The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 25
Capitulo 15 – Último Pedacinho de Aula.


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo meus pequenos botões de açúcar. Perdão pela demora.

Muuuuuuuuuito obrigada pela maravilhosa recomendação, Rapha M. Amei de verdade.

Espero que gostem deste capítulo, e anunciando que o próximo entrará na categoria Meru Puri, então preparem-se para uma mudança bem legal.

Sem mais delongas, vamos ao capítulo.

*VEJAM AS MÚSICAS E IMAGENS ESPECIAIS*



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Capítulo Quinze,

Último Pedacinho de Aula.

Música de abertura

“Nossos corações estão abertos agora,

As respirações ofegantes,

Mas ao mesmo tempo juntinho da felicidade.

Os dedos gélidos, apertados e seguros na caneta azul,

Os olhos expressivos e um sorriso imaginativo, voador, viajante...

A mente aberta ao mesmo tempo em que as poesias voam pela mente,

Mas o coração nunca conseguirá vivenciar aquelas doces palavras gravadas no papel,

Porque você não está comigo agora?

Oh, você prometeu pertencer à mim, ao meu lado,

Mas por apenas um segundo, nenhum à mais, colocarei meus sentimentos aqui, na ponta da caneta, mandarei minha alma para o papel por apenas trinta minutos,

A sala está silenciosa, as respirações estão lentas e as expressões atentas, distraídas,

Me dê forças nesse momento,

Ajude-me nos meus sentimentos...

Neste pequeno mundo de folhas e poesias no papel...

~~

09h48min AM — Sweet Amoris. Sala do Orientador.


A cortina de coloração levemente avermelhada balançava agitadamente por conta do vento frio daquela manhã, e, ao mesmo tempo os cabelos negros se movimentavam quase imperceptíveis. As unhas arranhavam a borda de sua mesa enquanto os pés perfeitamente calçados por um salto alto preto encontravam-se em cima daquela mesma mesa, que agora a pertencia. Era ótimo ter um espaço que fosse somente seu naquela escola, qual ela julgava hospício, um lugar de loucos.



Suspirou.


E naquele mesmo momento, ao retirar os pés de cima da mesa, seus olhos se direcionaram exatamente para a porta da sala, como se colocasse uma expectativa ali, como se só aquela porta existisse no mundo inteiro. Seus olhos se apertaram e um sorriso demoníaco se formou nos lábios vermelhos.

A porta havia se aberto, e de lá surgiu um homem devidamente trajado de forma estranha. Uma capa longa e pesada de coloração esverdeada. Mas não poderia se esquecer de um detalhe importante naquela roupa estranha e misteriosa; um capuz que cobria praticamente o rosto inteiro, e as únicas partes visíveis daquele eram sua boca e as pouquíssimas mechas loiras quase em um firme tom de castanho.


Ela se levantou da cadeira, ficando em pé por trás da mesa.



O estranho homem apertou os lábios e quase que imediatamente levou as mãos ao tecido do capuz, jogando-o para trás das costas. Havia revelado seu rosto, finalmente.


— Estou de volta, — ele começou com a voz firme e levemente rouca — Salvatore.

Ela sorriu balançando a cabeça negativamente, mas com uma expressão de divertimento.

— Não posso dizer que é uma visita agradável, mas, oque faz aqui... — ela pausou ao olhar profundamente nos olhos caramelados — Akatsuki Kain?

O nome dele havia saído de sua boca como se ela quisesse realmente provocar, havia saído de forma sarcástica.

— Você já deve saber. Eu estou aqui para seguir seus passos, e ao final comunicar para o mestre. — o tom de sua voz saía com desprezo.

Ela continuava a sorrir divertidamente.

— E eu imagino que você queira morrer, não é? — continuou como em uma ameaça — Você continua tão tolo, meu pequeno Número Um. — ela agora se aproximava dele com os olhos perigosos — Você se lembra desse Codinome? Oh, claro que se lembra. Era nosso segredinho, lembra? Era um dia antes do meu aniversário, estávamos no jardim atrás daquela maldita casa, e então nós juramos “amizade eterna” — ela riu ao mesmo tempo em que zombava da última palavra dita como se fosse algo realmente engraçado — Éramos tão pequenos e idiotas que hoje ao me lembrar me dá náuseas. Mas agora, veja só o nosso caminho como se formou. Você aqui, atrás de mim para me prejudicar, para estragar meus planos, para me matar.

