The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 30
Capítulo 17 – Cometendo erros, (...) - P2 1/2


Notas iniciais do capítulo

É, eu sei que mereço ser esquartejada, morta, e arrastada por um ônibus pelo asfalto, mas de qualquer forma eu voltei, viu? Estive muito ocupada, com problemas, e depois disso veio o bloqueio maldito de escrita. Mas voltei, e trago um capítulo um pouco maiorzinho, pra matar a saudade a todas aquelas que apesar de tudo ainda estão comigo. Não sabem a felicidade que me deu quando veio algumas me perguntar se eu iria continuar, se eu tinha abandonado e tal. Então muito obrigada pelo apoio.
*AVISO: NESTE E NOS DEMAIS CAPÍTULOS A PARTIR DE HOJE TERÃO LINKS NO MEIO DA HISTÓRIA, ENTÃO SE VOCÊ OS VER CLIQUE PARA VER AS IMAGENS RETRATANDO O ACONTECIMENTO DA CENA*
BOM, E PORQUE ESSA SEGUNDA PARTE VAI SER DIVIDA EM 1/2? Porque o Nyah gosta de ser mal comigo, então se preferirem não precisam comentar nesse dois, mas sim só em um, dizendo oque acharam dos dois juntos, sim?
Sem mais delongas, vamos começar a leitura?



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Capítulo Dezessete

Cometendo erros, destruindo relações Parte 2 - 1/2

Música de abertura

~~

SilentStreets, casa vizinha, dia anterior — 20h28 PM.


— Oque está fazendo? — ele perguntou com sua típica calmaria, olhando-a pelo canto dos olhos, enquanto remexia em sua pilha de papéis.


— Ah, Lawliet — a azulada sorriu largo, esticando um pouco mais as pernas e os braços na esperança de conseguir pegar a lata de leite condensado no armário alto — Estou tentando pegar isso aqui, mas não imaginava que fosse tão alto.

O homem parou de mexer nos papéis e se virou um pouco, olhando-a agora completamente. Encarou os cabelos azuis que reluziam com a luz alaranjada pregada no teto branco. As pernas da garota estavam realmente esticadas ao máximo, e então ele revirou os olhos.

— Não é o armário que é alto demais, Hikkaru — ele desmentiu levantando-se do seu pequeno e exclusivo sofá na sala, pulando dele como se fosse um passarinho saindo de seu poleiro — É você que é praticamente anã.

A azulada fingiu uma ótima cara de indignação, como se tivesse realmente se sentido ofendida.

— Sou baixinha, sim, mas não mais que a Mellanie — retrucou — E chamar uma pessoa de anã é muito cruel, Law-kun.

Ele se aproximou da baixinha e parou ao seu lado, e ela por si já havia parado de se esticar.

— Não me chame assim, — ele a repreendeu — sabe que não gosto de sufixos no meu nome.

Ela apenas murmurou um sim, concordando, mas fechou a cara. Não gostava desse jeitão dele, sempre sério, responsável demais, frio e ligado demais em seus casos.

— Você trabalha muito, tem que descansar um pouco.

Ele ergueu o braço, pegando a lata de leite condensado que há bons minutos a garota se matava para tentar pegar.

Virou-se para ela.

— Descansar? — entregou a lata — Não posso descansar.

Ela bufou, encarando agora os olhos azuis dele — tão azuis que poderiam engolir todos os seus pensamentos, porém havia algo naqueles olhos, pareciam não pertencer a ele.

— Sabe oque eu acho também?

— Oque foi agora? — perguntou calmo, como sempre, porém aquela baixinha era sem dúvidas insistente.

— Eu acho que você deveria conversar direito com a Mell, explicar tudo direitinho, cada detalhe. Dês daquela vez que você contou que é ele e não quem nós pensávamos quem você era, deve ter confundido ela muito. Como iríamos desconfiar que você era na verdade o maior detetive do mundo e que usa um nome falso? — ela parecia não cansar de falar nunca.

