12 de outubro. Dia das crianças. Uma data muito especial para a galerinha pequena que adora ganhar presentes - especialmente brinquedos. Os sete amigos (Tori, Trina, Cat, Andre, Robbie, Beck e Jade) estavam todos reunídos na casa da última citada. O pai dela iria levar os pequenos em uma loja de brinquedos e, com seu próprio dinheiro além do que os outros pais deram, iria talvez comprar algo. Mas dependendo da boa vontade - ou a falta dela - do sr. West, não poderia se esperar uma coisa muito boa. 

Os pequenos estavam super animados, até mesmo Jade que vivia de mal humor. Nada muito anormal, era apenas seus jeito de ser.

Enquanto esperavam que o adulto se arrumasse para levá-los, Trina pediu para que a moreninha filha do dono da casa, a maqueasse. Tori tentou dizer que não era uma boa ideia já que Jade nunca gostara da menininha um ano mais velha que todos, mas ela não estava nem aí. Queria se aproximar da jovem West e achava aque aquele era o contexto perfeito.

- Tá ficando bom?

- O que foi? O que eu fiz de errado? Ela disse que queria algo que chamasse a atenção, mas que não fugisse do comum para "Trina". - A moreninha disse inocentemente, virando-se para Beck que estava rindo. - Uma obra de arte, não?

- Quieta, eu ainda não acebei!

- Mas eu só...

- Shiu! Que coisa, Vega! Pare de se mexer!

As crianças de cinco - e seis - anos estavam todas espalhadas pelo quarto de brinquedos, Trina sentada em uma cadeirinha com Jade à sua frente maqueando-a e Cat, a ruivinha fiel à jovem West, estava ao seu lado se divertindo com a situação apesar de não estar achando muito certo. Mas Jade a convencera de que era apenas uma brincadeirinha inocente e a ruiva acreditou. Tori e Andre estavam perto da janela, Robbie estava olhando os bonecos jogados em uma caixa e Beck estava sentado em uma poltrona observando a cena das meninas.

- Já está acabando. Por favor, não espirre. - Disse enquanto passava pó de arroz.

Beck, ao fundo, estava segurando uma risada.

Quando a maquiagem finalmente foi cuncluída, Jade pegou um espelho e trouxe para frente de Trina que soltou um grito e começou a chorar.

- O que foi? O que eu fiz de errado? Ela disse que queria algo que chamasse a atenção, mas que não fugisse do comum para "Trina". - A moreninha disse inocentemente, virando-se para Beck que estava rindo. - Uma obra de arte, não?

- Com certeza. - Ele respondeu entre risos.

A garotinha aos choros estava na verdade piorando a maquiagem com suas lágrimas. Jade havia feito com que ela ficasse parecendo uma palhaça, literalmente. Deixou a pele branca, pintou o nariz de vermelho, fez uma maquiagem colorida e uma boca vermelha toda desenhada por fora também, como nos palhaços de verdade.

- Não, com certeza não! Eu estou horrível!

- Está melhor do que antes. - Deu de ombros e foi se sentar ao lado de Beck na poltrona. 

Cat olhou para Trina com pena e tentou disfarçar indo falar com Robbie.

- Tadinha da Trina... A gente só tava brincando. E ela ficou tão bonitinha de palhacinha... - A ruivinha fungou, tentando engolir o choro. Robbie a abraçou.

- Calma, Cat... A Trina que não quis ouvir os conselhos da Tori.

- Mas eu estou envolvida nisso!

- Você só estava por perto. Relaxe... Vamos, sorria. Hoje vamos à loja de brinquedos e você vai ter o seu...

- Unicórnio!

- Isso mesmo!

Enquanto isso, Tori e Andre se viraram para a Vega chorosa. O garotinho começou a rir, mas Tori lhe deu uma cotovelada e ele parou. Ela chegou perto da irmã, os braços cruzados.

- Tori... - Ela falou chorando.

- Você não quis me ouvir.

Antes que Trina pudesse responder, o pai de Jade chegou correndo pelo fato de ter ouvido o choro e ficou preocupado. Afinal de contas, as crianças estavam sob sua responsabilidade.

- Mas o que foi que... - Ele parou examinando a palhacinha e então seus olhos caíram na filha que apenas olhava tudo com um grande sorriso maldoso. Ele revirou os olhos e pegou Trina no colo, levando-a para o banheiro para limpar seu rosto enquanto murmurava coisas como "crianças insuportáveis".

Tori chegou na menininha, os braços antes cruzados estavam em sua cintura. Estava pronta para começar a gritar quando viu Beck ao lado dela e relaxou. Se havia algo que o moreninho sabia fazer era derreter qualquer coração de qualquer pessoa. Andre olhou para a garotinha ao seu lado com ciúmes e Jade pegou na mão de Beck como se dissesse "ele é meu e não ouse chegar perto dele senão te parto ao meio". A jovem West sempre fora super protetora em relação ao seu "namorado". Namoro de criança nunca fora nada sério. Apenas beijo na bochecha, andar de mãozinhas dada... Mas isso não se encaixava para aquelas duas crianças que muitas vezes se portavam como adolescentes. Se rolava beijo de verdade? Selinhos sim, ainda eram muito novinhos para entenderem. Mas eram sim um casal de verdade, como qualquer outro. Beck mesmo já havia dito para Jade que quando crescerem iriam se casar.