Ele acompanhava cada gesto naquele rosto “angelical” e oque exatamente passava pela sua cabeça era; como sua melhor amiga e a pequena protegida do Kuran havia se tornado em algo tão sórdido e cruel. Ela se sustentava em uma máscara impenetrável agora, uma máscara que se baseava em uma mulher boa e sincera. Em que mundo iriam parar?

— Tínhamos feito um juramento Meredy. Havíamos prometido amizade para uma vida toda e, criado um apelido para cada um, para nós. — ele dizia sentindo seu coração balançar em nostalgia — Então... Por quê? Porque você nos traiu dessa forma? Por que... Fez algo tão ruim consigo mesma?

Ela sorriu mais uma vez maliciosamente ao finalmente parar bem na frente dele. Os olhos verdes pareciam afundados em completo vazio naquele momento, pareciam... mortos.

— Por quê? — ela riu em deboche — Não venha fingir que se importa com o tipo de pessoal ao qual eu me transformei, meu querido Número Um. As coisas mudam, as pessoas mudam e se tornam cruéis, vazias. Eu sou assim pelo que passei, pelo que senti por todos esses anos. Mas não importa. As pessoas nunca iriam entender. As pessoas me enojam, me deixam a ponto de vomitar. E é por isso que elas têm que morrer, meu caro. Humanos não foram feitos para dividir esse mundo conosco. Nós não podemos dividir nada com eles. — ela concluiu em voz agitada ao mesmo tempo em que os olhos por um momento pareciam expressar algo novo, algo a mais.

Vestígios de lágrimas se formaram na borda dos olhos verdes da mulher. Mas não o fez. Não chorou, simplesmente segurou e engoliu tudo para dentro, para o poço de crueldade que dentro dela existia.

O homem olhou para ela incrédulo.

— Você se tornou um monstro.

— Chega desse papinho irritante. — ela revirou os olhos ao se aproximar da janela daquela sala. Arrastou as cortinas para o lado e apoiou os braços no parapeito. Olhou para longe... para o céu, para o gramado recheado por flores e pelo verde impecável. Mas de certa forma aquilo a enfurecia bem no fundo, por que... ela não era como toda aquela paisagem... ela não era impecável... ela era algo vazio agora. Ela era a escuridão.

— O que me dá raiva não é o que você fez de errado, as crueldades, seus muitos defeitos, nem você ter me deixado. O que me dá raiva são as flores e os dias de sol, porque quando eu olho pra tudo isso eu não vejo você lá, do meu lado, do nosso lado como antigamente. Se algo te perturba, por favor, me diga agora. Por mais que eu queira te odiar, não tenho forças, e às vezes penso ser um idiota, mas na verdade não é nada disso. A verdade é que... você faz falta.

Ela estava de costas para ele, olhando para tudo e ao mesmo tempo para nada que se encontrava além daquela janela. E então, os olhos verdes se apertaram e junto à eles as lágrimas se estreitaram finalmente jorrando pelo rosto pálido. Apertou os dedos com força no parapeito, sentindo a raiva e a agonia de um passado alegre. Sentia que tudo poderia dar certo se corresse para os braços daquele homem, de seu amigo de infância. Sentia que se fosse para seus braços, ele a levaria para casa em paz, para onde ela nunca deveria ter saído.

Mas não. Aquilo era uma ilusão, mais uma vez, uma ilusão dolorosa. Não haveria felicidade se ela corresse com ele para casa, porque na verdade a realidade perturbaria seu coração mais uma vez. Ela a perturbaria mais uma vez. E a dor voltaria, porque na verdade ela não queria dividir o homem que desejava com outra.

Não poderia abandonar o puro sabor doce do sangue que poderia provar a qualquer hora que quisesse, mesmo que fosse proibido. Não poderia abandonar sua vingança. Não poderia abandonar o triunfo próximo de matar aquela que tanto desejava e que estava tão perto agora... Não poderia abandonar seu escravo terrivelmente charmoso e provocante... Mas... também... não poderia abandonar o seu melhor amigo. Ela o amava, afinal?


“Não. Eu não o amo. Ele atrapalharia meus desejos, então, ele tem que ir embora, e se não for... eu poderei fazer uma loucura...”




Deixou os dedos mais leves no parapeito ao mesmo tempo em que apertou os olhos com fúria, espantando as lágrimas e retomando com a face fria como de habitual. Virou-se de uma vez só, fitando o homem não tão distante, bem na frente daquela porta de madeira que levava para o corredor longo e abandonado.

