The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 6
Capítulo 4 – Conversão, Garotos Malvados - P2


Notas iniciais do capítulo

Essa é a segunda parte do capitulo quatro, ou seja? A continuação. Minhas dedicatórias continuam valendo, e nãos e esqueçam de olhar as imagens extras no final de cada parte ou capitulo, obrigado e até a próxima. *Manda beijo*



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Capitulo Quatro - Conversão, Garotos Malvados - Part 2.



Música de abertura






Quinze pras cinco. Era esse o horário que batia naquele redondo e grande relógio pregado na parede de seu quarto.

Mellanie trocara de roupa em uma rapidez extraordinária, não se importava com a maneira de se vestir, ou oque escolheria, apenas pegou uma roupa que lhe agradava naquele momento e se tomou em frente aquele espelho. Uma saia jeans um pouco desbotada juntamente com seu All Star preto cano longo, uma blusa simples com mangas curtas com um desenho incomum de um ursinho de olhos macabros estampado a frente. Soltou um suspiro demorado e saiu daquele quarto, dando por fim uma última espiadinha naquela sacada a qual balançava freneticamente as cortinas brancas com o vento.


No andar de baixo não era algo tão exageradamente grande; Havia somente um pequeno corredor que levava a porta principal e uma sala de visitas, que praticamente ao lado continha uma copa com mesa de jantar e aos fundos uma cozinha muito bem arrumada. A garota adorava sua nova casa, sem dúvidas.






Ao terminar de descer as escadas se deparou com a escuridão que agora tomava conta da maior parte daqueles cômodos. Chegou próximo a mesa e pegou suas chaves e celular, logo saiu.












Uma chuva bem fina quase inotável caia calmamente naquele finzinho de tarde, o céu não havia mudado tanto, mas agora estava em um tom ainda mais escuro diante da noite que chegaria logo.















As ruas estavam desertas como de costume. Naquele parque não havia ninguém além daquela linda criatura de longos cabelos esbranquiçados com longo vestido branco e capa azulada. Mellanie sorriu em direção de Saritcha, mandando um breve aceno.













Ventava sem parar, a garota cruzava os braços abaixo dos seios em modo de cessar o frio intenso.










— Droga, esqueci meu casaco. – Falou pra si própria desanimada, sentindo em seu corpo a reação aquele tempo úmido nada agradável.









Continuou andando, certamente a esse ponto já estaria bem próxima ao colégio. Deu graças a Deus por isso, mas praguejou logo em seguida ao visualizar a imagem daquele ruivo macabro em sua cabeça. Essa limpeza não seria nada fácil, disso ela poderia ter total certeza.










**













Faltavam exatamente três minutos pras Cinco da tarde. Castiel se encontrava recostado no muro ao lado do enorme portão gradeado de Sweet Amoris, completamente impaciente e entediado.















Na última olhada no relógio para confirmar as horas, se deparou com a figura da baixinha garota de cabelos castanhos bem escuros se aproximando em ritmo apressado. Seus enormes olhos verdes se penetravam agora no chão da calçada, diante do frio que tentava aniquilar pouco a pouco.












Ele a encarou por alguns instantes até revirar os olhos e sair daquela posição na parede, ficando agora no meio da calçada esperando pela menina que já estava a poucos centímetros.






— Fico triste por não precisar te matar. – Ele disse sério já se virando e começando a andar tranquilamente. — Pelo menos chegou na hora.


Ela rolou os olhos em direção a ele, que agora conseguira o alcançar e ficar exatamente ao seu lado, caminhando e caminhando...

— A questão é que não me mataria mesmo se quisesse. Precisa de mim pra limpar aquele museu velho, não é? – Ela sorriu sarcástica ao canto dos lábios fitando a rua a sua frente.

— Não dá pra prosseguir com a boca fechada? – Castiel cruzou os braços apertando o olhar, irritado — Você me irrita.

O ritmo dos passos dele aumentaram, aparentando pressa pra chegar ao destino. Mellanie calou-se o trajeto inteiro, fazendo certo esforço para acompanhar aquele ser de cabelos avermelhados e extremamente rude ao seu lado.

Ele não fazia a menor tentativa de ser gentil ou de começar um assunto com ela, muito pelo contrário, parecia que ele tentava ao máximo a deixar estressada ao ponto de quase voar nele de tanta raiva. Era quase inevitável os olhares matadores de ambos durante o longo caminho para aquele museu abandonado.


– –











— É incrível pensar que isso já foi um museu de artes, algum dia. – Começou a garota com expressão horrorizada diante daquele enorme museu que mais se assemelhava a um galpão antigo.





Castiel tirou logo algo do bolso de sua jaqueta de couro. Um papel com instruções.


Mellanie curvou o olhar em direção aquele estranho papel que agora estava nas mãos dele, tentando descobrir do que se tratava.

— Argh, aquela velha louca me deu isso aqui. Me disse pra ler atentamente antes começar a arrumação. Dane-se – Falou com semblante irritado, como de costume.

Mellanie revirou os olhos.

— Então comece a ler, imbecil.

Ele apertou os olhos um pouco mais naquelas instruções, pronto pra começar a ler.

Os dois subiram os três degraus até chegar a enorme porta — que mas se assemelhava a um portão — do museu, Castiel parou no último degrau ainda olhando sem paciência aquele papel feito pela diretora. Mellanie apoiou a mão na maçaneta junto com a chave e rodou-a, logo abrindo aquele mesmo imenso portão.

O ruivo subiu o olhar um pouco e viu bem lá dentro, junto com a garota com feição indescritível.

Aquilo era horrível, um bom cenário para encenar um filme de terror, ou até pior. Aquela porta deu entrada a uma imensidão de nada, escuro, sujo e assustador. Com certeza se matariam pra deixar aquilo pelo menos um pouco perto da limpeza, estava com vários galões jogados por toda a parte. Latas, papéis, teias de aranha, pedaços de madeira e tijolos, restos de estátuas... Tudo que pudesse imaginar.

A garota parou bem depois da porta e olhou tudo aquilo com atenção. Estava escuro, e aquilo já estava a perturbando.

— Aquela mulher deve nos achar com cara de garis da prefeitura. – Brincou ela sorrindo sem humor algum, imaginando seguintemente como a diretora ficaria linda com uma corda enforcando seu pescoço até a morte. — Nunca vamos conseguir deixar isso tudo limpo.

