Corazón De Angel escrita por Bells


Capítulo 25
Capítulo 25 Difícil, mas necessário.


Notas iniciais do capítulo

Usei duas músicas pro capitulo, elas não tem anda a ver, mas em fima Drop In The Ocean e Echo
Boa leitura



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Cap 25

Pov Emily

Eu acordei ainda nos braços de Lucas, acho que não muito tempo depois, as lágrimas, que antes escorriam com tamanho desespero pelo meu rosto, agora estavam presentes nele, mas eu já não chorava. Lucas acariciou meu rosto e eu não me atrevi a olhar para ele, o sol no horizonte era muito mais interessante agora, ou apenas um meio de fugir do par de olhos azuis que me encaravam, não sabia se com crítica ou pena.

-Emy? – A voz dele provou choques em mim, como um choque de realidade, ela me fez estremecer. Algo na voz dele me fez ter certeza de que eu não gostaria da frase seguinte – Olhe para mim. – Como eu disse, eu não gostei.

Hesitei e limpei algumas lágrimas, isso não mudaria a cara vermelha e inchada que eu deveria estar, mas em fim, eu olhei para ele. Atrevi-me a olhar no fundo dos olhos dele, naquele azul, que me lembrava o mar e que a qualquer momento, que não este, me faria rir da comparação já que seu dom era controlar a água.

Percebi que meus olhos, refletidos nos dele, já não tinham aquele violeta vibrante, vivo, aquele violeta que eu via nos olhos de meu pai quando estava com minha mãe, percebi que meu violeta era fraco, era quase... Quase cinza, monótono e apagado. Quis desviar o olhar, mas o resto de persistência que me restou negou-se a fazer isso.

-Eu quero te ajudar – Disse Lucas rouco, com medo de minha reação, sabendo que o que eu menos queria era que tivessem pena de mim, que me ajudassem.

Pensei em me afastar dele, mas eu iria me arrepender disto depois, então apenas voltei a olhar na mesma direção que olhava antes, e pensei em ficar quieta, com o orgulho bloqueando as palavras, mas não, o orgulho saiu junto com elas. Quando falei minhas palavras eram carregadas por ele:

-Não preciso de pena, Lucas.

-Não estou com pena – Percebi que ele me enfrentaria se fosse preciso – Eu me importo, Emily, acredite nisso pelo menos. Eu me importo com você desde o inicio, aceite isso.

-Não quero ajuda.

-Mas precisa.

-Vai contar não vai? Vai contar para minha mãe.

-Não, eu não vou. Você vai, e se não o fizer, sabe que alguém o fará.

-Quem? Você?

-Não sou só eu quem sabe, sou? Luiza...

-Tia Gabbe e papai. Só.

-Seu pai não fez nada?

-Eu implorei a ele.

-Emily, seu pai fará, sabe disso.

E eu sabia, eu sabia que a qualquer momento minha mãe saberia, que eu iria acabar numa psicóloga ou com uma camiseta de força, quem sabe.

-Não precisamos conversar sobre isso. Você é meu amigo, não meu pai.

-Ambos nos importamos.

-Por favor – Falei em um sussurro.

Ele não falou nada, apenas olhou na mesma direção que eu, ele tinha seus próprios pensamentos, que eu queria ter o poder de ler, e imaginei se ele sentia-se do mesmo jeito em relação aos meus.

- Eu tenho que ir – Falei – Vou para casa.

-Ainda tem um período de aula.

-Faltei a maioria, qual vai ser a diferença de faltar o resto?

Ele deu um riso rouco e curto. E eu me arrisquei a dar outro olhar na direção dele, senti a respiração dele perto de mim, e nossas bocas estavam próximas demais, o tempo em que eu não o olhava nos olhos ele estava com seu rosto perto do meu, e agora que eu virei para olhá-los, nossas boca quase se selavam. Olhamos um nos olhos no outro, tentando saber se era isso que o outro queria mesmo, eu poderia dizer que fomos nos aproximando, como em um livro de romance, mas já estávamos bem próximos, meus olhos começaram a se fechar, e meus lábios tremiam, prontos para serem tocados pelos dele, que estavam confiantes, a respiração dele estava parelha com a minha, e quando estávamos perto de nos tocar... O celular dele começou a tocar, eu abri os olhos, nós nos afastamos. Eu levantei e botei a mochila nas costas. Lucas estava vermelho, ele olhou para mim e olhou para o celular. Ele atendeu, esperou alguém no outro lado da linha falar primeiro, eu peguei meu skate e desci a rampa, lá de baixo ouvi ele:

-Ela está indo pra casa.

Aprecei-me no skate, e percebi que vontade que eu tinha de chorar era tão grande quanto a ausência das lágrimas, elas deviam ter se esgotado.

