Quinn encarou Kurt, assim como Rachel. As duas não queriam nem pensar em ouvir mais notícias ruins, mas sabiam que era inevitável.
"É sobre o Mike." Continuou Kurt. "É bom que vocês saibam que ele não estava na escola ontem, mas sim na casa de Tina. E eles não gostaram nem um pouco do que vocês fizeram."
"Na verdade, eu acho que ninguém gostou." Disse Mercedes, apontando para uma pequena televisão do café, que apresentava o noticiário local.

"A William McKinley High School foi encontrada incendiada esta manhã. Tudo indica que o incêndio ocorreu de madrugada, e até agora não foi achado nenhum vestígio ou pista. O caso foi encaminhado para as autoridades locais e municipais, para que seja resolvido o mais rápido possível. A maioria dos alunos não sabia do ocorrido e veio à escola, pensando que era um dia de aula comum. Vamos falar com alguns deles." Disse o repórter, em frente a escola totalmente destruída. Chamou um garoto relativamente grande que Kurt logo reconheceu: David Karofsky. "O que acha de toda essa situação, senhor..."
"Karofsky." Disse, sorrindo para a câmera. "David Karofsky. Foi um choque. Não consigo imaginar quem tenha feito isso." Disse David, tentando fazer uma atuação convincente e mostrar tristeza. "Tudo o que eu quero é estudar, é tudo o que todos nós queremos."
"O senhor acha que pode ter sido um aluno, ou uma gangue que estude na escola?"
"Sim, eu acho. Essa escola possui gente muito esquisita, gente que guarda mágoas de todo mundo aqui. Aposto que há pessoas que fariam isso por vingança." Seu olhar dizia tudo.
"O senhor possui algum palpite de quem pode ter sido?" Todos os amigos se entreolharam. Eles sabiam que David falaria o que não devia.
"Tem um grupo nesse colégio, um grupo que odeia todo mundo. O tal do Glee Club"
"Filho da puta!" Gritou Santana, se levantando da cadeira em um pulo e apontando para a televisão como se estivesse prestes a socá-la. "Eu vou dar uma de Lima Heights na cara desse imbecil, ele vai sentir a minha fúria!"
"Santie! Seus machucados!" Gritou Brittany, segurando a namorada.
"Eu sei, ai ai ai ai." Respondeu. "Desculpa, não consegui me controlar." E mancou até a sua cadeira. Quando seus amigos voltaram a atenção para a TV, a reportagem já estava no final, o repórter falando o óbvio, como que agora a única opção era esperar e todos esses blá-blá-blás.
"Estamos completamente perdidos." Disse Mercedes.
"Pessoal, foco!" Chamou Kurt. "Vocês acham mesmo que os policiais vão acreditar no brutamontes do colégio, sem nenhuma evidência? É claro que não. Agora, voltemos ao assunto: Mike. Ele foi convertido pela Tina e obviamente não está mais do nosso lado."
"Ótimo, a japa conseguiu mais um aliado." Reclamou Santana.
"E não é só isso. Eles estão planejando nos atacar, um por um."
"Ótimo, não vou mais conseguir dormir com medo de ser atacada por essas aberrações." Santana reclamou mais uma vez, jogando as mãos para o alto.
"Por isso achamos melhor que, para a segurança de todos, que todos se dividam em duplas, que passarão o dia inteiro juntas." Explicou Kurt.
"E de noite uma pessoa fica acordada e a outra vigia, eu suponho?" Perguntou Quinn. Kurt assentiu.
"É a única coisa que podemos decidir no momento, Blaine e eu tentaremos negociar com a Tina. Todos concordam?" Sem uma ideia melhor, todos concordaram com a opção disponível. "Então tá, escolham as suas duplas." Kurt pegou um bloco de anotações e uma caneta em seu bolso."Santana?"
"Britt Britt" Respondeu a latina, sorrindo.
"Puck?"
"Blaine?"
"Claro que não, Blaine é meu." Repreendeu Kurt. "Escolha outra pessoa."
"Mercedes." Sem ninguém melhor para escolher, a garota concordou.
"Eu e Blaine." Cantarolou Kurt, escrevendo em seu bloquinho. "Quinn?"
"Hammmm... Rachel." Respondeu, sem olhar para a morena. Quinn já estava pensando em escolher Rachel, mas aproveitou que não haviam mais escolhas, assim não haveriam desculpas. Ela podia ter escolhido outra pessoa se quisesse, podia ter brigado por mudanças. Mas queria deixar tudo do jeito que estava.
"Está pronto. Mantenham seus celulares ligados o tempo todo. Não podemos perder contato de jeito nenhum" Avisou Kurt. "Nos vemos em breve."
