Um Ano De Mudanças escrita por Kiki


Capítulo 4
Capítulo 4 - Quando o seu tio vem te salvar


Notas iniciais do capítulo

é aqui que começa a primeira mudança na vida de Caroline, seu tio Marcio vem de Londres pra te salvar, e apesar de não ter ficado muito animada. Caroline sabe que essa é a sua chance de mudar!



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Minha avó até que estava forte para alguém que beirava os 75 anos, ela me ajudou com o velório e o enterro. Também embalou todos os meus pertences e me levou pra morar com ela temporariamente até que ela decidisse o que fazer comigo. Uma gracinha de avó eu tenho, não?

Nesse meio tempo tentei fazer de tudo que estava ao meu alcance para tentar conquista-la, nada feito. Ela evitava conversar e muitas vezes nem olhava na minha cara. Como se a minha presença ali fosse realmente muito desagradavel.

Os dias se arrastavam lentamente, perdi o ânimo pra tudo, não comia direito e nem ia pra escola, nas poucas vezes que aparecia dormia em todos os períodos. Até que percebi que ninguém ali se importava, então me desleixei de vez.

Minha avò tinha uma caixa cheia de remédios, e comecei a tomar alguns para dormir. Até que se tornou um vício.

Eu não passava de uma zumbi, e nas poucas vezes que estava sóbria, ficava chorando pelos cantos. Me sentia culpada por tudo aquilo, afinal, se eu não tivesse sido tão dura com a minha mãe, talvez ela ainda estivesse viva

.Esse sentimento de culpa tomava conta de mim e preenchia cada parte do meu corpo, eu sentia ódio de mim mesma, e comecei a descontar me automutilando. Cada vez fazia cortes mais profundos, não só nos braços como em todo o corpo. Depois de um tempo nem mesmo os remédios que eu tomava faziam efeito. Passei a ter insônia, trocava o dia pela noite e logo meus olhos se encheram de olheiras. Se alguém do meu passado me visse agora, com certeza não reconheceria.

Desisti de tentar ter algum contato com a minha avó, passei a ignora-la também e até achei melhor assim. Duas estranhas que moravam na mesma casa, provavelmente alguém de fora custaria a acreditar no nosso parentesco.

Até que um dia acordei com o som de uma discussão, aparentemente minha avó estava brigando com um cara, demorou um  pouco até eu realmente acordar para prestar atenção no que falavam, mas pude pegar uma parte da conversa.

- Já parou pra pensar que a culpa de tudo isso pode ser sua? - A voz masculina era firme e parecia estar indignado.

- Minha culpa? Eu fiz de tudo pela aquela menina, mas ela preferiu me dar as costas e fugir com aquele cara. Deu no que deu, mais do que merecido - Era a voz da minha vó, e estava um pouco tremida. O que dava a entender que nem ela mesma tinha fé no que dizia, e que provavelmente estava tentando não chorar

.- Mas e a sua neta? Ela é apenas uma criança inocente, não teve culpa de nada disso. Por que você precisa trata-la desse jeito?

Eles pararam de conversar e olharam para mim, percebi que tinha saido do meu quarto e estava parada diante deles com lágrimas no olhos. O estranho homem se aproximou de mim cautelosamente.

- Olá Caroline! Como vai?

Não respondi.

-Bom, nós nunca tivemos a oportunidade de nos conhecer. Meu nome é Marcio e sou seu tio, moro em Londres desde que tinha a sua idade. Provavelmente sua mãe não deve ter falado de mim, pois não éramos muito próximos. - Ele parecia novo demais para ser meu tio, era loiro e tinha belos olhos azuis. Um belo corpo, à primeira vista. E um rosto perfeito, bem desenhado.

- Sim, ela nunca falou de você.

- Assim que fiquei sabendo da morte dela tentei vir o mais rápido que pude, mas ocorreram alguns problemas no meu trabalho e tive que ficar mais um tempo. Eu estava louco pra te conhecer, sabe?

Tentei sorrir, mas acho que tudo que consegui fazer foi uma careta. Deixa pra lá.

- Então assim que tive a oportunidade, peguei o primeiro voô e aqui estou. Caroline, arrume suas malas, você irá para Londres comigo hoje a tarde.

Em circunstâncias normais eu provavelmente pularia no pescoço daquele moço, ou faria um Cosplay da Katy Perry em Firework, mas considerando tudo o que tinha acontecida na minha vida, aquilo não fazia diferença nenhuma pra mim. Mesmo que Londres fosse o lugar onde moram meus ídolos, os garotos da One Direction.

Apenas balancei a cabeça e fui para o quarto, eu não tinha muita coisa pra arrumar, apenas algumas roupas e meu violão velho. Nem mesmo tinha uma mala, então coloquei tudo em uma sacolinha de mercado, prendi meu cabelo e voltei pra sala.

- Estou pronta.

- Onde estão sua coisas?

- Aqui - Levantei a pequena sacolinha, como se fosse obvio demais

- Isso é tudo o que tem? - Ele parecia realmente chocado, imagine então se eu o contasse a quantos dias estou usando a mesma roupa

.- Sim. - Abaixei a cabeça, me sentindo miseravel. Quer dizer, obviamente ele era um cara rico, a julgar pelas roupas de marca e pelo visual impecavel. E eu mal tinha um jeans decente.

- Tudo bem então, mas isso não vai ficar assim. Como não tenho tempo para passar em alguma loja agora, faremos compras assim que chegarmos em Londres. - Ele sorriu pra mim

Sorri de volta.

Ele se virou para mim avó, sua cara fechou-se e com a voz rígida ele se despediu. Fez um gesto para que eu o seguisse, passei pela minha avó sem nem me dar ao trabalho de olhar na cara dela.

O caminho de casa até o aeroporto não foi muito longo, meu tio (era estranho pensar nele dessa forma) fez algumas perguntas numa tentativa de puxar assunto, sem sucesso. Eu realmente não queria conversar.Quando finalmente chegou a hora de embarcar pude sentir o sangue subir à cabeça, era a minha primeira vez num avião, estava ansiosa e com medo ao mesmo tempo.

Meu tio segurou a minha mão e tentou me tranquilizar, mas só conseguiu me deixar mais nervosa.Fui ao banheiro e tirei um dos comprimidos para dormir que tinha trazido escondido, tomei um e logo tomei mais tres para ter certeza de que faria efeito. E fez, dormi a viagem inteira.


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