O sr. West voltou do banheiro sozinho, Trina havia descido para a garagem. Com um aceno rápido e sem dizer nada, mandou as crianças descerem também. Jade escorregou pela poltrona, ainda segurando a mão de Beck, e o puxou consigo para o andar de baixo. Tori e Andre foram andando lado a lado, assim como Cat e Robbie. Todos entraram no carro e prenderam o cinto, Jade foi um pouco mais complicado, apenas seu namorado conseguiu convencê-la.

Já era fim de tarde, uma hora incomum para se ir à uma loja de brinquedos, mas o sr. West não gostava muito de dirigir sob a luz do dia. O shopping não ficava muito longe dali, apenas 10 minutos de carro. 10 minutos intermináveis para Jade e seu pai que tiveram que ficar aturando as outras crianças cantando músicas infantis - as quais ambos julgavam estupidamente estúpidas. 

Ao chegarem no estacionamento, todos saíram automaticamente do carro, as crianças começaram a correr para dentro so shopping e o sr. West logo atrás, andando normalmente. Outros clientes do local olhavam espantados, mas o homem engravatado desfilava por aí com seu ar de "não tenho nada a ver com esse mini bando de delinquentes".

As crianças seguiram para sua loja preferida, o adulto responsável - ou nem tanto assim - que tinha a obrigação de ficar vigiando, foi para uma loja de móveis, estava pensando em redecorar seus escritório. E enquanto isso as crianças começaram a se espalhar pelo local. Cat foi procurar seu unicórnio com a ajuda de Robbie que havia pego um boneco de ventriloquismo. Tori foi em direção às barbies e Andre aos brinquedos musicais. Jade desfilava por todos os corredores com Beck junto a si. A cada três brinquedos, ela bufava.

- O que foi?

- Não sei como podem ser chamadas de brinquedos todas essas sucatas inúteis.

- Ei... - Ele parou fazendo bico e então tirou do fundo de uma prateleira uma bonquinha de porcelana com olhos esverdeados e cabelo castanho. Ela era idêntica à Jade. - Essa daqui não é uma sucata inútil. Ela parece com você.

Jade deu um sorriso e pegou a bonequinha em mãos.

- Ela é linda.

- Foi o que eu disse, ela parece com você.

A menininha desviou seu olhar da boneca para o moreno ao seu lado e o abraçou. Com isso ela ficou mais animada e começou a prestar mais atenção, tentando achar pontos interessantes naquelas "sucatas inúteis".

Após algumas horas, todos estavam reunídos no fundo do corredor mais longe da porta. Robbie estava brincando com seu boneco, o qual batizou de Rex, Cat estava penteando seu unicórnio, Tori fazia um pequeno "desfile" com algumas Barbies e Andre estava fazendo o fundo musical da brincadeira da menina. Trina estava brincando com um laptop da Barbie e Jade e Beck estavam sentados, um do lado do outro, Jade com a cabeça no ombro dele e ainda alisando a bonequinha de porcelada.

- Por que você não escolheu nada?

- Porque eu já tenho tudo. - O moreno deu de ombros.

Se divertindo tanto, nenhuma das crianças deu falta do sr. West que já havia até mesmo ido embora. Sim, ele havia partido. Achava que poderiam encontrar seus pais e iriam para casa. Sua filha poderia ficar com Cat ou qualquer outro. O fato é que ele não se importava. Estava cansado e não estava nem um pouco disposto para procurar sete crianças em uma das maiores lojas da cidade. É claro que aquilo era considerado crime, mas estava tão cansado que nem havia parado para pensar naquilo.

Por estarem tão quietos, os funcionários do local não perceberam a presença das crianças e, como era feriado, a loja fechou mais cedo. A porta fora trancada, o alarme ativado e as luzes apagadas. Trina, Tori, Cat e Robbie gritaram.

- Será que a luz acabou? - Perguntou Andre.

- Sei lá. Que horas são?

Beck olhou em seu relógio de pulso.

- Oito e meia da noite. - Todos o fitaram em choque.

- Jade, cadê seu pai? - Perguntou Robbie, a voz fina falhando.

- E-Eu não sei...

Todos correram e pegaram uma lanterna, logo voltando ao local em que estavam. Os mesmos que gritaram com o apagão começaram a chorar. Jade foi reconfortar Cat, Andre foi para Tori e Beck foi ajudar Robbie e Trina.

- E agora? - Andre perguntou.

Jade se levantou, começando a chutar tudo que estava à sua frente. Beck se levantou também, pegando a morena revoltada pelos pulsos.