— Eu irei falar com ela, Hikkaru — ele voltou para frente de seu sofá e praticamente pulou nele, daquele jeitinho que só ele sabia fazer, e então se sentou sobre os calcanhares — Mas no momento certo. Tenha paciência.

Ela inflou as bochechas levemente rosadas, com birra.

— E tem mais, — chegou bem na frente do sofá, encarando-o — porque você não usou seu nome falso com nós duas? Porque não fingiu ser quem não é naquela outra cidade? Porque não escondeu?

Ele suspirou, voltando a tomar em mãos os papéis sobre a mesinha de centro — que por si só estava muito bagunçada.

— Por que simplesmente não achei necessário usar o disfarce com vocês duas, tanto que sempre souberam o meu nome verdadeiro — ele colocou o polegar sobre os lábios, os apertando de forma pensativa — Exceto todos os outros.

— Como é que é?

— Ninguém mais além de vocês duas sabia o meu verdadeiro nome, tanto que muitos naquela escola me chamavam na maioria das vezes de protetor dos portões, vigia, ou simplesmente de porteiro.

— hm, entendo — esqueceu do porteiro sensual, ela pensou — Então ninguém sabia de sua identidade na outra cidade, somente nós?

— Exatamente.

Ela sorriu levemente, andando um pouco para longe do sofá onde ele se encontrava sentado, encostando por fim na janela. Abriu-a e o vento gélido da noite bateu na sua pele. Sorriu novamente com o frescor, mas não somente pelo frescor do tempo, mas também por estar ali, com ele. Deveria estar brava, irritada e com a enorme vontade de socá-lo; porque ele havia mentido para ela por um bom tempo. Mas por mais que tentasse, não conseguia sentir raiva dele. Ele transmitia além de seu semblante sempre calmo e frio, uma grande tranqüilidade para ela.

Os olhos dela enxergaram a casa ao lado, a casa onde morava agora, a casa de sua melhor amiga e também a casa qual julgava esquisita, com pessoas estranhas; um rapaz de cabelos quase brancos, que poderia matar apenas com o olhar, mas lá também morava um homem viciado em chás de todos os tipos de nome Kaien, que fica encarregado de tomar conta da pequena Mellanie a todo custo, junto do esquisito de cabelos brancos, Zero. E também Lunna, a tia que Hikkaru conviveu por muito tempo, já que sempre fora melhor amiga da baixinha dês de criança; Lunna sempre fora calma, repleta de simpatia e harmonia, mas até a chegada do homem viciado em chás, daí em diante o trem desandou, e todas as manhãs aquela casa virava um centro de guerra entre os dois, com direito a pequenas facadas no braço de leve ou xingamentos à mais. Mas não acabava por aí, não. Um novo “hospede” havia se instalado por lá, e quem seria desta vez? Oh, um pequeno garotinho de nome Alam Henry, qual Mellanie havia praticamente adotado por um tempo. No que daria tudo isso? A azulada pensava, e pensava. E a conclusão final era: Muita confusão.

Hikkaru despertou ao sentir o forte e gostoso aroma do chocolate vindo da cozinha, oque fez seus pensamentos voarem. Correu então, atravessando a sala, sem sequer distrair a atenção do detetive dos papéis misteriosos.

Logo alcançou a colher de pau e deu uma boa mexida na panela, qual continha uma boa porção de chocolate brigadeiro, como costumava falar. Havia aprendido com seu pai, que vezes ou outras viajava para o Brasil. Ele era um homem ocupado, mas por algum tipo de milagre lhe sobrou tempo para ensiná-la a receita. Despejou por fim o chocolate no pote largo, e ao lado recolheu o pequeno cesto com morangos.

Voltou para a sala, e na outra mesa de centro — que estava mais limpa — colocou o pote com chocolate e o pequeno cesto de morangos em cima. Olhou brevemente o detetive, que parecia não notar sua presença, ou talvez não quisesse muito papo, já que estava trabalhando em outros casos importantes de outros países. Ela sabia que ele estava empenhando também nos assassinatos da cidade, o tão macabro caso de SilentStreets como haviam adotado os repórteres do jornal de New York, mas já havia se passado alguns dias, e nenhuma morte até então havia sido registrada. Nenhum corpo com a marca do assassino misterioso. Nenhuma pista. Talvez por isso, Lawliet havia aproveitado a trégua do caso para se empenhar em outro.

