PIPER

Chegamos ao acampamento. Foi mais rápido que eu pensava, mas eu estava aliviada. Só em pensar em quantas horas eu ainda teria que passar com Reyna já estava me enlouquecendo. Eu queria reunir todo o charme que eu guardo dentro de mim e mandar ela se jogar do barco. Mais uns minutos e eu faria isso.

– AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! CHEGAMOOO GALERAAAA! – Leo berrava. Leo estava me irritando muito ultimamente. Ele estava totalmente seduzido por Reyna, mas eu ainda não sabia se isso era bom ou ruim.

O berreiro de Leo assustou muitos campistas. Eles tinham acabado de jantar e estavam indo para seus chalés. A primeira a nos cumprimentar foi o cão infernal, Srta. O’Leary. Alias, nos cumprimentar é meio exagerado. Ela pulou em cheio em Percy com o rabo abanando para todos os lados. Percy parecia ser um cara legal, e ele me lembrava um pouco Jason, apesar dos dois não parecer se dar bem. Depois de todos descerem do barco, nos arrumamos, “os sete” na frente, e os outros romanos atrás. Demorou um minuto para todos perceberem o que estava acontecendo.

Os gritos eram ensurdecedores. Pegaram Percy nos braços e o jogavam para o alto. Todos vieram nos cumprimentar. Havia novos campistas, o que me surpreendeu. Depois que começou essa nova guerra, os deuses estavam reclamando seus filhos mais lentamente. Mas os números de novos campistas eram muito maior. Percy passava pelo braço de todos, até que ele chegou em Clarisse, que o desceu e te deu um belo soco nas costas.

– Olha só quem voltou! O nanico. Agora a festa pode começar!! – Clarisse dizia. Ela era uma grosseirona filha de Ares, mas eu simpatizava muito com ela. Hum. Talvez ela me ajudasse a resolver uns problemas com uma certa filha insuportável de Belona...

Quíron veio trotando com um sorriso imenso. Deu um abraço em Percy, e depois foi para mais uma parte da multidão. Muitos campistas estavam rodeando os romanos, cumprimentando. Acho que acabou sendo melhor do que todos esperavam: Flechas para todos os lados, facadas, técnicas romanas superiores na espada. Ninguém foi tão positivo em relação a essa chegada. No fundo, todos sabíamos o que ia ocorrer, e chegamos a conversar sobre essa possibilidade, da união dos acampamentos.

Depois que conseguimos acalmar o pessoal, Quíron reuniu todos nós e os lideres de chalés na casa grande para uma reunião, deixando Tyson e Ella de lado. O Senhor D foi o único que não foi nos cumprimentar, e quando nos viu, abriu um bocejo enorme.

– Pelo menos podiam esperar até de manhã, não? – Ele disse com a cara amarrada.

– Bom ver o senhor novamente. – Disse Percy.

O magricela irritante, Octavian, fazia reverencias a Dionísio, que olhava para ele de um jeito que parecia que Octavian tinha caído do espaço.

– Ah, pode parar com a bajulação. Já entendi. Sente-se e cale a sua boca, se você não for um dos sete supremos semideuses da profecia. Agora, Perry Jonilson, conte sua incrível jornada, porque eu estou obviamente muito ansioso para ouvir. – E abriu outro bocejo.

– Percy... Ah, esqueça. Bem, eu fui para a casa do lobo, onde a Loba Lupa me encontrou e cuidou de mim. Então, eu encontrei Hera, e a carreguei até o Acampamento Júpiter, onde conheci Frank e Hazel... – E Percy contava sua história mais uma vez. Eu ficara chocada com tudo que eles fizeram. Era mais impressionante que minha missão com Jason e Leo, eu acho. Pensei nisso, e olhei para Jason. Ele estava do meu lado, e Reyna estava sentada bem distante dele. Sorri para ele e ele sorriu em resposta.

Depois de ouvir todas as histórias, Quíron suspirou.

– Bem, já sabemos o que devem fazer. Reyna, como pretora, acho que deve mandar uma mensagem de Íris para o seu acampamento, avisando que chegou aqui, e que está viva.

– Certo. Posso levar Jason? Só vai levar alguns minutos. – Certo, agora ela praticamente pediu de joelhos para que eu virasse a mesa em cima dela.

– Sem problemas minha querida. Mas não demore.

Jason e Reyna saíram, me deixando com a cara mais fechada que o tempo no inverno.

– Vocês sairão amanhã a tarde, se não houver problema. Não deixarei Percy partir antes de Grover vê-lo. Seria péssimo ter que aturar aquele velho bode chorando de novo. – Quíron deu uma risadinha.

