Hanging By A Moment escrita por Melanie


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

E ai galere? Vocês me odeiam já? Juro que não queria demorar tanto, mas esse capitulo deu um trabalho enorme. Mil desculpa por isso, mas juntem a falta de inspiração com as inumeras e dificeis provas e vocês tem esse atraso de quase um mês. Prometo que não vou demorar tanto. Espero que gostem e até o próximo.



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Tão difícil me segurar quando estou com você em meus braços. Nós não precisamos nos apressar, vamos devagar. Apenas um beijo em seus lábios ao luar, apenas um toque do fogo tão ardente. Eu não quero bagunçar as coisas, eu não quero forçar a barra. Apenas um tiro no escuro e você poderá ser a que eu vou esperar a minha vida toda. Então, baby, eu estou bem, com apenas um beijo de boa noite.

(Just a Kiss – Lady Antebellum)


                O dia mal havia amanhecido e Quinn já estava acordada. Na verdade pouco dormira durante a  noite. Ficou revirando na cama pensando sobre o encontro que teria com Rachel. Todas as ideias que passavam em sua mente não pareciam boas o bastante – até para ela que era uma pessoa naturalmente romântica. Estava ficando completamente frustrada.

                Soltou um suspiro longo e jogou as cobertas para o lado. O leve frio que habitava o quarto se chocou contra a sua pele quente e Quinn resmungou. Além de não saber onde levar Rachel, o frio de Lima começava a pior. Era tudo que a cheerio queria nesse dia. Trocou o pijama por uma roupa confortável e saiu do imenso quarto.

                Estranhou ouvir um barulho vindo da cozinha e caminhou a passos lentos até lá. Kurt estava sentado na bancada com uma imensa xícara de café nas mãos. A loira arqueou a sobrancelha e se juntou ao irmão.

“Madrugando Kurt?” Sua voz saiu rouca de sono e o garoto a deu um sorriso leve.

“Mais ou menos isso.” Kurt deu de ombros abrindo um espaço na bancada para a irmã se sentar. “Não conseguia dormir. Tive um sonho muito ruim e fiquei agitado.”

“Quer falar sobre isso?”

“Não sei se você vai gostar.” Deu de ombros amargamente e fixou os olhos azuis nos avelã de Quinn. A loira retribuiu apreensiva, mas deu um aceno leve com a cabeça, o incitando a continuar. “Foi com a Harmony. No meu sonho ela tinha voltado e bagunçado a sua vida denovo. Eu tentava impedir mas nunca conseguia fazer nada. Me senti inútil como quando vocês terminaram.”

                Quinn engoliu em seco. Evitava ao máximo pensar ou até lembrar de Harmony. Era uma ferida que ainda não havia cicatrizado, e que talvez demorasse a sumir. Óbvio que lembrava dos bons momentos que passara com a garota, mas as imagens do último encontro que tiveram estavam gravadas em seu cérebro e ela lutou muito para as tornar menos claras. Certas coisas doiam demais relembrar e Quinn preferia não mexer nos pequenos remendos que havia feito em sua alma.

“Me desculpe por isso Q.” Kurt sussurrou se aproximando mais da irmã. “Olha, alguma hora você vai ter que falar com alguém sobre a Harmony. Eu sei que você gosta da Rachel, mas se não conseguir aliviar esse coração, as coisas não vão dar certo.”

“Sei disso Kurt.” A loira limpou uma lágrima que havia escapado do olho esquerdo e respirou fundo. “E não precisa se desculpar por nada. Eu percebo que estou me afogando com essa história, mas ainda não quero e não consigo falar sobre ela. Quando eu estiver pronta, você vai me ouvir?”

“Claro que sim maninha.” Ele a puxou para um abraço meio desajeitado que durou longos minutos. Quando a soltou, Quinn já estava mais calma. “Mas mudando totalmente de assunto, o que aconteceu ontem a noite entre você e a Rachel? Admitiu que finalmente gosta dela?”

“Você é muito curioso Hummel.” Quinn soltou uma risadinha baixa.

                Kurt deu de ombros sorrindo e acenou com a cabeça. “Conta logo Fabray.”

“Só vou te dizer que hoje a noite Rachel Berry ira em um encontro.”