Mas isso incomodava a azulada. Para ela, ele estava se matando, se desgastando demais em mais casos do que deveria. Isso não era certo.

— Você vai acabar doente, estou avisando — ela insistiu mais um pouquinho, um pouco teimosa demais desta vez, mexendo os pés no tapete de veludo, oque chamou a atenção do detetive, que por si levantou os olhos.

— Está me atrapalhando, Hikkaru — ela firmou os olhos e não arredou o pé dali — Até quando vai ficar me atormentando com isso?

— É que eu não gosto de ver você se matando em tantos casos assim. E se acabar doente, hein? — insistiu ela.

Ele revirou os olhos.

— Eu não vou ficar, não se preocupe com a minha saúde.

— Mas eu me preocupo! — ela gritou, já estava irritada, e ele não parecia compreender seu ponto de vista.

Ele arregalou levemente os olhos com a reação da garota de cabelos azuis.

— Hikkaru, porque se preocupa tanto? Eu sempre fiz isso, sempre me empenhei em muitos casos ao mesmo tempo. Estou acostumado com oque faço, então não ficarei doente por trabalhar demais.

Ela abaixou o rosto e algumas mechas azuis alcançaram seus olhos. Estava mais agitada que o normal, e seus nervos haviam se acelerado.

Ele não compreendia.

— Eu me preocupo, Lawliet, eu me preocupo muito — ela disse com a voz rouca, talvez pela garganta quase bloqueada pelo choro que ameaçava sair — Eu me preocupo, porque você é meu amigo.

Ele suspirou.

— Não seja infantil, Hikkaru, — disse largando os papéis sobre a mesa, mas o tom calmo permanecia intacto, então continuou — ninguém se preocuparia comigo. Ninguém se preocupa com ninguém de verdade nesse mundo.

— Eu me preocupo, amigos são pra isso, não são? — havia levantado a cabeça dessa vez, e os olhos azuis já estavam prontos para transbordar.

— Você não é minha amiga.

Depois daquilo, os olhos dela melancólicos não despejaram lágrima alguma, nadinha de nada; agora oque lhe atingia era a raiva, e com ela a vontade de sumir, escapar para bem longe. Aquelas palavras foram as mais rudes que ele já havia lhe dito.

— Se eu não fosse não me preocuparia, Ryuzaki — ela o chamou pelo nome falso, e isso era um mal sinal.

— Eu não tenho amigos, Hikkaru, nunca vou ter. Quem se aproximaria de mim? Nunca ninguém fez isso, nunca ninguém gostou de mim de verdade. E os que gostaram, nunca mais poderão voltar — ele retrucou com a voz naturalmente calma, como de costume, porém, seus olhos estavam mais vazios que o normal.

— Eu não preciso escutar mais nada, você sabe oque está fazendo consigo mesmo. Já é um adulto, não é? — ela sorriu irônica, entretanto, sua voz ainda saía fraca.

Ele estava de pé já a alguns segundos, no meio caminho entre a porta e a sala. E então ela começou a ir naquela direção, andando com passos firmes, agarrando a barra da saia rendada com força entre os dedos, talvez para não chorar.

Ficaram lado a lado enquanto ela terminava o trajeto, e naquele meio segundo ao lado dele, quando os ombros quase se tocaram, ele disse:

— Não estarei mais aqui quando você vier me procurar, Hikkaru.

Ela apertou de leve os olhos, e chegou finalmente frente à porta, agarrou a maçaneta e a rodou para baixo, abrindo e saindo como um vulto, como se ninguém nunca na verdade estivesse ali.


