Small Bump escrita por seaweedbrain


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

- Capítulo narrado por Victória
- A História que Zack conta neste capítulo é fictícia, o que não tem nada haver com a vida dele realmente, ou seja, não aconteceu de verdade.



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“Abri meus olhos rapidamente, sem nem ao menos respirar direito, estava em um lugar escuro onde não tinha nada ao redor a não ser uma cadeira de madeira estragada a minha frente, a fitei horrorizada, a única lembrança que eu tinha era de estar na maca do hospital e a doutora dizendo “Zack entrará com você. Ele estará ao seu lado.” Aquilo bastou somente para me deixar dormir em paz, não que significasse algo bom exatamente. O parto não tinha sido normal, e então eu senti uma forte dor no meu pé da barriga, olhei a mesma e ela sangrava, acho que fiz esforço de mais. Mas onde é que eu estou? Procurei novamente por uma luz e não achei nada, a cadeira em minha frente rangeu e me pareceu estar dentro de um pesadelo, mas eu não conseguia acordar. Aquilo não podia ser real, onde que no mundo iria existir aquele tipo de coisa? No fundo do que me parecia um corredor eu ouvi um bebê chorando, meu bebê. Meu filho! Eu me levantei com dificuldade porque minha barriga estava aberta e ainda sangrava muito e corri do jeito que pude até o berço de madeira estragada também, tentei pegar o bebê em meu colo, mas não conseguia tocá-lo como se aquilo fosse uma miragem. E então foquei-o em meus olhos, ele era um menino, certamente. Estava vestido de azul escuro, e era a cara de Zack. Até mesmo pequenos cachos se formavam no alto de sua cabeça, ele chorava, mas não era um choro normal. Em vez de lágrimas em seus olhos o que saiam eram gotas de sangue e ao meu lado uma mulher sem rosto apareceu, era loira e alta e muito bem vestida nada parecida com uma enfermeira, ela conseguiu pegar meu bebê no colo e o colocou para dormir com o som de uma doce voz, ele pareceu sorrir mesmo tão pequeno, e dormiu instantaneamente. Depois Zack apareceu no corredor, e ele estava vestido de branco, estranhamente com o rosto num tom vermelho, mas parecia feliz. Ele andou até o lado da mulher a abraçou de lado olhando a criança em seu colo.

– Nosso lindo bebê. – ele falou com a voz rouca e sorriu para a mulher do jeito que ele só sorria para mim. Aquilo me perturbou, mas eu tentei gritar e nada saia de minha garganta, tentei correr até os dois, mas imediatamente como se me percebem eles começaram a andar felizes pelo correr em volta de uma luz amarelada. “Zack, Zack” Eu tentei gritar, mas minha garganta parecia cortada, e então tudo ficou escuro novamente.”

Acordei desesperada como no sonho, e respirei fundo. Tudo estava escuro, mas não era como no pesadelo. Eu estava em um quarto de hospital e tinha um abajur de luz amarelada ao meu lado, transformando tudo ainda pior do que já era. Como eu consegui formar tudo aquilo? E como eu podia ser tão idiota de achar aquilo real? Minhas mãos estavam tremulas e eu suspirei algumas vezes de olhos fechados, mas só o que me vinha na mente era as imagens do pesadelo anterior. O quarto não tinha barulho a não ser pelo pequeno “bit” que fazia uma máquina atrás de mim. Fitei a mesma e parecia algo de batimentos cardíacos como os de filmes, e parecia normal, me tranquilizei. Era estranho acordar assim, sempre que acordava em um hospital eu acordava com uma luz em meu rosto, e agora até as luzes dos corredores estavam apagadas e ninguém estava ali por perto, a não ser por uma pequena espécie de berço ao lado da minha cama. Olhei-o com clareza e vi que estava fechado em um vidro, e dentro tinha panos azuis bordados, e algo extremamente pequeno se contorcia minimamente. Fiquei com medo, porque aquilo parecia realmente um Déjà vu. Eu me levantei um pouco e senti uma tremenda dor abaixo de meu útero voltando à posição inicial. O que aconteceu? Eu não fazia a mínima ideia, mas sabia que eu já tinha dado a luz, porque não me sentia tão pesada e aquela coisinha do meu lado era meu bebê. Meu bebê! Sorri, mesmo sozinha da minha bobice. Mas logo o sorriso desapareceu, meu bebê? Será que era meu bebê, tentei me beliscar para ver se eu não estava em outro sonho louco, mas eu não conseguia me mover direito que meu corpo se enchia de dor, então era obvio que eu não estava em um sonho porque eu sabia que estava consciente. E aquele bebê ali dentro que era meu filho, mas onde estaria Zack? Ah claro, quase me esqueci do seu pequeno surto com enfermeiras.