Nada estragaria seus planos agora. Nem mesmo... ele.

— Se eu fosse você iria embora agora. Porque não desiste desse plano idiota de me salvar? Me esqueça e nada lhe acontecerá. — ela ameaçou com a voz fraca por conta do rápido choro de segundos atrás.

Ele bufou ao revirar os olhos, e então correu com uma agilidade surpreendente — velocidade da luz, wow — parando exatamente na frente da mulher, agarrando com força os braços alvos. A pressionava agora contra a parede, olhava em seus olhos com precisão, como se desejasse arrancar dela algo à mais.

— Acho que vou ser obrigada a matar você, então... — ela ameaçou com os olhos um tanto arregalados e surpresos pelo ato dele, mas ao mesmo tempo tentava ao máximo se segurar em sua postura fria e impenetrável.

Ele sorriu maroto ao canto dos lábios ao mesmo tempo em que agora aproximava o rosto do dela.

Não tinha para onde correr. Ela estava pressionada naquela maldita parede, afinal.

— Então, acho que essa seria uma boa hora para tentar me matar... — ele sussurrou em seu ouvido antes que continuasse — Número Dois...

Ela se arrepiou e em seguida fitou bem no fundo dos olhos caramelados.

Akatsuki fechou o sorriso e então terminou de se aproximar. Era o fim da linha.

Encostou finalmente os lábios nos dela, qual pareciam tão frios quanto às noites de Primavera, quais saia para caçar.

Tornaram-se um só naquele beijo, e, mesmo que não fosse doce, era somente dele. Era o momento que ele não deixaria passar.

Mesmo que fosse amargo... recheado por escuridão...


~~




Estava a ponto de bater o sinal para a tão esperada última aula.

Mellanie andava sem rumo e apressada por aquele corredor absolutamente vazio — ou quase — para achar sua caneta que havia perdido mais cedo com a correria. E ao olhar para o lado, bem no chão daquele mesmo corredor se encontrava Lysandre, sentado com um pequeno bloco de notas nas mãos. Estava escrevendo algo, e os olhos bicolores estavam bem distraídos.

Ela sorriu e se agachou ao lado dele,

— Lysandre, — o chamou quase em um sussurro — Oque faz aqui?

Ele pareceu sair do transe naquele momento em que a calma voz feminina alcançou seus ouvidos. E então ele a olhou com curiosidade.

Oh, é você. — gentilmente sorriu — Nada demais, pequena senhorita, apenas oque sempre faço de costume.

Ela continuou a retribuir o sorriso, enquanto tentava ver oque ele tanto fazia naquele bloco de notas.

— A última aula vai começar daqui a pouco... — ela continuava a fitá-lo, mas de certa forma percebeu que algo estava diferente em sua expressão. Algo triste, misterioso.

Ele suspirou.

— Não irei nesta última aula de hoje.

A garota baixinha ficou surpresa.

— Mas Lysandre... Literatura sempre foi sua matéria preferida... Foi você quem me disse, lembra? — tentou convencê-lo.

Ele parecia não querer olhá-la.

— Não estou com cabeça, sinto muito.

Ela soltou ar pela boca em desânimo.

Talvez fosse melhor desistir, afinal, era uma missão realmente impossível tentar “arrancar” alguma informação do vitoriano misterioso. Realmente... impossível.

— Mary me contou que você tem certas... dificuldades. — ela disse sem jeito — Não quer dividir?

Ele sorriu sem humor.

— Às vezes sinto vontade de correr e contar tudo que desejo para aquela pessoa, não sei se você pode me entender, mas não tenho corações suficientes para guardar tudo o que realmente sinto.

— E porque você não diz oque sente pra essa pessoa? Porque não corre e vai até ela agora?

— Algumas coisas ficam melhores no papel.

Ele voltou completamente a atenção para o bloco de notas com um sorriso nostálgico, e de repente o fechou, se levantando do chão e levando as mãos para o bolso direito da calça, tirando de lá uma caneta. Uma caneta muito conhecida pela baixinha...

— Creio que isto seja seu. — ele estendeu o braço, entregando a caneta para ela.

— Obrigada, Lysandre. — agradeceu ao também se levantar.

E naquele momento o sinal tocou, anunciando que a tão esperada última aula daria início.

— Bom, parece que é hora de nos separarmos agora... — ele disse — Até amanhã, senhorita...

