The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 28
Capitulo 16 – O Garoto da Capa Vermelha - P3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, eu sei, podem me matar, só não me abandonem.
Esse mostrou um pouquinho mais sobre quem é realmente o pequeno Alam Henry Kamui, então aproveitem.
E o final ainda tem continuação, hein?
*surpresa*



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Capítulo Dezesseis

O Garoto da Capa Vermelha P3 Última parte: Descobertas "mágicas", e o lobo bate a porta.

Música de abertura

 

"Toc, toc

Não, na verdade soava mais como um

Bang, bang

Oque deu na minha cabeça?

Ele queria arrombar aquela porta,

E o restante das descobertas

Não pude descobrir,

Que sentido tem?"

**

O céu da madrugada ainda recheado por estrelas do lado de fora daquela sacada, que por sinal, as cortinas brancas balançavam com agitação.

E então os olhos verdes se abriram, fitando o teto negro do quarto. Olhos verdes que agora, meio a toda aquela escuridão, parecia se iluminar de uma coloração mais deslocada, apagada, talvez um verde-cinzento.

Olhou para o lado; o pequeno rádio-relógio em cima da escrivaninha soou um pequeno bip, e nele estava estampado 3:30 da madrugada. A garota se xingou mentalmente por ter acordado justamente naquela hora. Mas então, pôde se lembrar de pequenas partes cortadas e confusas do sonho que havia tido segundos antes de despertar; sangue, não, na verdade eram litros de sangue jorrados em um chão exageradamente branco de um lugar onde não fazia idéia de onde era. Estava em sua visão, e só se via sangue e o ângulo de seus pés pálidos pisando no mesmo piso sangrento. Olhou para frente. Um corpo estava estirado lá; com as pernas e braços mutilados, como aquelas carnes recém fatiadas de açougue. Mas não pareceu sentir medo no momento em que estava inconsciente, ainda no sonho, não. Apenas passou as pernas por cima do corpo estirado e então sentou em cima da barriga do mesmo. Ela olhava atentamente aquele corpo desfigurado e repleto de cortes, e então, com as mãos pequenas, virou o rosto do cadáver para cima, podendo vê-lo desta vez. E então, sentiu uma explosão dentro do peito; e por quê? Bom, porque aquele cadáver estirado no chão tinha justamente cabelos vermelhos, tão vermelhos que podiam se misturar com todo aquele sangue. Enquanto olhava aquele rosto com horror estampado em sua expressão, os olhos dele se abriram, e de lá brotaram um cinzento conhecido. Por fim ela acordou, e tudo o que fazia agora era se lembrar, enquanto permanecia deitada sobre a cama, olhando e olhando para o rádio-relógio com Quatro números vermelhos chamativos estampando a hora.

Seus nervos vibraram com a lembrança; Castiel havia aparecido por uma primeira vez em seus sonhos, que não, desta vez não tinham nenhuma relação com o seu passado, mas também não tinham nenhuma relação com o seu presente. Era confuso, medonho, amedrontador... Os cabelos ruivos misturados com o sangue estavam em sua cabeça agora. Os olhos verdes se apertaram, talvez com medo.

“Porque? Ele não tem nada haver com os meus problemas, ele não tem nada haver com oque aconteceu comigo no passado ou com quem que esteja atrás de mim agora. Ele não tem nada haver, então mãe, porque essa pegadinha agora? Não deixe que ele se machuque por minha causa.”,


Tranqüilizou a respiração e lentamente fechou os olhos para tentar voltar a dormir. Mas naquele momento algo pareceu roçar em sua perna. Dedos? Sim, eram dedos. Pés encostavam em suas pernas por baixo dos cobertores. Arregalou os olhos, tornando-os grandes, esbanjando todo aquele verde,


Sentiu mais uma pontada de dedos cutucar sua perna, perto do calcanhar, e então se virou com brusquidão, encontrando-se diretamente com algo, ou alguém, cara a cara com um rosto adulto desconhecido bem ao seu lado na cama. Seus olhos se tornaram maiores, e sim, sua expressão antes pensativa se transformou em pânico.

