Christian se aproximou devagar coçando a cabeça, parecia medir as palavras antes de começar a falar. Aquilo me deixou um pouco assustada, porque tanto suspense? Coisa boa não poderia ser.

– O Josh... Ele é mau – ergui as sobrancelhas esperando ouvir mais alguma coisa.

– Ele é mau? Que tipo de argumento é, ele é mau? Quantos anos você tem Chris, cinco? – bufei decepcionada.

– Não, é sério, na verdade eu não sei direito como você vai reagir a isso – seu tom de voz era baixo - Joshua é um ser sobrenatural – fez uma pausa esperando que eu falasse alguma coisa.

– Sobrenatural como? – não acreditava muito naquela historia.

– Você acredita em mutantes?

– Mutante? – repeti sarcástica – Serio? Qual é Christian volta para a realidade. – entrei no carro puxando a porta com força.

– Eu estou falando sério Sophie – entrou no carro em seguida – Ele tem até uma marca nas costas – escutei o barulho do motor ligando

– Uma marca? – aquele assunto estava começando a me irritar – Chega Christian, para de falar essas coisas sem sentidos. Você é maluco!

– Eu estou falando a verdade! – me assustou com o seu tom de voz, ele parecia realmente nervoso – Não quero você perto dele!

– Me prova então – fitei seus olhos

Christian encarou meus olhos por alguns segundos esquecendo que estava dirigindo, mudou a marcha do carro e acelerou. O silencio no carro era gritante, aquele assunto todo era muito surreal. Eu olhei para o garoto ao meu lado e senti o seu ódio subir passando pelas suas veias. Porque ele estava inventando tudo aquilo? Isso não fazia sentido nenhum.

Eu já conseguia ver a movimentação na rua, realmente era uma festa animada. Todos dançavam com os braços para cima e gritavam no ritmo da musica. Pude ver algumas pessoas dentro da casa, as luzes piscavam sem parar. Christian encostou o carro um pouco longe da fachada da casa, tirei os cintos de segurança devagar, apoiei minhas mãos sob a tranca da porta e senti ele me segurar.

– Eu não vou entrar – disse seco

– Você que sabe Chris – ele tirou suas mãos de cima das minhas me deixando abrir a porta, fechei com pouca força e apoiei os braços na janela que estava com os vidros abertos, me inclinei um pouco para melhor visão do seu rosto – Mas eu adoraria se você fosse...

– Nem tudo é como a gente quer né Sophie – seu rosto estava triste – Eu adoraria que você não entrasse naquela casa...

Antes que eu pudesse responder Christian saiu passando pelo meio da multidão que comemorava na rua. Aquela conversa toda tinha me deixado preocupada, se fosse verdade, porque ele tinha ficado tão bravo comigo? Afinal... O que eu fiz de errado?

Andei devagar pela calçada ficando cada vez mais perto da casa, não quis chamar muita atenção. Desviei de algumas pessoas que conversavam e entrei pela porta principal. A movimentação era muito grande, havia muitos rostos desconhecidos ali dentro. Senti pessoas pisando no meu pé, mas ignorei completamente, estava acostumada com festas e pessoas se esbarrando.

– Babe! – parece que alguém me reconheceu aqui. Olhei para os lados e não encontrei quem me chamava – Babe! – senti suas mãos em meus ombros

– Oi Noah! – cumprimentei o rapaz erguendo um pouco os pés por ele ser mais alto – Não sabia que aqui ia estar tão cheio!

– É sempre assim! Quando o assunto é festa a noticia corre rapidinho! – falava entre risadas e eu fazia o mesmo – Josh tinha certeza que você viria!

– Onde ele está?

– Ele está lá fora perto da piscina – Noah me mostrou o caminho com as mãos – Lá fora tem bebida se você quiser – ele acenou e sumiu na multidão

Meus passos eram um pouco mais apressados dessa vez, eu estava ansiosa para vê-lo, mas não entendia o porquê, talvez aquela história maluca do Christian tenha me deixado um pouco curiosa. A piscina estava enfeitada com algumas bolas pretas e brancas, pessoas conversavam por toda a borda, a música ali fora não era muito alta como dentro da casa. Avistei Joshua sentado de costas para mim em uma cadeira grande em forma de ovo pendurada em uma árvore.