Algo estava apagado nele. Algo triste. Agora ela tinha certeza quando ele pronunciou as últimas palavras e deu as costas.

“...Você...”

Ela sorriu ao canto dos lábios rosados e, com apenas um salto pulou para as costas dele, alcançando os braços fortes e abraçando-o por trás.

Lysandre arregalou os olhos, confuso. Aquela sensação estranha quando o coração se aperta e você se sente arrepiado. Era exatamente isso.

— Faça aquilo que estiver no seu coração... siga como você achar melhor e, procure aquela pessoa... diga tudo o que sente e... quem sabe... ela retribua tais sentimentos... não é? — a baixinha sussurrava ao mesmo momento em que se alongava na ponta dos pés — Não negue para si mesmo... procure, corra e por fim... deixe que suas poesias e letras saiam do papel... e faça-as se tornar... realidade...

Quando finalmente deu um ponto final em suas palavras, tornou os pés planos novamente no chão, encarando as costas e cabelos esbranquiçados do rapaz — e a diferença de altura — ao mesmo tempo em que sorria.

Ele faria a coisa certa, agora.


~~




A sala de aula estava agitada naquele momento, entre o indas e vindas dos alunos de dentro para fora da sala. O vento acariciava seu rosto com delicadeza. Ela se curvou então, ao sentir as cutucadas dos dedos finulos da loira a sua frente, talvez na tentativa de livrar a baixinha de pensamentos viajantes.

— Ei, eu fiquei te chamando por um tempão. Você fica tão estranha quando se deixa levar pra longe... — Mary começou com um sorriso e, a garota baixinha riu — Lysandre ainda não chegou...

A loira pareceu procurar o vitoriano com os olhos pela sala. Mellanie suspirou, negativando com a cabeça.

— Ele não vai vir pra aula hoje.

— Porque não? Aconteceu... alguma coisa? — ela pareceu preocupada.

— A gente conversou no corredor a alguns minutos. Não se preocupe Mary-chan, ele precisa esfriar a cabeça e fazer oque é certo, e no momento uma aula com uma professora novata não seria nada bom para ele. — ela sorriu ao segurar o lápis — E também, perder uma aula só não é tão ruim assim.

Mary continuou com um pé atrás em desconfiança, contudo, pareceu mais calma.

A garota olhou para trás disfarçadamente.

O demônio estava lá, sentado na cadeira e com os pés para cima da mesa, enquanto parecia ouvir tranquilamente sua música com os fones de ouvido.

Ela sorriu,

— Tem algo gravemente errado... — se ouviu novamente a voz de Maryana.

Mellanie virou com velocidade para frente,

— Oque?

— Com ele. — apontou com o queixo em direção a mesma carteira qual a baixinha havia olhado a poucos segundos — Não está certo. Ele anda bonzinho demais ultimamente.

Mellanie sorriu,

— E isso é ruim?

— Talvez... — suspirou — Nunca se sabe quando a fera acordará de seu sono.

Os olhos verdes pareceram vidrados e confusos, mas foram despertados com o rangido da porta. Estava sendo aberta. E, pela sensei novata.

Seu nome? Lynda Stewart.

Os olhos se encontraram naquele momento. Ambos intensamente verdes e petrificados. Algo estava errado, extremamente fora de órbita naquela mulher. Um sorriso gentil acompanhado por olhos famintos, gélidos.

Algo nela... arrepiava todos os pelos da garota.

— Bom dia alunos. — ela disse gentil, esboçando um grande sorriso — Hoje passarei para vocês uma atividade especial. Espero que agrade a todos.

Ela se virou de costas e tomou nos dedos o giz. Começou a escrever no quadro negro.

— Estou muito curiosa para saber que atividade é essa. — a loira riu baixinho em deboche.

E então Lynda se virou novamente com um mesmo sorriso gentil,

Todos prestaram atenção no quadro negro desta vez, com os olhos preenchidos por curiosidade.


“Atividade de Hoje:



Vocês irão escolher poemas de escritores famosos ou desconhecidos. E em seguida, como atividade para casa, irão trazer para a próxima aula os seus próprios poemas, com suas próprias letras e autorias.”


Aquelas palavras gravadas por giz no quadro negro a fizeram sorrir docemente, como uma criança extremamente contente após receber um doce. Sim, iria escolher uma bela poesia e em seguida escrever uma. Tão... simples...?

Maryana bufou olhava a professora direcionar os olhos verdes para o fundo da sala.