Se afastou e se sentou na cama tão rápido que se fez tropeçar com os joelhos no lençol, caindo de costas no outro lado, encontrando-se com o chão gelado. Uma pontada lhe atingiu a espinha.

O barulho da queda pareceu estrondoso, e então o cara estranho se levantou do lado da cama onde estava deitado. Agora sentado, pareceu coçar os olhos com os dedos.

Mellanie ainda com os olhos arregalados, rapidamente se arrastou para o canto da parede e enlaçou os braços nos joelhos, talvez para se sentir protegida. E a única coisa que vinha em seus pensamentos era: Quem é ele? Um maníaco, talvez? Um tarado que escalara a sacada pelas grades fixadas nas paredes? Não importa. Eu vou morrer violentada agora, então de que importa?

Mesmo no meio daquela escuridão, ela podia ver claramente a simetria do corpo daquele desconhecido, e sim, afirmou em pensamentos que era de fato um homem. Um homem? Não, talvez um rapaz de no máximo Vinte anos, ou até menos.

Ele parecia confuso e lesado, se levantou com dificuldade e acendeu a luz na parede ao lado da porta. Tudo havia se iluminado agora. E então, os olhos negros se encontraram com os verdes medrosos, e naquele momento um grito forte foi ouvido, oque poderia ter deixado-o surdo, mas a sorte fora que ele não estava próximo o bastante. Mas a sua reação foi em reflexo, e oque ele fez? Gritou. Mas sim, gritou com vontade, acompanhando a baixinha e tornando aquele cômodo em puros gritos de terror da parte da garota, e susto, da parte do rapaz.

Ele deu um passo para trás, e então bateu a cabeça na parede, oque fez bagunçar ainda mais os cabelos negros, que antes, desgrenhados.

Ela cessou a gritaria e o olhou com horror, como se ele fosse um verdadeiro Michael Myers dos filmes de terror. Apertou os dedos nos joelhos, deixando marca de suas unhas lá.

Ele ofegou e pressionou as mãos no peito, informando silenciosamente o susto que ela havia dado nele.

Mellanie correu com os olhos para a cama e confirmou; ele não estava lá.

“Onde está o garoto?”

Sua cabeça se virou para o desconhecido, e seus olhos antes medrosos, pareceram tomar uma nova cor: A cor da raiva.

— Alam, — ela começou baixo — Oque fez com ele?!

A voz da baixinha saiu com pura irritação, ou talvez, como uma ameaça.

Ele arqueou uma sobrancelha, incrédulo.

— Como é que é? — o tom de voz dele saiu com diversão, não, diversão não, talvez havia saído irônico — Oque tá falando sua doente?

O sangue então ferveu dentro da baixinha, e ela se levantou no mesmo instante, mantendo-se em uma postura forte de pé.

Onde havia parado o medo agora?

— Não gosto de repetir oque eu falo, então aproveite meu bom humor, — ela apertava os olhos a cada passo que dava para perto daquele cara, e sua expressão avisava; acho que eu vou matar alguém hoje — Vou perguntar só mais uma vez; Onde está e oque fez com o garoto?

As duas sobrancelhas do rapaz agora estavam levantadas, com talvez, ironia no olhar. Mas não estava achando aquilo nada engraçado. Sua reação era na verdade de confusão.

— Além de pobre é louca, garota?

Sua paciência se esgotou; em menos de segundos a baixinha estava em cima dele, quase o matando de falta de ar, segurando-o com agressividade pelo colarinho do pijama de dormir. Não pera, pijama de dormir? Mas que diabos...

Esqueça. Oque realmente aconteceu naquele meio segundo foi que; ela pulou em cima dele e quase o enforcando o pescoço o prendeu contra a parede de cor negra. Oh, claro, tudo fazia sentido agora.