Ele puxou de leve ar para os pulmões e se virou. E de lá seus olhos focaram na segunda mesa de centro, a bem arrumadinha, qual aquela garota que havia ido embora mantinha bem organizada todos os dias. Lá havia um pote com um chocolate desconhecido por ele, e um pequeno cesto com morangos, os seus preferidos. Não era tortinhas de limão para hoje, mas sim algo em especial que ela havia lhe preparado.



Ele se aproximou da mesinha e passou o polegar por cima do chocolate, e por fim o levou para a boca, saboreando o sabor adocicado.


E percebeu que fora o melhor chocolate que havia provado em toda sua vida.


~~




SilentStreets, casa — 06h05 AM




Começou a descer os degraus da escada, e podia sentir na ponta dos dedos do pé o gelo que estava o piso naquela manhã.


Mellanie ia na frente, enquanto Joseph a seguia logo atrás na descida. Ela sabia que não seria tão fácil contar a novidade, mas de qualquer forma não havia outra saída. Estava implorando mentalmente para que Zero não estivesse tomando café com seus guardiões. Queria resolver tudo com ele mais tarde, à sós, assim seria melhor, e não complicaria mais a situação.

Parou no último degrau, esticou o pescoço e os dois tomavam café da manhã sentados na pequena mesa de madeira próxima à sala, onde tomavam café todas as manhãs. Mellanie suspirou com alívio, e terminou o trajeto pela escada.

Kaien colocava a xícara com chá na boca, mas logo que avistou sua pequena garotinha, largou-a no mesmo momento em cima da mesa. Sorriu com os olhos amendoados.

— Meu botão de chá, bom dia! — ele sorriu largo.

Mellanie forçou um sorriso leve, e enviou seu olhar para sua tia sentada ao lado do mais velho, com a sua melhor cara de sono.

— Bom dia Kaien-san, — ela cumprimentou — Bom dia também tia Lunna.

A mulher ergueu os olhos azuis metálicos para a sobrinha, sorrindo desanimada.

— Como vai, Mell? — a guardiã pareceu analisar a baixinha, com desconfiança — Oque é isso?

— Isso oque? — Mellanie olhou para si mesma, confusa.

— Isso que está escondendo de mim. Está me escondendo algo, anda, fala logo.

Ela era muito boa nisso.

Kaien olhou a mulher e sorriu de canto, se fazendo de bobo e tomando mais um gole de seu chá.

— Tia, você aceitou muito bem o Alam por aqui, não é? — ela começou.

— Sim, aceitei, ele parece ser um bom menino, e acho que você tomaria muito bem conta dele enquanto os responsáveis não aparecem. Oque tem isso?

A baixinha passou a mão pelo short que havia escolhido para ir para a escola, com nervosismo, e prosseguiu.

— Pois então tia, se você aceitou o pequeno Alam tão bem por aqui, eu tomei a iniciativa de trazer mais um morador, sabe, só por um tempo.

Kaien levantou os olhos com curiosidade.

— Quem é, Mell? — o homem suspeitou — Sabe que não pode trazer qualquer um para cá, é perigoso, então deve nos consultar antes, está bem? É para sua segurança.

Mellanie sorriu.

— Não se preocupe, ele está aqui para cuidar de alguém também, assim como vocês dois cuidam de mim, Kaien-san.

Lunna arqueou uma sobrancelha, curiosa.

— E quem é?

— Ele é guardião do Alam, chegou ontem por sua procura, e me explicou tudinho nos mínimos detalhes. Eles não tem para onde ir até descobrirem como voltar para sua terra natal, então eu decidi o acolher por aqui até que consigam voltar — ela continuou — E de uma forma curiosa, eles precisam muito da minha ajuda pra voltar pra casa.

Kaien sorriu meigo.

— Oh, minha garotinha é tão prestativa!

— Menos Kaien, menos — Lunna o repreendeu com cara brava — E como você poderia ajudá-los a voltar pra casa deles, Mell?

— Foi meio estranho no início entender a situação, mas eu acabei me acostumando, já que coisas surreais já andaram me acontecendo recentemente, como a transformação de Zero e o demônio Lobo que vive dentro dele.