— Por gentileza, retire os fones dos ouvidos e preste atenção em mim... — a voz da professora novata era de bronca, mas de certa forma o ar doce não saia de seu tom. Ela olhou na palta de chamada e continuou — ... Castiel.

Os cabelos ruivos se agitaram e o rosto se ergueu da mochila onde antes se escondia. Os olhos cinzentos a olharam como se transmitissem perigo. Vou assassinar você, Estas eram as palavras que saiam dos olhos de Castiel, o mesmo com o rosto amassado pelo cochilo.

— Oque é que é? — ele disse ríspido.

Maryana soltou risadinhas, enquanto Mellanie o olhava com desaprovação.

— Venha até aqui e distribua os livros de poesia para toda a sala. — ela sorriu provocativa, como se quisesse realmente forçá-lo a fazer tal coisa.

Ele revirou os olhos e se levantou jogando brutalmente o celular e os fones em cima da mesa.


Não demorou muito e todos os livros de poesia foram entregues para a sala. Os títulos aleatórios, poesias de diferentes temas e assuntos.



A garota olhou disfarçadamente para todos e para a professora, e então deixou o livro de lado por um momento. Não pegaria qualquer poesia que fosse daquele livro, não, até porque a categoria do mesmo não lhe interessava nem um pouco.


Sorriu e tomou a caneta em mãos. Iria tirar de suas memórias uma de suas preferidas.


A aula estava quase no fim, faltando apenas Dez minutos para soar o sinal para a saída. Todos estavam misteriosamente quietos enquanto escreviam concentrados, porém nem todos. Uns entediados, outros quebravam a cabeça.



Ela virou os olhos para trás junto ao rosto, já sabendo que aquela pessoa problemática não estaria fazendo absolutamente nada. Mas se assustou ao ver que estava errada, muito errada.


Castiel estava escrevendo, sim, escrevendo. O cinzento dos olhos concentrados e... puros, levados para longe, como as pétalas das flores nas primaveras em sua antiga cidade. Algo estava estranho nele. Estranho? Talvez ameno, algo... bom.

Lynda tocou a ponta na unha em seu relógio de pulso e então sorriu, limpando a garganta ao se levantar, chamando a atenção de todos.

— Tempo esgotado. — ela avisou — Muito bem, agora irei escolher uma pessoa para que possa se levantar e ler seu poema. Ao final por favor citar a autoria.

Merda, ela não pode me escolher. — sussurrou Mary.

A professora passou os olhos por todas as carteiras, e parou ao olhar para quem finalmente havia escolhido.

— Você. — disse — Senhorita Yukino, por favor.

Mellanie olhou para todos que a encaravam com peso. Ela sentiu sua face corar.

“Vamos lá...”

A baixinha se levantou, levando junto os olhares da turma. Puxou ar para os pulmões e então finalmente começou,

— Tomara que os olhos de inverno das circunstâncias mais doídas não sejam capazes de encobrir por muito tempo os nossos olhos de sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer, ínfima, tímida, para ver também um bocadinho de céu. Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem de sentir confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor. Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a idéia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz. Tomara. — ela ficou em silencio por alguns segundos, e então voltou a falar — De Ana Jácomo.

Todos então começaram a aplaudir, com direto a assovios e elogios. Realmente, fora um ótimo poema.

A garota se sentou, fitando em seguida o fundo da sala, e seus olhos visualizaram o ruivo com os braços tipicamente cruzados na frente da barriga. Os olhos a olhavam também, com ardência e, diziam algo que ela não sabia identificar, era como um código misterioso, tal ninguém seria capacitado a decifrar. Um sorriso pequeno se formou nos lábios do ruivo perturbado. Oque era aquela sensação de inquietação? Ela havia sentido ali, algo perturbador subir por todo seu corpo. Virou o rosto violentamente para frente, topando com a professora e seu “belo” e misterioso sorriso nos lábios vermelhos.

— Muito bem Mellanie, um ótimo poema com palavras maravilhosas. Conseguiu me prender. — elogiou a sensei.


O sinal finalmente soou, anunciando então, o término das aulas.



Todos começaram a se levantar quase ao mesmo tempo, jogando a mochila sobre os ombros e saindo pela porta. Mary deu um pequeno tapinha nos ombros da baixinha e também saiu apressada pela porta.