Não, não fazia sentido algum.

Ele manteve um olho quase fechado enquanto o outro mantinha-se totalmente aberto, a olhando com incompreensão. Não podia afirmar que o medo estava tomando ele naquele momento, mas apenas que ele estava nervoso, extremamente nervoso e confuso com ela.

— Louca? — ela riu com raiva — Você não sabe nada da minha loucura, ou quando eu posso despertá-la.

Ele ainda a olhava.

— Louca e desmemoriada; é tudo em uma pessoa que eu preciso agora pra me ajudar, fala sério... — ele estava debochando dela? Mesmo no estado em que se encontrava?

Sim, ele queria morrer.

Ela apertou ainda mais um pouco o colarinho e ele pareceu desta vez, ficar sem ar.

— Quem é você? Fala agora ou eu...

Os olhos dela pesaram contra os dele, ordenando por uma resposta convincente.

— Plebéia lerda, — ele sorriu sarcástico — Você me deu esse pijama ridículo ontem à noite, colocou ao meu lado na cama enquanto eu fingia dormir como um bebê, não se lembra? Tirou do fundo do seu guarda-roupa, aliás, onde arranjou um pijama masculino tão ridículo?

Ela sentiu uma pontada nas pernas, talvez por estar na ponta dos pés. E sim, aquele marmanjo era muito alto. Tipo, alto pra caramba. Tudo bem, não tão alto assim. Talvez uns 1,74 de altura. Isso já era muito perto da miniatura que ela era.

A garota rapidamente encarou o pijama de ursinhos no corpo do rapaz, e que por sinal, um pouco da barriga dele havia ficado de fora. Será que ele não percebeu que aquele tamanho não era exatamente o seu? Mas espere, havia algo errado ali.

Naquele pijama havia uma manja de chiclete rosa enorme na lateral, e foi aí que ela arregalou os olhos; aquele bendito pijama não era masculino, tampouco infantil. Era apenas um dos seus pijamas favoritos e antigos que usava para dormir nas noites mais frias, e como nunca mudava de tamanho, já o tinha há Cinco anos.

Cautelosamente afrouxou os dedos no colarinho dele, e então levou os pés normalmente no chão. Aquele era o seu pijama, que havia estranhamente emprestado para o garoto na noite anterior, na verdade, havia deixado-o ao lado dele na cama como ele dissera, para que se por acaso sentisse frio, o vestisse, já que ele estava com um manto/capa de coloração vermelha e obviamente pesada. Aquilo não era roupa para criança dormir, deveria ser muito desconfortável.

Ela se afastou poucos centímetros para trás, e então seus olhos pareceram entrar em confusão.

— Onde está o garoto... essa é a última vez que eu...

— Você deve ter mesmo problemas mentais ou algum tipo de retardo da cabeça — ele a cortou, e sim, já estava muito irritado com toda aquela cena — Se ainda não percebeu, eu sou o Alam.

“Pequeno Henry, então...”

Ela colocou as mãos na boca, surpresa.

— Mas você... — sua voz pareceu falhar — Você era uma criança ontem à noite!

— Já disse para não me chamar de criança, tsc. — irritou-se — E acho que você precisa mesmo saber oque está acontecendo aqui, ou melhor dizendo, acontecendo comigo.

Ela ficou em silêncio e o analisou mais uma vez, estava engraçado de se ver; estranhamente, as calças estavam grandes demais, oque fazia a bainha arrastar no chão, deixando seus pés quase invisíveis. E de maneira mais estranha ainda, a parte de cima do conjunto, a camisa, estava pequena demais, as mangas curtas e um pedaço da barriga a mostra. Ela soltou uma risada, até porque aquele pijama era seu, e riu mais uma vez ao imaginar o mesmo pijama no pequeno garotinho da noite passada. Iria ficar tão grande, não é verdade?