Dessa vez eu me levantei um pouco mais devagar e não senti tanta dor, não que ela deixasse de ser nula. Olhei o bebê que estava lá dentro pelo vidro e ele era incrivelmente parecido com Zack, mas não bizarramente como no sonho, mesmo que seu rosto ainda fosse à forma de um joelho, podia ver covinhas ao lado de sua boca que forçava uma espécie de sorriso triste como se ele fosse chorar. Percebi que o bebê também tinha o rosto redondo e pequeno igual ao meu e que seus olhos eram um tanto puxados, mesmo ainda fechados. Sorri feito uma idiota, esperava que dentro daquelas pálpebras estivessem duas íris verdes intensas iguais as do pai, mas também iria adorar do mesmo jeito se fossem castanhas iguais as minhas. Olhei em volta e ninguém mais apareceu, então percebi que o aparelho cardíaco que estava ali não era pra mim e sim para o bebê. Tinha uma pequena plaqueta em seu “berço” que continha algumas informações, com o meu nome, o hospital o número do quarto e o andar. A hora do nascimento, o peso e os centímetros, algumas coisas descreviam o parto, mas eu preferi não ler. Coloquei uma mão passando por um pequeno buraco que tinha no berço e acariciei sua manta fofa azul bebê e toquei em sua mãozinha extremamente pequena e quente, ele apertou meu dedo quase imperceptivelmente e uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Droga! Limpei a mesma imediatamente quando ouvi alguém entrar na sala.

– Saiu daqui por um segundo e você já acorda? – aquela voz fez com que toda a minha espinha se arrepiasse e eu mirei para trás. Não era a mesma voz de Zack no sonho, porque agora era mais viva, mas ainda assim fiquei com medo dele pegar meu bebê e fugir com alguma enfermeira loura. Zack tinha uma xícara de café em mãos e um rosto tenso, mas despreocupado. Um leve sorriso se formava no seu rosto, e algo me dizia que ele estava... Feliz. – Vi que já conheceu nossa princesa.

– Princesa? – eu olhei novamente para o berço incubador ao meu lado, fitei com firmeza o rosto da pequena criatura lá dentro, eu achava ser um menino. Afinal no meu sonho era um menino, e eu sei que preciso parar de relacionar o meu pesadelo a realidade, mas era quase impossível não pensar no sonho quando tudo parecia igual a ele. Desde que fiquei realmente grávida, para mim era um lindo bebê menino que iria nascer. Não uma... Garota. Mas ao fitar procurando algum vestígio de menina, achei tudo, o rosto era pequeno demais, e tinha leves riscos pelo mesmo. Seus cabelos já haviam nascido e eram finos e lisos na extensão de um dedo de comprimento. Tinha uma boca pequena em uma linha fina, como a de Zack, mas tinha o meu queixo arredondado, assim como as maças das bochechas que eram em um tom avermelhado, assim como seu pescoço e mãos, mas seu tom de pele era branco como o de Zack, puxando um pouco para meu tom pardo. Eu suspirei, éramos a mistura perfeita em outra pessoa. – Achei que fosse um menino! – arfei em voz alta.

– Eu sempre achei que seria uma menina, uma linda garotinha. Que seria firme e rabugenta igual a mãe... – eu o encarei. – Mas muito linda também. Sabia que eu entrei no trabalho de parto com você? E tenho uma novidade boa, ela não faz aniversário no mesmo dia de você. Teremos duas festas ano que vem então. – ele comemorou me fazendo o olhar com firmeza.

– Como é? E o Joseph? – perguntei, não eram os planos. Então me lembrei de que Allen estava viajando, e ele ficaria frustrado por ter perdido esse momento, se é que ele e Adriane já não estavam em Londres de volta. – Eles já voltaram para Londres?

– Já sim. – Zack bebeu o conteúdo de sua xícara e fitou o berço, depois balançou a cabeça e me olhou novamente. – Precisamos decidir um nome. – ele falou divertido, como se aquilo fosse uma tarefa fácil. Na verdade, não era. Eu iria escolher o nome de alguém que iria ser chamado pela vida inteira, é uma grande responsabilidade, para começar não poderia ser nada de Minnie ou Princesa Yue, como minhas personagens favoritas de desenho. Se fosse menino talvez se chamasse Zuko, mas agora que ele realmente está aqui comecei a achar esse nome bizarro para um bebê indefeso que não sabe nem ao menos o que é o fogo.

– Eu não faço... A mínima ideia.