Lynda, ou porque não dizer Meredy, olhou ao canto dos olhos para a garota que arrumava os cadernos dentro da mochila. Os olhos verde água a olhavam com frieza, com maldade. A vontade era de, realmente, apunhalá-la com uma faca por trás, nas costas, naquele momento. Sua vontade era de matá-la e se deliciar enquanto a mutilava com calma. Mas afinal de contas, era questão de tempo agora, para que se concretizasse seus desejos.

Sorriu perigosamente ao canto dos lábios e saiu também.


Mellanie ajeitou uma mecha por trás da orelha e finalmente fechou o zíper da mochila. E naquele momento sentiu algo roçar em seu ombro. Se arrepiou.



— Seja uma boa garota ao voltar pra casa, — o ruivo disse sensualmente, mandando uma piscadela.


E em seguida ele abriu a mão da garota, colocando lá um pequeno pedaço de papel dobrado e também saiu.

Ela suspirou e começou a desdobrar o papel que ele havia dado,

E lá estava escrito, para a surpresa dela;

“Hum, até que você conseguiu ser interessante hoje. De qualquer forma, não sei como um projeto de ser humano consegue guardar na cabeça um poema desse tamanho... Ah, e só pra não perder o hábito, você ainda é uma baixinha irritante.”

Ela revirou os olhos com um sorriso, guardando o papel dentro do bolso da calça. Saiu finalmente da sala.


**




— Então já estão aqui? — ela sorriu ao se aproximar dos dois.

Hikkaru e Zero estavam emburrados e com os cabelos desgrenhados. As expressões cômicas.

— Que bom que você apareceu, Mell-chan! — Hikka praticamente pulou em cima da baixinha,

— Oque aconteceu... com vocês? — Mellanie se esforçou para não rir loucamente naquele momento, ao fitar o cabelo da azulada todo bagunçado e com as bochechas levemente arranhadas. Ah, e claro, ele também não escapava da atenção. Os cabelos esbranquiçados completamente desgrenhados e os braços também arranhados, por unhas certamente maiores. Os olhos púrpura estavam em chamas.

— Por favor, nunca mais me deixe sozinho com esse projeto de Elfo. — ele resmungou.

Mellanie riu,

— Cala a boca seu vira-lata, porque eu sou a vítima aqui. — Hikkaru protestou agitada.

— Ei, Ei, se acalmem crianças e me falem oque ouve. — Mellanie não conseguia parar de rir.

— Ele queria se livrar de mim no caminho. Fez com que eu caísse e rolasse morro abaixo, olha o meu estado. — ela apontou para as próprias roupas sujas de terra — Não deixei barato, arranhei a cara dele. Hump.

— Cuidar de crianças é problemático — ele suspirou ao arrumar o cabelo e ajeitar o casaco no corpo — Vamos embora, quero botar veneno na comida dessa... coisa.

Hikka-chan bufou, virando o rosto para o outro lado com birra.

Mellanie olhou para ambos e os agarrou pelo braço, ficando no meio e os puxando. Começaram a andar de volta para casa.

— Vocês são tão amáveis! — a baixinha apertou os olhos em um sorriso.

Os dois bufaram.


Com toda a certeza, aquela manhã havia sido bastante longa, contudo, muito boa.



Nada poderia tirar o sorriso do rosto dela agora, mas ela tinha a certeza dentro de seu coração de que, a felicidade iria se esgotar.


A sensação de medo e perigo não saia de sua mente...

Sentiu o frio da morte tocar m seu pescoço...

Aquela sensação...

Medo.


**




Flores,

Aquelas que dançam com o vento,

Aquelas que lhe alegram,

Aquelas puras que se deixam levar as pétalas

Flores que choram,

Por você,

Por sua tristeza,

Por um conforto

Um segundo,

Não é muito,

Pra que eu possa correr e lhe abraçar,

Olhos famintos,

Por amor,

Por sangue,

Por apenas um segundo de seu abraço

Agora não é o bastante para se reerguer do chão,

Corre aqui,

Me dá aquele aperto,

Mas não deixe ele me matar,

Vamos correr para casa agora,

Antes que os sentimentos ruins me matem,

Antes que o vento me sufoque por lembranças,

Vamos agora...

Flores,

Aquelas que me levam para longe,

Pra o céu,

Para casa.

Último Pedacinho de Aula.

**

[Música de Encerramento - For You]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Castiel]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Akatsuki Kain]

Fim do Capítulo 15.


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Notas finais do capítulo

Comentem, isso me deixa feliz, só pra avisar.