— Esse pijama é meu, já tenho à muitos anos, — ela riu com um brilho nos olhos — É azul e de ursinhos porque minha tia fez questão que fosse assim, ela ama ursos de pelúcia e praticamente me obrigou a usar isso, por Cinco anos.

O garoto levou os olhos para o pijama em seu próprio corpo, e então pegou com a ponta do polegar e indicador a lateral manchada.

— Essa mancha rosa deixou ainda mais amável, acredite. — zombou.

Ela riu de novo.

— Eu fiz isso de propósito, grudei chiclete nele dois dias depois, revoltada com a minha tia. Depois disso? Ela me bateu naquele dia, e eu fiquei de castigo. O rosa nunca mais saiu, que pena né? — a ironia era um dos pontos fortes dela, se já puderam perceber.

Naquele momento as cortinas balançaram com tudo, e nenhum riso mais foi pronunciado.

Estranho, ela havia achado, já que vento nenhum passou por ali naquele momento. Encarou um pouco mais a fundo a brecha visível para a sacada, e então pôde ver um gato preto com grandes olhos alaranjados e uma coleira incomum vermelha, isso mesmo, era um Rubi como pingente. Mas o gato sumiu em um segundo, e novamente as cortinas pareceram se irritar.

Para sua surpresa, elas se abriram, e da sacada saiu caminhando com certo tom de graciosidade um homem, sim, desconhecido, mas não deixava de ser estranho por esse motivo. Ele encarou os dois e sorriu. O garoto Henry pareceu irritado ou talvez aliviado com sua presença.

Homem estranho, muito, muito estranho mesmo. Seus cabelos eram na altura do queixo e também negros, uma capa vermelha e por baixo uma camisa preta manga-longa, e no bolso da camisa um símbolo interessante e desconhecido pela garota. Mas espere, seus olhos eram... Alaranjados?

— Sinto muito pela demora, meu pequeno senhor. — o homem fez uma reverência e sorriu para o garotinho, que agora já não era tão garotinho assim. Sua forma era de um homem, tudo bem, não de um homem, homem, homem, mas era a forma de um rapaz já quase adulto.

Mellanie arqueou uma sobrancelha. Aquela cena já estava ultrapassando o cúmulo da esquisitice.

— Você é um irresponsável, sumiu e me deixou perdido nesse lugar... nesse... — o garoto pareceu se perder, então olhou para a garota — Que lugar é esse mesmo, plebéia?

Ela revirou os olhos,

— Planeta terra. América. Estados Unidos. New York. SilentStreets. — ela respondeu com ironia ao máximo.

O homem também levantou uma sobrancelha, confuso.

— Isso aí mesmo, você me deixou perdido aqui de propósito nesse buraco de fim de mundo, Joseph. — o menino se esforçava para tentar dar uma bronca no homem, mas aquilo saía engraçado ao invés de algo amedrontador.

A garota tapeou a testa. Ele era um pequeno bobo.

— Oh, mas enfim, então finalmente pude encontrar a senhorita, não? — o cara estranho foi na direção da garota, pegando a mão da mesma e a beijando delicadamente — Senhorita Yukino, certo?

— Me chama de Mellanie... sabe, esse é meu nome. — que desastre. Sua língua parecia presa depois de um pequeno beijo na mão.

Ele sorriu educadamente.

— Senhorita Mellanie, hm. — agora o homem pareceu perto demais, encostando quase os lábios próximo ao rosto dela, e então voltou a dizer, em seu ouvido; — Temos muito a te esclarecer, muitas coisas confusas e provavelmente estranhas, que você nunca viu nesse pedaço de terra desconhecido por mim. Mas diga-me, como o achou?

O homem indicou com o olhar, e ela pôde saber de quem se tratava.

— Ah, eu encontrei ele perdido uma rua perto daqui. — ela olhou o homem sorridente, confusa — Quem é você? Nunca ouviu falar em porta da frente? Sabe, não é muito legal pular ou invadir a sacada dos outros.