“Quinn Fabray, você criou vergonha nessa cara e a chamou para sair?”

                A loira abriu um sorriso de lado que o irmão reconheceu na hora. Aquela mente loira já estava a todo o vapor e se dependesse de Quinn, Kurt sabia que não demoraria muito para Rachel Berry começar a andar por aquela casa como namorada oficial da irmã.

                E ele estava imensamente feliz em ver Quinn bem outra vez. E se o motivo do sorriso dela era Rachel Berry, ele iria ajudar no que fosse necessário.

“Mas você vai a levar aonde?” O garoto arqueou uma sobrancelha no melhor estilo Fabray.

“Eu ainda não tenho certeza Kurt.” A loira desceu do balcão e serviu um pouco de café para si. Começou a folhear alguns papéis que estavam perto da cafeteira e seus olhos avelã pararam em uma imagem de um panfleto. Um sorriso pequeno se abriu em seu rosto quando o lugar para o encontro cruzou a sua mente. “Já sei onde a levar.”

                Quinn virou para o irmão e levantou o papel que segurava. Kurt levantou os polegares concordando. Sabia que a loira iria surpreender, e se conhecia ela tão bem quanto achava, Rachel teria uma noite incrível.

x-x

                Rachel abriu os olhos castanhos lentamente. A claridade que entrava em uma das frestas da janela a aborrecia, mas não encontrava determinação no pequeno corpo para levantar e a fechar. Girou o corpo para o lado oposto ao que dormia e o sentiu colidir com algo duro.

                Jesse pairava ao seu lado, vestindo as calças de um pijama preto, os olhos azuis levemente arregalados e a boca formando um sorriso que para Rachel parecia um tanto psicótico. “Jesse, o que você está fazendo aqui?”

“Eu quero conversar com você, ué!”

“Eu não tenho certeza que quero conversar com você. E porque você está na minha cama, praticamente pelado? Tenho certeza que te deixei no quarto de hóspedes ontem.”

                Jesse revirou os olhos antes de se sentar corretamente. “Você me deve fofocas Rachel Barbra Berry!”

“Uh St. James, seu gay está aparecendo.” A morena deu uma risadinha quando o garoto soltou uma exclamação indignada. “Tudo bem, o que você quer saber?”

“Tudo Rae.”

                E ela realmente teve que contar tudo que acontecia. O garoto a fez descrever minuciosamente os momentos que trocara com Quinn desde o momento que haviam se encontrado na festa. Ficaram um longo tempo no quarto da morena. Uma batida na porta fez Rachel interromper o que dizia sobre a expectativa do encotro que teria com a loira.

                A cabeça de Leroy apareceu por uma pequena fresta na porta.

“Estrelinha, vocês dois vão ficar mofando nesse quarto?” A voz grossa do homem ricocheteou pelas paredes do quarto. “Daqui a pouco o Jesse tem que ir embora e eu e seu pai quase nem conseguimos o ver.”

                Um pequeno beicinho se formou nos lábios de Leroy. A morena segurou o riso ao ver o pai parecendo uma criança emburrada. “Já disse que você é dramático demais papai?”

“Você tinha que puxar de alguém.” Ele rebateu mostrando a língua. Jesse que via a troca dos dois começou a rir e levantou da cama. Rachel o olhou interrogativamente.

“Quero ver meus pais postiços. Sinto falta de conversar com eles.”

                E com isso saiu do quarto, sendo seguido de perto por uma Rachel emburrada  e por um Leroy dando risadinhas.

x-x

                O telefone na casa dos Berry tocava de forma impaciente. Nenhum dos donos da casa estava por perto e Rachel tomava banho, então Jesse resolveu atender. Era praticamente da família, e não achava que Hiram ou Leroy veriam um problema com isso.

Casa dos Berry.” Quinn não reconheceu a voz do outro lado da linha. Chegou até a afastar o telefone da orelha e conferiu o número. Realmente era o da casa de Rachel. “Quem gostaria?

Quem fala?” A voz soou confusa.

É Jesse St. James.

Ei Jesse, é a Quinn.” A garota soltou um risinho. Exatamente com quem queria falar. “Tudo bem com você?

