Cheguei em casa casanda pedindo por um banho. A casa estava silenciosa, mas nada que me preocupasse, subi para o meu quarto sem me manifestar. Fechei a porta e joguei minhas chaves num canto qualquer da mesa, abri a janela empurrando com força para cima travando para que ela não caísse. Entrei no banheiro me despindo com certa preguiça, deixei a banheira encher alguns segundos e entrei ainda com a torneira ligada. A agua quente relaxava cada músculo meu. Desliguei a torneira quando senti a agua bater no meu pescoço e afundei a cabeça tapando o meu rosto por completo.

Fiquei pensando se ir a essa festa seria uma boa ideia. Provavelmente os pais do Josh não estariam em casa, o que poderia ser meio tentador para alguns. Levantei a cabeça da agua e encostei na parede gelada. Quer saber, eu vou nessa festa! Afinal... O que pode dar errado?

Sai do banho, torci o cabelo e puxei o ralo da banheira para agua descer. O lado de fora do banheiro não estava muito gelado, o sol ainda estava se pondo deixando meu quarto com uma aparência mais confortável. Enrolei a toalha na cabeça caminhando até meu armário, abri a primeira gaveta, escolhi um conjunto de calcinha e sutiã pretos, era a cor que eu mais costumava usar, então ia combinar com certeza com o resto da roupa. Vesti a calcinha e tive um pouco de problemas para fechar o sutiã.

– Desaprendeu Sophie? – disse para mim mesma. Um barulho chamou minha atenção para a janela atrás de mim, virei rapidamente ainda com as mãos para traz segurando o fecho. Pude ver um rapaz se abaixando na janela do vizinho, não era possível que eu ia ter problemas de privacidade. Fechei o sutiã, peguei a primeira saia que eu vi no armário e uma regata preta, calcei minhas botas que estava em fácil acesso e sai do meu quarto descendo as escadas apressada.

Caminhei firme pelo gramado a caminho da casa do vizinho, meu sague já tinha subido, tinha certeza que era um menino de doze anos se aproveitando dos primeiro dias em seu quarto novo de mocinho, vamos ver se ele está grandinho como pensa. Toquei a campainha e esperei.

– Pois não? – Uma mulher atendeu a porta calmamente

– Olá é... A senhora tem um filho não tem? – a mulher concordou um pouco confusa – Eu sou amiga dele da escola e tenho um recado para ele, será que a senhora podia chama-lo? – perguntei simpática.

– Sim claro, entre – a mulher abriu passagem e eu entrei com as mãos apoiadas nos bolsos da frente da saia – Christian! Christian tem uma moça querendo falar com você aqui embaixo – meus olhos se arregalaram e encararam a escada.

A demora do garoto estava me deixando mais curiosa. Christian? O Christian que eu conheci hoje? Não era possível, deve ser o mesmo nome só isso. Não, você está enganada Sophie, é possível sim. Chris desceu as escadas sem me olhar olhos, sua cara de arrependido era nítida. Te peguei Mr. Brown.

– Oi... – ele acenou e sorriu amarelo – Será que a gente pode conversar lá fora? – empurrou o meu braço e eu sedi. Christian fechou a porta atrás de si, cabisbaixo.

– Você vai esperar eu perguntar? – o forcei a falar

– Olha, eu não vi nada, eu juro – ele juntava as mãos.

– Você não viu nada? E você espera que eu acredite nisso?

– Não tinha muito como eu evitar, você é... – cruzei os braços sorrindo malicioso – Você estava na minha frente e eu sou homem né!

– Você é ridículo – ameacei sair mas Christian segurou na minha mão me obrigando a encara-lo.

– Desculpa tá legal... Eu não tive a intenção de te deixar chateada...

– Eu te desculpo Chris... Mas você vai ter que pagar na mesma moeda.

– O que você quis dizer com isso? – o garoto arqueava a sobrancelha preocupado.

– Você vai ver – virei de costas a caminho da minha casa – E se troca que você vai a uma festa comigo hoje a noite – mandei um beijinho no ar e entrei.

Eu tinha umas duas horas para me arrumar, essas festas em casa geralmente são para você colocar uma roupa provocante, beber e extravasar em um quintal com musica alta. Porque eu faria diferente? Abri o armário pensativa, o observei de lado a lado, e era como se eu vendesse roupas para enterro. Preciso comprar peças mais coloridas.