Castiel suspirou sem animo chegando logo mais a frente, fitando cada canto daquele lugar asqueroso.

— Por fora parece maior. – Ele riu irônico — Bem, deixa eu ver qual a primeira “regra” dessa bruxa. – Pegou o papel voltando a encará-lo agora com mais atenção.

Mellanie entortou a cabeça com um sorriso sem se importar, afinal, se era um castigo, que encarasse com bom humor.

Do que adiante ficar com a cara amarrada? Afinal, de cara amarrada já basta ele. Vamos lá garota, você pôde agüentar o frio de lá pra cá, pode tranquilamente agüentar algumas horinhas com esse ruivo grosseiro...” Pensou fechando os olhos com um largo sorriso animado, ultrapassando finalmente aquela enorme porta e a fechando em seguida.

Escuro... Escuridão...

Era isso e mais nada que se via naquele momento. Apesar do telhado ser completamente em vidro, dando assim a passagem daquele céu acinzentado, a escuridão ainda sim tomava conta daquele museu interiormente. Hoje não haveria uma luz do luar pra clarear aquele local, certamente.

A pouca claridade vinda de cima parecia não estar ajudando muito, fazendo então o garoto de cabelos avermelhados — que agora por sinal pareciam em um tom mais escuro tomado em vinho — pegar o celular pra ajudar na leitura daquele papel.

— Numero um: Não, em hipótese alguma feche a porta do museu. – Ele começou a ler finalmente aquela folha, agora com a ajuda da luz da tela do celular.

A garota abriu os olhos assustada e o encarou confusa.

— Porta...? – Ela rapidamente moveu o olhar para aquela porta de cores escuras que agora estava completamente fechada. — Porque não se deve... Fechar a porta?

Ele suspirou se locomovendo com paciência até a porta. Forçou com ambas as mãos na tentativa de girar a maçaneta, nada. Ela estava emperrada, não adiantaria abri-la por dentro mesmo que tentasse arrombá-la. Era inútil.

— Por isso. – Ele sorriu nervoso e abaixou a cabeça pesadamente. — É por isso que não deveria ter fechado a droga da porta, agora estamos presos nesse fim de mundo.

A irritação dele podia ser vista mesmo naquela escuridão.

— Se você tivesse se apressado a ler, talvez isso não teria acontecido! – Ela retrucou com o mesmo tom alto de voz. — Ótimo, estamos presos e ainda por cima temos que limpar tudo isso. Estou com frio e no escuro. Realmente, ótimo!

Ele ignorou completamente as reclamações dela e reencostou na parede mais próxima, voltando a ler as instruções no papel escritas a mão.

— Numero dois: Cuidado com as “armadilhas” do local, há muitos cacos de vidro e poços abertos no chão. Buracos e tubulações abertas também, ratos e insetos. – Ele retornou a leitura calmamente. — Legal, apesar de estarmos presos vamos ser comidos por animaizinhos do mal.

Ela revirou os olhos.

— O único animalzinho do mal aqui é você, seu ruivo macabro. – Ela disse em tom rude se sentando juntamente ao lado dele em um bloco no chão.

Ele ignorou com certo olhar matador.


— Numero três: Há várias pás e sacos de lixo em um armário próximo a entrada, pegue eles e limpe tudo. Se eu fosse vocês não se tomaria pela curiosidade de adentrar mais no museu, não devem ir aos fundos desse lugar, pode ser perigoso. Não é necessário limpar por lá. PS: Boa sorte senhorita Mellanie e cuidado com... – Castiel leu atentamente até um certo ponto, pausando e encarando a garota logo abaixo com olhar indiferente.





— Cuidado com...? Continue logo, quanto antes começarmos com isso mais rápido acabaremos. – Ela disse impaciente enquanto enrolava uma pequena mecha dos cabelos nos dedos.







— E cuidado com o Ruivo pervertido. – Ele abaixou os olhos irritado com as palavras acrescentadas da velha senhora. — Essa mulher só pode ter problemas mentais, ela me entregou essa folha então ela sabia que eu iria ler isso.





Mellanie soltou a mecha de seu cabelo e não conseguiu conter as gargalhadas, riu até sentir sua barriga arder.


— Ruivo pervertido? Será que você já tentou assediar a própria diretora, Castiel? Que garoto malvado. – Provocou-o com um sorrisinho para cima.

Ele começou a andar sem dar mais nenhuma palavra sobre o assunto.

— Vamos achar esse armário. – Castiel disse andando com o celular nas mãos na tentativa de enxergar aos cantos daquele museu a procura de uma porta citada nas instruções, precisariam achar os materiais de limpeza.


~~











O vento adentrava aquela janela com facilidade e rapidez, fazendo assim a pequena cortina de ceda branca balançar em ritmo frenético, batendo juntamente na cabeceira da cama.





Hikkaru se encontrava deitada em uma posição confortável naquela mesma cama enquanto lia um dos livros — os quais por sinal que não eram poucos — da prateleira de Lawliet. Todo ar que Respiras; esse era o quinto livro que ela abria naquela tarde na tentativa de achar um que prestasse a seu gosto, que por sinal, finalmente havia completado sua missão com sucesso. O livro era um romance maravilhoso até ao ponto que havia lido.


Vez ou outra desviava o olhar disfarçadamente para o rapaz loiro não tão longe dela, sentado em uma cadeira do outro lado do quarto mexendo em algo misterioso em seu computador.

Subitamente ele se levanta da cadeira um tanto desconfortável e se vira, encarando a garota estranhamente.

Ela fecha o livro com um marcador de página e o encara com olhar entediado.

— Oque foi Lawliet? – Disse cruzando as pernas em cima uma da outra na cama. — Quer que eu te faça mais tortinhas de morango?

Ele suspirou fechando juntamente os olhos, achando as palavras dela insignificantes.

— Arrume suas malas. – Ele começou tirando dos bolsos dois papéis e os esticando na direção da garota. — Vamos embora desse inferno.

Hikka arregalou os olhos e deu um salto pra frente, tão rápido que seus longos cabelos azuis balançaram fortemente com aquele vento que vinha da pequena janela ao lado.

— Você ta falando sério? – Ela se curvou na direção dele, agora podendo enxergar oque aqueles dois pedaços de papel queriam dizer.

