Chegamos atrasados na sala. Como? Eu realmente não sei. Percebi que andamos feitos tartarugas. Não haviam lugares perto do meu "grupinho", então me sentei atrás de um menino loiro, olhos castanhos e um sorriso lindo.

Uma professora extrovertida dava a aula e sorria à todos os segundos. Estava gostando dela, o menino virou:

– Eu te conheço de algum lugar!

– Cidade pequena, sabe.

– Não! Eu... não sei...

Ele virou pra frente percebendo que eu o ignorava. Fiquei um pouco sem graça e resolvi puxar assunto:

– Você faz ingles? Aula de violão? Pintura? Ou algo assim?

– Não! Eu fazia ingles, mas não aqui! Na minha antiga cidade!

– Aah, você não era daqui?

– Não! Mudei há 4 meses! Férias de verão! Você sabe...

– Aah sim! Sei, sei...

Ele virou e continuou a prestar atenção na aula.

Passou o tempo, olhei para Sophie e ela sorria sem parar. Normal. Pensei.

Fim da aula. Aleluia.

– Izzie!

– Oi! - estava terminando de guardar os livros na bolsa.

– Bora gente! - Léo pegou minha mochila e saimos andando.

Encontramos Marcos no meio do caminho rodeado de meninas. Sophie ficou ao longe olhando ele. Deu um sorriso sem graça e balançou as mãos.

Com sua voz nada chamativa. Que se escuta à quadras de distância. Começou a falar ao longe:

– Beijo pra vocês meninas. Que agora eu tenho que cuidar da minha gatinha.

Sophie sorriu. Foi ao seu encontro e o beijou com aquele jeitinho meigo.

– Sabe de uma coisa? - ele disse baixinho ao pé do seu ouvido.

– O quê?

– Estou apaixonado por você!

Ela o abraçou. Marcos pegou seu material e foi andando conosco até a saida.

– Então... Como vamos embora? Ein gente? - João disse pausadamente.

– Olha... Eu não sei vocês, mas eu tô acabada e preciso dormir. Vou pegar um onibus mesmo. - disse e sai caminhando até o ponto.

Estava exausta e meus olhos doiam. Joguei meu material para o lado e cai em um sono profundo.

Meus colegas haviam pegado o mesmo onibus. Ninguém disse nada o caminho todo. Ninguém queria.

Acordei com minha mãe chegando do serviço. Minha irmã feliz contando sobre seu primeiro dia de aula. Como foi bom.

– E o seu Izz?

– Oi! O quê?

– Como foi seu dia de aula?

– Foi bom! - encurtei as palavras.

– Só isso?

– É! Fiquei com bastantes conhecidos. E só... Foi bom, considerando que um professor nos chamou e ladrão.

– Como assim ele chamou vocês de ladrões?

– Chamar! Chamar. Não chamou. Mas bem que ele insinuou. Aquele safado.

– E o que vocês fizeram? Ele não pode fazer isso!

– Ele não pode mesmo! Mas, o que podemos fazer afinal? Essa história é um pouco mal contada mesmo, mãe! Nem eu entendo!

– Mas ele não pode julgar ninguém!

– Ah, não se preocupa. Por que no que depender da Bruna e do Caio, ele não dirá mais nada!

– Caio? Eu o vi. Ele sorriu pra mim e acenou. - Mel disse - Não era nosso antigo vizinho?

– É melzinha! Aquele era nosso antigo vizinho!

Ela riu sem parar.

– E você que ficou feliz quando ele se mudou, né? Agora são da mesma sala.

– Eu sei. Mas talvez as pessoas mudem e eu já o perdoei.

– Izzie Ketheley Bonemann... é você mesma??