Ainda estou atordoada por aquele filme. Não é como todos os super-heróis gostosos que eu via na tela do cinema, e que imediatamente eu queria na minha cama. Era mais. Eu vi nos olhos daquele ator o mundo em que eu precisava viver. O amor que eu precisava sentir.

  Naquele momento eu decidi que eu PRECISAVA ir atrás dele. Tudo bem que meus amigos me avisaram sobre o perigo, e mesmo minha mente se deu conta de que era infantilidade. Mas eu tinha que fazer isso, descobrir o que exatamente eu vi ali atrás, naqueles olhos castanhos que pareciam mostrar calor, amor e principalmente, tristeza. 

  E foi assim, nesse momento de insanidade, que eu resolvi fugir de casa. E com um telefonema, a amiga mais insana que eu poderia ter me acompanhou. Gabi veio até a minha casa com uma mochila grande, para executarmos o plano de fuga enquanto meus pais estavam fora.

  Pegamos um ônibus da nossa cidadezinha, Fresno, no estado da Califórnia, nos dirigindo a cidade de Los Angeles. Por um momento, dentro do ônibus, eu me perguntei o que fariamos quando chegassemos lá. 

  - GABI! AMIGA, ME ACODE PELO AMOR DE DEUS! - eu pulei do banco, literalmente gritando e balancei Gabriela até que ela acordasse. 

  - QUE QUE TÁ ACONTECENDO AQUI? É TIROTEIO? A GENTE CAIU NO RIO? Ah, meu Deus. A gente morreu né? EU SABIA! É o castigo por a gente ter fug-

  Tapei a boca dela antes que alguém ouvisse. Que louca! E se nos mandassem de volta pra casa? Ai, meu Deus. 

  - O que a gente vai fazer quando chegar em LA? Não temos pra onde ir! 

  Ela sorriu seu sorriso convencido, e me fez sentar. - Calma, garota... eu sou um gênio, lembra? Já pensei em tudo. Eu tenho um tio que mora na cidade, ele já resolveu tudo. Inclusive ligou para os seus pais. Ele é produtor de cinema.

  UM MINUTO PRA RESPIRAR.

  - ELE É PRODUTOR DE CINEMA?????? COMO ASSIM SUA PUTA DESGRAÇADA, PORQUE NÃO ME FALOU ANTES?

  Acho que os passageiros não gostaram muito da bagunça que estávamos fazendo no ônibus, porque depois da Gabi me dar alguns tapas, e eu devolver com uns poucos palavrões que nem atrapalharam ninguém, o motorista parou o ônibus na estrada e nos obrigou a descer. Ele disse que havia algumas coisas erradas com a nossa bagagem, mas assim que descemos, ele trancou a porta na nossa cara e partiu com o ônibus. Depois dessa, nós tivemos que andar por 2 km de estrada de chão, até que achamos um orelhão e conseguimos falar com o tio da minha amiga. Aleluia!

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  Assim que chegamos em casa, o tio da Gabi – tio Rodes, eu descobri – nos chamou. Ele nos deu as boas vindas e nos mostrou o quarto aonde passaríamos os próximos 2, quase 3 meses restantes de férias.

   Ele nos deixou a sós para tomar banho e nos arrumar, descansar um pouco da viagem, mas assim que estávamos prontas fomos chamadas novamente, desta vez para conversar. Ele queria... algumas respostas. E queria saber do plano. Que plano? Você já vai saber.