Passagens. Ele havia comprado duas passagens para New York.

— Partiremos amanhã, então, se me atrasar de qualquer maneira te deixo para trás. – Ele notificou sério se virando e colocando as mãos nos bolsos, andando para fora do quarto em direção à sala de estar.

— Você é demais Lawliet, eu sabia que podia contar com você! – Ela deu um aceno de felicidade mesmo sabendo que ele ainda se encontrava de costas.

Ele se virou.

— Quando sairmos desse apartamento, por favor, me chame somente de Ryuzaki. – Disse tirando as mãos dos bolsos e se esticando para a mesinha de centro, logo pegando um pedaço de chocolate. — Perto das pessoas não deve em hipótese alguma me chamar pelo meu nome verdadeiro. – Disse por uma última vez antes de colocar o doce na boca.

— Eu... Não entendi. Porque não posso te chamar pelo seu nome? – Ela questionou se aproximando do rapaz que agora sentava no seu pequeno sofá de frente para a televisão.

— Você saberá. – Pausou enquanto ligava a TV em um canal qualquer onde se transmitia um noticiário. — Tudo em seu devido tempo... Hikkaru.

A garota o fitava agora com ainda mais intensidade que qualquer outra hora. Oque ele estava escondendo dela? Um segredo? Algo de sua vida pessoal? Isso estava se tornando um mistério... Talvez um mistério que ele nunca revelaria... Muito menos para ela, uma garota de dezesseis anos — uma idade irrelevante perto da dele, que já era um adulto, se preferir assim — e pelo fato dos dois brigarem tanto durante esse pequeno período de tempo juntos.

Não havia dúvida de sua parte, ele nunca contaria seus segredos ou qualquer outra coisa de sua vida para uma garota como ela.

— Eu vou arrumar minhas malas. – Ela murmurou desanimada se virando e adentrando o quarto com passos lentos. — Boa noite... Ryuzaki.

O rapaz levitou os olhos em direção à porta do quarto, que agora estava fechada e com a linda garota de cabelos azuis lá dentro. Ele soltou ar pela boca contristado, abaixando em seguida a cabeça e retirando de uma das pastas na mesinha de centro alguns papéis importantes, tomando a leitura em seguida.


No quarto perto dali, a garota pegou a mala no alto do guarda-roupa e a jogou no chão com tudo, não afastando de seus pensamentos aquela conversa estranho há poucos minutos. Ryuzaki. Então era assim que ele queria que o chamasse a partir de então? Talvez isso fosse ainda mais estranho que a personalidade dele próprio. Ela não entendia, apenas abria sua gaveta com poucas roupas e jogava algumas dentro daquela mala preta de couro, tentando arrancar de seus pensamentos essa história ridícula que Lawliet havia inventado.



Largou a ultima peça de roupa naquela mala e caiu no chão, sentando em seguida com as pernas unidas em uma posição nada confortável. Pensou, pensou e pensou. Nada lhe vinha à cabeça sobre tudo isso, mas, mesmo assim estava alegre; finalmente sairia desse apartamento apertado e se livraria de um esquisito em comum. Não esquecendo o fato de rever sua melhor amiga, claro.


Esticou a mão e pegou o celular, vendo as horas por fim.

Estava na hora.

Teria que ir, fazer aquilo que sempre fazia como de costume.

Não poderia esquecer de seu compromisso de todos os finais de tarde.


~~











— Até que não gastamos tanto tempo pra limpar esse pátio. – Começou Mellanie segurando uma das vassouras no meio daquele salão do museu, que antes estava bem mais imundo. — Em compensação estou morta.





A enorme lua no céu acima já pairava lá, bem no alto de suas cabeças. Aquela enorme e longa vidraça que assumia o lugar do telhado dava uma vista perfeita do céu daquele anoitecer. Estava maravilhoso apesar das inúmeras nuvens cinzentas, que por razão da chuva teimavam em transparecer naquele céu.



A garota encostou a vassoura na parede e andou não tão longe do ruivo mal encarado, que terminava de catar as ultimas latas e papéis inúteis do chão, colocando em seguida em um saco de lixo.





Haviam terminado, finalmente. Depois de mais ou menos três horas de serviço naquele museu velho e acabado.







Castiel amarrou o saco e por fim o jogou junto aos outros muitos centrados em um canto qualquer do lugar. Ele se virou e fitou uma entrada que se assemelhava a um pequeno e escuro túnel próximo aos dois, soltando um sorriso de canto malicioso em seguida.





— Vamos ver oque tem ali dentro, vem. – Ele disse dando um pequeno aceno por trás das costas e prosseguindo os passos, indo cada vez mais perto daquela entrada escura.


Não ouviu passos o acompanhando.

Virou-se e fitou a garota, impaciente. Ela estava plantada não tão longe com olhar desaprovador.

— A diretora disse que não precisava limpar ai dentro, e eu já estou cansad–

— E quem disse que vamos limpar? – Ele revirou os olhos. — Vamos ver oque tem de tão perigoso lá dentro, só isso.

Ela suspirou.

— Eu não vou. Estou cansada e louca por uma cama, vá você. – Ela disse recusando e arrumando a ponta de sua blusa.

Voltou nos lábios do ruivo um sorriso irônico.

Hmm... A princesinha está com medinho... – Ele cruzou os braços com semblante zombeteiro.

Mellanie desceu os braços junto ao corpo e cerrou os punhos.

— Vou te provar como não sou nenhuma princesa. – Sorriu provocante e passou reto por ele, adentrando agora aquele túnel sombroso.


Não bastou um segundo e os dois já estavam completamente dentro daquele lugar, que estava mil vezes mais imundo que o pátio principal. Havia de tudo pelo chão e aos cantos, — Sujeiras, teias de aranha diversas, latas de refrigerante e galões não identificados, barris, mangueiras pelo chão, restos e pedaços de quadros e esculturas antigas, máquinas cobertas por panos e lonas, poços largos e buracos cravados no chão — além de outras coisas não identificáveis jogadas por aí.





Castiel cerrou o olhar na tentativa de enxergar melhor no meio daquela escuridão, tentava ver cada detalhe daquele cômodo.







— Esse lugar tá horrível. – Pausou a fala encarando uma pequena janela ao fundo daquele lugar. — Iria matar aquela velha se nos mandasse limpar isso aqui também.