Quando alcancei minha casa larguei o skate ali na frente e entrei correndo em direção ao meu quarto, esperando que minha mãe nem meu pai estivessem ali. Mas estava perto da chegada da escola, então eles estariam. Quem sabem não me vissem.

Tranquei-me no quarto e me joguei na cama, não suportei virar para a janela e lembrar-me das noites que eu a ficava encarando, esperando meu anjo, demônio, aparecer para dançarmos no ar juntos.

Achei que ficaria sim o dia todo, que não seria perturbada, mas como sempre eu tomo as conclusões erradas. Logo estavam batendo na porta, melhor, quase a arrombando.

Eu a abri e Henry irrompeu para o quarto:

-Como você faz isso comigo?!  Tem noção de como fiquei preocupado?! Onde você estava?! Você simplesmente some no primeiro período e não avisa a ninguém para onde vai?!

-Eu falei que precisava de um tempo!

-Tirasse um tempo com o meu consentimento.

-Não preciso dele.

-Emily Ellizabeth Grigori! O que aconteceu não basta para lhe dar uma lição não? Titia Ariane e Roland morreram em vão?!

Isso foi golpe baixo.

-Cala a merda da tua boca, Henry Grigori! Acha que eu não sei?! Acha que eu não aprendi?! Acha que eu não sinto?! Se isso está sendo ruim para você imagina para mim?! Eu sei que a culpa da morte deles é minha Henry, não precisa jogá-la em minha cara!

Meu irmão se assustou, achando que eu ouviria o xingão dele quieta, ele não aprendeu nada convivendo comigo por quase 16 anos?! Eu nunca ficaria quieta.

-Sai do meu quarto Henry. Só saia!

Quando eu achava que ele ia sair ele me abraçou forte, e eu custei para não gritar de ardência nos pulsos, já havia gente demais sabendo disto.

-Henry, o que você está fazendo?

- A culpa não é sua Emily, desculpe-me, por favor.

-Tudo bem.

-Se quiser conversar...

-Quero ficar sozinha.

-Mas não vai – Esse era meu pai – Eu quero falar com  você, Henry licença. E sua mãe também quer.

Minha mãe entrou atrás dele, com as lágrimas banhando o rosto ela correu e me abraçou, eu a abracei também e me perguntei se quem precisava de consolo era eu ou ela.

Henry deu um olhar para meu pai e no silêncio desse olhar Henry entendeu o que acontecia e saiu, deixando a porta fechada de modo que, se eu quisesse fugir seria apenas pela janela.

 Mas se eu fugisse não seria eu.

-O que foi? – perguntei receante.

-Emily, você consegue disfarçar – Começou meu pai, e eu me assustei – Mas não totalmente. Eu e sua mãe percebemos o que acontece com você, e eu e ela conversamos – Isso nunca é bom – Eu tive que falar para ela – Nessa hora minha mãe soluçou – Talvez eu tenha perdido sua confiança Emily, mas isso é o melhor para você. Sua mãe concluiu do que precisa, como psicóloga.

-O que?! Como assim?! – Comecei a me alterar, minha mãe me soltou e limpou as lágrimas deixando apenas os olhos vermelhos como prova do choro, ela pegou minha mãos, já vi o que aconteceria, e eu evitei o choro que se formou em minha garganta Pelo visto lágrimas não se esgotam.

Ela puxou as mangas, virei meu rosto, e não encarei nenhum dos dois, minha mãe botou a mão na boca, surpresa, decepcionada, magoada.

-Emy...Emily. – Ela conseguiu dizer, meu pai botou a mão no ombro dela.

-Emily – Começou meu pai – Concordamos que será melhor você ir a um psicólogo, mas não aqui. Sei que você não quer isso Emily, mas precisa. Você vai passar um tempo com seus avós,até melhorar, tudo bem? É melhor para você. Comece de novo...

-Eu não quero deixar meus amigos, Shoreline...

-É só por um tempo, termine o ano lá, tudo vai ficar bem. Foi um trauma você precisa esquecer isso.

Eles estavam certos, odiava admitir isso, mas estavam. Eu me arrestei até a quina da cama e puxei meus joelhos para abraça-los, encarei a parede, eu não podia discutir, pois no fundo eu queria fugir, e ter a obrigação, ocultava o fato de eu estar sendo fraca.

-Quando?

-Tem dois dias para arrumar o quer levar.

-Tudo bem – As lágrimas caíram novamente, deísta vez lentamente e em menor quantidade.

-Emily, fazemos isso para o seu bem. Nós amamos você. – Disse minha mãe.

-Eu sei, mãe, eu sei. Também amo vocês.

Ela se levantou e saiu do quarto.

-Desculpa – Disse meu pai.

-Quero ficar sozinha.

Ele saiu e fechou a porta.

Minha tarde não passou disso. Eu, uma parede e mil pensamentos.


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Notas finais do capítulo

reviews, please