Trunfo escrita por AnaCarol


Capítulo 37
Briga! Briga! Briga!




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  -Olha quem vem aí, Valdez. – Uma irmã sua chamada Chillen o cutucou com um sorriso malicioso.

  Por dentro, o corpo todo de Leo congelara. Sua mente se movia apenas para sussurrar o nome de Anna, e ele sentiu os poros de sua mão soltarem pingos de suor. Mesmo assim, por fora ele se controlou e riu, perguntando quem chegava.

  A menina girou sua cabeça em direção à entrada das forjas, confirmando as expectativas de Leo.

  -Anna, oi! – Chillen chamou, rindo na orelha de Leo. Anna andou em direção a eles, enquanto Chillen abandonava o arredor e sussurrava: - Fica me devendo essa.

  -Você é louca! – Ele protestou, ao som das risadas da irmã.

  -Todos somos loucos por aqui. – Anna chegou, sorrindo, e citando Alice no País das Maravilhas. – O que tá havendo?

  -Nada. – Ele respondeu. – Nada mesmo.

  -Certo, então...

  -O que está fazendo aqui?

  -Ah, eu sei que estou atrasada, mas não sabia pra onde ir depois que Quíron e Annabeth me liberaram da Casa Grande. Então vim pra cá, que era minha atividade na hora.

  -Ah é, fiquei sabendo. Estranho terem te chamado.

  -Não tanto, eu sempre estou metida nessas confusões.

  -Mas você levou bronca?

  -Não... Muita.

  Leo soltou uma leve risada. Depois arriscou um olhar diretamente ao olhar de Anna.

  -Você está com fome?

  -Totalmente. – Confessou.

  -Que ótimo, porque eu conheço esse restaurante que você vai adorar... – Leo brincou.

  -Hm... Sei. – Aquilo a fez lembrar algo. – Há quanto tempo você está aqui? No acampamento, quero dizer.

  -Cheguei pela primeira vez três anos atrás. – Leo contou, subindo os degraus rapidamente e se vendo fora das forjas. O Sol ainda brilhava alto no céu, e ainda mais forte depois de sair da escuridão fresca.

  -E não saiu desde então? – Anna perguntou, porém nada em seu tom de voz representava grande horror, e Leo não conseguiu ver seu rosto devido à claridade. A menina colocou a mão acima dos olhos e olhou para ele.

  -Uma vez eu saí; num solstício de inverno. – Ele contou. – Mas voltei antes de voltar o verão... Gosto daqui. E outras várias vezes, em missões.

  -Por que voltou antes naquela vez? – Aquilo parecia um interrogatório, Anna sabia, mas não conseguia fechar sua boca. Começou a andar na direção do Pavilhão, logo após Leo.

  -Oh, acredite! Você só está perguntando isso porque nunca provou o chocolate quente daqui. – Leo criou um sorriso, o brilho nos olhos dos dois diminuindo.

  -Oh, sim. Então “their milkshake brings all the boys to the yard”. – Anna arriscou uma piada, tentando aliviar a entrevista feita. Felizmente, Leo riu.

  -Olha só, chegamos! – Leo disse, animado. – Deixe-me te apresentar ao Pavilhão do Refeitório: livre de vermes desde ontem.

  Anna também soltou uma risada, e os dois se dirigiram ao balcão para pegar comida. Estava vazio, já que os dois foram uns dos últimos a chegar, e logo eles já estavam de bandeja cheia.

  -E onde você vai sentar hoje, senhorita Especial? – Leo perguntou, retirando da frase um “Com o Jason não, por favor.”, enquanto Anna retirou de sua face um sorriso.

  -Não fala assim. – Ela pediu. – Não é como se eu fosse a salvadora do mundo ou qualquer coisa assim. Quíron mesmo confirmou: vocês venceram a guerra sem minha ajuda, e essa coisa de “poderes especiais” já ficou inútil.

  -Foi mal... Não quis te ofender. Quer dizer, ter vários poderes não pode ser tão ruim. – Leo disse. – Admita.

  -Hm. – Anna respondeu.