- Ei, se acalma!

- Não tem como me acalmar! Aquela porcaria que eu chamo de pai abandonou a gente! Ele abandonou... A gente. Eu... Eu sou filha dele. Ele... me deixou! - Sua voz foi ficando cada vez mais fraca. Ela caiu nos braços do namorado, chorando.

- Shi... Calma... Estamos todos aqui. Nós não vamos te abandonar.

Trina, que havia visto que a garota estava chorando, se levantou e foi abraçá-la. Arrependida pelo que havia feito mais cedo, Jade a abraçou forte, enterrando seu rosto nos cachos da menininha.

- Trina, me desculpa!

- Tá tudo bem, Jade...

- É sério... Eu vou tentar não te provocar mais... Eu só...

- Calma... - Trina sorriu, tentando consolá-la. - Relaxa, isso já passou.

- Gente, por favor. Shiu, todos! - Tori falou grudando seu celular à orelha. - MÃE! MÃE, POR FAVOR, VEM BUSCAR A GENTE! - Ouve uma pausa, a senhora Vega estava falando. - Não, mamãe. O pai da Jade deixou a gente na loja de brinquedos. Estamos com medo. Por favor, vem com o papai buscar a gente... - Tori fazia força para não falar. - Ok, ok... A gente espera. Beijos, te amo. Tchau. 

- E aí? - Perguntou Beck.

- Minha mãe e meu pai estão vindo. Jade... Seu pai está encrencado.

- Dane-se ele! Que queime no inferno! - Todos olharam para ela, aterrorizados.

- Aonde você aprendeu isso? - Andre perguntou.

- Quando se vive em uma casa cheia de brigas, aprende-se desde cedo. - Ela deu de ombros.

- Então você não vai mais morar lá. - Trina disse decidida.

- Então aonde vou morar? Debaixo da ponte?

- Não, né? Com a gente!

- Vai me deixar morar com vocês depois de tudo o que eu fiz?

- Amigas são pra isso. - Trina sorriu e as duas se abraçaram novamente.

Não muito tempo depois, o senhor e a senhora Vega, além de uma equipe de policiais chegaram e arrombaram a porta. Juntos também estavam os pais de todas as outras crianças, exceto pelos de Jade. Na verdade a sra. West nem se encontrava no país. Estava viajando pela Europa. Todos ps pais foram de encontro aos seus filhos. A senhora Valentine também foi junto de Jade e a abraçou forte. O pai de Tori e Trina chegou, pegando-a no colo.

- Tudo bem?

- Não. Você sabe o que aconteceu... - Ambos suspiraram.

- Não se preocupe que isso não vai acontecer nunca mais, ok?

- Ok, obrigada.

Todos foram para suas casas. Uma escolta policial foi até a residência dos West. Entraram sem dizer nada, subiram para o quarto da menininha e pegaram suas coisas, logo em seguida saíram. O sr. West parou o sr. Vega bem na porta, o olhando sério.

- O que isso significa?

- Significa que Jade não vai ficar com um irresponsável como você que abandonou ela e um grupo de crianças em um shopping. Prepare-se para além de perder a guarda de sua filha, poder ser preso por Abandono de Incapaz. Boa noite. - Ele disse e por fim saiu.

No dia seguinte, todas as crianças estavam reunídas da casa de Tori, Trina e agora Jade. Mas não estavam alegres. Já estavam melhores quanto ao fato de terem se perdido, mas haviam deixado os brinquedos na loja.

- Sinto falta do meu laptop.

- E eu do Rex.

- Eu das Barbies.

- Eu do teclado.

- Eu da bonequinha de porcelana.

- E eu do meu unicórnio! - Cat começou a chorar.

Mas  então todos os pais entraram com vários pacotes. Entregou cada um à uma criança e todos, sem esperar nem mesmo para respirar, rasgaram o embrulho.

- Nossos brinquedos! - Tori gritou.

Apenas Beck não havia aberto.

- O que foi? - Jade perguntou.

- Tenho medo do que meus pais escolheram. Lembre-se que eu peguei a sua bonequinha.

Jade riu e o ajudou a abrir o presente. Os olhos de Beck se iluminaram.

- Uma guitarra! - É claro que era de brinquedo, mas para uma criança...

- Ei, Beck. Dá pra gente fazer uma pareceria. Eu com meu teclado... Hum?

- Com toda certeza!

E os pequenos passaram o resto do dia - e passaram também vários outros dias - brincando com aquelas coisas que não era "sucatas imprestáveis". Os pais de Jade realmente perderam a guarda da menina e ela passou a morar na residência dos Vega. O sr. West foi preso realmente e a sra. West resolveu que, já que não tinha mais a filha e o marido estava preso, viajar novamente. Depois todos perguntavam por que a menininha era daquele jeito. Com a educação que os pais davam e também suas influências... Pelo menos Jade agora estava com uma família que realmente a amava. Ela sendo sangue do sangue deles ou não.