— Como é que é? — Lunna abanou as mãos confusa.

— Alam é na verdade um pequeno príncipe, tia. Vem de uma terra mágica, com feiticeiros e bruxas. E ele vem de uma linhagem pura de feiticeiros. Sua história é um pouco complicada de explicar, mas vou contar tudo.

— Feiticeiros e Bruxas? — Kaien olhou com os olhos arregalados — Há um tempo atrás fiquei sabendo de algo parecido, mas nunca imaginei que fosse verdade.

— Alam só veio parar aqui por causa de seu irmão mais velho, que para tomar a coroa e título de rei, jogou um feitiço no próprio irmãozinho. Isso me fez querer ajudá-los, e mesmo que não quisesse, isso é de minha responsabilidade agora. Vocês entendem?

Lunna pensou por um tempo, um pouco surpresa com tudo, contanto, parecia tranqüila.

— Não vejo problema em ajudá-los, mas teremos que conversar com o guardião do garoto primeiro.

Mellanie quase deu um pulo de comemoração ali mesmo, mas se conteve em apenas dar uma acenadinha com a mão, chamando Joseph que se escondia atrás da parede, ao lado da escada.

— Vem cá, — ela chamou sorrindo internamente vendo-o constrangido — Tia Lunna, Kaien-san, esse é Joseph.

Kaien o analisou por um momento com seriedade, mas logo abriu um sorriso, já Lunna manteve-se amigável.

Kaien se levantou junto com Lunna, que foram para perto da baixinha e do esquisito com roupas mais esquisitas ainda.

— Bem vindo à esta casa, Joseph — Lunna sorriu amigável, estendendo a mão para o homem.

Mas em vez dele apertar a mão da mulher, apenas olhou a mão pequena por alguns segundos, e olhou nos olhos azuis metálicos da mulher em seguida, se aproximou — um pouco demais — e deu uma pequena lambida com a ponta da língua em sua bochecha.

Lunna arregalou os olhos, enquanto Kaien o olhou inconformado, deixando a cena ainda mais cômica.

Mellanie deu risadinhas sentindo-se constrangida, e o puxou pela manga da camisa branca.

— Não liga não, ele é meio desmiolado da cabeça, tem probleminhas, sabe?

— Ele também é alguma espécie de feiticeiro? — Kaien atreveu a perguntar.

— Oh, não, não sou tão importante assim. Aprendi ao longo dos anos apenas alguns feitiços, mas nada de muito complexo que me tornasse um feiticeiro de fato — Joseph respondeu — Mas nasci especial, se é assim que devo dizer.

— Especial? — Lunna perguntou confusa.

— É tia, ele meio que se transforma em um gato quando quer — a garota respondeu fazendo movimentos loucos com as mãos.

Kaien o olhava com desconfiança, ainda mais por ter cumprimentado de maneira nada delicada Lunna.

— Sim, às vezes os felinos podem enxergar mais do que meros humanos. Isso é uma boa qualidade — Joseph disse, passando por Kaien e indo até a mesa de café da manhã, a analisando e decidindo-se que não provaria nada.

— Bom, espero que se sinta em casa então, Joseph — Kaien falou simpático, estendendo a mão para o homem à sua frente.

Joseph abriu um largo sorriso, e focou seus olhos estranhamente alaranjados nas amêndoas de Kaien. Se aproximou, apoiando a palma da mão direita sobre o ombro do guardião da baixinha. Aproximou os lábios do rosto de Kaien, e o lambeu também na bochecha, porém de maneira mais delicada desta vez.

— Prazer em conhecê-lo, Kaien Cross — disse o Gato.

Kaien arregalou levemente os olhos, se afastando um tanto daquele cara estranho.

— Onde está Alam? Ele tava tão animado em tomar café da manhã, comer os biscoitos da tia Lunna, e acabou não descendo — Mellanie sorriu sem graça, tentando amenizar o ambiente mudando de assunto.

Lunna sorriu, sabendo que o garoto havia gostado de seus biscoitos caseiros.