  -Poxa, me desculpa.

  -Ah, tudo bem. – Anna sorriu, mostrando que estava mesmo tudo bem. – Vocês são mais legais que os outros.

  -Do que os mortais? Hehe, eu sei. – Leo fingiu jogar os cabelos longos que não tem para trás.

  -Convencido. – Anna empurrou seu ombro, quase rindo. Retomando o passo, eles logo passaram pela mesa de Apolo, onde Anna ficaria. Leo se despediu rapidamente dela, sob os olhares estranhos de Jason.

  -Ai, eu quase esqueci! – Leo voltou. – Quer saber em que mais Semideuses são melhores que mortais? Depois de amanhã, vá ao chalé de Dionísio às 20h.

  -Por quê? – Anna riu.

  -Parece que Quíron e Sr. D. vão zarpar por dois dias inteiros, sem deixar alguém no comando. – Leo sussurrou, com um jeito sapeca.

  -Annabeth vai ficar no comando, na verdade. – Jason se intrometeu, sério.

  -Ela sempre fica. – Disse Leo, indiferente. – E alguém sempre dá uma festa. Se você quiser eu te passo as-

  -Não precisa, não precisa. – Jason interrompeu. – Eu falo tudo pra ela.

  E assim dito, Jason agarrou o braço de Anna e a puxou para baixo, obrigando-a a se sentar ao seu lado. Assustada pelo gesto bruto e repentino, Anna deixou cair a bandeja e pulou para longe do filho de Apolo, olhando-o decepcionada.

  Leo se agachou para recolher a comida do chão, e o mesmo fez Jason – apesar de parecer estar fazendo aquilo mais por ciúmes do que por remorso. Anna afirmou que estava tudo bem, que conseguia pegar tudo sozinha, porém os dois continuaram a ajudá-la.

  Até que os garotos tocaram o copo de Anna ao mesmo tempo.

  -Eu já consegui, obrigado. – Disse Jason, puxando o copo para si.

  -Hã, tá bom. – Leo soltou o objeto, levando as mãos ao alto.

  -Viva os Deuses, o cara tem um cérebro. – Jason murmurou, se levantando.

  -E você, pelo jeito, tem algum problema. – Leo respondeu, irritado com a atitude grosseira do outro. Também se levantou.

  -Com você, acho que todos têm. – Jason rebateu, se virando e encarando Leo face a face. Até que pareceu desistir, se virando para Anna e agarrando seu braço novamente. Puxou-a para cima com tal força que a garota gritou.

  -Solta. – Ela pediu, se debatendo e sentando em cima da comida sem querer. – Larga o meu braço!

  -Você é surdo, cara? – Leo protestou, empurrando Jason para longe de Anna. – Ela te mandou soltar!

  -Ah é? Bem, ela estava falando comigo. – Jason retrucou, se voltando para Leo.

  -Você a está machucando! Qual é o seu problema?!

  Jason deu um leve empurrão no ombro de Leo, estreitando os olhos ameaçadoramente.

  -Neste momento meu problema é você. – Ele replicou. Empurrou o outro mais uma vez. – Então que tal você voltar para as forjas, quietinho? Não é tudo que você sabe fazer?

  -Meu trabalho nas forjas foi bem mais útil quando a guerra explodiu. – Leo avançou, mas não tocou um dedo sequer em Jason. – Não que você se lembre, já que se encolheu debaixo da cama o tempo todo.

  -Gente, para. – Anna não entendia exatamente do que eles falavam, mas não gostava da ideia dos dois brigando. Levantou-se, tocando as pernas da multidão ao seu redor, e tentou entrar no meio dos semideuses.

  Quase podia tocar a pele de Leo quando foi puxada para trás à força.

  -Oh, não. Deixe que eles briguem. – Seu raptor reclamou.

  Esperneou, mandando ser solta, mas quem quer que a estivesse segurando não se importava.

  -Eu não tenho medo de você – Jason desafiou. – Não pode me fazer mal, eu não sou fraco como sua mãe.