Ele lançou um sorriso maior ainda desta vez para ela.

— Me chamo Joseph, o gato real do príncipe.

— Quê? Tipo, como é que é? — ela perguntou esforçando-se para não rir. Seria deselegante, é.

— Eu sou o segundo guardião do pequeno Alam, tomo conta dele dês de que ele nasceu até hoje. Sou como um escudeiro, que sempre está ao lado dele.

Ela murmurou um humm em bom som,

— Legal isso, você sabe, essa amizade entre vocês dois.

O homem a olhava ainda com um sorriso largo, mas ele se desmanchou como mágica e os olhos levemente puxados e laranjas se tornaram em um olhar louco, psicótico.

— Não, na verdade, esqueça oque eu disse sobre “escudeiro leal” e blá blá blá, — disse de forma mais louca ainda — Eu sou praticamente escravo desse pequeno demônio. Mas a gente se acostuma com o emprego, né?

Mellanie desta vez riu. A mudança de personalidade parecia quase cômica naquele homem esquisito, de nome Joseph.

— Chega de idiotices, Joseph. Vamos direto ao ponto importante. — o menino bufou — Temos que esclarecer as coisas por aqui.

O homem suspirou e fez uma cara emburrada, — e desculpem-me, a narradora dessa história —mas estranhamente fofa, tipo, muito meiga. Ele era um cara alto e atraente, isso a baixinha não podia negar. Oque é? Ela continua tendo hormônios femininos minha gente. E aqueles olhos misteriosos e alaranjados não saiam de destaque; assemelhavam-se a um amanhecer, sabe? Aqueles que tem um sol bem quente e vivo. Tudo bem, chega de parecer uma pervertida.

Joseph retirou um relógio estranho e antigo de dentro do bolso da camisa, aqueles típicos relógios tic-tac pequenos, os relógios de bolso da época retrasada, talvez.

— Senhorita Mellanie, — Joseph chamou-a a atenção após guardar o relógio em seu devido lugar — Preste atenção, irei lhe explicar tudo agora mesmo.

— Sou toda a ouvidos, aliás, como esse garoto irritante que se diz de outro lugar veio parar aqui?

— É isso que ele está tentando começar a explicar, sua lesada. — o garoto revirou os olhos.

— Hm, comece. — ela falou para o homem, que sorriu novamente.

Bipolar? Imagina.

— Realmente, não somos daqui, minha senhorita. Viemos do reino Aster, que em poucos anos será comandado por meu pequeno protegido Alam. O sobrenome de sua mãe ainda prevalece em sua identidade em papel, mas seu pai, um homem perigoso, calculista e preservador, após a morte da mãe de Alam, decidiu retirar o sobrenome. Que eu me lembre, era Eucarystia. Então, retomando a explicação, Alam cresceu, e seu pai chegou a conclusão de que justamente ele, meu pequeno Alam seria o rei responsável pelo reino daqui alguns anos. Ele ainda prevalece como príncipe, assim como seu irmão mais velho, Jeile. — sua expressão pareceu mudar para algo arisco dessa vez — Jeile, irmão de Alam. Ele é um homem bobo e egocêntrico, não suporta perder e mantêm firme sua postura de homem grande e responsável, apesar de ser uma mera criança por dentro. E por esse e outros motivos que cometeu a pior das bobagens que se poderia cometer sobre o próprio irmão: Lançou-lhe um feitiço cruel, tal feitiço que o jogou aqui nesse mundo sujo através de um espelho de sete pontas.

Mellanie parecia presa naquela história louca e típica de livros de conto de fadas.

— Um feitiço sobre o próprio irmão? Que tipo de feitiço? — ela quis saber, curiosa.

