POV HENRY

–Mãe? Pai? Queriam falar comigo? – Perguntei entrando no quarto deles.

–Sim – Disse meu pai.

–Eu juro que eu não fiz nada – Falei.

–Nada? – Mamãe ergueu a sobrancelha – Pó de mico na única toalha do banheiro feminino? Botar as roupas do colega no lixo?

–Luce- Interveio meu pai – Não é sobre isso que íamos falar lembra?

–Certo, certo.

–Então... O que é? – Falei.

–Filho, tem algo acontecendo com sua irmã? Ela tem andado com alguém que não conheça? – Perguntou papai.

–Não... Eu não lembro de nada. Ela continua andando com Lucas, Luiza, Jasmine e Dawn.

–Tem certeza? – Perguntou mamãe.

Eu não lembrava de nada que fosse importar.

–Tenho. Era só isso?

–Sim – Falou papai.

Sai do quarto e fui tomar um banho.

Será que eu devia ter mencionado o amigo anjo dela?

Ah, eles nem se virão mais. Foi só aquela vez. Nada de mais, irrelevante.

POV LUCE.

–Acha que devíamos falar sobre Cam? –Perguntei.

–Não. Quando ele era pequeno, teve um choque vendo-te naquelas situações.

–Ele cresceu.

–Luce, aquele tipo de pavor não desaparece. Se falarmos para ele, ele lembrará aquela época já esquecida. Ele estava com muito medo, vi isso em seus olhos.

–Tudo bem. Continuamos em segredo sobre Cam? Mas e se for ele, ameaçando-os?

–Ele está morto. Eu o matei.

–Meu sonho dizia “Se quer continuar vivo e poderoso”...

–LUCE ELE ESTÁ MORTO!

Com seu grito eu percebi, percebi que ele tinha medo. Tanto medo quanto eu. E eu estava sendo egoísta.

Aproximei-me dele e segurei seu rosto com as mãos, acariciando, e lhe dei um beijo.

–Luce – Ele falou

–Shh. Tudo bem. Eu to exagerando de novo.

Ele me abraçou forte e afagou meus cabelos, o abracei também.

–Luce eu juro que tudo vai ficar bem, que esse sonho foi realmente apenas um pesadelo e...

–Shh, shh, Daniel, tudo bem. Não precisa jurar nada, sabemos que não foi só um sonho, amor, não podemos mentir para nós mesmo. Desculpa. Eu prometo que eu vou ser mais calma em relação a isso.

Ele ficou quieto abraçado em mim e eu nele.

–Mama! Papai! – Taylor entrou no quarto esfregando os olhinhos.

Daniel a pegou no colo e beijou a bochecha dela.

–O que minha princesa faz acordada?

Ela abraçou Daniel.

–Plincesa do papai qué dolmi com voches.

Eu acariciei as costas dela, ela me viu e se estendeu para meu colo.

–Deita aqui, mamãe e papai já voltam, vamos tomar café com o mano e a mana.

–Num dexa Tay sochinha – Ela começou a chorar.

–O que aconteceu Tay por que não quer ficar sozinha? – Perguntei acariciando seu cabelo.

–Tay medo.

–De que amor?

–Medo de anjo mau.

–Que anjo mau?

–Tay num sabe. Anjo mau apalece no sonho.

Eu e Daniel trocamos olhares.

–Como é o anjo mau?

–Tay num lembla. Tay num viu dileito.

–E o que a Tay conseguiu ver?

–Vedi.

–Verde?

–Olho vedi. – Ela voltou a chorar.

Eu a peguei no colo e a ninei, eu e Daniel nos encarávamos.

Quando vi que ela havia parado de chorar e que dormia, sussurrei:

–Ela também tem tido sonhos. Ela está assustada.

Eu percebi uma lágrima minha caindo no rosto adormecido de minha filha.

Daniel se abaixou em minha frente e limpou a outra lágrima de meu rosto.

–Luce, Tay é uma criança. Ela tem pesadelos como qualquer outra.

–os pesadelos de qualquer outra não são como os dela. Daniel, ela é sua filha, ela é nelfim. Os sonhos de nelfilins sempre dizem algo.

–O que sugere?

A pergunta me pegou desprevenida. O que eu sugeria? Trancar meus filhos em casa? Não os deixar viverem? É horrível fazer isso com eles. Mas deixá-los expostos também não é bom. Então... O que eu sugiro?

–Francesca não pode deixá-los se afastar do campus. – Falei- Acho a praia perigosa a eles.

Daniel suspirou.

–Vou falar com ela, ok?

–Uhum.

Ele me beijou, brevemente, porém docemente.

–Eu te amo – Ele disse.

Deitei Taylor na cama e o abracei.

–Eu também te amo, muito.

[N/A: Eu queria um pouco de romance hoje]

POV EMILY.

