Eu nunca sonhei em ser amada. Eu nunca acreditei em prícipes. Eu nunca fui uma princesa. Eu nunca acrditei que o amor existia. Eu nunca pensei em me casar. Mas quando Léo entrou na minha vida, assim, tão sem querer, tudo realmente mudou, eu comecei a acreditar em tudo que me diziam não existir, eu comecei a perceber que dá sim pra viver feliz ao lado de alguém. Porém, acho que a vida não é boa para nós duas vezes, e tudo que ela coloca a morte logo tira. 

Eu nem contei os dias que passei sentada no sofá do chalé, sem comer, sem falar, sem me levantar, só refletindo. Eu chorava todo dia, acho que chorei por uns 3 meses, até que não consegui chorar mais, até que chorar perdeu o sentido, então, eu ficava pensando. Eu imaginei um futuro ao lado de Léo, casamento, casa, filhos, familias, viagens, amor, muito amor. Pensei nas vezes que eu saia correndo do trabalho, sim eu tinha arrumado um emprego, para socorrer meu filho Tiago de uma dor de garganta, das noites em claro que nós passamos com a Marina, nossa filha mais nova, eu vi nossos filhos ficando de recuperação em matemática, a bronca que eu dei no Tiago quando ele respondeu a professora, eu vi a alegria de quando o Tiago passou no Vestibular, e quando nós apoiamos a decisão de ser atriz de Marina, nós subimos no altar com Tiago e sua esposa, e quando Marina foi morar na Argentina com o namorado, eu vi nós nos tornarmos avós, eu vi nos ficarmos velhos, eu vi nós indo pro azilo, e eu finalmente vi, nó dois falecendo juntos... Ai eu acordei de uma vida surreal. Então eu me levantei do sofá, e caminhei até a porta, que quase não se abria, pois estava bloqueada por cartas e presentes que eu nunca li nem abri. Recolhi tudo e coloquei no chão da sala, onde eu me sentei e comecei a ver. Vi uma caixa cor de rosa com um bilhete, era um presente de aniversário que minha mãe me mandara, 14 anos eu havia feito, logo vi um presente de natal, muitas cartas contando sobre as novidades e me cobrando respostas que nunca chegaram, assim, vi outro embrulho cor de rosa, era um presente de 15 anos, e assim mas 6 presentes, 16, 17, 18, 19, 20, 21 anos eu tinha, como esse tempo todo passou e eu não vi? É eu bem que reparei que meu vestido estava bem justo em mim e que meu cabelo estava maior do que nunca. Continuei lendo as cartas, aniversários de tias, primas, morte de avós, até que eu peguei um envelope azul, logo quando abri notei que não era a letra de minha mãe, mas sim do meu pai, ele pedia perdão a mim e a minha mãe por tudo que havia feito, e dizia também que minha mãe estava internada com cancer... As cartas que se seguiram, todas de autoria de meu pai, até que numa ultima infomava o falecimento de minha mãe, olhei a data e faziam 5 meses que ela havia falecido, chorei novamente como não fazia a anos. Agora era hora de encarar e me adaptar com o novo mundo em que eu me encontrava. Com 13 anos entrei no chalé e sairei com 21, a ideia parece loucura, mas era isso o que iria acontecer.