O Que Você Quer? escrita por Frozen Lotus


Capítulo 2
Festas e Ideias




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Mu estava em seu templo, tirava as roupas do indiano do varal. Como bem lembrava, ele, Mu de Áries, havia perdido a pequena competição que fizera como o loiro. Olhou as horas, ainda estava cedo, tinha tempo até seu próximo compromisso. Pegou as roupas do amigo e colocou-as na tábua de passar. Queria deixar tudo impecável, assim como o virginiano gostava e ele também. Modéstia a parte, Mu era muito exigente.


Pegou a blusa do cavaleiro de Virgem e a levou ao rosto, quase inconscientemente. Era macia e, por mais que tenha lavado, era incrível como o cheiro de Sândalo ainda podia ser sentido. Mesmo que muito de leve. Aquele cheiro entrava por suas narinas e o acalmava. As imagens do loiro vinham à sua mente e o ariano se perdia ao lembrar das tardes que tinha o amigo, seu cabelo sedoso.. Abraçou a peça como se o virginiano estivesse nela, roçando o rosto de leve pelo tecido ainda quente do ferro.
Parou. Abaixou a roupa de volta à tábua.

– Tsc. – Murmurou colocando uma mão sobre o rosto.

No que é estava pensando agora? Olhou as horas de novo. Estava sem tempo. Como deixara passar tanto tempo naquilo?
Terminou maquinalmente de passar e dobrar as roupas tentando esvaziar sua mente daqueles pensamentos. Estava ruborizado.
Saiu do templo já sem tanto remorso. Carregava o conjunto de treino do amigo e seguiu parar o sexto templo, pedindo licença aos demais cavaleiros.
Aldebaran estava namorando suas novas flores, o que alegrou muito a Mu. Saga, por alguma razão, depois de ter dado seu consentimento a Mu, começou a gritar “Sai, Kanon” e coisas eram atiradas. Mu podia ouvir. Certamente os gêmeos estavam tendo outra briguinha de irmãos. O canceriano e o leonino não estavam em suas casas. Provavelmente treinando, pensou o ariano.

O cavaleiro do sexto templo estava em meditação. Mu, sem muita cerimônia, seguiu até o quarto bem arrumado do virginiano e deixou as roupas em cima da cama e saiu de fininho. Lógico que Shaka percebera seu cosmo ali, talvez por isso mesmo a falta reação. O ariano não oferecia perigo nenhum. E também, Mu não tinha motivos para tirá-lo de sua contemplação a Budha ou fosse lá o que fosse. Apenas seguiu subindo as escadas, ainda tinha um compromisso no templo de Aquário.
Chegando à 11ª casa, encontrou um Francês, que já olhava impaciante o relógio. Cabelos azul petróleo, pele alva, olhar frio e, ao que tudo indicava, um coração mais frio ainda. Esse era Camus de Aquário, um cara de poucos amigos, conversava pouco e, por alguma razão, ele e Mu tinham intimidade suficiente para conversar. Podiam dizer que eram amigos, ou algo do tipo.

– Demorou um bocado, non?

– Fiquei perdido com umas coisas, - O ariano coçou a cabeça.

– Bom, não importa. Vamos ao jogo? – Perguntou, levantando o tabuleiro de damas.

Sim. Vez ou outra Áries e Aquário se encontravam para damas. Não sabiam bem porque faziam isso. A verdade é que nenhum dos dois tinha desenvoltura para falar abertamente com todos os cavaleiros. Eram um tanto..anti-sociais. Mu devido à timidez e um caráter sério... Camus.. simplesmente abusava do direito de ser sério e introvertido, não falava com quase ninguém. Mu tinha Shaka, é verdade, mas amigos nunca eram demais.

– Milo disse que jogou baralho com você ontem. – O ariano puxou um assunto qualquer.

– Milo? – Uma expressão de interrogação brotou na face aquariana.

– O guardião da casa de escorpião. Cabelo azul, cheio de cachos, simpático e um tanto abusado. – Mu riu, divertido.


Oui, Oui. – Camus respondeu sem tirar os olhos do tabuleiro.

– Camus, por Athena, quando vai começar a associar nomes a rostos? Pelo menos dos outros cavaleiros de ouro. Vivemos colados, afinal. Você realmente tá muito fechado. – Áries perdera uma peça para o aquariano.

Camus deu de ombros e olhou pela janela.

– Ele veio com mais três. Jogamos na casa do pisciniano. – Era a vez de Camus novamente, que pegou outra peça do Santo de Áries.