Tudo sim Quinn.” Ele respondeu calmamente. “Hum, você quer falar com a Rach? Porque ela está no banho, mas eu posso pedir pra te ligar depois.

Não, eu queria falar com você.” Ela interrompeu o garoto e ele murmurou um ‘tudo bem’. “Queria pedir desculpas pelo modo como te tratei ontem. Eu fiquei com ciúmes e perdi completamente a razão. Juro pra você que se tiver outra oportunidade de te encontrar, vou arrumar um modo de concertar essa imagem ruim que deve ter de mim.

Não precisa se desculpar loira.” O garoto falou tranquilizando a loira. “Eu entendo porque você me atacou, e faria a mesma coisa se estivesse no seu lugar. A Rach é única, e qualquer pessoa teria sorte em tê-la.

Eu sei disso.

“Olha Quinn, sei que não conseguimos conversar muito, mas eu realmente acho que você é a pessoa ideal pra Rachel.” Jesse sentou no sofá desviando a atenção momentaneamente da ligação. “Eu nunca vi a baixinha tão feliz quanto agora. E eu sei que isso é por sua causa. Então, faça tudo certo com ela.

Eu adoro aquela garota Jesse, disso pode ter certeza.” Quinn garantiu.

Então você tem minha benção.” Ele riu e o som de sinos com a risada de Quinn foi ouvido também.

Obrigada por isso. Espero realmente te ver logo.” A loira já encerrava a ligação. “Manda um beijo pra todo mundo ai. E boa viagem pra você.

Pode deixar. Um beijo pra você também loira.

                E assim os dois desligaram. Jesse poderia ir mais feliz para Los Angeles e Quinn ficaria mais tranquila. Agora tinha a aprovação e o perdão de uma das pessoas mais importantes para Rachel. E de alguma forma as palavras que o garoto falou a trouxeram uma paz que procurava desde o momento que acordara.

x-x

                Quinn ajeitou a blusa que usava pela quinta vez em menos de um minuto. Já estava parada em frente a casa de Rachel a quase dez e não conseguia encontrar coragem para sair do carro. Estava se sentindo completamente ridícula – não era nem de longe o seu primeiro encontro. Talvez o temor fosse porque a garota era Rachel, sua melhor amiga. A conversa que havia tido com Jesse mais cedo não estava surtindo o efeito desejado, já que conseguira ficar mais nervosa do que nunca.

                Respirou profundamente e apanhou o que havia colocado cuidadosamente no banco do carona. Um sorriso suave desenhou suas feições e então a loira saiu do carro, caminhando a passos decididos até a imponente porta da casa dos Berry’s. Tocou a campainha e em poucos segundos a porta era aberta. Leroy atendeu a porta trajando um divertido avental de cozinheiro e logo Hiram surgiu com uma colher de pau na mão e um chapéu de chef na cabeça.

“Quinnie entre. A Rachie já vai descer.” Hiram sorriu puxando a garota para dentro da casa.

“O que vocês estão cozinhando?”

“É alguma daquelas comidas de coelho que o Hiram e a Rachel adoram comer.” Leroy respondeu e recebeu um olhar ofendido do marido. Ele fingiu não ver. “Mas então, onde você vai levar a minha estrelinha?”

“Leroy.” Hiram exclamou mortificado e lançou um olhar de desculpas para Quinn.

                Leroy o encarou confuso. “O que foi? Não posso mais pedir?”

“Não pode. Agora trate de se comportar e não atue como se a Quinn fosse corromper a nossa menininha.”

                Quinn soltou um riso baixo e logo foi acompanhada pelos dois homens. Ambos sabiam que a garota nunca faria mal para sua menininha. A conheciam a anos, afinal de contas, e se existia uma pessoa no mundo boa o bastante para Rachel, esse alguém era Quinn Fabray. Confiavam a pessoa mais importante de suas vidas a garota parada em frente a eles – vestindo uma calça jeans, uma camiseta clara e uma jaqueta de couro por cima  e com o sorriso mais largo e lindo que haviam visto na vida.

                Quinn Fabray era exatamente a pessoa que faltava no quebra cabeças de Rachel.

