Um Ano De Mudanças escrita por Kiki


Capítulo 1
Capítulo 1 - Tempestade.


Notas iniciais do capítulo

É apenas uma introdução, a história em si vai demorar pra se desenrolar na verdade. Eu sei que vocês estão doidas pra ver romance e tudo o mais. Mas meu objetivo aqui é fazer realmente uma história, e não apenas mais uma fanfic *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/246164/chapter/1

Era uma tarde chuvosa e agitada em São Paulo, pela janela dava pra ver uma fila de carros congestionando a avenida. Pais que queriam ver seus filhos, esposas indo encontrar seus maridos, estudantes de medicina querendo voltar para casa pra enfiar a cabeça nos livros. Todo mundo tinha alguma coisa a fazer, menos eu.

Meus dias se resumiam à solitárias idas ao parque com o violão nas costas, eu adorava sentar embaixo das árvores, escrever músicas e cantar. E mesmo que várias pessoas passassem o dia inteiro por aquele parque, nenhuma delas se incomodava com a minha presença, na verdade elas estavam tão preocupadas com seus dilemas pessoais para me notar, e eu não as culpa por isso.

Quer dizer, qual é? Sou apenas uma garota baixinha e estranha, até meio desengonçada. Meu cabelo escuro fica num meio termo entre o liso e enrolado, e meus olhos não possuem uma cor definida, geralmente mudam de cor dependendo da quantidade de luz ou sei lá. Hoje eles estão azuis.

Deitei na minha cama de solteiro e fitei o teto, meu pensamentos flutuavam para assuntos nada interessantes, até que deixaram de fazer sentido. Quando foi que eu havia me tornado uma pessoa tão triste e sozinha?

Minha mãe estava na sala assistindo TV. Assistindo não era a palavra certa, talvez "olhando" seria mais correto, seus olhos vazios fitavam o programa culinário sem muito interesse, claro, ela não sabe fritar um ovo, quem dirá fazer um ravioli caseiro?

Ela ficava assim desde que meu pai nos abandonou. Aparentemente ele tinha alguma outra família escondida por aí, e eu não me surpreendia. Muitos dizem que pai é aquele que cuida de você, e não necessariamente aquele que me pos no mundo. Então eu não o considerava exatamente como pai, apenas um estranho que aparecia em casa as vezes para assaltar a geladeira e encher a casa com seu cheiro de cerveja. Que Deus me perdoe, mas eu achei muito bom quando ele finalmente foi embora. Achei que todos os nossos problemas iriam acabar, mas mal imaginava que aquilo era o começo .

Eu não aguentava mais essa situação, desde que ele se fora minha mãe havia largado o emprego, não temos mais condições de manter a minha escola e meu curso de inglês. As vezes nem temos o que comer, o aluguel está atrasado a semanas e já recebemos dois avisos de despejo. Tentei arranjar um emprego, mas só consegui um bico como atendente de noite em um bar fedorento no fim da rua. Mal dava pra pagar as contas. É, eu precisava fazer alguma coisa.

Peguei o controle remoto, desliguei a TV e fiquei parada olhando pra minha mãe, ela não teve reação, foi como se eu nem estivesse ali, estava tão envolta em sua depressão que mesmo se entrasse um dançarino de frevo com alguns patos ao som de kuduro ela não perceberia.

- Mãe, precisamos conversar.

Nada.

- Mãe, olha pra mim.

Nenhuma resposta.

- AGORA JÁ CHEGA! - levantei minha mãe do sofá e a segurei de forma com que pudesse olhar nos seus olhos - Precisamos fazer alguma coisa, senão não vamos ter onde morar. MÃE, VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?.

Ela abaixou os olhos e deu um suspiro profundo, fiquei esperando por uma resposta, tudo o que tive foi um silêncio mortal. O clima na sala ficou tão pesado que pude sentir meu corpo doer.

- Nós duas sabemos que o papai não prestava. Ele chegava aqui de madrugada, bêbado e agressivo. Isso quando vinha pra casa! Ele não estava nem aí pra gente, nunca te deu valor. E agora que nós finalmente nos livramos dele, você fica aí com ódio da sua própria vida, sentada nesse sofá. Pelo amor de Deus mãe, ja se passaram meses. Eu fiquei esperando que você fosse dar a volta por cima, mas agora estou cansada de esperar. Estamos numa vida de merda. - parei para respirar um pouco - Precisamos fazer alguma coisa.

Ela não respondeu, seus olhos vazios fitaram os meus e pude sentir lágrimos se formando ali. Ótimo, consegui fazer minha própria mãe chorar, que bela pessoa eu sou.

- Mãe, me perdoa tá? É que eu não aguento te ver nessa situação. Olhe só a que ponto nós chegamos.

- Sinto muito, Caroline. Mas eu não posso fazer nada.

- Claro que pode mãe, você é jovem, bonita e inteligente. Com certeza arranjaria um emprego com facilidade se quisesse.

- Talvez eu não queira, talvez eu queira ter essa "vida de merda".

Respirei fundo tentando controlar as lagrimas, quando foi que eu e minha mãe trocamos de papel?

- Eu sei que não é isso que você quer, estou dando o meu máximo aqui. Mas sem você não posso fazer nada. Mãe, eu preciso de você.

- Sinto muito, você está por sua conta agora.

Com lágrimas nos olhos eu a soltei, fui em direção a porta e fiquei um tempo encarando tentando me decidir se sairia ou não. A chuva la fora havia aumentado, e eu não tinha muitas roupas pois tive que vender algumas no brechó. Abri a porta e sai, sem olhar pra trás. O que era uma chuva forte comparada com a tempestade que tomara conta da minha vida?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok, ja deu pra perceber que eu não vou pegar leve com a personagem da minha historia né? KKKKK.
Estou tentando passar uma realidade diferente pra vocês, talvez vcs nao entendam agora e talz
espero que tenham gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Ano De Mudanças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.