O Pacto escrita por MalfoyAndGranger


Capítulo 5
Nossa História


Notas iniciais do capítulo

Essa estória não me pertence e sim a Gabione.
Todos os créditos pertencem a ela.



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5 –Nossa História

Não tivemos lua-de-mel, a intragável da minha esposa se recusou terminantemente a viajar, falou que, se eu quisesse, poderia ir sozinho. Santa paciência! Tentei argumentar dizendo que as pessoas comentariam caso não viajássemos e etc, sabem o que ela falou?
- Não estou nem aí! Diga que nós temos muito serviço e não poderemos sair em lua-de-mel agora.
Como podem ver, Hermione Granger, ou melhor, Hermione Malfoy, tornou-se ainda mais insuportável após o casamento. Essa viagem era extremamente importante para a segunda etapa do meu plano, ia levá-la há algum lugar exótico e mostrar o quão perfeito eu sou, mas, para variar, ela estragou tudo. Para ser sincero, não sei onde eu estava com a cabeça para aceitar a aposta ridícula do Blaise. Ficar na mesma casa que essa mulher durante um ano era mais do que eu podia suportar. Nossa primeira desavença matrimonial ocorreu após o nosso primeiro jantar, quando a convenci a assistir os jornais comigo para ver se sairia algo sobre o nosso casamento. Logo na primeira notícia, após elogiarem a festa e a cerimônia, meu pai, com a maior cara de pau, deu uma entrevista dizendo que estava muito feliz com o casamento, principalmente porque esse era a prova final de que os Malfoy não tinham nada contra os judeus. Ressaltou dizendo que sempre foi contra as idéias da Bella e que tentou clarear sua cabeça, mas havia sido tudo em vão, e concluiu dizendo que minha tia teve a pena que merecia e congratulou Hermione pela justiça e por me vencer pela primeira vez. Demorei um pouco para olhá-la, tinha certeza de que estava louca de raiva, mas eu não podia fazer nada. Quando, finalmente, a encarei, estava em pé, pronta para matar alguém.
- Então foi por isso que você queria que eu assistisse a esse maldito noticiário? Para ver seu pai lembrar todos do julgamento? Excelente Dr. Malfoy, muito obrigada!
Levantei-me rápido, ela estava subindo as escadas.
- Eu não sabia!
- Vá para o inferno Malfoy!
Ela voltou a subir as escadas com passos pesados, parou no último degrau e concluiu:
- Me faça um favor? Leve seu pai para o inferno com você... Te juro que a próxima vez que esse cretino falar sobre a religião da minha família para se dar bem EU MATO ELE!
Meu pai é um tremendo filho da mãe. Se nós tentamos manter um clima ameno no dia do casamento, as coisas mudaram completamente de figura nos dias subseqüentes. Hermione só falava comigo quando era extremamente necessário ou quando estávamos em público. Freqüentemente, éramos convidados para algum evento e ela se portava como a esposa perfeita. Nessas horas até me esquecia da desgraça que estava a minha vida, mas assim que entrávamos no carro, ela ficava ainda mais insuportável do que antes. Demorei a descobrir o quanto ela odiava essas ocasiões. Confesso que, em determinados momentos, pensei em desistir da aposta, mas alguma coisa, que não sabia o que era, não deixou, por isso continuava tentando ser gentil, mesmo quando ela me tirava do sério. Acontece que eu não tenho sangue de barata, e logo ela conseguiu o que queria: acabar com a minha paciência. Almoçamos na casa dos meus pais no final de semana e ele perguntou, cinicamente, se Hermione havia gostado de sua entrevista. Minha mãe não a deixou responder.
- Você já foi inconveniente o bastante, Lucius, chega!
Meu pai parou, mas continuou sorrindo vitorioso. Na terça-feira, já passava das onze horas da noite e minha esposa ainda não havia chegado em casa. Não me disse aonde ia, com quem ia, nem ao menos que ia há algum lugar, estava possesso. Dispensei os empregados, todos eles sabiam que meu casamento não era a maravilha que os outros viam, mas ninguém nunca falou nada, todos eram de confiança. Estava andando pela sala de um lado para o outro parecendo um idiota. Minha digníssima esposa chegou aproximadamente meia noite e meia, pisando pé-ante-pé para não ser ouvida. Independente do que estava fazendo até aquela hora, não era coisa boa ou não estaria tentando entrar sorrateiramente em casa.