                Passos foram ouvidos nas escadas e os três viraram. Rachel descia os degraus lentamente e tinha um sorriso doce nos lábios cheios. Quinn congelou. Seus olhos avelã se arregalaram com a visão da morena que conseguia ser delicada e sexy ao mesmo tempo – a calça jeans clara abraçando as longas pernas, uma camiseta vermelha se ajustando ao tronco e um casaco nas mãos. E o maldito sorriso que fazia as pernas da loira ficarem trêmulas.

                Rachel também olhava a loira de cima a baixo. Podia jurar nunca ter visto alguém mais perfeita quanto Quinn, e seu ego inflava ao saber que a teria consigo a noite toda. Quinn tirou a mão que estava atrás das costas e Rachel conseguiu ver uma única e delicada gardênia que foi esticada em sua direção.

“Obrigada Q.” Rachel sorriu apanhando a flor. Levou a gardênia até o rosto e aspirou o cheiro suave que era exalado.

“Que bom que gostou.” Ela tinha um sorriso envergonhado no rosto e as bochechas estavam um pouco coradas. “Vamos?”

“Divirtam-se meninas.” Leroy e Hiram falaram quando as duas garotas passaram por eles.

                Quinn guiou a morena até o carro e abriu a porta do carona para Rachel. Ela agradeceu e entrou no veículo, logo sendo acompanhada pela loira. Uma música suave preencheu a quietude do carro e elas partiram em direção ao encontro.

                Foram conversando bobagens o caminho inteiro e Rachel nem se deu conta que já haviam chegado em seu destino. Ficava completamente concentrada em Quinn, e esquecia do resto do mundo. Nada parecia importar com a deslumbrante loira ao seu lado. Quinn estacionou o carro em uma vaga e virou para encarar Rachel. A morena olhava surpresa para lugar.

                Quinn a havia trazido para patinar no gelo.

                A loira ainda olhava Rachel. Estava preocupada em ter errado o lugar do encontro, mesmo tendo tido o aval de Jesse de que Rachel iria adorar, mas seus temores sumiram tão logo a morena virou em sua direção. Os olhos castanhos brilhavam em animação e o sorriso em seu rosto era tão imenso que parecia capaz de rasgá-lo. Logo os lábios de Rachel colidiam com os seus com fome. Deixou a morena aprofundar o contato e a sentiu tremer em seus braços.

                Só se separaram quando o ar começou a faltar.

“Isso quer dizer que você gostou?” A loira perguntou divertida.

“O que você acha Quinn? É óbvio que eu gostei.”

“Então vamos estrela.” Falou abrindo a porta do carro. Rachel a acompanhou e logo as duas garotas entravam no clube.

                Rachel não conseguia acreditar. Sempre adorou patinar no gelo e sentira muita falta nos poucos anos que ficou longe de Lima. Foi uma das poucas coisas das quais tinha saudade – passar os sábados patinando com Quinn. Conseguia admitir ter ficado o dia inteiro pensando em que lugar Quinn a levaria para o encontro, mas nem em seus sonhos mais loucos a ideia de um encontro na pista de patinação passou. Ninguém nunca a havia levado em um lugar assim em um encontro. E por esse motivo não conseguia apagar o sorriso do rosto.

                A loira havia ido pegar os patins para as duas e encontrou Rachel já na entrada da pista. A animação era visível. Entregou os patins a garota e logo elas entravam na imensidão de gelo. Quinn lembrava de ir patinar com Rachel antes dela se mudar para a Inglaterra e foi um hábito que manteve até começar a namorar Harmony. A ex não gostava de patinar e depois de algumas tentativas frustradas a loira desistiu.

                As duas passaram quase uma hora patinando por toda a pista. As vezes eram cercadas por algumas crianças animadas com o modo que deslizavam pelo gelo e acabavam brincando com elas. Quinn foi a primeira a se enconstar na grade de proteção da pista e logo Rachel se juntou a ela.

“Quanta falta eu senti disso!” Gesticulou para a pista de gelo com um sorriso singelo nos lábios. “É o melhor encontro que eu já fui Quinn.”

“Que bom que está gostando.” Os olhos avelã estavam divertidos. “Mas ainda não acabou Rach.”