Mellanie mordiscou o lábio inferior enquanto levitava o olhar para o teto.


— Seria um ótimo lugar pra cometer assassinatos... – Ela pensou alto com um pequeno sorriso ao canto dos lábios, chamando a atenção agora do ruivo bem ao seu lado.

Ele a olhou estranhamente.

— Espero que não passe pela sua cabecinha de me matar aqui dentro.

Ela soltou uma risadinha curta, cruzando os braços em seguida devido ao vento frio que passara bem na sua frente, fazendo convenientemente seus cabelos balançarem para o lado.

— Ei, o celular! Podemos ligar pra alguém nos tirar daqui. – Ela disse com um pulo, tentando retirar o celular do bolso com certa dificuldade.

Ele soltar ar pela boca desanimado.

— Você é burra? – Começou enquanto cruzava os braços como de costume. — Acha que eu já não tentei fazer isso?

Ela parou repentinamente e o olhou ao canto dos olhos, deixando cair os ombros se dando por vencida.

— Estamos presos pra sempre e vamos morrer de fome. Legal. – Sorriu sarcasticamente apertando mais os braços abaixo dos seios. — E o pior nem é morrer de fome, o pior é ficar aqui com um ruivo grosso e perturbado. Talvez isso me faça morrer mais cedo, é.

Ele revirou os olhos dando as costas pra garota, olhando mais a fundo as paredes daquele pátio meio a escuridão não tão cegante.

Com alguns passos pra trás ele logo ficou bem ao lado da garota, a olhando ao canto dos olhos com um sorrisinho malicioso. Malicioso de, na verdade, prestes a pregar uma peça.

— Nossa, olha aquilo! – Ele aponto na direção do teto fingindo uma cara de surpresa. — É um rato com asas?!

Ditas as palavras um morcego mais ou menos grande percorreu voando de um lado para o outro em total rapidez, fazendo a menina gritar de horror; não de medo, mas de susto.

Quando o estranho animal sumiu, finalmente, a garota sentiu o ar lhe faltar. Seu coração havia acelerado a um ritmo que sentia que poderia parar a qualquer momento, diante ao susto que havia tomado.

— Desgraçado, eu poderia ter morrido com isso! – Ela pausou a mão no peito com a respiração ofegante. — Além do mais, ratos não tem asas e muito menos voam em lugares escuros.

As gargalhadas se ecoavam por todo aquele museu; Castiel havia iniciado uma sessão de risos que certamente não acabaria tão cedo. Sua brincadeirinha havia dado certo, e ele caíra na gargalhada perdendo o fôlego em alguns momentos.

A garota o encarou com olhar mortal, desejando ter-lhe consigo uma faca ou qualquer outra arma pontiaguda para ataque.

Subitamente começou a andar um pouco mais a frente daquele cômodo, olhou para o chão por alguns instantes e viu algo estranho bem na sua frente, mas por causa da escuridão logo abaixo nunca conseguiria saber oque era.

Virou-se, ficando agora de frente ao rapaz de cabelos avermelhados e com seus olhos levemente fechados diante as gargalhadas que já iam se acabando pouco a pouco.

Mellanie abriu um pouco mais os olhos desfazendo aquele olhar amargo diante as risadas. Agora conseguia ver como ele ficava doce e puro rindo de tal maneira contagiante; sua face ficava levemente vermelha quando ria daquela maneira e seus olhos tomavam-se em um brilho incomum. A garota conseguira enxergar um lado daquele ruivo medonho que nunca havia prestado atenção, ou talvez ele nunca houvesse dado uma brecha sequer para tal acontecimento.


Finalmente as risadas se deram um fim.





Castiel permaneceu com a cabeça curvada para o lado com um sorriso bobo no rosto, fazendo uma enorme força para não cair na risada novamente. Sabia que se olhasse para aquela cara de boba da garota não se agüentaria.








Mellanie revirou os olhos por conta de tamanha bobice e moveu por total acaso um dos pés para trás, tal movimento proibido e completamente perigoso que nunca deveria ter feito.









— Eu acho que... – Ela começou sem ao menos terminar as palavras, sentindo uma sensação subitamente estranha lhe percorrer as pernas.








Um poço profundo e não tão pequeno havia bem atrás de si, encravado no chão. Ao andar com um dos pés aleatoriamente para trás, acabou pisando bem na beirada do buraco e perdendo os sentidos da perna direita.






Estava se desequilibrando. Seu passo em falso estava a levando a uma queda que claramente resultaria em um acidente não muito delicado.






A ponta de seu pé agora estava tomada para a entrada daquele poço, a fazendo subitamente puxar para trás, carregando seu corpo e juntamente a outra perna.







Estava caindo...





Sentia-se pesada e já bem inclinada... Sentia-se em total desespero, mas nenhuma palavra conseguiu pronunciar.



Castiel com seu rosto para o lado tentando cessar a enorme vontade de rir mais uma vez, com tais ultimas palavras da garota a sua frente esticou os olhos cautelosamente, logo percebendo de longe que ela estaria na verdade caindo, em vez de iniciar uma conversa, como havia pensado.





Levitou os olhos acinzentados juntamente com os cabelos vermelhos jorrados em seu rosto, levantando a cabeça em seguida com uma rapidez extraordinária, fazendo tais cabelos vermelhos voarem para trás.








Mellanie já havia quase caído por completo, seu corpo e cintura já estavam bem na boca da entrada daquele buraco. Diante de tamanha velocidade de sua queda, seu braço caiu para trás, fazendo se chocar com um pedaço pontiagudo de vidro que estaria encravado nas laterais do poço, cortando-lhe profundamente a pele próximo do pulso e da dobra do braço.










Com rapidez e tamanha habilidade, Castiel em um pulo se moveu próximo a ela e a agarrou pelo pulso fortemente antes que caísse por inteiro naquele poço profundo, em seguida deslizando as mãos rapidamente por sua cintura e a puxando com pressa junto a si, tomando-a em um abraço acolhedor.













A garota fechou bem forte os olhos, forçando os punhos no peitoral do rapaz que a acolhia em um abraço como ato de proteção.
















Seu braço sangrava. Gotas daquele vermelho jorravam e caíam no chão.

















Mellanie abriu os olhos — que estavam lacrimejantes — e levantou um pouco a cabeça, podendo fitar o ruivo que se encontrava com os olhos bem abertos a encarando em total transe. Tais olhos com certo medo... Tais olhos com certa... Danação.
















