Quinn umedeceu seus lábios, olhou para a janela enquadrando uma paisagem envelhecida de fim de tarde e em seguida para as unhas roídas. Conteve um sorriso. Quanto mais ela queria, mais seu último fio de consciência rejeitava. Jogou a franja para o lado e deu outra olhadela, sustentada, desta vez. Segurou o hálito por uma fração de segundo e os sorrisos se abriram.

Droga.

O rapaz se aproximou como quem quer nada e ela deslizou para o canto da parede.

- Devo perguntar como está hoje?

Ela franziu a testa: - Sabe... – Passou a mão gentilmente no tecido da camisa de Finn (com quem sustentava uma amizade com qualquer coisa de não amigável). – Existe uma linha muito tênue entre educação e inconveniência. – Ele apoiou a mão no seu próprio queixo. Barba por fazer, dois, três dias. – Mas vou bem. – Quinn concluiu. Finn sabia que aquilo era improvável.

- Mesmo? – Disse ao segurar as mãos da garota na altura de seus ombros. A essa altura ele a encurralara na janela e o sol já havia se posto por completo.  Ela hesitou. Olhou-o nos olhos. – Como você está hoje, Quinn?

- Como sempre, entre a cruz e a espada. – Ela desviou  o olhar do jeito que se faz quando a conversa está no abismo para se tornar demasiada pessoal e abstrata. – Não quero mais falar.

Beijaram-se, assim, sem adjetivos. Mãos com pescoço, quadris com quadris, pensamento acompanhando pensamento e menos compreensão, menos meio termo, essas coisas.

Não falaram, não olharam.

Para Finn era morno e indiferente.

Para Quinn, era exatamente como bulimia. Mesmo sabendo que se arrependeria depois, ela insistia no erro. Por motivos de luxúria, na maior parte do tempo. Mas ás vezes era amor.