“Não?”

“Não. Tenho uma outra surpresa.”

“Quinn, você não pode me deixar curiosa!”

                A judia reclamou mas Quinn só deu de ombros rindo e puxando a garota para fora da pista. Já se aproximavam das oito e meia da noite e ainda queria levar Rachel para um dos lugares que mais gostava em Lima.

x-x

                A loira dirigia de forma concentrada por Lima. As vezes murmurava a música que tocava no rádio um tom mais baixo do que o artista. Também franzia a testa levemente e trambolizava os dedos no volante do carro. Rachel a achava adorável. E Quinn parecia nem perceber o que fazia.

                Seus olhos desviaram da loira por alguns segundos e tentaram forçar o cérebro a reconhecer o caminho, mas absolutamente nada vinha em mente. Não conseguia acreditar que de fato havia um lugar na pequena Lima que nunca tinha estado. O carro da cheerio entrou por uma estrada escura e estreita que a princípio assustou Rachel.

                E então uma clareira se abriu a sua frente. E tudo era absurdamente lindo. As várias árvores que serviam como um muro vivo, as flores espalhadas pela beira da estrada, e o grande carvalho que ficava a beira de um penhasco. Foi ali perto que Quinn parou o carro. Deixou o som ligado alguns tons mais altos que antes e saiu do New Beetle, para então o contornar e abrir a porta para uma Rachel deslumbrada.

“Espera um pouco aqui.” A loira falou e correu até o porta malas. Tirou de lá uma cesta e duas mantas.

                Por Deus, elas fariam um pequenique noturno. Se fosse possível o sorriso de Rachel já teria rasgado seu rosto. Quinn não parava de supreendê-la. Observou a loira estender uma das mantas no chão exatamente em frente ao grande carvalho e a um pequeno banco de madeira que só agora havia visto. E depois a observou caminhar lentamente em sua direção.

                A respiração ficou suspensa em sua garganta. Os olhos digitalizaram cada milimetro do corpo esculturar da cheerio. Se existisse perfeição no mundo, com toda a certeza seu nome era Quinn Fabray.

“Oi.” Quinn abriu um sorriso torto assim que alcançou a morena. Seu coração batia furioso no peito. “Vamos?”

“Vamos.” A morena aceitou a mão que lhe era oferecida e foi sendo levada por Quinn até a manta estendida. “Quinn, esse lugar é incrível.

“Eu sei.” As duas sentaram e Quinn olhou para frente. Rachel acompanhou seu olhar e deu de cara com a visão das luzes de Lima. Era deslumbrante. “É um dos lugares mais legais da cidade. E quase ninguém vem aqui.”

“Porque? Isso é tão mágico!”

“Nem todo mundo consegue ver a mágica Rach.” Quinn retrucou levemente. “Você pode ver, mas as pessoas de Lima são cegas demais.”

                A morena virou o rosto para Quinn, não entendendo a mudança brusca em seu tom. Elas ainda falavam do lugar não é? Porque o tom de voz da loira deu a entender que falava sobre outra coisa. Mas a loira ainda olhava fixadamente para frente.

“Nós ainda estamos falando sobre esse lugar?”

“Acho que não.” Quinn riu nervosamente. Os olhos avelã voltaram-se para a morena com uma energia vibrante. “Você está com fome? Eu preparei uns sanduíches veganos, se quiser.”

“Oh, isso é adorável Q. Eu aceito sim.”

                Quinn pegou dois sanduíches e entregou um a morena. As duas garotas ficaram comendo em quase absoluto silêncio se não fosse a suave música que saia dos autofalantes do carro de Quinn. Só aproveitavam a simples presença uma da outra.

“Quinn, eu queria te perguntar uma coisa.”

“Pergunte Rach.” A loira virou os olhos avelã para a garota.

“Não precisa responder se não quiser.” A morena respirou fundo e Quinn acenou com a cabeça a pedindo para continuar. “Porque você não fala sobre a Harmony? O que aconteceu entre vocês?”

“Nós podemos falar sobre isso amanha?” Quinn quis saber. “Eu juro que respondo todas as suas perguntas, mas por favor, as faça amanha.”

“Tudo bem.”