- Onde estava até essa hora? – perguntei seco, ela levou um susto e quase caiu, estava completamente bêbada.
- Draco?
Argh! Como bêbados me irritam, ela falava enrolado e forçou os olhos para ver se me enxergava melhor.
- Onde você estava? – perguntei mais uma vez, tentando manter a calma.
Ela parou pensativa, apoiando-se no na estante da sala, foi com muita dificuldade que conseguiu responder:
- Estava trabalhando, oras! Onde mais estaria? – a resposta veio acompanhada de uma gargalhada.
Avancei nela e a chacoalhei pelos ombros. Péssima idéia a minha.
- EU NÃO VOU PERGUNTAR DE NOVO, ONDE VOCÊ ESTAVA? E COM QUEM?
Vomitou em mim, ela vomitou em mim! A afastei com nojo.
- Olha o que você fez! – falei exasperado.
Ela estava com o corpo dobrado para frente, colocou as mãos no joelho se apoiando.
- Seu idiota! Você tinha que me balançar?
A olhei escandalizado, como tinha coragem de reclamar?!
- Você só pode ser louca!
- Ah, cale a boca!
- Quer saber, DANE-SE! – me aproximei dela e coloquei o dedo em sua cara. – Só um aviso, isso não vai ficar assim, está me ouvindo? NÃO VAI!
Comecei a subir as escadas sem olhar para trás.
- Draco...
Chamou praticamente em um sussurro. Não a olhei, mas parei onde estava.
- Vai me deixar aqui?
Tive que me virar, não era possível que estivesse me perguntando aquilo. Será que depois de ter chegado bêbada, vomitado em mim, ela realmente esperava que eu a ajudasse?
- Como?
- Não vou conseguir subir sozinha e não estou me sentindo muito bem.
- Era só o que me faltava. – minha voz saiu esganiçada.
- Se me deixar aqui vou cair e a culpa vai ser sua. – sua voz soou infantil.
Voltei para o meu caminho e então a ouvi subir, um, dois degraus até cair. Voltei correndo. Estava sentada gargalhando. Em qualquer outra ocasião eu cairia no riso também, afinal, era interessante vê-la naquele estado, a "certinha dra. Granger" bêbada, sem conseguir andar, e rindo da situação constrangedora em que estava, mas eu estava possesso, afinal, ainda não sabia onde ela esteve.
- Mas que merda, Granger, nem andar você consegue?
Respondeu negativamente com a cabeça. Droga! Eu e minha educação! Eu a peguei no colo e comecei o caminho até o seu quarto. Quando estávamos em perto, ela reclamou:
- Você está sujo!
- Jura? Por que será? – respondi irônico.
Abri a porta e a deixei de pé, e quando vi que ela ia cair novamente a segurei.
- Você precisa de um banho, Hermione.
Ela não respondeu, mas tive a impressão de que ia direto para a cama. Não tive opção, coloquei-a embaixo do chuveiro com roupa e tudo. Ela reclamou através de um muxoxo ao qual não dei importância.
A primeira vez em que vi a minha mulher nua... bom, tecnicamente com a roupa molhada colada no corpo, foi dando um banho nela por não conseguir sequer andar de bêbada, e o porre que tomou nem foi comigo, sou realmente um cara de "sorte".