A garota abriu a palma das mãos e prendeu os dedos na camiseta dele, apertando a mesma enquanto escondia um inicio de choro.













Por um minuto apenas, não é o suficiente.










O transe tomou um final.









— Sua idiota, podia ter caído lá dentro e quebrado a cabeça! – Ele dizia em tom de voz alto e irritadiço, desviando o olhar daqueles grandes e marejados olhos verdes. — Se tivesse caído dentro desse poço... Iria morrer.









Ela forçou um sorriso irônico, abaixando o olhar para a jaqueta de couro dele.








— Não foi hoje que virei Samara. – Deu continuidade ao pequeno sorriso, desprendendo em seguida suas mãos da camiseta dele.





Ele a olhou novamente. Não com aquele jeito doce e afetivo de minutos atrás quando a agarrara e a salvara da queda terrível. Não. Estava agora estampado em seu rosto novamente aquele semblante frio, quase impossível de se desvendar os pensamentos.


Ele então se virou ao termino do olhar, encarando agora a entrada por onde haviam vindo.

— Vamos voltar. – Falou por uma ultima vez, andando com passos pesados até a saída daquele pátio sombroso e medonho.

Mellanie apertou o braço com a outra mão, próximo ao pulso, sentindo o sangue escorrer pelo local do ferimento, sentindo aquele liquido vermelho e gélido passar calmamente por entre seus dedos. A ferida estava profunda, aquele vidro havia de ter feito um grande estrago.

Soltou o braço que antes apertava com força anormal e seguiu o rapaz para a saída daquele cômodo, voltando novamente para o pátio principal — e mais limpo — encarando o trajeto inteiro os rubros cabelos do seu salvador.


~~






A noite se iniciara naquele grande jardim, o mesmo rodeado por diversas gigantes árvores e flores de uma única espécie em comum; Rosas.











Sim, rosas. Rosas das mais vermelhas e elegantes preenchiam aquele enorme espaço meio a escuridão não tão cegante.











O vento balançava diante aquelas árvores e aquelas flores extremamente vermelhas, fazendo os cabelos da jovem mulher balançarem em um ritmo calmo e gracioso.






Meredy adorava aquele jardim, até porque, de certa forma fora lá que sempre manteve seu lazer durante todos esses anos, todas as sessões de chás da tarde ela vivenciou junto a seu mestre, dês de muito pequena. Era sua vida. Seu maior tesoura que desejava nunca perder.


Esticou a mão, fitando seu anel esmeralda em um verde intenso.

A noite pairava naquele céu. A escuridão não era tão amarga como o esperado para hoje. Estava doce... tranqüila.

— Porque olha tanto pra essa rosa, mestre? – Ela começou, desviando o olhar do anel, passando agora a encarar pacientemente o lindo rapaz de cabelos levemente acastanhados juntamente com os olhos, de uma cor viva; um castanho avermelhado.

Kaname se encontrava lá, no meio daquele enorme jardim, apreciando a uma única rosa em suas mãos. Nenhuma mais, — apesar de tantas ao seu redor — somente ela.

Seus olhos se vidravam naquela rosa invernal exótica, era somente ela que lhe interessava naquele momento. Seu maior tesouro.

O vento agora aumentara o ritmo, fazendo seus cabelos não tão longos nem tão curtos balançarem.

— Ela é importante para mim. – Respondeu calmamente não retirando os olhos daquela flor. — É oque eu tenho de mais importante... nesse mundo.

Meredy abaixou o olhar desanimada, apertando os punhos junto ao corpo, irritada.

— Mestre. – Começou novamente a mulher levantando a cabeça. — Irei me ausentar da cidade por algumas semanas, irei visitar uma pessoa. Algum problema a respeito?

Kaname finalmente desviou o olhar da rosa, agora se virando por completo para encarar a mulher de médios cabelos pretos.

— Faça oque quiser. – Ele respondeu seriamente se aproximando dela com passos leves. — Posso te pedir um único favor?
Ela levantou o olhar, agora o encarando mais a fundo com um pequeno sorriso de satisfação.

— Claro, senhor.

— Prometa-me nunca se envolver com aqueles monstros sanguinários. – Disse bem de frente a ela, abaixando os braços ainda com a rosa em mãos. — Eles me dão nojo e, eu me sentiria profundamente decepcionado a seu respeito se soubesse de qualquer pequena relação sua com os Nível E.

Meredy desviou o olhar, lembrando-se subitamente de seu amante.

— Eu nunca decepcionaria você. – Ela levitou a cabeça com um pequeno sorriso afirmativo. — E eu jamais me juntaria com tais animais, prometo a você que enquanto eu viver, serei correta ao seu lado, somente ao seu lado.

Ele esboça um sorriso ao canto dos lábios e afoga a palma das mãos na cabeça dela, acariciando os cabelos.

— Tenha uma boa viagem.

Ela fechou o sorriso, agora encarando a rosa em suas mãos.

— Ainda com a idéia de procurá-la? – Perguntou séria.

Ele suspirou, encarando juntamente a flor vermelha em sua mão.

— Enquanto eu viver – Pausou aprofundando seus pensamentos naquela rosa diante de si, vindo-lhe aos pensamentos a imagem daquela miniatura de garotinha doce e ingênua, de vários anos atrás. — nunca deixarei de procurá-la. Ela é a minha baixinha dos olhos verdes... Mais linda.

Meredy abaixou a cabeça com um sorriso macabro, mostrando os olhos. Aqueles olhos vermelhos como sangue. Aqueles que dão medo... Aqueles com desejo de matar, juntamente com expressão vazia e obscurecida... Seu coração já estava corrompido há muito tempo. Estava acabado e disso poderia tirar a conclusão de que, não haveria mais volta.

~~

Sentaram-se no centro daquele pátio gélido, bem em cima de uma toalha enorme que ele havia pegado dentro do armário de limpeza.

Mellanie cruzava os braços com um frio absurdo, tentando matá-lo pouco a pouco, sem sucesso.

Castiel sentou-se de maneira confortável, esticando os braços para trás, fazendo assim sua camiseta branca ficar a mostra.

A garota desviou o olhar do vazio de um canto qualquer e fitou sua camiseta.

Sangue.

De um branco maravilhoso para uma mancha vermelha aterrorizante.