Separei um vestido preto curto porem com maldas longas, um colete comprido prateado e botas que cobriam os meus joelhos. Deixei minha chapinha ligada no banheiro e comecei a fazer minha maquiagem. Eu não costumo demorar muito para me arrumar, tenho pratica em fazer olho preto esfumado.

Meu cabelo e maquiagem já estavam prontos, só faltava a minha roupa. Caminhei tranquila pelo guardo e admirei o conjunto em cima da cama para ter certeza de que era aquilo que eu queria usar. Comecei a tirar o roupão e lembrei do acontecido a minutos atrás na janela, sorri bobo, tinha certeza de que ele estava ali de novo, homens não costumam aprender rápido as coisas. Olhei para janela e la estava ele, fingindo estar falando no celular passando de um lado para o outro da janela, eu podia ver seus olhos me encarando com rapidez, estaria ele esperando eu me distrair?

Aproxime-me da janela deslizando meu roupão devagar pelo ombro direito, olhei por cima do mesmo esperando a reação do garoto. Christian diminuía o passo, e a sua imitação de conversa pelo telefone ficou nula, deslizei o roupão pelo outro ombro e o garoto se distraiu parando agora em frente a janela sem se mexer. O encarei sorrindo e fechei as cortinas do quarto escutando um breve “isso não teve graça Sophie”. Aquele comentário me fez rir.

Já eram 20 horas e nada de Christian dá sinal de vida, não é possível que um homem demora tanto para se arrumar. Olhei-me novamente no espelho, peguei meu celular e segui para o andar debaixo. Meus avos estavam jogando baralho em cima de uma mesa feita de camurça, aquela mesa sempre me deu alergia.

– Você vai sair querida? – Elisabeth perguntou sem tirar os olhos das cartas.

– Sim vovó eu tenho uma festa na casa de um amigo

– Essa sua roupa não esta provocante demais? – Perguntou vovô agora me olhando dos pés a cabeça esquecendo completamente do jogo.

– Tchau vô... – respondi entre risadas vendo Elisabeth bater em seu braço

Andei pelo caminho de pedras na entrada da casa ficando de frente para a janela do quarto de Christian, as luzes estavam apagadas. Será que ele estava dormindo? Isso me deixaria muito nervosa.

– CHRISTIAN! – gritei – CHRISTIAN!!! – a porta da entrada da casa se abriu e o garoto correu em minha direção segurando minha boca com uma das mãos enquanto a outra fazia um sinal de silencio

– Fico maluca garota? Para de gritar – sussurrava – Meus pais não sabem que eu estou saindo. – tirou as mãos me possibilitando falar.

– CHRISTIAN! – gritei novamente provocando um desespero no garoto

– Eu estou falando serio – ele apontou para o meu rosto e eu sorri encantada

– Então, você tem carro?

– Tenho mas eu não posso pegar agora.

– E porque não? – perguntei confusa.

– Eu achei que você ia dirigir alguma coisa, você que me convidou! – ele me olhou dos pés a cabeça, pelo jeito só agora reparou na minha roupa

– Então vamos tem que roubar algum carro – fui em direção a rua vagando com o olhar a procura de um automóvel

– Ou, ou, ou, ou, ou! Pera ae. – segurou meu braço – Roubar um carro? Você escutou o que você disse? - a cara de assustado de Christian não me deixava parar de sorrir.

– Ué! Você não quer pegar o seu carro... A gente não tem outro jeito de ir.

– Ai eu não acredito que eu vou fazer isso - Chris entrou na casa com cuidado trazendo consigo um controle da garage. Ativou o botão, o barulho do portão se abrindo ecoou pelas ruas silenciosas, o garoto apoiava o rosto na mão inconformado balançando a cabeça. Entrou na garagem empurrando o carro com as mãos para não fazer barulho, fechou o portão e guardou o controle no bolso da calça.

– Você não vai me ajudar? – perguntou com as mãos no porta malas do carro usando toda a sua força para empurrar.

– Eu estou de salto!

– Se você não ajudar você vai a pé! – sua autoridade me convenceu.