Não abri as gavetas dela para pegar uma roupa, pois de algum modo senti que estaria invadindo sua privacidade. Cavalheirismo idiota. Preferi pegar uma camiseta e uma cueca samba canção minhas para vesti-la. Deixei-a esperando de roupão, enquanto tomei banho, afinal, não adiantaria nada eu trocá-la estando sujo ainda. Assim que a deitei na cama fiquei analisando o seu rosto, era tão perfeito. Por alguns momentos toda a raiva que eu sentia sumiu, acariciei seu rosto, sua pele parecia ainda mais macia do que de costume. Um enorme desejo de beijá-la tomou conta de mim. Sem obrigações, pura e simplesmente por estar com vontade de fazê-lo, quando me aproximei de seus lábios convidativos me senti um tolo, eu estava ali suspirando por uma mulher que me odiava. Segui irritado para o meu quarto. Não dormi nada naquela noite, fiquei tendo pesadelos nos quais Hermione aparecia bêbada com o Potter e eles flertavam na minha frente. Confesso que esse foi o melhor sonho que tive naquela ocasião. Levantei-me cedo, queria vê-la humilhada. Quando chegou a hora dela descer, pedi a Lucy para ir buscá-la e a instrui que, no caso de Hermione ainda estar dormindo, que acordasse a patroa. Vinte minutos depois ela apareceu. Estava toda de preto, parecia pronta para um velório. Sentou com as mãos apertando as têmporas, sem me olhar e murmurou algo parecido com "bom dia". Esperei até que Lucy servisse a ela o café forte que havia pedido.
- Dor de cabeça? – perguntei manso.
- Sim.
Tentei permanecer compreensível, achei que se sentiria pior caso eu não gritasse. Tomou um gole do café, ainda não havia me encarado.
- Então, o que aconteceu ontem? – tentei continuar impassível, mas sabia que o tom da minha voz não saiu como eu esperava.
Ela olhava para o café como se aquilo fosse a coisa mais interessante do mundo e não me respondeu.
- Hermione, eu estou tentando, juro, mas minha paciência está acabando.
- Nada de importante.
Perdi o controle.
- COM QUEM VOCÊ ESTEVE ONTEM?
Perguntei o que tanto me afligiu durante a noite, meu sangue subiu, minha tentativa de humilhá-la tentando parecer compreensível acabou ali. Tudo o que eu queria era ouvir o nome do Potter para ir lá e acabar com ele. Nunca gostei dele, se achava o salvador do universo, cheio de princípios e coragem, um babaca e para completar vivia na cola da "minha" mulher. Ela insistia em dizer que eles eram amigos, mas eu sei bem quando um homem e uma mulher são apenas amigos. Nunca!
- Apenas – a voz dela saiu trêmula e apertou as têmporas novamente - apenas não grite, por favor.
Acho que o olhar que lancei foi tão lunático que as palavras foram desnecessárias.
- Saí com a Gina, o Rony e... o Harry.
Pronto! O nome dele havia sido proferido, eu já podia ir lá e matá-lo, Hermione sabia o quanto eu odiava aquele imbecil e por isso gaguejou para dizer seu nome, isso me deixou mais enfurecido.
- Uhm, muito interessante e o que diabos você ficou fazendo com o Potter até UMA HORA DA MANHÃ?
- Eu não cheguei à uma hora da manhã e não estava apenas com o Harry. Nós fomos comemorar por ele ter sido promovido.
- Ah... então você foi comemorar com ele?
Ela olhou para o chão constrangida e ligeiramente irritada.
- Sim, Gina e Rony também. – respirou fundo antes de continuar. – Draco, o que aconteceu ontem? Não me lembro de muita coisa, apenas de você me levando para o quarto e – ela corou violentamente. – no banho, então hoje acordei com as suas roupas...
Ignorei a pergunta, nem tinha pensado na hipótese de fazê-la pensar que algo aconteceu. Na verdade, me incomodou que pensasse que eu seria capaz de algo do gênero. De qualquer modo, ela sofreria sem saber se tínhamos ou não feito alguma coisa.
- Você não está em posição de fazer perguntas... Onde está o seu carro?
O pânico tomou conta dela, e deixou de lado sua curiosidade por um momento.
- Deixei no escritório.
- E como veio para casa?
- Ha... Harry me trouxe.
Dei um soco forte na mesa e me levantei possesso, ela se encolheu na cadeira amedrontada e a levantei pelos ombros em um puxão.
- Novamente o Potter. – sabia que se me olhasse no espelho estaria muito parecido com Bella, estava completamente fora de mim. – O que mais você fez com ele, o que não faz comigo? – concluí transtornado.
Pela primeira vez naquele dia me encarou de igual para igual.
- Não ouse sequer sugerir isso!
- Não estou sugerindo, i minha querida esposa /i , estou AFIRMANDO!
Não tive tempo de impedir, ela me acertou em cheio no rosto.
- Tenho certeza de que quando você comprovar vai saber que eu sou muito melhor na cama do que ele. – provoquei.