– Já foi ruim o bastante quando ele mastigou minhas cartas. – Falou Dioniso.

– Onde está Grover? – Annabeth perguntou.

– Mais semideuses. Depois que vocês partiram, apareceram ainda mais deles. Não sei o que aconteceu. Parece que os deuses compreenderam que PRECISAM de mais ajuda do que imaginam. – Quíron disse e olhou para o céu. Nenhum trovão, nem nada. – É, parece que estou certo.

– Meu caro centauro, é claro que está. Por mais que eu odeie essa ideia, Hera nos fez acreditar nisso.

– Mas tem uma questão que me preocupa. – E Quíron se virou para Annabeth. – Minha querida. Pelo que ouvi, você vai ter um papel importante nessa missão. Ontem Rachel teve uma visão. Ela a viu sozinha, desesperada. Parecia que estava procurando por algo. Não sei o que quer dizer, mas tome cuidado. – Annabeth assentiu.

– Quíron, tem algo que não contamos. – Percy disse. – Nem no acampamento. Ella, a harpia namorada de Tyson – Ele fez uma pausa curta – Ela recitou uma profecia que leu em um livro. Dizia sobre uma filha da sabedoria caminhando sozinha, e a Marca de Atena incendiando Roma.

Octavian tossiu.

– Leu em um livro? Que livro?

– Esqueça. Percy, isso é grave. Qual era o resto da profecia?

– Ella disse que estava queimado o resto do livro.

– Eu sabia! Sabia que ainda haviam livros como esse!

Quíron pensou por um instante, e olhou para Octavian.

– Você é um oráculo? – Perguntou.

– Não existem oráculos humanos, centauro. Sou um augure. – Respondeu, querendo parecer superior.

– Não existem? – Quíron riu. – Jovem, Rachel está descansando, imagino, pois se não estaria aqui conosco. Não houve um oráculo vivo por muito tempo, confesso, mas agora tem. E o nome dela é Rachel Elizabeth Dare.

– Mas...

– Ai, cale a boca, por favor. – Disse Clarisse. – Quíron, conte a Percy o que aconteceu semana passada. 

Reyna e Jason haviam voltado, e ela deu umas risadinhas. Tentei me concentrar na conversa.

– Sim, certo... – Quíron agora estava nervoso. – Ok. Percy, você disse que Nico está desaparecido. Um dos filhos de Hipnos, no seu cochilo da tarde, teve um sonho com ele. Demorou um certo tempo para ele acordar totalmente e nos contar a história... Enfim, Nico estava acorrentado, e acreditamos que Gaia o mantém prisioneiro em um lugar muito distante daqui. Não sei que força o mantém sem poderes por lá, mas é grande. Não conseguimos nos comunicar com ele, e é um problema.

– Onde acha que ele está? – Hazel disse.

– Acredito que Nico estava procurando por baixo... No Olimpo.

– Porque Nico iria para o Olimpo se os deuses já estão lá? – Percy perguntou.

– Peves Jamilton, não seja estúpido. Ele estava no Olimpo Original. Na Grécia. – Disse Dioniso.

– Então é para lá que nós vamos. – Percy e Hazel falaram juntos.

– Não. – Interveio Jason. – Não podemos fazer isso. Juno nos dera uma dica. Temos que ir para Roma, onde encontraremos as Portas da Morte. Ficou claro que também temos que ir para a Grécia, resgatar o irmão de Hazel. Mas não com os monstros voltando.

– Você não entende. – Disse Percy. – Gaia vai atacar os deuses em suas raízes. Não podemos permitir.

– Percy, Jason está certo. Vocês tem mesmo que fechar as portas da morte antes, porque se não não terão chances.

Os romanos se entreolharam. Agora eu estava esperando pelo pior.

– Então que eles vão para Roma. Nós protegeremos os Deuses por suas raízes, se for assim. Resgataremos Nico. – Disse Reyna. Uau, um ato de coragem. Que bom.

Houve um murmúrio de concordância. Quíron olhava para eles com esperança. Os romanos estavam dispostos a ir para a Grécia, enquanto nós vamos para Roma, encontrar as portas da morte aqui nos Estados Unidos. Super simples. Eu também concordava, para ser sincera. Percy e Hazel pareciam concordar também, mas estavam preocupados. Leo dormia sobre a mesa.

– Não resolveremos isso agora. Vão dormir. Amanhã veremos isso com mais clareza, onde a opinião de todos será contada. – E olhou para Leo, que estava babando.

E, com isso, Quíron nos dispensou, e fui para meu chalé visitar meus companheiros.