- Como? – ele franziu a testa – Como você tem roupas... secas? – quase gritei.

- Bom. - seu olhar caminhou de suas roupas até eu – Sou cauteloso. Sempre me previno.

- Ha. – cruzei os braços – Então pode se trocar e eu não?

Ele fingiu pensar um pouco antes de me responder.

- Se quiser eu lhe empresto. – ele remexeu em sua mala pegando mais uma muda de roupas.

- Não quero sua roupa! – arregalei os olhos – Prefiro dormir molhada.

- Ok, você quem sabe. – ele deu de ombros deixando no canto as roupas.

- Você é impossível. – franzi a testa.

Grissom ficou de pé, bem próximo de mim, eu senti sua mão bem proxima da minha. Ele se afastou rápido demais, ficando de costas pra mim.

Fiquei tentando adivinhar o que ele estava fazendo, o que era obvio demais.

- O que? – abri a boca.

- Estou apenas me trocando, relaxe. – ele nem ao menos me olhou.

- Você esta na presença de uma mulher.

- Se quiser pode ir lá pra fora! – ele tirou a blusa.

- Nada disso. Você não vai se trocar na minha frente.

- Bom, - ele se virou pra mim tirando o cinto de sua calça – incomodados que se mudem.

- Como se ousa a... – tapei os olhos quando ele retirou sua calça – aaah.

Ouvi sua risada e aquilo me fez ferver toda por dentro. Bati o pé naquele chão asqueroso. Grunhi alto, o mais alto que pude.

- Já pode abrir os olhos Sara. – ele continuou rindo baixo.

Retirei a mão que tampava meus olhos e realmente ele estava com uma outra calça de moletom. Voltei para meu canto sem ao menos falar um “ai” e me encolhi vendo-o colocar uma blusa, quente.

**~~

Meu corpo todo tremia. Talvez até minha alma estivesse tremendo de tanto frio que fazia.

Grissom de seu canto, toda hora me olhava, preocupado, parecia.

Por um estante ele se virou e depois se voltou pra mim, vindo em minha direção, com a tal muda de roupa.

Se agachou a minha frente.

- Não preciso.

- Vai ficar doente. – ele olhava em meus olhos.

- Não importa, não quero a sua roupa. – virei um pouco o rosto, aquela roupa quente e seca era realmente convidativa.

- Okay. – o senti ficar de pé – A roupa esta aqui!

Ele pôs aquela muda de roupa ao meu lado.

- Griss?! – fiquei olhando pro chão.

- Sim?!

- Deixa pra lá... Só não preciso.

- Esta bem, pelo menos vou conseguir dormir, sabendo que deixei uma roupa pra você. – e então ele saiu de perto de mim, voltando pro seu canto e deitando pra lado contrario, talvez não quisesse me olhar.

Ou talvez quisesse me deixar à vontade.

Olhei pra roupa. Sim era convidativa.

**~~

Quando abri os olhos na manhã quente...

- Sol... – levantei quase num salto vendo a luz do Sol que entrava pelas brechas daquele lugar caindo aos pedaços, sorri feliz. Uma felicidade sem necessidade, mas felicidade.

Infelizmente minha felicidade se foi quando meu olhar encontrou a imagem dele, me olhando, me avaliando, não! Apreciando-me. Minhas bochechas ficaram quentes, fiquei encabulada e abaixei o rosto quando o vi sorrir pra mim.

Achei que aquele sentimento não existia mais.

- Caiu bem minha roupa em você. – sua voz era doce.

- Já vou tirar! – mordi os lábios.

- Não precisa agora. – o ouvi mudar de lugar. Talvez se aproximando de mim – Fique assim, as roupas... – ele deu uma pausa rápida – Estão úmidas ainda. Ficou grande!

- Han?

- A minha roupa em você. – ele sorriu.

- Ah, sim. Mas é melhor grande do que molhada. – franzi a testa.

- Sim. Ficou linda. – parece que meu coração foi apertado quando ele pronunciou essa frase.

- Esta Sol hoje. – mudei de assunto.

- O clima aqui é assim. – sua voz passou de doce pra arrastada e preguiçosa – Vamos caminhar você deve estar com fome.

- É, e com dor no corpo. – sorri timidamente.

Grissom pegou a sua mala e a minha que estava do lado de fora, no Sol.

Sem eu falar nada o segui, porque mesmo que eu não goste de estar ao lado dele, eu preciso.

Enquanto caminhava eu pensava. Na verdade eu relembrava algumas coisas e acabei por cair na gargalhada.

Meu corpo todo balançava, tive que parar porque meus olhos se fecharam. Eu só conseguia ouvir a minha risada contagiante. Porque ao longe eu ouvia Grissom rir.

- Sara?! Você esta bem? – senti sua mão quente e macia segurar meu braço. Abri os olhos me afastando um pouco dele. Ainda rindo um pouco.

- Sim! – passei as costas da mão nos olhos.

- Por que as risadas? – ele me encarou parando de sorrir.

- Sabe. Lembrei-me daquele dia. – mordi os lábios, é eu iria falar – que você me beijou, no carro. – sorri um pouco olhando pra ele.

- Acho que eu tinha o direito, lembrando que você me beijou primeiro. Lembra? – ele estreitou os olhos. Estava gostando!

- Ah. – franzi o cenho e fiz um bico – Foi mesmo.

- Deve ter gostado. – ele se virou, pegando as melas e continuando sua caminhada.

- Não... Por que... Não... Não! – balancei a cabeça o seguindo – Por que eu teria gostado. Puff. – dei de ombros indo logo atrás dele.

- Por que lembrou? Já que não gostou. – sua voz saiu sedosa demais.

- Agora não posso lembrar-me das coisas engraçadas! – revirei os olhos – Bom você também lembrou, então deve ter gostado.

- Eu não poderia mentir.

- Você é terrível. – cruzei os braços – Pra que fui te beijar? Pra que?

- Pra ver se realmente gostava de mim!

- Como você pode ser tão... – um barulho me fez pular e fez com que Grissom parasse.

- Achamos. – ele sussurrou.

- Não acredito. – meus olhos se arregalaram quando pude ver.

- Vamos. Ele vai parar. Venha Sara. – Grissom começou a descer a colina rapidamente e eu não perdi tempo, fui logo atrás dele ajeitando as mangas da blusa enorme em mim.