- CRETINO!
E ela novamente foi me acertar, mas eu a segurei.
- Às vezes eu não sei por que sou tão bonzinho com você! Além de não cumprir seus deveres matrimoniais, quebra o acordo e ainda se acha no direito de me bater! Você vai se arrepender disso.
- Me ameace o quanto você quiser, mas não fui para cama com o Harry, nem com qualquer outro homem, e não foi pela merda do acordo, mas sim porque eu tenho dignidade.
Céus, essa mulher me tira o bom senso. Estávamos próximos, o ódio expresso em cada molécula de nossos corpos, e minha vontade de beijá-la voltou, não por desejo, paixão ou coisa do tipo, era simplesmente para agredi-la. Puxei-a bruscamente para perto e segurei-a com força pela nuca, para que não conseguisse fugir. Ela me socava onde podia, mas não me importei, pois a beijava no pescoço com fervor. Hermione lutava. Então, desci para as pernas com a mão que eu a prendia sua cintura e apertei sua coxa com força sem deixar de beijá-la. Minha mão livre passeou por seu corpo como se já conhecesse o caminho há anos. Ainda não sei o porquê de ter feito aquilo. Me afastei para encará-la. Algum tempo depois ela me disse que ficou com medo do que viu nos meus olhos naquele dia, era como se um animal tivesse tomado conta de mim. Foi o desespero que vi nos olhos dela que me fez parar. Quando a soltei, ela estava chorando e com a voz embargada falou:
- Nunca mais toque em mim.
Ia me desculpar, mas não tive tempo, ela saiu sem me dizer mais nada.
Quando cheguei à noite, os empregados me informaram que ela não tinha ido trabalhar e estava em seu quarto, e que havia pedido para não ser incomodada. Sabia que era para mim, mas de fui até lá assim mesmo, tinha que me desculpar.
- Posso entrar?
Demorou a permitir, quando entrei, ela estava de pé em frente ao espelho. Havia marcas vermelhas pela extensão de seu pescoço. Estava de costas para mim.
- Não sei o que aconteceu comigo hoje de manhã, eu per... perdi a cabeça, me perdoe. Não vai se repetir.
Pelo reflexo do espelho vi uma lágrima solitária rolar por sua face, tive vontade de correr até ela e abraçá-la de modo que soubesse que tudo ficaria bem.
- Tudo bem, apenas saia daqui. Ah... e obrigada pelas flores que mandou, são lindas.
De alguma maneira me senti aliviado, ela não ia me deixar. Eu estava na porta quando me lembrei de algo.
- Ontem você chegou, nós brigamos, você passou mal e vomitou em mim. Então, como não estava em condições de subir a escada eu te trouxe para o seu quarto, te ajudei no banho e te coloquei para dormir. Só não peguei uma roupa sua porque achei que não gostaria que eu mexesse em suas coisas.
Ela me pareceu aliviada também, fiquei mais tranqüilo.
Os meses seguintes foram melhores, paramos de brigar por qualquer coisa e nos tratávamos com mais formalidade. Aquela briga fez com que ultrapassássemos o limite, e não queríamos chegar lá novamente. Durante esse tempo eu notei que Hermione mudou comigo, ela era mais simpática quando estávamos sozinhos, até sorria ao me ver, e às vezes eu a pegava olhando para mim. Certo dia, eu dormi no escritório lá de casa e ela foi me chamar. Assim que entrou, eu acordei, sempre tive o sono leve. Antes de me chamar acariciou o meu rosto. Infelizmente não pude ver sua expressão, pois mantive os olhos fechados, não queria estragar aquele momento. Seu toque era tão suave e delicado. Evidentemente ela mudou de postura quando me mostrei acordado, mas isso é outra história, já tinha me acostumado com o seu orgulho.
Em uma sexta-feira fui almoçar com um cliente. Assim que cheguei ao restaurante me deparei com Potter sentado na mesma mesa que i minha /i mulher. Para meu azar, Zacarias Smith os conhecia e perguntou: - Aqueles não são o Potter e a sua esposa, dr.?
- Sim, são eles. Vamos cumprimentá-los.
Fomos até a mesa onde eles estavam e Hermione se sobressaltou ao me ver.