– Hm... Estranho que ele só mencionou você. – Uma expressão confusa.

– Se não acredita, pergunte ao Afrodite. – Camus disse seco. Não gostando da dúvida.

– Não estou duvidando, Camus. – Mu moveu uma pedra. – Só não entendi porque ele só mencionou você.

Mon Dieu! Do que isso importa? – Camus pegou mais uma peça. – Comi!

– Han?

– Comi tua pedra. Preste mais atenção no jogo e menos no Milo. Você anda com a cabeça na lua ultimamente.

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A noite estava quente, o santuário fervilhando, mesmo que em silêncio. Era hoje.
Afrodite dava pulinhos, como sempre fazia quando colocava em prática seus planos malucos. Uma coroa de rosas brancas, perfumadas. A túnica curta que usava era da mesma cor de seus cabelos. O pisciniano rodopiou até ir de encontro com o mais novo dos gêmeos, que usava túnica púrura, assim como seu irmão.

– Tudo pronto? – O andrógeno perguntou animado, enlaçando faceiro a cintura de Kanon.

– Uhum. – O geminiano assentiu. – Conferi e Shion realmente não está no santuário. Saga e Milo já devem estar voltando com as bebidas.

– Porque você não colocou as bexigas de gás? Achei que fosse cuidar da decoração. - O sueco deu falta dos balões que, óbvio, gêmeos achava ridículos.

– Estava pensando em desfilar nu por aí. Será que sirvo de decoração? – Um sorriso extremamente sexy brotou no rosto do geminiano. Deus! Ele era mesmo desbocado. Afrodite riu.

– Não seria má ideia. Aproveite e chame seu irmão também. – Estátuas gregas são tudo de bom. Só espero que não seja tãããoo igual assim às estátuas gregas. – Peixes riu apontando para o meio das pernas de Kanon.

– Ta muito abusadinho, Peixes. Só não te mostro que sou muito bem servido, porque imagino que prefira caranguejos. E se está acostumado à casquinha de brinquedo de caranguejo, vai se assustar demais quando vir um armamento de verdade. – O gêmeo de Saga alfinetou. Claro que não iria deixar barato uma provocação direta sobre seu membro.

– Ora. – Afrodite corou. – Quem está sendo abusado agora? – Não tinha nada com o canceriano. Não que ele não quisesse, mas não tinha.

Kanon riu.

– E enquanto à sua parte? – Gêmeos lembrou. – Convidou todo mundo?

– Lógico não é, querido? Acha que eu ficaria horas planejando uma festa e não me lembraria dos convidados? O mais difícil é convencer todo mundo a vir. Você bem sabe que temos anti-sociais aqui. – Peixes colocou o indicador sobre os lábios, como se pedisse segredo, e piscou.

O geminiano gargalhou. Até podia imaginar de quem Dite estava falando.

– Se bem que... – O sueco continuou. _ Aldebaran conseguiu convencer Mu a ir. Você convenceu Camus?

– Sim. Com um pouco de custo e muita chatice. – Gêmeos sorriu e fez língua. Travesso.

Afrodite surpreendeu-se. Não pensara que Kanon tiraria aquário da toca. Ou melhor... Que existisse qualquer um que fosse capaz de tirá-lo de lá por livre e espontânea vontade.

– Como foi isso? – Ele perguntou. As mãos na cintura.

– Ah.. – Kanon coçou a cabeça. – Basicamente eu falei tanto na cabeça dele, que ele disse que iria se eu calasse a boca. – O geminiano fez bico e Afrodite ria.

– Ora, veja se não é o signo da comunicação. – Mais risadinhas do pisciniano, que envolveu o pescoço do ouro com os braços. – Com Um vindo, Shaka não será problema. O ariano vai convencê-lo.

– É verdade. Eles são muito a fins e.. – Vendo que o sueco ainda ria de seu “incidente” com Camus, gêmeos tratou de se pronunciar. – Ele vem não é? É o que importa.

– Quem vem? – A voz de Saga foi ouvida subindo as escadarias e Kanon, sem nem pensar, tirou os braços do sueco de cima de si. Não era como se ele estivesse escondendo algo, não tinha nada com Peixes.
Afrodite o olhou de lado. Isso não era do feitio de Kanon. Será possível que a essa altura da vida o rapaz resolveu ter medo do irmão? Que ridículo.

– Camus. – Disse Kanon, ruborizando com o pensamento de Saga ter visto Afrodite com ele e pensasse bobagens. Mas porque diabos seria um problema se o irmão pensasse isso? Ele, Kanon, era bem grandinho.