"Vamos fazer o possível para acabar com isso." Disse Blaine. Todos assentiram e começaram a sair do Lima Bean. Do lado de fora, Quinn foi falar com Santana e Brittany, e Rachel a seguiu.
"Q, Hobbit." Saudou Santana. Rachel já estava acostumada com o apelido, enquanto Quinn repreendia Santana com o olhar.
"Oi Santana." Disseram Quinn e Rachel.
"Só por curiosidade... Que desculpa vocês vão usar por ficarem tanto tempo juntas?" Perguntou Santana. "Porque eu e Brittany, praticamente moramos juntas, já que todo mundo sabe da gente. Mas e vocês, seus pais não vão achar estranho vocês dormirem tanto tempo na casa uma da outra?"
"Eu não havia pensado nisso." Disse Rachel.
"Sabe, Gay Berry, você podia fingir que namora a Quinn e que ela vai passar alguns dias na sua casa para que seus pais a conheçam melhor. É a desculpa perfeita." Rachel ficou encarando Santana, pensando em como seria.
"É, seus pais são gays, não são? Eles não vão ligar." Disse Brittany.
"Olha, eu não acho que..." Começou Quinn, sendo interrompida pela baixinha ao seu lado.
"Não, não, Quinn. É isso. Santana, você teve uma ideia de ouro." Exclamou Rachel, fazendo o ego da latina inflar.
"Não vai ser difícil para você disfarçar, Quinn. É só olhar pra bunda da Rachel do jeito que você sempre olhou." Quinn corou com o comentário da amiga. Primeiro de raiva, depois de vergonha.
"Santana!" Gritou. "Eu não... eu não olho pra..." A loira ia se defender, mas não tinha jeito. Ela olhava mesmo, mas só de vez em quando, sem malícia alguma. Seus olhos simplesmente pousavam na bagagem de Rachel. Por sorte, a morena ainda estava concentrada em seu plano e não prestou atenção no comentário.
"Se nós tivermos algum problema para nos comunicarmos, eu posso mandar as fadinhas." Disse Brittany, recebendo um olhar orgulhoso da namorada. "Precisamos ir agora, Santie." As duas deram os braços e se despediram da dupla, que seguiu para o carro de Rachel logo em seguida.
"Que porcaria." Bufou Quinn ao se sentar no carro, claramente aborrecida.
"Ter que ficar na minha casa?" Rachel sentiu uma reviravolta desconfortável no estômago: Rejeição.
"Não, toda essa situação. Quer dizer, querem nos matar, Rachel. Isso não te incomoda?"
"Claro que me incomoda." Rachel ligou o carro e saiu da vaga. "Eu não quero morrer antes de estrelar todas as peças da Broadway, incluindo uma original minha junto com Kurt, ganhar pelo menos um Tony e conhecer Barbra."
"E como você está tão calma?"
"Porque eu sei que vou sair bem dessa, porque estou com você." Droga, agora ela teria que se explicar. "Quinn, você já passou por tanta coisa e saiu viva, que eu comecei a acreditar que você é indestrutível."
"Pode acreditar que não. E, se não fosse por vocês, eu estaria morta agora. Você previu que aquilo ia acontecer, não foi?"
"Logo que eu estacionei na frente da minha casa, depois da escola, eu tive a visão de você se arrastando no chão, prestes a ser atacada por uma coisa nojenta."
"Eu morri na sua visão?" Perguntou, os olhos tomados pelo medo.
"Não, foi só isso. Aí eu me toquei que você não morria porque eu ia te salvar. Então chamei Santana e Puck, e deu no que deu."
"Qual é o dom do Puck?"
"Hmmm, é bem desconfortável. Ele lê mentes."
"Não!" Gritou Quinn, sem acreditar. O grito fez Rachel quase perder o controle do carro, que já estava na estrada. "Não pode ser! Ler mentes? Mas que merda, logo ele!"
"Eu sei, eu sei. Ele sabe muito bem o que uma garota quer ouvir, por isso ele tem tanta facilidade em ganhá-las." Rachel respondeu, com visível desprezo às atitudes de Puck.
"Resumindo, ele é um idiota. Que lê mentes, mas ainda assim um idiota." Disse Quinn, rindo levemente.
"Basicamente." Concordou Rachel, rindo com a loira. Foram conversando durante todo o trajeto, planejando coisas para as noites que passariam juntas. Agora teriam que se acostumar com a presença uma da outra, por sobrevivência. Mas até que Rachel estava começando a gostar de Quinn, e a loira compartilhava o mesmo sentimento. O sentimento de parceria seria mesmo preciso, considerando o que estava por vir pela frente.