- Draco – acrescentou –, meu amor! Que surpresa agradável.
- Eu sei – cumprimentei-a com um beijo – Potter – acenei com a cabeça.
- Olá Harry – cumprimentou Smith animado.
- Tudo bem, Zacarias? – ele olhou para Hermione com cumplicidade antes de nos convidar para sentar.
- Não, não vamos acompanhá-los, vocês já estão terminando de almoçar e nós nem começamos ainda.
- Está bem. Sendo assim, nós já vamos. Quer que eu te deixe no escritório, Mi?
ELE CHAMOU MINHA MULHER DE MI! DESGRAÇADO!
- Se não for incomodar.
- Você nunca me incomoda.
Não é difícil saber como foi meu dia. Cheguei em casa espumando de raiva e entrei no quarto dela sem sequer bater na porta.
- O QUÊ VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO ALMOÇANDO E TROCANDO OLHARES APAIXONADOS COM O POTTER NA FRENTE DO MEU CLIENTE?
Me encarou tranqüila, como se esperasse por aquilo, e antes de responder, pegou o copo de água que estava sobre o criado-mudo e o esvaziou.
- Eu não tinha como saber que você e o seu cliente almoçariam lá, e, pela milionésima vez, Harry e eu não trocamos olhares apaixonados simplesmente porque não estamos apaixonados!
Eu estava perto de uma escrivaninha onde ela deixava seus perfumes, sem pensar duas vezes eu peguei um deles e joguei contra o espelho.
- VOCÊ ENLOUQUECEU?
- SIM! E A CULPA É SUA POR FICAR SE ATRACANDO COM O POTTER NA MINHA FRENTE.
Pegou o copo que estava na mão e o jogou em mim. Fiquei impressionado com sua mira, se eu não tivesse instintivamente colocado a mão sobre o meu rosto teria acertado em cheio. O copo de cristal estourou na minha mão, que começou a sangrar na hora.
- O QUE VOCÊ FEZ?
Ela ficou estática, em estado de choque.
- Eu estou sangrando! – falei assustado.
- Me deixa te ajudar.
- Você me machucou! Saia de perto de mim. – virei de costas pra ela.
- Draco, não seja infantil, me deixa te ajudar. – ela tentava se colocar em meu campo de visão a todo custo.
Olhei indignado para o machucado e ela estava se aproximando, quando a olhei novamente ela chorava.
Estiquei minha mão para que pudesse ver. De alguma maneira eu havia provocado isso. Segurou delicadamente e pediu para que eu me sentasse na cama, pois iria buscar medicamentos para não inflamar. Quando tirou um caco de vidro que estava sobre a palma, gritei.
- Desculpe-me.
- Tudo bem! – me acalmei – Por que você está chorando?
- Acabei de te machucar, Draco, não podia ter feito isso.
Me senti mal, eu tinha ido lá e falado bobagens para ela, era natural perder a cabeça.
- Não fique assim, fui o culpado, perdi a cabeça por causa do Potter de novo.
- Mesmo assim, eu não podia... – ela começou a chorar compulsivamente.
- Chega! Já disse que eu sou o culpado!
Com a mão boa levantei o rosto dela, de modo que me encarasse.
- Não fique assim, nem está doendo tanto – acrescentei com um meio sorriso.
- Eu não devia... não podia.
- Vem cá.
Trouxe a cabeça dela de encontro com o meu peito, e enquanto ela chorava silenciosamente eu acariciava seu cabelo. Aquele contato me fez tão bem, o calor do corpo dela, o carinho com que estava me tratando, a preocupação, enfim, tudo o que estava fazendo esquentou de uma maneira meu corpo e meu coração que até hoje não tenho palavras para definir.
Ela então me encarou, seus olhos amendoados me fascinavam, desde aquele dia na danceteria, perdia o rumo quando os encarava, principalmente quando estavam tão doces como naquele momento.
- Eu não compreendo o porquê desse ciúme idiota que você sente do Harry.
Falei coisas que não tinha tido coragem de falar até então.
- Você não faz idéia do porquê desse ciúme?
Ela fez que não com a cabeça.
- O fato do Potter saber mais sobre você do que eu, arrancar sorrisos seu sem esforço, e o que é pior é que eu sei que ele te faz sentir segura como você não se sente comigo.