Mellanie havia o manchado de seu sangue no momento em que pausara os pulsos em sua camiseta quando ele a salvara há alguns minutos atrás.

— Droga, eu sou uma idiota. – Murmurou ela batendo seu punho fechado no chão.

O ruivo a olhou com olhar confuso e depois olhou as próprias roupas, reparando sem seguida a enorme mancha vermelha.

Ele arregalou os olhos e a fitou, vendo que ela apertava o braço direito com força.

— Você se machucou? – Perguntou sério se aproximando bem perto dela. — Me deixa ver.

Castiel puxou o braço dela antes mesmo que a mesma protestasse. Olhou bem atentamente. Estava com um corte aparentemente profundo próximo a dobra do cotovelo e o pulso.

— Foi só um arranhão... – Ela desviou o olhar na tentativa de convencê-lo.

Hum. – Começou com um som nos lábios. — Boba, rasgou seu braço, olha só. — Parou para encará-la ainda tocando o ferimento delicadamente. — Isso tá horrível.

Ela suspirou prolongadamente e encarou o próprio ferimento. Estava ardendo. Uma dor incontrolável, mesmo se apertasse não adiantaria de muita coisa.

— Quando eu estava caindo acho que passei de raspão o braço em um pedaço de vidro nas laterais. – Ela fez cara de dor quando ele apertou-lhe um pouco.

— Tá sangrando muito, cara. – Disse. — Temos que arranjar alguma coisa pra parar o sangramento.

Ele solou o braço cuidadosamente sobre o colo e se curvou um pouco, tirando do bolso da jaqueta de couro um pequeno lenço branco.

Mellanie acompanhou seus movimentos curiosa sem pronunciar nenhuma palavra.

Ele tomou novamente o braço da garota sobre o seu e esticou o pequeno lenço.

— Não, Castiel, é o seu lenço... vai manchar todo de sangue... – Ela disse se contorcendo na tentativa de retirar seu braço das mãos dele.

Ele a encarou feio.

— Claro que vai manchar de sangue, queria que manchasse de que? – Ele respondeu irônico ajeitando novamente o lenço e o braço. Enlaçou o pequeno pano em volta do ferimento e deu a primeira volta, quando estava pronto para dar o nó, aproximou seu rosto do braço da garota e puxou a parte do pano com os dentes, amarrando assim bem firme, finalizando em um nó. — Está doendo?

Ela assentiu com a cabeça fazendo certa cara de dor.

— Um pouquinho.

Ele sorriu e soltou o braço dela.

— Olha, isso é uma trégua, tudo bem? – Ele disse sério. — Não me entenda mal, só não gosto de ver garotas machucadas.

Ela soltou risadinhas em meio a dor.

— Não gosta é? Estranho, pensei que você já tivesse batido em várias antes.

— Posso ser oque sou, mas não sou nenhum covarde. Idiota. – Ele deu um peteleco na testa dela, a fazendo fechar os olhos em reflexo.

— Tudo bem, tudo bem. Uma trégua. Somente hoje, enquanto estamos presos aqui nesse fim de mundo, certo? – Ela sorriu.

Ouviu-se uma trovoada do lado de fora, certamente estava chovendo, e muito.

Castiel fechou a cara novamente e se deitou, ficando de costas pra garota ao seu lado. Pegou seu pequeno cordão de prata em formato de coração e o abriu, deixando a mostra a foto daquela linda mulher de cabelos pretos e olhos levemente acinzentados com pequenos toques de um castanho leve.

Mellanie suspirou pesadamente e se deixou de costas para ele, ajeitando seu braço em uma posição confortável, temendo oque diria nesse exato momento.

— Castiel... – Começou tocando com os dedos o lenço amarrado em seu braço. Castiel abriu os olhos, os curvando para cima. — Obrigada... Obrigada por hoje. Obrigada por me segurar quando eu estava caindo. Obrigada. – Murmurou o último agradecimento.

Ele permaneceu sério, abaixando o olhar e fechando o cordão, atento nas palavras da garota.

Não se foi ouvida resposta.

O garoto de cabelos avermelhado continuou calado, no seu mundo de pensamentos ocultos que somente ele poderia freqüentar.


O vento frio percorria com rapidez a todo o momento aquele pátio, fazendo as bochechas coradas da garota se tornarem em um completo tom branco. Nem rosado nem corado, apenas... Pálido.






~~











O som da bofetada em seu rosto ecoou por todo o quarto.











Uma palmada severa e dolorida, havia sem dúvidas deixado o rosto da garota de longos cabelos loiros vermelho.






Já era de costume, ela sabia. Não podia mais evitar os acontecimentos assustadores de cada dia.


Sem uma família e com seu único guardião no Brasil, Maryana Chie tinha uma vida dolorosa a cada momento que permanecia com seu namorado.

— Você não serve de nada, não é? – Ele dizia quase aos gritos com a mão outra vez levantada acima de seu rosto pronto para um próximo golpe, enquanto ela própria permanecia no chão, caída de joelhos.

— Eu... Prometo não te decepcionar novamente... – Tentou se explicar com a voz fraca.

Seus cabelos caiam em uma cascata dourada diante de seus rosto, tal rosto prestes a ser novamente esbofeteado.

— Não terá próxima vez, amor. – Dizia por uma última vez agora lhe lançando no rosto mais um tapa extremamente forte e rigoroso, atingindo-lhe certeiramente no rosto a fazendo cair no chão e seus cabelos se desgrenharem.


Talvez fosse uma escolha mais sensata a morte ou o suicídio, mas não. Ela não era uma garota que levava tapas e não reagia. Isso não acontecia com ela. Ela era uma garota forte e determinada, com um futuro certo, decidida a seguir seu sonho de ser uma ótima detetive, talvez a melhor do mundo, quem sabe.





Os sonhos estariam despedaçados, ela tinha certeza.







Por causa dele... O monstro que destruíra sua vida... Seu futuro estaria acabado, por mais uma vez...





Mais uma vez seria destruído.


A primeira vez foi em uma noite de primavera quando seus pais saíram de carro para uma viagem a negócios, pois eram advogados.

Foi quando aconteceu. Uma quadrilha de seqüestradores seqüestraram o carro onde eles estavam e seguiram por um trajeto completamente diferente. Roubaram tudo deles, cada centavo e documentos. Logo eles abandonaram o carro trancado e abandonando em um lixão, jogando fogo e gasolina pra que ele explodisse por inteiro.