– Bom, de qualquer modo temos até amanhã de manhã. – Donovan se encostou na poltrona e sorriu fechando os olhos, achei que ele fosse dormir, mas o mesmo abriu os olhos e ficou encarando o teto quieto. Precisávamos de um nome, mas é claro. Olhando para ele eu percebi o obvio, não tinha nada melhor, sem contar que Zack ficaria impressionado como todos os outros.

– Emily. – eu falei baixo, Zack me olhou na hora, confuso. – O nome dela vai ser Emily. Emily Goularth Donovan. – Vi Zack se levantar e caminhar até minha maca, dando a volta para o lado livre do berço, ele tinha um sorriso discreto no rosto, mas eu sabia o quanto feliz ele estava. Eu também estaria.

– Emily Marie. – eu ergui uma das sobrancelhas. – Em homenagem as duas mulheres que mudaram minha vida. – eu sorri envergonhada, Marie era meu segundo nome, mas eu não o compartilhava porque não gostava, certo vovó ele veio de minha mãe e eu nada quero daquela mulher, mas já que era Zack quem pedia, eu não iria recusar. “As duas mulheres que mudaram minha vida” eu não sabia a história toda dele com Emily, e sabia que aquela não era uma boa hora de perguntar, mas a curiosidade me corroia desde o dia do enterro, porque Zack ainda ficava abalado com tudo aquilo, e falta que ele sentia da sua prima era realmente visível.

– Zack... Porque Emily era tão importante para você? – eu me vi perguntando, e eu mesma queria me socar. – Digo, vocês... Vocês eram algo?

– Na verdade Vick... – ele olhou para o berço, senti que ele não gostava de me encarar quando falava de Emily, algo como culpa. – Quando eu tinha sete anos meus pais se separaram, e foi muito... Muito complicado para mim, porque era difícil ver eles longe um do outro. Isso acabou me separando um pouco de Gemma, minha irmã. Emily estava lá para me apoiar, e ela me ajudou a superar tudo isso de uma forma boa, me incentivou a ir para o X Factor, e eu iria desistir do grupo... Se ela não tivesse me empurrado, ela viajou comigo por um tempo até completar 21 anos e ter que ir fazer faculdade de medicina em Paris, ela havia conseguido uma bolsa e aquilo foi como... Como a separação de meus pais. Ela voltava todos os meses então, pelo menos um final de semana para me ver, já tinha emprego casa e tudo em Paris. E então ela se mudou para Nova York, e eu estava em gravação com os meninos, logo depois que saímos do X Factor e crescemos com Simon, foi difícil mais quem estava ali para me ajudar? Emily, ela me ajudou a seguir em frente, esteve sempre ao meu lado. Quando descobri que você estava grávida eu liguei para ela, naquela noite mesmo no hospital, ela me disse para seguir em frente e te ajudar em tudo o que precisasse, se eu não quisesse que a criança que estava por vim sentisse a dor que eu senti aos sete anos. – Zack deixou uma lagrima cair e eu me senti mal por ter tocado naquele assunto. – Emily foi tudo e mais um pouco, foi minha alma. Literalmente.

– Zack, me descul...

– Tudo bem, Victória. – ele suspirou e segurou minha mão, sorrindo de lado. – Não dói mais tanto falar dela. Me dá orgulho por ter tido ela em minha vida, e agora... Tenho outra estrela em minha vida.

– Deus tira coisas de nossa vida, para dar lugar a melhores. – Vick falou e se arrependeu naquele momento, mas Zack só assentiu e continuou fitando nossa Emily ali no berço.

– Emily Marie, vai ser a segunda mulher que eu vou amar em toda a minha vida depois de minha mãe e a Emily verdadeira. – Donovan me olhou depois de completar a frase, e eu senti como se algo dentro de mim queimasse. Eu amava aquele garoto, e agora era tarde demais para voltar atrás, mesmo sabendo que ele nunca seria meu completamente. Mesmo sabendo que não seriamos uma família de verdade. Algo me avisava, no meu sub consciente – se é que tenho um – que eu e Zack não seriamos felizes, e que de maneira alguma criaremos Emily em laço de paz. Eu sabia disso, sempre soube. Zack não é o tipo que se prende a uma mulher para sempre, nem mesmo que a ame eternamente, e eu não sou lá o tipo de “mulher fiel” para a eternidade que ele está procurando realmente. Eu sabia que o meu sonho foi como um aviso para eu me preparar para coisas piores. Mas espera... Desde quando eu venho tento premonições do futuro mesmo?!




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Notas finais do capítulo

- Esse cap. é meio macabro, não acham?
- Bom, eu não sei se irei postar no domingo, vai depender se eu voltar aqui e ver que vocês comentários, como hoje que eu estou atrasada para sair e tô fazendo uma att KKK
- xx