrava muita coisa...
“Depois de tanto esforço e desentendimentos...”
Fiquei desolada com a afirmação.
_ Faça o possível Aquiles...
Então o professor entrou na sala e todos silenciaram. Ele nos cumprimentou e iniciou a distribuição das provas. Quando ele permitiu que começássemos o teste, percebi que o Aquiles suspirou brevemente. Eram poucas questões, mas precisava de muita atenção. Respondi a primeira e dei uma olhada de canto de olho para meu parceiro. Ele ainda estava pensando. Parti para a segunda, e notei um movimento ao meu lado. Ele estava apagando o que havia feito. Parecia não ir muito bem. Fiz a segunda e a terceira e olhei novamente para o lado. Nada ainda.
Quando eu estava na sétima questão, percebi que todos estavam escrevendo, menos o Aquiles. Ele estava apagando. De novo.
“Não é possível... Não é possível!”
Respondi a oito a nove e a dez e pensei em algo. Como distrair o professor? Tateei o porta-objetos da carteira e encontrei um pedaço de papel.
_ Ai! – exclamei não muito alto, mas de forma que o professor voltasse sua atenção para mim.
_ Algum problema? – ele perguntou baixo me encarando.
_ N-nada professor... – olhei para o fundo da sala, procurando alguma coisa.
Ele se levantou e veio até mim.
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Não, nada... Veio essa bolinha de papel de lá, mas acho q foi sem querer...
O professor pegou a bolinha de papel e a abriu em busca de colas. Não encontrando nada, ele subiu para os últimos degraus da sala e ficou a observar a turma do fundo. O Aquiles me olhou com cara de curiosidade. Sem tempo para reação nenhuma, nem para pensar duas vezes, coloquei a mão sobre a prova dele e a deslizei para mim, e o processo inverso com a minha.
Por sorte ele também ainda não havia colocado o nome dele. No rodapé da prova que passei pra ele, deixei um breve recado:
Passe para sua letra e seja cuidadoso!
Ele sorriu discretamente em agradecimento, e eu comecei a apagar a confusão que ele havia feito na dele. Enquanto eu terminava a última, ele entregava e saía. Terminando eu coloquei meu nome e também entreguei.
Suspirei aliviada quando fechei a porta da sala. Avistei o Aquiles parado perto da escada. Comecei a bolar a bronca que ia passar primeiro. Mas isso tudo se dissipou quando ele me agarrou num abraço apertado e me girou.
_ Valeu Mel!!! – sussurrou para não despertar a atenção dos professores que davam aula no andar.
_ Você é louco?! – sussurrei de volta quando ele me soltou.
_ Estava quase ficando!
Ele sorriu e me puxou pela mão para o andar de baixo. Enquanto descíamos as escadas com pressa, eu me ative à figura das nossas mãos juntas, numa cumplicidade que nunca me permiti a ninguém.
Fiquei meio sem reação, por isso preferi não falar nada. Quando saímos do prédio ele me soltou e caminhamos juntos até o ponto de tróleibus. Na passarela ele voltou a falar sobre a DP, o que me despertou um pouco do meu torpor.
_ E acho que vai ser pior não é? – ele me perguntou.
_ Não sei Aquiles, nunca fiquei de DP.
_ Ah, sei lá... Talvez o professor tenha piedade de mim novamente...
Eu voltei a silenciar para pensar no assunto. Na realidade, nem mesmo na prova do bimestre ele havia ido bem. Ele nem havia feito a prova... Eu troquei as provas arriscando não somente a minha pele, mas a dele também. Eu não poderia fazer todas as provas de química pra ele... Na prova da DP eu nem mesmo estaria presente...
Mas que coisa... Eu estava mesmo cogitando a possibilidade de fazer isso de novo?
_ Bom, mas valeu mesmo Mel, já tirou um peso enorme das minhas costas.
_ Tudo bem, mas você precisa se preparar para a prova de DP.
_ Eu vou, pode deixar... Acontece que não consegui estudar direito, mas vou me dedicar esse fim de semana.
_ Espero. Esse é o último ano, você não pode mais se dar ao luxo de carregar DPs, certo?
_ Eu sei. Mas não esquenta. Não confia no seu aprendiz de química?
“Err... Não muito...”
_ Ahn... Você ainda não me deu provas concretas de que eu possa confiar não é...
_ É, mas tivemos problemas técnicos. Vou te provar que posso aprender química e ficar até melhor que você.
Agora ele conseguiu me fazer rir.
_ Ahn finalmente. – disse satisfeito.
_ Finalmente o quê?
_ Você sorrindo, pensei que não sabia fazer isso.
_ É, às vezes escapa.
_ Então deixa a porteira aberta para que escape mais vezes. Você fica mais bonita sorrindo.
Novamente eu senti meu cérebro ficar anestesiado numa sensação engraçada. O tróleibus dele chegou e ele se despediu de mim com um beijo no rosto.
O meu não demorou muito pra passar e eu embarquei ainda sem conseguir pensar direito. Mas o que estava havendo comigo? Por que eu estava ficando abalada com tanta facilidade?
Coloquei meu mp3 e recostei a cabeça no vidro refletindo sobre minhas próprias atitudes.
Halo – Beyoncé
Remember those walls I built
Lembra-se daquelas paredes que eu ergui?
Well Baby they're tumbling down
Bem, baby, elas estão desmoronando
And they didn't even put up a fight
E elas nem resistiram à queda,
They didn't even make a sound
E a queda nem sequer foi barulhenta
I found a way to let you in
Encontrei uma maneira de te deixar entrar
But I never really had a doubt
Mas eu realmente nunca tive dúvida
Standing in the light of your halo
Quando em frente à luz da sua auréola
I got my angel now
Eu tenho o meu anjo agora.
It's like I've been awakened
É como se eu estivesse sendo despertada,
Every rule I had you breakin'
Todas as regras que eu tinha você está quebrando
It's the risk that I'm takin'
É o risco que estou correndo
I ain't never gonna shut you out
Eu nunca vou te deixar de lado.
I never really had a doubt
Eu realmente nunca tive dúvida
I got my angel now
Eu tenho o meu anjo agora.
Continua
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*
N/A: E aí meninas? Tudo bem? ^^
Como será q vai ser essa prova de DP hein?
^o^