Moudres escrita por Raul Alves


Capítulo 2
Meteoro




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Mesmo depois de seis anos, aquela noite ainda atormentava Jordan até em seus sonhos. Acordou no meio da noite, ofegante. Já tentou diversas vezes esquecer, mas era impossível. Ele passou a mão sobre o braço direito, a enorme cicatriz que ia do ombro ao pulso faria com que ele nunca esquecesse.

Sentou-se na cama e olhou o quarto a redor. Paredes de madeira, uma mesinha de cabeceira sob um rádio relógio, uma única janela entre as camas e sua irmã deitada na outra, dormindo tranqui­lamente.

Não quis acordá-la, mas não conseguiria voltar a dormir, então saiu do quarto. A porta do quarto dava para uma. Uma mesa retangular estava no centro e havia mais duas portas a direita e uma a esquerda dele. Esta última dava para o lado de fora da casa.

Uma vez fora, era possível ver melhor a pequena casa toda de madeira as margens do lago Williams. A casa era cercada de mata. Apenas uma área de aproximadamente vinte metros quadrados estava sem alguma vegetação. Sentiu o vento gelado noturno e respirou fundo.

Jordan andou um pouco de um lado para o outro. Puxou as barras da calça e molhou os pés nas águas verdes, cristalinas e geladas do lago. Coçava a cabeça raspada enquanto pensava, então fixou seus olhos escuros no céu, mais precisamente em um ponto de luz prateada.

Tinha certeza que não era uma estrela, pois estava se movimentando. Pensou se tratar de um avião ou helicóptero, porém, a luz não piscava.

Legal, pensou, deve ser um meteoro ou até uma estrela cadente!

Realmente, era um meteoro. Um meteoro que estava ficando maior a cada segundo. Maior não, estava se aproximando. Jordan se assustou quando o ponto prateado passou alguns metros sobre sua cabeça, caindo não muito longe dali, dentro da mata, quase sem fazer barulho.

De repente, ele sentiu algo estranho, uma necessidade inexplicável de ter aquela pedra­. Não soube exatamente por que, mas saiu correndo em direção do local da queda. Entrou na mata no escuro, o que lhe amedrontou um pouco. Tropeçou em alguns arbustos, enroscou-se em galhos baixos e quase se chocou de frente em uma grande árvore. Não sabia por que corria, mas não quis parar.

Após uns minutos correndo chegou ao local da queda, onde algumas árvores haviam caído por causa da força do impacto, e ficou extremamente pasmo com o que viu. Beliscou o próprio braço algumas vezes para garantir que não estava sonhando. Quando finalmente percebeu que es­tava completamente são, não conseguiu acreditar no que via.

Imaginou que veria uma grande cratera no chão e uma pedra, talvez, de outro planeta tremelu­zindo cor de prata e suja de terra. Realmente havia uma cratera, mas a pedra não tocava o chão, estava levitando. Era triangular com as pontas arredondadas como uma palheta de violão do tamanho de um ovo de galinha. Emitia uma forte luz prateada, que, no momento, era a única ilumina­ção, já que as árvores impediam que a luz das estrelas e da lua chegasse até a cratera.

Arrepios percorriam a espinha de Jordan, ele tremia de medo. Andou vagarosamente até a pedra. Sentia tanto medo que suas mãos e suas pernas tremiam. A cada passo que dava, parava e olhava para os lados com medo de que algo acontecesse; com medo que aquilo fosse algum tipo estranho de armadi­lha.

Quando estava a um passo da pedra, um vulto negro passou rapidamente ao seu lado. Era comprido e batia em sua coxa. Jordan quase caiu pra trás com o susto que tomou, mas se tranquilizou quando percebeu o que era. Ele ergueu a mão em um sinal para que parasse, e o vulto parou ao lado de sua perna e sentou.

Agora parado, era possível distinguir um grande cão de pelos pretos. Era um pastor belga de olhos castanhos claros. A presença do cão (na verdade, da cadela chamada Petra) fez com que ele se sentisse mais seguro.

Olhou para a pedra agora tão próxima e percebeu que ela estava na altura de seu rosto e que na parte superior – que era reta – havia uma corrente de prata. As mãos de Jordan ain­da tremiam, mas isso não fez sua vontade cessar. Então, após reunir coragem, esticou o braço e fechou os dedos em torno da pedra.

A luz foi ficando mais intensa, até o ponto em que, apesar de estar entre seus dedos, Jordan não conseguia ver mais nada. Sentiu um forte formigamento em cada membro, em cada gota de sangue e até em cada célula de seu corpo.

De repente, começou a ver imagens que não conseguiu entender perfeitamente. Viu o que ele pensou que fossem batalhas, cidades sendo destruídas e grandes criaturas voando. E a única coisa que conseguiu ouvir foi uma voz profunda e poderosa dizendo apenas duas palavras: Bem vindo.



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