Sentimentos escrita por Ichinose


Capítulo 1
A morte é apenas o começo da eternidade


Notas iniciais do capítulo

Ainda é 18 de julho no horário do Brasil, tentei postar antes, mas não consegui terminar a fic a tempo. Sem POV definido, cabe ao leitor decidir POV de quem gostaria que fosse. Eu particularmente penso em qualquer integrante de Kagrra,.
Boa leitura.



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Quanto tempo havia se passado? Um ano, se é que não se perdera em meio à saudade...

Mais que um amigo, um irmão, um companheiro, aquela pessoa te faz sentir bem apenas por estar perto dele. Um ídolo, um anjo...

Isshi...

Há um ano Isshi havia partido, e ainda doía.

Egoísta? Sim, muito egoísta. Mas não conseguia evitar, a saudade ainda apertava em seu peito, dava nós em sua garganta, e quando menos esperava estava perdido em meio a lágrimas.

Mas não era simples, perder alguém nunca é simples.

Dizem por aí que lamentar-se pela morte de alguém não deixa a pessoa seguir em paz para sua pós-vida. Queria não se lamentar, queria que ele seguisse em paz. Mas nem ao menos sabia o que significava isso!

Como não sofrer, como não sentir nada? Nunca fora do tipo que crê em eternidade, vida após a morte e espiritualismo. Havia mudado drasticamente com a partida do amigo.

Queria mais que tudo acreditar que o amigo estava bem, em um lugar melhor e feliz, olhando por ele e seus entes queridos. E o que mais lhe doía é que só saberia quando chegasse sua hora.

Chegou a pensar várias vezes quando seu momento chegaria, e em um surto de dor, até em antecipá-lo, mas não faria isso, por si próprio, ainda lhe restava alguma sanidade, por sua família, e por ele, seu grande e melhor amigo.

Não que alguma parte de tudo isso tornasse mais fácil. Nada era fácil, e não sabia se algum dia seria...

O que tentava desesperadamente e a todo tempo era convencer-se de que o amigo estava bem, estava melhor do que nunca, e que torcia por ele, para vê-lo bem. Conhecia o amigo suficientemente bem para saber que ele estaria pensando exatamente isso caso essa “vida após morte” realmente exista.

Era o que esperava, era ao que se agarrava para não enlouquecer e despencar em um abismo de tristeza.

Se ao menos pudesse abraçá-lo, estar com ele no momento em que partiu... Não se viam há alguns dias antes do acontecido, mas estava tudo tão bem, tudo tão calmo, como sempre fora... Se pudesse prever o futuro, jamais teria deixado o amigo só, jamais sairia de perto dele.

Nunca o abandonaria, nunca. Torcia com todas com suas forças para que o amigo soubesse disso antes de partir.

Ele sabia, claro que sabia, tinha certeza disso. Amizade inabalável, dessas que muita gente julga impossível existir era o que unia os dois, quase inacreditável, chegava até a ser mal vista por certas pessoas.

Pessoas podres por dentro, que não reconhecem, ou simplesmente não podem ver a beleza da verdadeira amizade. Talvez até fosse inveja, pessoas assim jamais teriam sentimentos puros.

Lembrava-se claramente das conversas com o amigo, quando ficava fora de si devido as provocações desses ditos “moralistas”. O que tem de errado na amizade pura? Mesmo que fossem um casal, qual seria o problema? Tinha nojo dessas pessoas, mas não conseguia deixar de se irritar com elas. E o amigo sempre dizia que não deveria preocupar-se, que um coração puro como o seu não deveria ser manchado por algo tão ínfimo e sem valor.

Sem dúvidas, o amigo era um anjo...

Já ouvira dizer que todos tem um anjo da guarda, que os olha e protege. Teria sido o amigo um anjo na Terra? Certamente era como se sentia, e gostava de pensar assim. É confortável, tranquilo e o deixa feliz. Pensaria assim, independente do que dissessem.

“Você está olhando por mim, não está?”

Conversava sozinho. Sozinho não, com o vento, as flores, o passar das estações. Tudo que remetia ao amigo, como se o mesmo pudesse respondê-lo dessa forma. Tentava desesperadamente sentir sua presença, um sinal, o que fosse.

Talvez estivesse mesmo enlouquecendo como sua família dizia.

“Você precisa parar de falar sozinho, está se comportando como um lunático. Todos sabem a falta que ele faz, mas você está passando dos limites!”

“Sei que ele pode me ouvir” Era tudo o que dizia.

Tinha se tornado tão espiritualista quanto o amigo. Agarrava-se a qualquer mínima esperança de um dia poderia vê-lo novamente. Sabia que veria, acreditava com todas suas forças. Não sabia ao menos de onde viera tanta força, mas sabia que estava fazendo o certo.

“É o que você faria se estivesse no meu lugar, não é?”

Poderia ser esse o motivo. A força inabalável do amigo, suas crenças, sua pureza em meio a um mundo tão sujo.

Não estava dizendo que o amigo era perfeito, aos seus olhos a perfeição é algo inexistente nos humanos. Mas como não crer na pureza de alguém que nem ao menos se afetava com essa sujeira, escuridão, tantos sentimentos ruins ao seu redor?

Sua mente continuava a insistir que o amigo fosse um anjo.

Não importava a opinião de ninguém, era o que acreditava e fim.

Que continuasse sendo taxado de lunático, que continuassem dizendo que perdeu a razão, que continuassem todos com suas opiniões sem significado, não estava nem ao menos se importando.

A tranquilidade do amigo agora fazia parte de si, quase como se ele a tivesse deixado para si como um presente. Era difícil explicar, o próprio não entendia seu comportamento repentinamente mudado, a melhor explicação que encontrara fora essa, que o amigo havia lhe deixado uma parte de seu ser.

“Você está sempre comigo, não é mesmo? Na forma de minhas lembranças, como uma parte de mim.”

Lembranças... Tinham tanto significado. Não deixava que sua mente se enganasse e perdesse momento algum com o amigo, até mesmo os ruins, tudo é importante, tudo.

Fazia algumas horas que estava no jardim da casa que pertence à família de seu amigo, admirando a beleza de certas flores que desabrochavam apenas no verão.

Sentiu a leve brisa da estação tocar seu rosto, e sabia que conseguiria seguir seu caminho. Já não tinha mais dúvidas que se encontraria com o amigo quando o momento certo chegasse. Deixou o jardim com um discreto e sincero sorriso.

“Como você mesmo sempre me dizia, a morte é apenas o começo da eternidade.”



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Notas finais do capítulo

Caso alguém não saiba, julho é verão no Japão.



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