Saga arqueou a sobrancelha. Tinha visto rubor no rosto de Kanon ao pronunciar o nome daquele aquariano insosso? Por algum motivo se sentiu chateado.
– Sim. Camus e Mu confirmaram presença. Com isso, sei que Mu convencerá Shaka por nós. Quando pedi, aquele budista recusou, mas creio que irá ceder a um pedido de Mu. – Afrodite disse, como se fosse óbvio.

– Sabe se ele já foi falar com Shaka? – Saga olhava emburrado para o irmão, que chutava pedrinhas no chão. Afrodite simplesmente balançou a cabeça, negando. – Então eu mesmo vou. – O geminiano passou como uma flecha pelo irmão, em direção à casa de virgem.

– Nossa, porque ele ta tão apressado? – O morador da 12ª casa perguntou com o dedo sobre os próprios lábios.

– Dá pra alguém ajudar aqui?? – Um Milo de escorpião subia cansado as escadarias em direção ao 3º templo.

– Milo!

– Aquele babaca me deixou carregando tudo sozinho. – O escorpião arfava, trazendo consigo 6 caixas de cerveja, algumas garrafas de vodka, outras de conhaque, mais algumas de whisky e vinho.
Sim, pobre Milo de escorpião, fora abandonado na escadaria por Saga, que acelerara de repente e sem motivo algum.

Ao entrar no templo de virgem, Saga encontra o guardião loiro estatelado no chão. Bermudas compridas que iam até o joelho, uma camisa de manga branca, lia um livro grande. O rapaz parecia não querer sair de casa, passava a impressão de que se unira ao chão e às almofadas ao seu redor. Tinha uma expressão serena, as pálpebras semicerradas não mostravam a íris, embora Saga soubesse que os olhos do indiano não estavam totalmente fechados, para que pudesse ler.

– Posso ajudar? – O loiro perguntou sem se mover um centímetro.

– Er.. – O cavaleiro de gêmeos voltou a si. Shaka tinha uma beleza exuberante. Não, não gostava do loiro, mas ainda sim..Ele era..divino. Tinha de admitir. – Vim para te chamar pra festa.

– Afrodite já esteve aqui mais cedo. – Shaka jogou a cabeça pro lado, os cabelos escorregavam pelo ombro, o pescoço alvo estava à mostra. Saga poderia pensar que Shaka o estava atiçando, mas sabia que o virginiano era ingênuo demais para isso.

– Não sou Afrodite. Acredite, posso ser bem mais convincente que ele. – O geminiano se ajoelhou diante do indiano e trazia consigo um olhar penetrante e um sorriso quente.

Shaka sentou-se e passou a sondar cosmo do cavaleiro de gêmeos, notando uma levíssima alteração. Poucos seriam capazes de perceber variação tão diminuta, mas com suas rigorosas meditações, ele podia fazer isso com facilidade. Mergulhar no silêncio do universo em busca de respostas tinha suas vantagens.
– Algo lhe aconteceu, Saga? – O indiano mudou o rumo da conversa, assustando gêmeos, que gelara com o comentário. Como ele poderia saber? Como poderia saber que saíra transtornado com o irmão? Era mesmo a encarnação de Buddha que estava à sua frente. Saga o olhou e em sua expressão, mesmo que os olhos estivessem agora totalmente fechados, só via preocupação sincera.

– Ora, nada a que devamos dar atenção agora. – Gêmeos sentou-se a seu lado.

– O que posso fazer por ti? – O virginiano estava determinado.

– Pode não me fazer a desfeita de faltar à festa. – O grego pousou a mão no ombro de Shaka. O loiro era bondoso, apesar de parecer distante, às vezes, e com ares de metido, quase sempre. – Que acha? Me alegraria que vocêfosse. Não temos muitas oportunidades de reunir todos numa festa. Fique ao menos um pouco, se cansar-se de nossa irritante e pecaminosa presença.. – Gêmeos fez poses tetarais e o loiro esboçou um sorriso. -.. poderá voltar sem que ninguém te perturbe.

Virgem arqueou a sobrancelha como se refletisse no assunto.

– Shaka! – A voz foi ouvida na porta do templo. E tão rápida quanto veio, se calou.

O que Saga fazia ali? Sentado com ele...
Que proximidade era essa? Shaka não era dado a liberdade com muita gente..
Porque aquela mão no ombro do virginiano? Fechou a expressão.

– Mu... – O indiano disse baixo ao sentir o cosmo de Mu oscilar visivelmente. – O que houve?