–Emily! –Ouvi meu pai chamar.

–Oi? – Falei do banheiro, após sair do banho.

–O café ta pronto.

–Já vou pai, só vou me vestir.

[http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=54993311]

Sai sorrindo do quarto e desci como sempre pelo corrimão, fui a primeira na mesa do café. Mais panqueca pra Emilyzinha aqui!

–Henry vai logo! – Ouvi papai lá de cima.

–Calma, fica relax, to quase pronto – Henry respondeu.

–Sua irmã já ta lá.

Só ouvi Henry descendo pelo corrimão e correndo até a cozinha.

–Achou que ia ficar com as panquecas só para você? – Ele perguntou.

–Sonhar nunca é de mais.

Ele riu e tomou um gole do suco de laranja, deixei-o comer apenas uma panqueca, levantei e o arrastei para fora.

–Mas o que...? Eu to tentando comer!

–Não está mais, olha a hora.

Ele olhou para o relógio.

–Fuck

Saímos correndo para pegar o ônibus, chegamos quando ele estava fechando, e conseguimos.

Sentei-me como de costume ao lado de Lucas, ele não me deu oi. Quebrei o gelo.

–Hey, Lucas- Falei.

–Hey, Emy;

–Podemos conversar?

–Sobre?

–O que você viu ontem a noite Lucas?

–Continua encontrando o anjo?

–Sabe que sim... Eu e ele estamos juntos...

–Quem ta junto? – Henry esticou-se para ouvir.

–Te interessa manezão? – Falei- Sai pra lá.

–IRRA. – Ele disse e saiu.

–Não falou para sua família? – Perguntou Lucas.

–Juntos, e escondidos.

–Ah – Disse ele.

Peguei sua mão e olhei dentro dos seus olhos.

–Lucas, por favor, não fale a eles. Por favor, eu imploro. Eu estou apaixonada por ele.

O ônibus freio, chegamos a Shoreline.

Lucas se livrou de minha mão e se levantou.

–Não vou contar. Eu sei o que é isso. – Ele disse e se virou, mas depois olhou de novo para mim – Mas eu não apoio isso.

E saiu.

Eu fiquei com cara de besta e só um pouco depois sai.

O que era aquilo?

O que deu em Lucas? Meu melhor amigo devia me apoiar! Odeio isso! Odeio não ser apoiada! Odeio! Odeio!

Bufei e segui para Shoreline, Luiza sorriu para mim.

Se Lucas era meu melhor amigo. Luiza era minha melhor amiga. Meu irmão é um babaca, sério.

Ela é de mais, e ele, burro e tosco, a deixa escapar.

Abracei-a.

–Luli!

–Emy – Retribuiu o abraço – Ta tudo bem?

–To ótima! – Eu não ia abrir o jogo sobre o comportamento de Lucas né?

–Tá estranha – Ela comentou.

–Eu não. – Ri – Vamos caminhar na praia? Vamos?

–Vamos! Mas a aula começa logo, logo!

–Isso não importa. Vamos matar o primeiro período.

–Ah não. Se for pra matar período vamos matar o terceiro! É trigonometria.

Eu ri.

–Feito. No terceiro então.

–Obrigada. Eu nunca te disse isso, Luli, mas você é minha melhor amiga sabia?

–Você também é a minha, sinto que você tenha Henry como irmão, mas né. Mas pera ai, e Lucas?

–Ele é o melhor amigo.

Ela riu.

–Entendi a diferença.

–Ok, se vamos matar o terceiro período, que ele chegue rápido, porque eu não vou aguentar ficar aqui tanto tempo. Quantos mais rápidos formos á aula, mais rápido iremos á praia.

Eu a puxei até a sala onde teríamos biologia.

POV NARRADOR.

No terceiro período Emily e Luiza se esgueiraram pelos alunos saindo do campus e indo até a praia.

Emily sabia que Cam queria ser sigiloso e fazer isto escondido tanto quanto ela, mas escondido de sua família não de seus melhores amigos. Eles nunca contariam.

Ela achava que não. Confiava neles. Apesar da estranha atitude de Lucas.

Quando chegaram a praia ela virou para Luiza.

–Luli me promete algo?

–O que?

–Eu to namorando e... – Ela foi interrompida pelo abraço da amiga.

–Aaaaah! – Gritou Luli.

–Luli! E é escondido, ninguém pode saber! Apenas você! E o Lucas já sabe, mas não vai contar. Se bem que ele agiu estranho.

–Concordo, Lucas está estranho.

–Em fim guarde segredo, ok?

–Juro. Quando vai ver ele?

–Daqui a pouco, normalmente ele está na praia.

–É aquele ali? – Ela sussurrou olhando por cima do ombro de Emily.

Emily virou e olhou na direção que Luiza olhava. Um garoto alto de cabelos escuros olhava o mar.