— Bom Mell, hoje você tem aula, então não se atrase. Vou para o parque do outro lado da cidade daqui a pouco, Jade já deve estar me esperando — Lunna disse se apressando em pegar seu casaco amarelo da cadeira.

Kaien fez uma careta engraçada.

— Jade pra cá, Jade pra lá — ele fez uma voz estranha e abobada — Esse idiota verde pode esperar, e você não tomou seu café direito, Lunna. Trate de sentar e terminar, já.

— Você pensa que é meu pai? Vá se ferrar, cuide da sua vida — ela retrucou passando por ele.

Mellanie sorriu, sussurrando para Joseph ao seu lado:

— Não liga não Gato, eles são sempre assim, todas as manhãs.

Ele sorriu olhando os dois guardiões que ainda discutiam perto da mesa.

— Onde está a Hikkaru, gente? — Mellanie fez os dois pararem de brigar.

— Ela ainda não desceu, mas ontem eu a vi chegar de noite com uma cara estranha e subir correndo pro quarto. Achei suspeito, mas não me atrevi a perguntar nada — Lunna respondeu com receio.

Mellanie suspirou, sabendo que algo sem dúvidas teria acontecido.

— Eu falo com ela quando chegar da escola, — ela murmurou — Agora tenho que falar com o baixinho que ainda não desceu.

— E com a sua pestezinha branca na lavanderia também, Mell, ele já deve ter acordado, mas sabe como aquele grande cabeça dura é — Kaien sorriu.

Ela parou por um segundo.

— Zero está na lavanderia? — como sempre escolhendo lugares nada previsíveis para dormir, pensou.

— Ele estava estranho quando o vi mais cedo, então vá falar com ele, tudo bem? — Kaien disse pela última vez, voltando até a cadeira e vestindo seu casaco de cor bege.

Logo em seguida se despediu e saiu com Lunna pela porta, a levaria para o trabalho e partiria para seus assuntos pessoais na cidade.

Teria que falar com Zero, sem dúvidas, esclarecer as coisas, e certo erro que cometeu para salvar a pele de seus novos “hospedes”.

Talvez ele entendesse ou talvez apenas a ignorasse, ou achasse ela uma grande criança por beijá-lo por um motivo tão pequeno.

Mas ela resolveria tudo.


~~




— Eu estou indo pra escola agora, então quero que você se comporte muito bem, ouviu mocinho? — ela dizia com voz autoritária apenas para irritá-lo, porque sabia como ele era, e que odiava receber ordens.




Sua personalidade era levemente parecida com a de alguém que ela já conhecia. Quem poderia ser?


— E quem é você pra mandar em mim, plebéia? — ele empinou o nariz, desafiando-a — E eu não quero ficar aqui, eu quero ir com você pra esse lugar aí.

— Mas você não vai, você vai ficar aqui bem quietinho e educado, entendeu bem? — ela sorriu entrando no mesmo clima desafiador que o dele.

— Arg, eu juro que se eu fosse um pouco mais alto eu quebraria a sua cara, sua pobretona metida — ele se irritou e subiu na cama, ficando na altura da garota — Viu? Agora já posso acabar com a sua vida.

— Ah é? E um príncipe como você teria coragem de bater em uma garota tão pequena e inofensiva como eu? Hein? — ela cruzou os braços.

Joseph soltou risadinhas.

— Pois só não te tiro a vida agora porque preciso da sua ajuda, e também porque grandes homens não encostam em mulheres — ele falou de uma forma tão bonitinha que Mellanie quase o apertou ali mesmo, mas manteve a postura de durona.

— Pois então se comporte enquanto eu estiver fora, está bem? — ela apertou as bochechas rosadas do garotinho.

— Me larga, me larga! — ele se afastou das mãos da garota, se jogando para trás e caindo na cama.

Ela riu.

— Joseph?

— Sim, senhorita?

— Cuida dele, tá?

O homem sorriu e assentiu com a cabeça.

Ela foi em direção à porta do quarto e a abriu. Virou para trás, focando em Alam.