                E o silêncio voltou a dominar o lugar. Mas agora tinha uma pitada de desconforto não antes existente. Rachel sabia que havia cruzado uma linha em um momento inoportuno, mas não tinha conseguido evitar. Sua curiosidade ganhou voz.

                Quinn ficou perdida em pensamentos. Alguma hora o assunto viria a tona e não poderia ficar o evitando. Sabia o quanto a morena queria saber sobre a história e talvez se conversa-se com alguém, o peso em seu coração diminuísse. Foi tirada de seus devaneios pela voz sussurrada de Rachel entoando uma das músicas do rádio.

The strands in your eyes

That color them wonderful

Stop me and steal my breath

And emeralds from mountains

Thrust towards the sky

Never revealing their depth

                Uma das coisas que mais gostava na vida era ouvir a voz da morena. Era uma das coisas que mais havia sentido falta nos últimos anos. Quando Rachel fez mensão de continuar o próximo verso, a voz doce e delicada da loira assumiu a estrofe.

And tell me that we belong together

Dress it up with the trappings of love

I'll be captivated; I'll hang from your lips

Instead of the gallows of heartache

That hangs from above

                De algum modo a música era perfeita para o momento. Foi uma feliz coincidencia estar tocando  exatamente nesso momento do encontro. As duas vozes se uniram no refrão. Era a mistura perfeita entre a potencia vocal da morena com a leveza e docura do tom da loira.

I'll be your crying shoulder

I'll be love's suicide

I'll be better when I'm older

I'll be the greatest fan of your life

                Novamente as duas pararam. Edwin McCain continuou entoando sua canção ao fundo. Os rostos foram se aproximando, as respirações se misturavam, os corações começaram a bater em um único compasso. E foi assim que os lábios se encontraram e se provaram.

                E então começou a eletricidade. Rachel passou os braços em torno do percoço pálido e Quinn segurou sua cintura de forma possessiva. Não existia um mísero espaço entre os corpos. Era um encaixe perfeito. Quinn as separou quando o ar faltou e depositou um demorado beijo na testa da morena. Rachel se apertou mais em seu abraço.

x-x

                Não muito mais tarde que isso as duas garotas voltaram para o carro. A noite tinha sido incrível, mas não podia durar para sempre.

                Quinn dirigiu calmamente pelas ruas desertas da cidade. A maioria das pessoas já estava dormindo ou havia se recolhido para as casas. Amanha seria dia de batente, afinal de contas. Rachel cantarolava a música que tocava no rádio com um sorriso bobo nos lábios.

                A noite havia sido mais perfeita do que imaginara em seus melhores sonhos.

“Ei Rach, chegamos.” A voz da loira a tirou de seus devaneios. Quinn sorria divertida e Rachel corou profundamente. “Você estava em que mundo?”

“Pensando nessa noite.” E foi a vez da loria corar. “Foi tudo perfeito Quinn.”

“Que bom que você gostou.” Quinn ofereceu um sorriso envergonhado e a morena deu um selinho suave em seus lábios. “Eu também adorei essa noite.”

“Nos vemos amanha?”

“Claro que sim.” A loira concordou e Rachel saiu do carro.

                Quinn a observou caminhar até sua janela. Um sorriso malicioso se desenhava nas belas feições morenas e a loira teve que engolir em seco.

“Sabe o que? Eu ainda não ganhei meu beijo de boa noite.” E então ela puxou o pescoço pálido em sua direção. Os lábios se encontraram de forma selvagem. Quinn segurou o rosto de Rachel buscando prolongar o contato. “Agora sim é boa noite.”

“Boa noite Rach. Sonhe comigo.”

“E você comigo Fabray.”

                E assim Rachel caminhou até a entrada da casa. Foi parada novamente pela voz da loira. “Posso te buscar amanha?”

“Pensei que nunca pediria.” E entrou na casa com um sorriso enorme nos lábios. Quinn sacudiu a cabeça e depois ligou o carro. Aquela morena ainda seria a sua morte.

                Mas ela meio que não se importava.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Deixem seu comentário. O feedback de você é muito importante pra saber se eu estou fazendo o certo ou se acabei me perdendo em devaneios. Até a próxima ;)



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