Emily pode imaginar suas asas douradas se desdobrando. E suspirou.

–É, é ele.

Cam virou e sorriu para ela, ela caminhou até ele com Luiza atrás de si.

Eles se abraçaram e ela roubou um beijo, ele olhou para Luiza e depois para Emily.

–AH- Disse Emily- Tudo bem, ela não vai contar. Ela é a Luiza, minha melhor amiga.

–Sou Cam – Ele disse. Luiza sorriu – E seu melhor amigo? Lucas?

–Ah, ele é o homem ela a mulher. Ele falou que não ia contar.

–Ele parece gostar de você.

–Ah, Sr.Ciumento, quem não gosta?

–Tem razão.

–Eu vou ficar de vela? – Perguntou Luli fazendo todos rirem.

~*~

–Francesca? – Daniel entrou no escritório da diretora de Shoreline.

–Daniel? Qual o problema? – Ela perguntou.

–Eu só vim pedir-lhe algo, se não for de mais.

–Pois fale.

–Luce sabe que não pode prender eles em casa, sabe que não pode protegê-los o tempo todo, mas queria que eles não saíssem da limitação da escola.

–A praia?

–Isso.

–Vou cuidar disso.

–Onde estão agora.

Ela sorriu.

–Venha aqui. – Falou ligando um dos computadores. Ela abriu um vídeo em preto em branco. Logo Daniel percebeu que era câmeras gravando a salas neste momento – Aqui está Henry quase dormindo na aula.

–E Emily?

–Deve estar na aula de trigonometria do primeiro ano. – Francesca digitou algumas coisas clicou em outras e ali estava a sala onde Emily supostamente estaria.

–Onde está ela?

Francesca franziu o cenho e checou a turma novamente.

–Deveria estar aqui com a Srta. Drew. A Srta. Drew nunca faltou uma aula, é ótima aluna e ótima influencia – Francesca continuou checando as salas, os banheiros, os corredores e o ginásio. Checou o pátio, as arquibancadas, todo o lugar com câmeras. –Eu não a acho Daniel.

–Como não Francesca? Deveria saber onde ela está!

–Calma Daniel, ás vezes ela mata aula!

–E você não faz nada?

–Todos precisam de um tempo das aulas.

–Por isso se tem o recreio! Você é a diretora Francesca o que é isso? Deixa alunos matarem aulas, e não sabe onde eles estão?

–Daniel ela nunca vai longe. Eu posso saber onde ela está. Anjo da Adivinhação lembra?

–Faça algo!

–Calam.

Francesca fechou os olhos e se concentrou, pensou em Emily. E a viu.

Sentiu cheiro de água salgada, e viu cabelos sendo balançados no vento, ouviu risadas e viu a areia.

Ela abriu os olhos e se levantou prontamente.

–Ela esta na praia.

–O que?

Daniel e Francesca saíram correndo da escola em direção a praia.

~*~

–Emily – Disse Cam que abraçava a garota por trás.

–Hm?

–Seu pai, e sua tia. –Ele falou.

Ela e Luiza se assustaram.

–Onde? – Perguntou.

–Estão vindo.

–Ah que bosta! – Esbravejou.

–Sabe como pode sair dessa? – Ele falou com os olhos esmeraldas brilhando.

–Sei – Suspirou – Mas não dá. – Fez um movimento quase imperceptível para Luiza.

–Eu resolvo – Ele sussurrou.

Ele deu uma volta e parou atrás de Luiza, a garota distraída nem percebeu ele ali, estava preocupada com a diretora vindo até ali.

Cam pressionou uma parte da orelha da garota que a fez desmaiar no mesmo instante.

–Cam?! – Emily falou assustada.

–Calma, ela ta bem. Quando ela acordar convença-a de que provavelmente foi uma queda de pressão e só. Agora vamos.

Ele pegou as duas garotas e abriu as asas, as deixou na frente da escola e recolheu as asas rapidamente.

–Aonde vão? – Ele perguntou.

–Para a enfermaria, posso dizer que a levei até lá porque ela desmaiou quando estávamos indo para a aula.

–OK, boa resposta.

Ele passou o peso de Luiza para Emily que passou o braço dela por seu pescoço.

Eles trocaram um beijo e logo Cam sumiu. Ela correu com a Luiza inconsciente até a enfermaria.

–Oh! O que aconteceu?! – Perguntou a enfermeira da terceira idade assustada pegando a garota e a botando numa maca.

–A pressão dela caiu, eu acho, e ela desmaiou.

–Quando?

–Estávamos indo para a aula de trigonometria. – Emily mentia sem problemas.

–Mas isso faz tempo porque não a trouxe direto a mim? – Perguntou examinando a garota, botando uma luzinha nos olhos dela.