- O quê você está dizendo? – perguntou parecendo confusa.
- Que estou apaixonado por você.
Acariciei seu rosto com as costas da mão e a vi fechando os olhos. Essa atitude foi praticamente um convite para mim, então eu contornei com a ponta do dedo por seus lábios e ela os entreabriu. A beijei e ela correspondeu com desejo. Quando vi que não recuaria, peguei-a no colo e a carreguei para a cama, sem parar de beijá-la. Coloquei-a na cama e novamente apreciei o rosto dela, tudo é tão perfeito. E essa foi à primeira vez em que fizemos amor.
A vida é realmente engraçada, me casei para receber a herança do meu pai e por uma aposta, na qual eu deveria conquistar Hermione. No entanto, eu estava completamente apaixonado, e mesmo que eu tivesse negado até então, já fazia muito tempo. Depois daquela noite, nós passamos a ser um casal. Minha mãe foi uma das primeiras a notar que nossa relação havia mudado, e como se soubesse de alguma coisa, começou a fazer brincadeiras sobre "o netinho" que viria. Meu pai, mesmo tendo problemas com Hermione, pareceu menos agressivo, eles já conseguiam conversar sem trocar farpas a todo instante. O prazo do nosso "acordo" estava chegando ao fim, mas eu não estava com a menor intenção de voltar a ser solteiro.
- Bom dia Draco!
- Bom dia amor!
- Você sabe que hoje à noite é a festa de aniversário da sua mãe?
- Claro que sei, por quê?
Ela sentou no meu colo.
- Porque quero você mais lindo do que nunca hoje.
- Hum, isso é difícil. Não sei se consigo ficar ainda mais bonito, minha beleza já ultrapassa todos os limites.
- E a sua modéstia também. Promete que não vai usar gel? – pediu bagunçando meu cabelo.
- Uhum, mas só se você me prometer que não vai alisar o cabelo.
- Mas amor...
- Mas nada, você é linda com o cabelo assim, ondulado! E se eu não for usar gel você não vai deixar meus cachos lisos.
- E desde quando os meus cachos são seus?
- Desde quanto você se tornou minha!
A mansão de meus pais estava perfeita, Mione ajudou minha mãe com os preparativos da festa. Nunca vi aquela casa tão colorida e alegre.
Estava com meu habitual preto, e como Hermione pediu, sem gel. Não entendo porque ela cisma tanto com isso. Ela estava deslumbrante, um vestido lilás justo ao corpo, com umas pedrinhas brilhantes que eu não sei o nome, a corrente que minha mãe deu a ela no dia do nosso casamento e o anel de que eu dei, completavam o visual. Fizemos parte de recepção junto com meus pais, e no decorrer da festa, fui conversar com um cliente importante, enquanto Mione ficou com aquela amiga dela, a Weasley. Minha mãe fez questão de convidar Potter e os Weasley por causa de Hermione. Não tive opções. Depois de uns dez minutos, fui atrás da minha mulher, mas estava dançando com o Potter. Meu sangue ferveu. Fui até eles sem saber exatamente o que fazer.
- Se importa em me devolver minha esposa, Potter? – perguntei com um falso tom de amizade.
- Me importar eu me importo, mas como não tem jeito.
Antes de se afastar, ele beijou o rosto de Hermione e disse alguma coisa no ouvido dela que a fez rir. Comecei a guiá-la.
- O que ele te falou?
- Bobagem.
Tentei me controlar.
- Você sabe que não gosto dele.
- É recíproco. – respondeu ainda sorrindo. – Mas assim como eu falei para ele, não estou nem aí se vocês se amam ou se odeiam, o que me interessa é que vocês são muito importantes para mim.
- Não quero você dançando com ele de novo.
- Ah, larga a mão de ser paranóico, Draco!
- Estou falando sério.
- Está? – perguntou marota, acenei que sim com a cabeça, tentando manter a seriedade.
Ela começou a distribuir beijos pelo meu rosto, e discretamente em meu pescoço, eu comecei a sorrir instintivamente.
- É uma pena que você esteja tão sério, eu tinha planos fantásticos para nós essa noite, mas você não podia estar sério para isso.