Joseph suspirou,

— Esse feitiço faz com que toda vez que o pequeno Alam fique em um ambiente escuro, envelheça Dez anos de idade, assim como ele está agora. Antes Oito, agora com uma aparência de Dezoito anos. O ponto em que o desgraçado do Jeile queria chegar, era que o próprio irmão envelhecesse até que morresse e assim não pudesse ocupar o lugar como rei, e assim a coroa iria para a cabeça dele, não de Alam como proclamado por seu pai.

— Espera aí, ele colocou um feitiço no próprio irmão para que ele envelhecesse todas às vezes que se encontrasse no escuro? E então toda vez que ele ficar no escuro vai envelhecer cada vez mais e assim por diante?

— Sim, senhorita. E é por esse motivo que estamos aqui. Eu joguei Alam em suas mãos de propósito, porque só você pode reverter esse feitiço horrível. Você irá nos ajudar, certo?

— Eu? — ela riu — Eu não posso ajudar em nada. Eu tô achando isso tudo uma loucura e vocês dois uns doentes mentais, então como eu poderia ajudar? Vocês vieram de onde por acaso? De Nárnia? Em vez do armário vocês saem de um espelho de sete pontas? Fala sério.

Joseph suspirou, desanimado.

— Precisamos de você, por favor pequena senhorita. Você tem que nos ajudar. — ele se aproximou e segurou as duas mãos da garota e as beijou como se implorasse.

Ela se soltou,

— E quem disse que eu tenho que ajudar vocês, hein, Gato? — sua voz saiu com ironia ao se lembrar que antes ele era um gato preto de grandes olhos laranjas.

Hum, então porque não adotar este nome para ele? Gato...

— Não me chame de Gato, não pareço nada com um. — o sorriso largo e amável de Joseph havia se transformado em algo assustador e insano desta vez. Não, na verdade ele já era assustador e insano sem nem precisar se esforçar para isso.

— Aliás, nunca vi gatos falarem. Onde aprendeu? — ela zombou mais uma vez.

Ele pareceu se irritar, mas apenas roçou os dedos na testa e voltou a olhá-la como se pedisse ajuda.

— Por favor, pequena senhorita. Me ajude a desfazer esse feitiço e levá-lo de volta para seu reino. O rei deve estar muito irritado comigo nesse momento, não quero perder minha cabeça numa guilhotina. Por favor.

Ela por um momento jurou vê-lo derramar lágrimas. Tudo bem, ela seria caridosa só desta vez. Teria pena dele só desta vez, nada além disso.

— Tudo bem, Gato-san. — se rendeu — Como eu posso ajudar a desfazer esse tal feitiço?

O homem pareceu não se importar com o apelido e então pulou para os braços da baixinha, agarrando-a pela cintura e a levantando do chão. Ela deu três socos em suas costas, oque o fez soltá-la.

— Não é nada muito complicado, senhorita. — começou com seu sorriso largo — Você só tem que...

Mas um barulho pareceu ecoar do lado de fora do quarto. Eram passos? Sim, eram passos!

Ela havia estranhado antes o fato de Zero — com seus ouvidos aguçados — não ter ouvido a confusão e as gritarias no quarto dela. Muito estranho, na verdade.

Os passos pareciam pesar em seus ouvidos cada vez mais, e então entrou em estado de alerta: Se o rapaz entrasse naquele quarto e visse dois homens adultos sozinhos com ela, ele logicamente ia achar que eles quisessem fazer mal a ela. E no que isso resultaria? Em sangue e tripas espalhadas. Ela não fazia idéia do que aquela pistola de Zero era capaz, mas não queria descobrir por enquanto.

Ela ficou agitada em um instante, e com um pulo agarrou os dois pelo braço, levando-os para perto da cama.

— Ei, devagar aí plebéia! — o garoto Alam agitou-se tentando se soltar.

— Vocês tem que se esconder agora, ele não pode ver vocês, se isso acontecer algo muito sinistro vai rolar nesse quarto, ou melhor, dois assassinatos e duas cabeças vão rolar. — a voz dela parecia quase desesperada.