– Olá... – minha voz saiu musical

– Ei! Ai está você! – segurou em minha mão beijando o topo da mesma – Muito bonita por sinal – Josh olhou dos meus pés até a cabeça

– Muito obrigada Hahaha

– Senta aqui, não fica de pé não – o rapaz se levantou me ajudando a sentar - Eu adoro essa cadeira!

– É... Ela é bem diferente – sorria constantemente – Não sabia que você conhecia tanta gente.

– A maior parte aqui eu não faço ideia de quem seja – Josh começou a balançar suavemente a cadeira com as mãos, ainda de frente para mim – Quer beber alguma coisa? Eu posso preparar uma coisa especial para você – me olhou malicioso. Eu não tinha reparado em como aqueles olhos brilhavam, parecia que estavam cheios de agua ou alguma coisa do tipo.

– Quero sim, eu vou com você – ameacei levantar mais fui surpreendida com um empurrão de leve.

– Não... Não precisa, fica aqui que eu trago para você.

Concordei com a cabeça e me ajeitei na cadeira a sentindo balançar um pouco. Josh deu alguns passos e me olhou por cima dos ombros, não consegui esconder meu sorriso bobo. Meus pés balançavam no ar, a casa dele era realmente muito bonita, pelo jeito alguém aqui é mimado pelos pais.

– Aqui está. – tomei um susto vendo Josh chegando – Eu caprichei para você!

– Não precisava – segurei o copo com o liquido alaranjado dentro com uma leve fumaça causada pelo gelo seco. Dei o primeiro gole e apertei os olhos sentindo a bebida queimar minha garganta.

– Muito forte? – perguntou sorrindo largo

– Um pouco – dei outro gole – Você está querendo me embebedar Joshua?

– Não é bem isso que eu estou querendo de você hoje – seus olhos se encontraram com os meus enquanto o rapaz virava o copo na boca, aquilo causou uma corrente elétrica no meu corpo que eu jamais sentira antes

– Vai sonhando, Josh pode parar com esse joguinho – levantei e senti minhas pernas pesadas, meus joelhos dobraram me fazendo perder um pouco o equilíbrio – Nossa, eu não costumo ficar assim com somente um copo! O que você me deu Josh?

– Eu quero te mostrar uma coisa – minha visão começou a ficar um pouco embaçada, fui obrigada a segurar nos braços do Josh para conseguir andar – É logo ali não se preocupa – seu sorriso me hipinotizou, eu me deixei levar pela situação e não recusei acompanha-lo.

Entramos na casa lentamente, pelo menos na minha visão nós estávamos andando bem devagar. Algumas pessoas gritavam, outras dançavam e copos eram distribuídos sem economizar. Josh segurou na minha cintura me levantando para subir o primeiro degrau da escada, sorri por me sentir inútil até mesmo para subir uma escada. Olhei para traz para admirar as pessoas do lado de baixo da casa e reconheci um rosto, perto da porta principal.

– Chris? – movi os lábios porem não escutei minha voz

– Estamos chegando – andei por um corredor escuro, meus pés já não traçavam uma linha reta, aquela bebida teve um domínio do meu corpo de uma forma sobrenatural. – Entra aqui... – fui guiada para uma sala de luz baixa, os moveis estavam distorcidos demais para eu reconhecer.

– Eu estou com frio... Que lugar é esse? – perguntei receosa por não enxergar

– Não precisa falar nada Sophie – o garoto tirou a blusa apoiando a mesma em um objeto perto da porta, suas costas tinha uma marca estranha, era como se fosse uma asa negra. Senti Josh segurar o meu pescoço com força e me puxando para o beijo, eu estava sem forças para impedir.

Senti minhas costas baterem na parede e de repente meus ouvidos taparam, eu já não conseguia entender mais nada, o que estava acontecendo comigo? Foi quando o preto intenso preencheu meus olhos...