- Acho que você pode recuperar o meu humor.
- Que bom!
No final da noite, Potter se aproximou novamente da minha mulher e eles conversavam cheios de intimidade. Não fui lá novamente, ela já sabia o que eu estava achando daquela situação, e se estava novamente com ele, era para me provocar. Não estava falando com ela quando chegamos em casa, mas a segui até o seu antigo quarto, que era nosso quarto agora.
- Você vai me falar o que está acontecendo ou vai ficar emburrado sem um motivo aparente?
- Sem um motivo aparente? Você não faz idéia do que me deixou emburrado?
- Olha, Draco, se for o ciúme sem nenhum sentido que você sente do Harry, nem começa.
- Nem começa? Você é minha mulher, ele dá em cima de você na maior cara de pau e eu não devo começar a falar? É muito para mim!
- Pelo amor de Deus, quantas vezes nós já discutimos isso? Harry e eu somos amigos e só.
- Ele gosta de você! Tenho certeza disso.
- Esse assunto está se tornando repetitivo, sem nexo e infantil! – ela retrucou irritada.
- SEM NEXO E INFANTIL? – minha voz saiu esganiçada. – Faz todo sentido para mim, e sabe por quê? Porque eu sou louco por você e morro de ciúmes do Potter, te trata como se soubesse cada detalhe seu.
Ela se pendurou em meu pescoço e sorriu, me mantive sério.
- Ele gosta da Gina e não de mim, e mesmo se gostasse não teria a menor chance, já que estou completamente apaixonada por você.
- Sério? – perguntei como se fosse uma criança que tinha acabado de descobrir que, por ter sido boazinha durante o ano, ganharia o presente que pediu para o Papai Noel. Ela sempre conseguia derrubar todas as minhas defesas.
- Muito sério!
- O que você fez comigo? Eu estou completamente apaixonado, é algum tipo de magia?
Ela sorriu e respondeu como se fosse um segredo.
- Magia!? Sim, usei uma poção do amor.
- Deve ser muito forte essa sua poção. – ela sorriu em resposta.
- Draco, eu acho que está na hora de nós termos a nossa lua-de-mel, não acha? Afinal, nosso contrato acabou, nós estamos casados e ainda não tivemos uma.
- E vamos continuar casados! – respondi rápido. – Para onde você quer ir?
- Claro que vamos. Estive pensando, o que acha de Fernando de Noronha? Sou louca para conhecer esse arquipélago.
- Tudo o que você quiser.
Na segunda-feira, Blaise foi ao meu escritório.
- É, Draco, me parece que você venceu. A minha casa na Malásia é sua.
- Não quero, ganhei muito mais do que uma mansão na Malásia com essa aposta.
- Como assim?
- Do jeito que eu estou te falando! Ganhei uma esposa maravilhosa e dinheiro nenhum pode comprar isso. Aliás, muito obrigado, se não fosse por você não estaria casado hoje.
Não sabia, mas nesse momento Hermione chegou e ouviu apenas a parte final da conversa:
- Você conquistou a Granger e ganhou a aposta, a casa da Malásia é sua e não falamos mais no assunto.
- Depois não diga que não te avisei que nenhuma mulher resistia ao meu charme, mas como eu já disse ...
Minha porta foi aberta bruscamente, não tive tempo de terminar meu pensamento.
- ENTÃO NÃO FOI APENAS PELA HERANÇA DO SEU PAI QUE VOCÊ QUIS SE CASAR COMIGO,TAMBÉM TINHA UMA APOSTA PARA GANHAR?!
- Hermione, não é o que você está pensando. – fiquei desesperado, senti que não teria tempo de me explicar.
- CALE A BOCA! – e então, ela olhou para Blaise. – Lamento em informar Blaise, mas você realmente perdeu a aposta, porque eu me apaixonei por esse... por esse... CANALHA! E EU ACHANDO QUE VOCÊ TINHA SIDO COMPLETAMENTE HONESTO COMIGO.
- Meu amor, calma! – tentei me aproximar, mas ela me repeliu.
- NÃO ME CHAME DE AMOR! E tome, essas são as passagens da nossa lua-de-mel. Ache outra trouxa para ir com você.
Naquele momento, ela saiu do meu escritório e da minha vida.


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