Shaka se levantou e foi até Áries, que usava túnica marrom bem escuro. Sóbrio. O cabelo lavanda preso em um rabo frouxo no meio das costas. Mu estava bonito.
Ao sentir o olhar do amigo sobre si, o tibetano começou a falar.

– Eu...Vim lhe chamar pra festa.

– Eu já fiz isso, Áries. – Saga também se levantou.

– Obrigado Gêmeos. Pode ir. – Lançou-lhe um olhar que beirava o nervoso. – Eu já estou com ele agora. – Frisou tais palavras carregando-as de uma possessividade que não cabia à sua condição de amigo.

Saga abriu a boca pra responder, mas sentiu o cosmo de Milo esquentar bastante. Era raiva. Sim, esquecera-se de que largara o escorpiano raivoso. Não tinha tempo para Mu agora.

– Bem, te vejo na festa, loirinho. – Saga deu uma piscadela marota para o rapaz.

É verdade, queria irritar o ariano. E conseguiu. Viu Mu contrair levemente o semblante. Ele estava se controlando, Saga sentia. Não se importou. Áries bem que merecia.

O geminiano desceu as escadas.

– Porque está agitado? – O virginiano perguntou, inocente.

– Não sei bem, Shaka. – Mu esfregou os olhos. – Essa ideia de festa me deixa estressado. – Mentiu. Para Shaka e para si mesmo.

Vigem riu e passou um braço pelos ombros de Mu.

– A mim também. Porque não fica e fazemos algo mais calmo?

– Bem que gostaria, mas prometi ao Al. Bem que você podia dar um jeito de vir comigo.

– Eu? Sabe que não gosto de festas.

– E eu gosto? – Mu torceu o nariz. – Saga parecia convencer-lhe muito bem.

O loiro gargalhou e Mu poderia ter amado aquele som se não estivesse sentindo uma pontada no peito ao lembrar-se de Saga junto ao garoto de virgem.

– Não diga que está com ciúmes. - Shaka pôs as mãos na cintura.

Mu sentiu uma pedra de gelo no estômago.

– O que?! – Gritou.

– Ora, estou apenas te amolando. Não vê?

– Hunf. – Áries fez um biquinho emburrado. – Vem também. Preciso de alguém que vá ficar sóbrio comigo.

Shaka sorriu e foi se trocar.


Áries estava jogado numa almofada na sala do virginiano, esperando-o. Rolava os olhos pelo teto, roia as unhas, paciência não era seu forte.
Virgem de seu quarto para deixar Mu boquiaberto. O indiano usava uma túnica de uma cor vermelho vivo, com adornos dourados, que contrastava com sua tez pálida. Braceletes e uma tornozeleira também dourados, os cabelos soltos não contavam com enfeites.

Não precisavam.

Por si só já eram o mais belo enfeite da cabeça de Shaka. Os olhos do loiro vinham fechados, como de costume e Mu não se lembrava de já ter visto a cor daqueles orbes.

– E então? – O virginiano perguntou girando em torno de si mesmo, fazendo a túnica subir e deixar um pouco de suas coxas brancas e delineadas à mostra. Durou um segundo, mas foi o suficiente para o ariano se perder em pensamentos de novo. Mu simplesmente perdeu a fala, seu rosto queimava.

– Está tão estranho que não consegue nem falar? – Virgem ficou preocupado. Era tão meticuloso. Será que errara tanto?

– Não! – Gritou o ariano, exagerando na entonação. Ao perceber a estupidez, voltou ao seu tom sereno. – Está... Lindo, Shaka. Muito... – Olhou Shaka dos pés à cabeça de novo e engoliu em seco. -... Muito bonito.

– Bom, obrigado. – Ele sorriu. – Vamos? – O indiano pôs o braço em alça, como se esperasse que o outro o tomasse.

Ou foi o que pensou Mu, que num instinto ia passar seu braço pelo de Shaka, mas este recolheu o próprio braço assim que terminou de amarrar melhor a túnica.

Era só... A túnica.

O braço estendido de Mu voltou aos próprios cabelos, nervoso. Que é que dera em si?

– Tudo bem, Mu? – O loiro pareceu não perceber o pequeno equívoco do ariano.

– Sim, sim. – Sorriu, sem jeito. – Vamos descer.


A casa de gêmeos estava transbordando música, alegria e libertinagem adolescente, como era de se esperar. Kanon e Afrodite vieram os receber animados. Eles entraram e não tardou começarem a conversar com os outros.