  Anna não entendeu mais do que o óbvio da provocação, mas sabia que se tratava de algo sério demais para Leo... Ele foi o primeiro a avançar, deferindo um soco de esquerda na face de Jason, e logo em seguida um de direita, em sua barriga.

  -Leo! Para! – Gritou Anna, chutando um braço que a levantava. – Me deixem descer! Leo!

  Jason se irritou também, empurrando Leo para longe e chutando sua barriga. O filho de Hefesto caiu de costas no chão, aos pés dos espectadores, se retorcendo para acalmar a dor. Anna mexeu as mãos e lançou uma corrente de ar sobre os meninos, mas aquilo só serviu para refrescar Jason.

  Leo se pôs de pé novamente, correndo até o oponente rapidamente e o derrubando no chão ao se jogar com as mãos ao redor de sua cintura. Estapeou as bochechas de Jason, que se esperneou e tentou morder as mãos de Leo.

  Anna chutou a cabeça da pessoa que a levantava no ar, apenas para descobrir que era carregada por mais de cinco campistas excitados com a briga.

  -Briga! Briga! Briga! – Eles urravam, enquanto Jason se esquivava de Leo e voltava a se levantar. – Briga! Briga!

  Leo agarrou o calcanhar de Jason, mas este não caiu. Pisou em sua mão e forçou seu peso sobre ela. Leo engoliu um grito e socou a canela do outro. O filho de Apolo pulou e esfregou o local, enquanto Leo se erguia com um pulo e se afastava.

  -Já chega. – Ele disse, levantando as mãos ao ar. Jason não concordou.

  Levantou o braço e fê-lo voar até a têmpora esquerda de Leo, porém esse agarrou seu punho a tempo. Sem se deixar abater, Jason levou seu punho livre até as costelas de Leo, e desta vez chegou ao objetivo.

  O menino gritou e caiu no chão; as mãos envolvendo o próprio corpo e os olhos fechados num esforço para não chorar.

  -Yeah! – Gritaram seus raptores.

  -Me ponham no chão! – Anna protestou, gritando mais alto do que nunca. Finalmente foi ouvido, sendo solta em queda livre até o chão. Soltou um gemido quando bateu a cabeça no piso, mas tratou de se levantar rapidamente para não ser pisoteada.

  Correu até o centro das atenções, onde Leo ainda rolava no chão e Jason arfava, ainda sobre as pernas, com uma visão vitoriosa sobre o inimigo. Anna se enraiveceu, e se aproximou de Jason sem que ele percebesse, socando seu peito.

  -Qual é o seu problema?! – Gritou, parando os golpes. Encarou-o com um olhar decepcionada e bravo, a boca se tornando uma linha reta. – Você não pode... Você não deve bater nas pessoas desse jeito! Deuses!

  O fogo no olhar de Jason se extinguiu, e o garoto piscou algumas vezes em realização. Depois piscou mais, como se sentisse alguma dor. Anna decidiu ignorar, se agachando ao lado de Leo.

  -Ai caramba, você está bem? – Perguntou, com medo de tocar em seu corpo. Ele se esforçou ao abrir os olhos mareados e vermelhos e acenar a cabeça.

  -Ótimo. – Ele respondeu, gaguejando e fingindo um sorriso que logo sumiu.

  -Anna... – Jason chamou, atrás dela.

  -Agora não. – Ela respondeu, tentando pensar em um jeito de curar o menino das costelas doloridas. – Alguém pode me ajudar?

  -Anna. – Jason insistiu.

  -Vai embora! – Ela rugiu, se levantando e se virando.

  -Desculpe a demora, isso é tudo o que eu achei. – Bella entrou em cena, pulando para fora da multidão agitada com alguns potes brancos etiquetados. Mesmo assim, Anna estava paralisada pelos olhos azuis de Jason, convencendo a si mesma a continuar irritada.

  -Perfeito, Bella. Obrigada. – Ela disse, enfim se virando de volta para ver quais remédios ela trazia.

  Só que não pôde ver nenhum deles, graças ao brilho dourado que reluzia na cabeça de Bella.


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Notas finais do capítulo

-Quem estava mais errado: Jason ou Leo?