— Eu já vou indo, fica bem tá meu pequenininho?

Ele fingiu um olhar bravo e autoritário, fechou a cara.

— Pois eu espero que você caia em um buraco no meio da rua e morra, entendeu? Não volte viva, plebéia.

Mellanie sorriu e saiu pela porta.

Estava se apegando cada vez mais àquele pestinha.


**




— Zero — ela bateu de leve na porta da lavanderia — Eu já estou indo.




Ele se levantou da cadeira lá dentro, e se encostou na porta por alguns instantes, apenas ouvindo.


— Se quiser alguma coisa, é só falar — ela insistiu, mas vendo que de nada adiantaria, e que ele não sairia de lá, deu as costas.

Começou a andar, mas com apenas três passos pelo corredor foi ouvido o garrancho da porta sendo aberta devagarzinho.

— Eu vou te levar — ele disse com sua voz grave, e levemente rouca, talvez por ter acabado de acordar.

Ela sorriu largo, andando apressadamente até ele e puxando-lhe o braço.

— Então vamos pegar o seu casaco, hoje parece que vai fazer frio, e não quero um lobo resfriado e de mau humor pra tomar conta.

Ele suspirou enquanto atravessavam o pequeno corredor, e passaram pela copa ao lado da sala, ele recolheu o casaco azul-marinho no pendurador na parede e saíram porta afora.


~~




Não demorou muito para que já estivesse adentrando pelos portões gradeados cor de vinho de Sweet Amoris, após ser entregue por Zero que havia lhe dado mais um de seus avisos matinais; “Tome cuidado, não se meta em nada desnecessário. É para a sua segurança.” E fala sério, ela já estava começando a desconfiar que Kaien o mandava dizer essas palavras encenadas todos os dias, já que o homem mais velho achava que a sua “pequena garotinha” poderia estar em grande perigo longe dos olhos do garoto lobo.




Mas isso não importava tanto agora. Já havia se acostumado com as vigilâncias dos dois “homens da casa”, e do carinho que lhe davam. E, tinha que admitir que gostava, nem que fosse uma pontinha só, de ser protegida por eles. No começo fora algo fora do comum conviver com dois homens estranhos a seu ver, já que sempre vivera e fora criada por sua tia Lunna. Mas estava se acostumando aos poucos, e poderia afirmar com toda a certeza; não conseguiria mais viver sem eles, não conseguiria mais viver sem sua família, porque eles eram a sua família agora, e desejava do fundo do seu coração que nada os separassem.


Mas infelizmente a vida em seu torno é cruel, e ela sabia que estava sendo perseguida, e que nada duraria por muito tempo.


Olhou ao redor, e no pátio principal as pessoas começavam a se dispersar pelos corredores, já que o sinal acabara de tocar. Mas ao longe ela pôde ver uma silhueta conhecida; Sebastian estava lá, olhando através das grades o céu azul e as poucas árvores dançando. O semblante neutro, talvez até um pouco sereno, enquanto segurava seu cigarro entre os dedos e o levava para os lábios, tragando-o dele.



Ela sorriu, e antes que ele a visse ela começou a andar com passos largos para o corredor que destinava a sua sala.


Ao chegar, todos já se aprontavam para a aula de geografia, tiravam os materiais das mochilas enquanto conversam sobre assuntos banais e sem propósito algum.

Ela revirou os olhos e seguiu para a sua mesa, que era entre a de Maryana e Lysandre. E sim, eles estavam lá; Lysandre com a cabecinha longe enquanto escrevia em seu pequeno bloco de notas, e Mary anotando algumas coisas — provavelmente sobre as investigações — em seu caderninho. A baixinha sorria e pigarreou de propósito, oque fez a loira e o garoto de olhos bi colores olharem em sua direção.

(...)


[Imagem Extra do Capítulo - Zero]



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Notas finais do capítulo

Bom, espero que gostem, e me desculpem ter excluído um trilhão de vezes este capítulo, é que parece que o Nyah anda meio malvado ultimamente :c



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