Mu cumprimentou Camus, que parecia sem interesse algum na conversa de Kanon. Havia um grupinho animado no baralho, Máscara da Morte e Aldebaran disputavam um “vira” de vodka. Uma brincadeira boba para ver quem virava de uma só vez mais bebida. Mu sorriu para o taurino e recebeu um sorriso mais largo ainda e um abraço. Logo foi puxado para perto dos outros e Shaka, que conseguira fugir, fazia careta de longe, rindo da situação do tibetano.

O indiano se encolheu num canto, aquilo o perturbava muito. Seu templo era tão silencioso e tudo aquilo lhe parecia frívolo e pecaminoso, nada digno de cavaleiros de Atena.

– Olá, santo de Virgem. Um ênfase na palavra “Santo”. – Milo riu.

– Oi, escorpião. – O loiro brincou com o outro. – Abusando muito da bebida?

Milo soltou uma risada gostosa e sentou-se no sofá, ao lado do indiano.

– Só um pouco. – Olhou para o conhaque em seu próprio copo. – Onde está seu amigo carneirinho? – Perguntou, olhando para os lados.

– Creio que salvando Aquário da conversa de bêbado de Kanon. – Shaka apontou com a cabeça para onde Um estava com Kanon e Camus.

– Bonitinho, hein? – O escorpiano lançou um olhar cobiçoso ao aquariano.

Shaka ruborizou.

– Comporte-se Milo. Deixe o rapaz sossegado. Você é um cavaleiro, devia estar treinando, guardando seu cosmo, não desperdiçando-o com coisas mundanas como dedicar-se a alguém que você pensa que não pode viver sem.

– Shaka... Tenho pena de você. – Virou o copo de conhaque na boca de uma só vez.

– Posso saber por quê? – O loiro questionou, sem muito se alterar.

– Porque só diz isso quem nunca amou. E ninguém escapa viu? Quando chegar pra você, vai te virar do avesso. Aí suas ideias vão mudar. – Milo sorriu.

– Ah, por Buddha. Não gosto quando você começa a falar bobagens. – O indiano se levantou e foi em direção a Mu.

Milo rolou os olhos em tom divertido e continuou fitando de longe o Francês que atraia sua atenção a tanto tempo.

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Já passavam das duas da manhã. As garrafas estavam mais vazias, as pessoas mais bêbadas e as conversas tinham menos sentido.
Shaka se jogara de novo no sofá. Estava cansado. Jogara várias partidas de buraco e ele e Milo tinham apanhado feio para Mu e Camus.

– Até que vocês não foram tão mal. – Mu sentou-se a seu lado. Tinha bebido, mas muito pouco. A verdade é que aprendeu com o Francês a apreciar cinho. Não, Camus não era nenhum bêbado. Seu interesse em vinhos, para o aquariano, era uma pequena ciência.


Mu não tinha tanta paixão pelo vinho. Apenas vira que tinha um gostinho bom. O ariano não estava bêbado, só um pouco menos retraído.

– Ah... Foi um desastre. – O loiro deixou a cabeça cair numa almofada. Mu riu e tombou a sua no colo do amigo, estava com um pouco de sono.

Shaka mirou o cavaleiro de Áries e pousou a mão em sua orelha, deixou os dedos correrem o cabelo comprido de Mu, que abriu os olhos em espanto, mas não ousou se mover. As mãos dos indiano eram suaves e lhe davam pequenos arrepios quando tocavam sua nuca. O tibetano levou a mão na bochecha do outro e a acariciou de leve. Um breve toque que trazia um mundo de emoções conhusas à sua mente, pouco lúcida no momento.

O virginiano esqueceu-se totalmente da multidão de pessoas a seu redor. Era bom tocar Mu. Também era bom o toque dele. Agora as mãos de Áries estavam em seu pescoço e de seus dedos enganchou-se na túnica do loiro, afastando-a e deixando mais de sua pele à mostra. Shaka estremeceu e parou.

– C-Com licença. Vou buscar um copo d’água. – Virgem levantou-se em sobressalto, tirando a cabeça do outro de seu colo. – Você quer?

Mu meneou que não, ainda constrangido com aquela proximidade toda de antes.


De longe, caído no tapete ao lado de Máscara da Morte, o taurino sorria ao ver a cena. É, ele tinha certeza de que o coração do amigo de cabelos roxos tinha um mimo. Um mimo loiro e envergonhado. E, pelo que observava, Shaka parecia demonstrar algum interesse. Porque não?
Levantou-se.