–Ela meio que acordou quando eu estava fazendo isso, e ela implorou para não fazer. Ela tem medo de médico. Daí ela pediu para irmos ao banheiro que ela logo melhorava, mas ela desmaiou de novo e eu a trouxe.

–Da próxima vez não hesite.

–Certo desculpe.

~*~

–Onde está ela? – Perguntou Daniel.

–Deveria estar aqui! – Respondeu Francesca- Ela estava na praia.

– Sabe em que praia por acaso?

–Ah Daniel! Ela não faria isso! Vamos, quem saiba tenham entrado.

Eles voltaram ao colégio. Estavam passando perto da enfermaria quando ouviram a voz de Emily.

Os dois entraram.

~*~

–Emily! – Os dois gritaram, Emily pulou tanto quanto a enfermeira.

–Mas o que é isso? – Disse a enfermeira – Não podem falar normalmente.

–Perdoe-nos – Disse Francesca.

Daniel encarava Emily.

–Emily Ellizabeth Grigori... – Começou.

–Onde estava querida? – Interrompeu Francesca.

Emily voltou às mentiras.

–Estávamos indo á aula de trigonometria e Luli desmaiou, provavelmente sua pressão baixou. Então eu estava trazendo-a até aqui, mas ela acordou e implorou para não a trazer,ela tem medo de médico, então fomos até o banheiro onde ela falou que ficaria bem, mas desmaiou de novo e então eu a trouxe.

–Ah, mas como não vi vocês nas câmeras? – Francesca cruzou os braços.

–Ah, Tia, vou saber?! Eu estava realmente com Luli, não vou brincar sobre isso vou? Ela desmaiou! Vai ver você estava vigiando outro lugar e não viu.

Francesca assentiu, isso era possível, e suas adivinhações nem sempre eram certas.

Ela olhou para Daniel que ainda fuzilava a filha. Francesca tocou o ombro de Henry.

–Viu Daniel? Não tem por que desconfiar dela.

Ele relaxou.

–Conversamos melhor em casa.

–Vou avisar o professor o porquê da falta das duas.

Francesca e Daniel se retiraram.

Emily sorriu maliciosa sozinha.

–Então querida, acho que realmente foi a pressão. Ela não se alimenta direito né? E eu vejo na ficha dela que faz fisioterapia, talvez tenha algo haver com o medicamento.

–Claro, deve ser isso.

Ela sorriu.

–Vou trazer um chá para ela beber quando acordar, ok?

–Claro, Sra.Mantz.

Logo a enfermeira saiu, Emily se sentou ao lado de Luiza, que acordou.

–O que aconteceu? – Perguntou desorientada.

–Quando saímos correndo da praia, você teve uma queda de pressão, e eu a trouxe aqui – Emily cochichou – Mas a história é que estávamos indo á aula de trigonometria você desmaiou quis te trazer aqui, mas você meio que acordou e não quis porque tem medo de médico e então fomos ao banheiro, mas você desmaiou novamente então lhe trouxe;

–Ótima desculpa! – Ela riu.

–Ela vai trazer um chá para você. Ela falou que sua alimentação não é muito adequada e que o remédio da fisioterapia deve ter ajudado no efeito.

–Ok, é verdade.

Elas riram.

–Ah! Vejo que acordou! – Disse a enfermeira sorridente e deu o chá para Luli – Tome tudo! E depois pode voltar as aulas.

–Ok, obrigado.

A enfermeira se retirou e Luli tomou tudo, ela levantou e pegou os materiais e Emily também, saíram da enfermaria rindo, deram em um corredor cheio de estudantes.

Troca de período.

Todos olharam para elas, e puderam ouvir comentários sobre o desmaio.

Como eles sabiam?

Que povo fofoqueiro!

Caraca!

Jasmine e Dawn apareceram.

–Você está bem Luli? – Perguntou Jasmine

–Estou sim – Falou Luli.

–Todos estão falando que você desmaiou. – Falou Dawn.

–Como sabem? – Perguntou Emily.

–Um aluno ouviu seu pai falando com Francesca sobre o desmaiou de Luli pelo fato da pressão baixa. –Explicou Jasmine.

–Pelos menos não pensam barbaridades- Falou Emily.

–Certo – Disse Dawn.

–Ok, vamos logo para a aula. – Disse Luiza quando viu o terceiro ano se aproximando.

Ela foi as empurrando para a aula de história.

Mas Henry e os amigos apareceram.

–Hey, Luli – Falou Henry.

–Luiza- Corrigiu.

–Luiza- Falou – Está tudo bem? Soubemos do desmaio.

–Você se importa? – Perguntou desafiadora.

Henry sustentou seu olhar.

–Para falar a verdade, não.

–Imaginei, até logo.

Os dois seguiram seu caminho, sem deixar despercebido o clima.