Tsc, isso é impossível. Ninguém poderia quebrar o meu feitiço e escutar oque se passa dentro desse quarto. — Joseph desafiou dando de ombros.

— Como assim, Gato? — ela perguntou com um ponto de interrogação bem em cima da sua cabeça. Bom, na verdade não tinha nenhum ponto de interrogação, mas se esforcem para imaginar isso.

Ele suspirou.

— Quando eu percebi que você ia acordar, eu simplesmente joguei um dos meus melhores feitiços nesse quarto. Ele impede que qualquer som saia daqui, então ninguém pode nos ouvir. — ele parecia orgulhoso.

— Ah sim, aquele seu feitiço que eu adotei como paredes de aço? — Alam disse largando de lado sua expressão entediada e irritadiça. Parecia até divertido.

— Na verdade eu gosto de chamá-la de caixa silenciosa, pois ninguém pode nos ouvir do lado de fora, mas chame do que quiser meu senhor. — Joseph se esforçou para não xingar Alam.

Mellanie revirou os olhos,

— Meus dois guardiões ou minha amiga podem até não ter escutado o alvoroço aqui dentro, mas Zero é completamente diferente. Ele pode cheirar além de nós e provavelmente ouvir também.

Joseph pareceu resmungar algo bem baixinho, e então em poucos instantes bem na frente de seus olhos ele tomou uma forma diferente; a de um gato preto, outra vez.

Os olhos grandes, puxados e laranjas olhavam Mellanie do chão.

— Não caberia nós dois juntos embaixo da cama, então achei mais inteligente adotar minha forma felina. — Joseph disse e pareceu sorrir,

Espera aí, gatos por acaso podem sorrir?

Mellanie empurrou então Alam para o chão, e de lá ela o empurrou para debaixo da cama. Joseph a olhou e os bigodes felinos se mexeram,

— Qualquer coisa pode me chamar, eu jogo um feitiço de esquecimento nesse cachorro em um instante.

Ela sorriu, não suportou.

— Cachorro? Não é um cachorro, na verdade...

— Gatos também tem um maravilhoso olfato, senhorita, e eu sinto cheiro de cachorro no ar, contando, um cheiro um pouco mais agradável. — ele disse como se quisesse parecer sábio.

— Porque não um Lobo? Cairia melhor que um cachorro, eu acho. — ela retrucou.

E da porta batucadas violentas foram ouvidas. Joseph com sua forma de Gato, graciosamente se escondeu para debaixo da cama, junto a Alam “em sua forma crescida”.

As batucadas pareciam querer arrombar a porta, e então ela rodou a chave, finalmente a abrindo.

E lá encontrou o rapaz de cabelos esbranquiçados e desgrenhados, os olhos de cor violeta pareciam mais agressivos que o habitual; a encaravam com uma desconfiança que quase a fez entregar o jogo todo.

Ela sentiu a garganta secar e o mal jeito atingir seu corpo; ele estava apenas com mais uma de suas calças jeans largas e desbotadas, na verdade usava-as para dormir. Camisa? Que camisa? Ele não usava nenhuma naquela madrugada.

Mas estava fazendo frio, não é?

— Quem está aqui com você, Mell? — sua voz saiu de tom tão forte que ela sentiu medo.

Mentir? Claro, só se quisesse ter a cabeça arrancada por caninos afiados.

Ela passou a mão na nuca. Precisava de uma resposta... Qual?

— Zero, — travou em seu nome. Maldita vergonha. Ainda não havia aprendido a conviver com aquele cara. Ele era agressivo, complicado, misterioso e tudo mais que você possa imaginar de abstrato em uma pessoa. Sabe aqueles cubos mágicos? Então, ela já havia tentado resolver aquilo, e Zero era semelhante à eles; quanto mais você tenta resolvê-lo, mais você se embola. E talvez, só haja uma saída para desvendá-lo. Mas, qual era a saída?