– Que dor de cabeça! Puta que o pariu! – Touro reclamou ao ficar de pé.

– Mas já? – Virou Shura.

– Não sei o que me deu. – Ele coçou a cabeça e abriu um de seus sorrisos tão simpáticos. – Você ainda toma aqueles remédios pra dormir?

– Uhum. Precisa de alguns?

– Acho que vou precisar. – O brasileiro riu, já muito bêbado.

– Vixe. Leva a cartela grandão. – Shura sorriu de volta, achando graça das caretas do taurino.

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Milo pegou um dos dardos e pretendia acertar a mosca do alvo. Claro que, alcoolizado como estava, as coisas não estavam muito fáceis. Recuou tanto que tropeçou, caindo entra as coxas do cavaleiro de peixes.

– Ora, se não é o grego mais bonito da festa. – O psciniano abriu um sorriso de lado, provocativo. Milo, bêbado, riu também. Mas, sem entender nada.
O escorpião nada viu além de ser suspenso no ar pelo colarinho por um caranguejo estressado.

O grego olhou ao redor à procura do dono da casa, mas este estava dançando perigosamente perto do irmão, que enlaçava o pescoço do outro com um dos braços e trazia seu rosto mais perto do próprio pescoço. Diabos! Eles deveriam estar mais bêbados que ele.

– Você... é um abusado. – Câncer o chacoalhou.

– Por Atena, o que eu fiz? – Milo sentia a cabeça girar. Não estava em condições de brigar.

– Eu vou arrancar o seu pênis e servi-lo aos porcos! – O italiano bateu as costas de Milo na parede. A mão de máscara da Morte estava em riste e ia para o rosto de Milo, que só teve tempo de fechar os olhos.

Não sentiu dor.

Cadê... O soco?

O escorpiano caiu sentado no chão. Máscara não mais o segurava. Milo olhou para frente e viu o italiano de joelhos no chão, reclamando de dor. Volveu os olhos pra cima e encontrou Camus, que acabava de largar o pescoço do canceriano bêbado.

– Resolva suas pendências emocionais consigo mesmo antes de atacar inocentes. – O cavaleiro de gelo falou sem demonstrar nada na face, ao contrário de Câncer, que corou entendo o “dito pelo não dito” de Camus.

Afrodite apoiou o italiano e agradeceu a Camus por tê-lo parado.

– Só não precisava ter sido tão mal. – Afrodite piscou, divertido. – Parece que não tem coração mesmo. – Brincou ele com o aquariano.

Não. Não queria provocá-lo. O pisciniano só .. Achava graça dessas pessoas que se diziam sem sentimentos.
Camus não respondeu e se dirigiu à saída.

– Espere. – Milo gritou e Aquário parou, sem olhar para trás. – Sua fama não é boa hein? – Foi a única coisa que veio à cabeça do escorpião. Achou-se ridículo naquele instante.

– Não se aproxime o suficiente para descobrir e tudo ficará bem pra você. – Finalmente, virou o rosto pra trás. Respondeu e voltou a dirigir-se à porta.

Milo correu até o francês, que estava de costas, até parar a pouco menos de um passo dele.

– Não acredito que seja tão vazio, quanto quer demonstrar. Você é alguém... mágico. Obrigado por me ajudar. – O grego segurou uma das mãos de Camus entre as suas. Nada via da expressão de aquário, só suas costas que se arquearam de leve.

O francês puxou a mão, desvencilhando-se de Milo, olhou-o de modo indiferente e saiu. O coração do escorpiano disparava. Por Atena porque fora gostar de alguém tão frio?

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Mu passa perdido pelos convidados. Onde se metera Shaka? O virginiano fora pegar água e não mais retornou.
Perguntou desesperado pelo amigo, mas não obtivera respostas decentes dos amigos já altos pelo álcool.

Cansou-se. Desceu até sua casa, passando por touro, via que Aldebaran já dormia.

Mu estava condoído. Será que fora muito abusado? Devia ter sido. Só está a razão que encontrava para o sumiço do amigo de virgem.
Adentrou em seu quarto e trocou de roupa, ficando apenas com uma calça escura, o peito desnudo.
Quando ia deitar percebeu, por fim, enorme caixa em sua cama. Grande mesmo. Uma caixa vermelha, com um laço prateado a atá-la.

Quem? Quem teria colocado-a lá? Por Zeus, o que teria aquela caixa tão grande?






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Notas finais do capítulo

Agradeço aos que leram, também aos que deixaram reviews. ;)