Sua vida teria acabado ali.

Seria melhor, ou não?


Talvez esses tapas que recebia não chegassem nem perto da dor da perda dos mais importantes em seu coração... Talvez por isso os recebesse sem se queixar... Talvez amasse o monstro que a espancava ou, simplesmente, não conseguia assumir que precisava de ajuda.





~~








O frio estava cada vez mais intenso naquela noite meio a escuridão daquele lugar.










Mellanie permanecia deitada, bem lá, por um longo tempo, juntamente com o ruivo grosseiro ao seu lado, deitado de costas pra garota.












Com os olhos fechados bem espremidos e, com a mão apertando fortemente o braço machucado, Mellanie pensava em coisas vazias... sem rumo. Queria sair dali, desse lugar sem nada além deles dois e um monte de sacos plásticos de lixo.












Foi então que se ouviu um estrondo vindo á alguns metros logo a frente, não um estrondo normal, na verdade, fora um estrondo bem barulhento vindo da porta... aquela enorme porta principal...










Apareceu um homem. A porta estava completamente aberta com um homem bem lá, parado olhando os dois, estava com as mãos nos bolsos com feição séria.








Kaien Cross.





Agora tudo se manteve claro em sua memória.


Kaien disse á garota bem mais cedo que se ela se atrasasse, a buscaria a todo custo, onde ou qualquer lugar que estivesse...

Castiel se levantou e cruzou os braços. Tais olhos frios e profundos não saiam de seu rosto.

Mellanie juntamente se levantou.

— Kaien! – Ela correu na direção do homem, com um sorriso estampado. — Como me achou?

— Não foi tão difícil. – Ele permaneceu sério, não tirando os olhos do garoto de cabelos rubros.

Subitamente adentrou pela porta Lunna, aparentemente aflita.

— Mell! – Correu e abraçou a menina fortemente.

— Tia, você também? – Ela sorriu torto.

Lunna afagou os cabelos da garota, sorrindo docemente.

— Você me deixou preocupada, sabia? Quando Kaien me disse que viria fazer um serviço comunitário em um museu abandonado já fiquei louca da vida, imagina saber que você não havia chegado ainda em casa? Já é de noite.

Mellanie riu divertida.

— Fica tranqüila, eu não morri.

Se mantiveram em silêncio por alguns instantes até se ouvir Castiel soltar ar pela boca, entediado.

— Entrem no carro. – Kaien disse enquanto acompanhava atentamente o ruivo prosseguir até a porta.

Mellanie fitou Lunna.

— Vamos andando, Mell. Já está ficando tarde. – Lunna apertou os ombros da garota e a levou para fora daquele museu.

Prosseguiram até a calçada, ficando bem ao lado do carro.

— Estou morta, preciso dormir. – Falou Mellanie suspirando e encarando aquele lenço manchado em seu braço.

Lunna sorriu.

— Deve estar exausta. – A mulher se encostou na lateral daquele carro, fazendo assim transparecer perfeitamente seu vestido florido.


Não longe dali, Castiel chegava até a porta sem se importar, com os braços juntamente cruzados abaixo do peito e com feição séria.





Um braço então, o impediu de cruzar aquela porta.







Kaien havia o detido, apoiando pesadamente a mão em seu ombro.





— Não quer uma carona rapaz? Já está tarde e- – Kaien começou, de maneira prestativa.


O ruivo revirou os olhos, logo o interrompendo impaciente.

— Não preciso disso. – Se apressou a responder enquanto se esquivava da mão que antes estava em se ombro. — Vou sozinho. Já tive que agüentar coisas demais por hoje.

— Certo. – O homem disse voltando a por as mãos dentro dos bolsos da calça, logo abaixo do pesado e longo casaco bege.

Castiel o olhou brevemente e desceu as curtas escadas de frente a porta de entrada daquele museu, parando brevemente na calçada um pouco distante daquele carro preto.

Virou o olhar por meros instantes, fitando aquela pequena garota de longos cabelos escuros, que por si voavam com o vento frenético.

Virou novamente o rosto na direção contrária e começou a andar calmamente, seguro a voltar pra casa.


Mellanie o observava, a cada passo que ele dava.





Suspirou.







— Então, quem é aquele rapaz bonito? – Lunna cutucou-lhe o braço com um sorrisinho maroto.





— Ele – pausou o olhando mais um pouco, que agora a cada pisada parecia mais distante... — é apenas um idiota que conheci recentemente e que... – parou agora direcionando seu olhar para naquela mulher com olhos serenos. — ... E que tem os melhores cabelos para se puxar.


Mellanie sorriu meio boba enquanto Kaien já chegava bem perto das duas, abrindo a porta do carro em seguida.

— Vamos embora, estou morrendo de frio e necessito de meu chá noturno. – Declarou ele por fim, retirando seu pesado casado bege e colocando-o sobre os ombros da garota. — Deve estar com frio, pequena.

Lunna sorriu contente e abriu a porta do carona, enquanto a garota abria a de trás.


Quando o carro começou a andar, Mellanie poderia sentir ainda cada momento dentro daquele museu velho e sem vida... Podia concretizar que, mesmo sendo um pouco trágico, fora a melhor limpeza de sua vida.






~~





















Aquela pequena biblioteca aparentava uma bagunça incomum, junto a dezenas e dezenas de livros empilhados no chão próximo a uma pequena escada de metal dobrável junto a uma prateleira quase vazia.






Miha e Nathaniel tiveram que ficar a tarde inteira organizando papéis, pastas e finalmente por fim os vários e vários livros da biblioteca. Se isso era cansativo? Isso era mais que cansativo, com toda a certeza ambos bateriam em uma cama de primeira quando chegassem em casa.


O loiro agora entregava a garota de longos e ondulados cabelos rosados mais dois livros, quase finalizando aquela prateleira.

— Não acredito que aquela velha nos pôs pra arrumar essa bagunça justo hoje, quinta-feira, isso é castigo! – Reclamava por mais uma das milhões de vezes a garota, tomando-lhe em mãos os livros de Nathaniel entregava.

— Já tá começando a me irritar com toda essa reclamação. – Ele suspirou e desceu os degraus da escada, se encostando nela em seguida. — Pensa que eu queria estar aqui?