— Sabe que não pode mentir pra mim, não é? — ele se aproximou com os olhos quentes e violentos — Você não pode me enganar, porque eu sinto o cheiro da sua mentira.

Ótimo, estava ferrada.

Na mosca tio Joseph; olfato de cachorro. É isso, ele tem belos sentidos de um cachorro. Quem teria o olfato tão bom quanto um cão? Sim, claro, um lobo. Mas veja bem; essa é só a minha opinião.

— Não tem ninguém aqui comigo. Porque teria? — ela fincou uma expressão séria em seu rosto. Não poderia dar brechas, não poderia deixá-lo a decifrar.

Mas ela acabaria estragando tudo, como sempre. Ele era muito bom no que fazia.

— Sabe oque eu descobri sobre você, Mell? — ele sorriu meio torto.

— Oque?

— Que você é uma péssima mentirosa.

Seus nervos se contorceram naquele momento; então ela apertou os olhos deixando uma brecha enorme escapulir de sua expressão séria.

Era o fim.

— Não estou mentindo, Zero. Não há ninguém aqui. — ela insistiu, mas o nervosismo era maior.

Ele sorriu. Ela conhecia aquele sorriso. Era um dos seus muitos sorrisos, mas apenas aquele a metia medo; o sorriso perverso, perigoso. O mesmo que ele tinha estampado no rosto quando se conheceram, quando ele a salvou de um pervertido marginal naquela tarde, antes de quase estourar os miolos. Aquele sorriso podia tirar tudo dela, até os dois debaixo da cama.

— Prefere então que eu te faça me contar ao meu modo? — ele estava assustador agora, e um pouco próximo demais também.

Ela analisou em sua cintura e a pistola estava escondida Lá. Merda!

Lembrou-se do livro estrangeiro que havia acabado de ler à dois dias. Sua memória estava fraca mas podia se lembrar de um dos trechos dele; Para acalmar, para solucionar ou simplesmente apagar os sentidos, apenas beije-o. Beije-o para solucionar e fincar as amarguras no fundo do poço, beije-o para acalmar a noite e esclarecer para as estrelas. Beijar é o método mais eficaz para se apagar completamente os sentidos de qualquer um por alguns minutos. E em lua cheia, acalmará as primaveras e desmanchará os rastros (...)

Seu estômago deu três voltas inteiras deixando seus cílios reprimidos. Esse era o único jeito de salvar os dois naquele quarto do cão de guarda? Era o único jeito de “apagar” o olfato dele? E se não funcionasse? E se ele os encontrasse e os mutilasse com balas daquela pistola?

Estaria ferrada de qualquer modo; mesmo se não tentasse, ou mesmo se arriscasse.

A curiosidade de saber por que aquele tal de Joseph tinha duas formas de corpos ou porque aquele moleque havia entrado em um feitiço louco a fez tomar coragem.

Coragem era o suficiente?

Carregou ar para os pulmões e fitou bem no fundo daqueles olhos púrpura tão selvagens. Mas, porque selvagens? Havia uma fera dentro dele, hora essa. Mas na verdade a baixinha não sabia distinguir aquela fera selvagem de um demônio.

Lobos sabem morder... arrancar a carne... sabem caçar... sabem matar.

Os pensamentos voaram, e seus olhos sorriram com coragem.


E então suas pernas pareceram tomar impulso por conta própria; os olhos se encontraram e ela enlaçou com agressividade os cabelos cinzentos entre os dedos alvos; logo, os lábios se selaram (...)



Continua.



**


Música de Encerramento - Mellanie tema

[Imagem Extra do Capitulo ~ Alam Henry ~ Forma Adulta, 18 anos]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Joseph]

[Imagem Extra do Capítulo ~ Joseph e Alam ~ FILLER ESPECIAL]


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Notas finais do capítulo

Até a próxima, e quero comentários, viu? Desculpem-me pelo meu vocabulário doido, u.u