Ela riu sarcástica.

— Claro que queria, você é o anormal da turma.

Ele revirou os olhos.

— Minha vontade é te deixar organizar essa bagunça toda sozinha, é isso que você merece. – Ele revidou com um sorriso na ponta dos lábios.

Ela então se aproximou bem perto dele, ficando bem de frente e o encarando como em um desafio.

— Adoraria ver você tentar me fazer de escrava, loiro CDF.

Ele parecia mesmo irritado agora. Sem dúvidas sua vontade era matar aquela garota irritante.

— Não me desafie... – Alertou saindo de sua posição e dando alguns passos breves, encontrando-se bem de frente a garota.

Ela riu.

— Estou te desafiando agora. Eai, oque pretende fazer mocinho? – Ela o olhou desafiantemente, cutucando com a ponta dos dedos o peitoral dele.

Nathaniel a olhou por alguns segundos, observando aqueles olhos perigosos e desafiantes. Sentia que poderia fazer uma besteira a qualquer momento. Não poderia ficar tão perto assim... era perigoso.

Ela sorriu triunfante, fazendo-o em um ato inesperado e rápido a tomar pelos braços, garrando-a bruscamente pela cintura e a fitando agora bem de perto... perigosamente de perto...

— O-Oque está fazendo Nathani- – Perguntava com a cara mais confusa possível, se enrolando com as palavras enquanto fitava aqueles olhos âmbar enlouquecedores.

Antes mesmo de poder terminar sua fala, Nathaniel sorriu maliciosamente e a agarrou, tomando-a em um beijo profundo e caloroso.

Miha arregalou os olhos assustada a principio, mas pouco a pouco, a cada segundo fora se envolvendo naquele ato maluco do rapaz, deixando-a cada vez mais enlouquecida naquele momento.

Organizar livros? Biblioteca? Escola? Nenhum dos dois fazia idéia do que essas palavras significavam naquele momento.

Apenas se entrelaçaram.

Aquele momento era único.

Quando o beijo finalmente acabou, ambos se entreolharam com ar ofegante, aprofundando cada sentimento de meros segundos atrás.

Miha apoiou ambos os punhos no peitoral dele, próximo a gravata azul como de costume para ida e vinda da escola. Apertou-lhe a camiseta com olhar baixo, completamente envergonhada.

— Não deveria ter me desafiado. – Ele disse com uma ponta de ironia na voz, se virando e começando a ajeitar os livros em seus devidos lugares, como se foi ordenado pela velha senhora diretora.

Miha o encarou as costas com certa indignação, apertando os punhos junto ao corpo se dando conta da idiotice que acabara de permitir.


~~











As cortinas do quarto balançavam conforme o vento do lado de fora. O cheirinho daquela chuva que caía incansável lá fora exalava por todo o quarto em um aspecto umedecido.





Mellanie sentou-se na cama e encostou as costas na parede logo atrás de si. Aquelas paredes negras que deixavam o quarto ainda mais obscuro.



Ela suspirou e se ajeitou na cama, dobrando as pernas e apoiando os braços nelas. Fitou então, atentamente seu braço, o qual estava enfaixado com o pequeno lenço branco.





Subitamente o puxou, com toda a força, o fazendo se soltar e se desfazer daquela amarração de seu braço. Esticou-o com a outra mão. Olhou e olhou, esboçando um pequeno sorriso ao canto dos lábios.







Aquele lenço que antes era em um completo branco, agora se tornara em um extremo vermelho.





Vermelho. Sangue.


Essas eram as palavras certas que lhe descreviam.


A garota abaixou a mão que segurava o pequeno pano manchado em sangue e encarou o ferimento em seu braço; o corte havia realmente sido bem feio. Estendia-se á alguns centímetros do pulso, chegando até a dobra do braço. Por força do puxão do lenço naquela hora, o ferimento voltou a sangrar, não com tanta intensidade, mas se via claramente um pouco de sangue escorrer pela pele.





Ela suspirou e passou delicadamente os dedos pelo local do corte, soltando um pequeno gemido de dor em seguida de seu toque.







Aquilo ardia, ela podia sentir.





Voltou a olhar para o lenço completo por uma mancha de sangue e se levantou.


Abriu a porta do quarto e saiu sem ao menos olhar para trás. Desceu a curta escadaria, se deparando em seguida com aquela copa maravilhosa de sua casa, perto da sala de estar e bem próximo ao corredor que dava na cozinha. A copa continha uma pequena mesa com quatro cadeiras.

Mellanie sorriu ao avistar Lunna assinando alguns papéis junto a Kaien, que por “novidade” tomava seu chá.

Adentrou aquele corredor, ficando bem próxima a cozinha e uma entrada para a direita.

Entrou naquela entrada, a qual dava em uma área de limpeza bem organizada por sua tia.

Máquina de lavar roupas, produtos para limpeza, vassouras panos de chão e etc. Isso era oque tinha lá.

Se aproximou de um armário de estrutura mediana e o abriu, pegando alguns produtos para lavagem de roupa.

Jogou o lenço dentro da maquina de lavar roupas junto a uma certa medida de água e os produtos líquidos. A ligou e se sentou em um banco de madeira não tão longe.

Observou enquanto ouvia ao som da maquina batendo o lenço, aquele som tranqüilo.

Suspirou novamente, apoiando o queixo em ambas as mãos. Levantou a cabeça e fitou o relógio no alto da parede. 21h47. Estava tarde, muito tarde. Precisava dormir para acordar bem cedo para o colégio.


Passou boa parte da sua noite até conseguir finalmente tirar aquela maldita mancha vermelha, afinal, não gostaria de ficar pra si de jeito nenhum com qualquer coisa que fosse daquele ruivo emburrado. Nem morta.






Sorriu e pendurou no pequeno varal para secar, voltando imediatamente para seu quarto — antes de passar pela copa e ver não tão longe Lunna encostada no ombro de Kaien. Ambos dormiam feito bebês — em seguida, tomando um banho demorado e vestindo seu pijama de mangas longas por conta do frio daquele inicio de madrugada.











Finalmente relaxou, caindo em um sono profundo.












Música de Encerramento.

















[Imagem Extra do Capitulo ~ Miha e Nathaniel]





 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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Notas finais do capítulo

Complementem, comentem, critiquem, mandem Reviews.