Quando me dei conta nossos lábios estavam a apenas poucos centímetros de distância então Percy colocou a mão no meu pescoço selando a distância que faltava com um beijo.

Um beijo diferente de qualquer outro, numa sincronia perfeita e confusa numa luta entre a razão – que nessas horas teimava em me fazer sair dali – e a paixão – que me mantinha presa ali naquele lugar. Passei minha mão pelo pescoço de Percy e a enterrei em seus cabelos, enquanto ele segurava minha cintura. Não sei quanto tempo durou esse momento de uma louca insanidade, mas voltamos à realidade com o barulho de alguém chegando e a voz de Nico soando de longe.

– Percy? Você tá ai?

Nos soltamos com um pulo, ainda ofegando, mas a tempo de ver Nico chegando.

– Tô, Nico, que foi? – Percy respondeu com um tom de voz impaciente.

– Nada, é que sua mãe tava chamando você. Vovó chegou.

Percy olhou incrédulo para Nico, vendo se ele tava falando sério mesmo, como se não acreditasse que Nico o interrompera só pra isso.

Devo confessar que fiquei um pouco indignada também. Aquilo poderia ser uma besteira totalmente enorme. E era. Mas talvez também tivesse sido bom.

Tá, o que eu acabei de dizer? Ok, esqueçam o último comentário.

Mas voltando a realidade, eu me levantei da grama e Percy fez o mesmo, e nós três caminhamos em direção a casa, onde as pessoas da família da Sally que tinha chegado se encontravam. Assim que chegamos na sala vi uma senhora que devia ser a tal vó do Nico e do Percy. Ela parecia bem conservada, e se eu não me engano ela tava completando 65 anos. Depois dela receber um abraço dos netos eu fui falar com ela e lhe dei um abraço.

Depois disso todos ficaram na sala, enquanto a parte da família que tinha acabado de chegar ainda se acomodava na casa. Um tempinho depois eu vi que já eram 18:30, então eu subi com Bianca para o quarto para começar a se arrumar, a festa começava as sete e meia.

Assim que eu subi coloquei meu vestido e meu sapato em cima de uma cadeira do quarto e deitei na cama e esperei Bianca sair do banheiro para tomar meu banho.

•••

Quando sai do banheiro, depois de um longo banho morno, meus neurônios voltaram a funcionar normalmente e eu percebi as besteiras que eu estava pensando antes de tomar banho. Sinceramente, eu não sei o que deu em mim, e eu realmente espero que você desconsidere aqueles pensamentos em meu momento de loucura.

Mas enfim, voltando a realidade, peguei meu vestido branco e o vesti, depois sai do banheiro e sentei na cama para calçar meus sapatos. Bianca estava sentada na sua cama, terminando de passar gloss nos lábios. Não sou muito chegada a maquiagem, então apenas passei um gloss clarinho.

Quando nós duas ficamos prontas caminhei em direção à porta do quarto e descemos a escada em direção à sala, já eram dez para oito, então eu creio que as pessoas já devam ter começado a chegar. Assim que cheguei lá em baixo vi que mais outras pessoas – além das que já estavam ali quando eu subi - tinham chegado, estavam na sala de estar espalhadas pelos sofás.

Uma música calma tocava ao fundo, alguns estavam bebendo alguma coisa, todos conversavam e riam. Num canto da sala estavam Nico, polo, Percy e Ártemis, Bianca caminhou até lá e eu a segui. Quando chegamos cumprimentei todos com um sorriso e me sentei entre Bianca e Ártemis num sofá, enquanto os meninos estavam sentados a nossa frente, numa mesinha de centro que agora servia como banco.

Começamos a conversar sobre assuntos aleatórios e eu percebi que apesar de serem relativamente mais velhos, os gêmeos Ártemis e Apolo (principalmente) conversavam com os sobrinhos como se fossem da nossa idade, então os assuntos não eram chatos (ou assunto de adultos) como política e economia, mas na maioria das vezes eram coisas engraçadas, tipo da vez em que Apolo colocou a Bianca no armário dele para tirar uma foto quando ela só tinha seis meses – é claro que ele deixou a porta aberta, mas geralmente bebês dessa idade ainda são muito novos para até se sentarem sozinhos. Pobre Bianca.

Depois de um tempo fiquei com sede e me levantei para pegar um refrigerante, quando cheguei ao balcão onde se encontravam as bebidas vi que Percy se encontrava do meu lado. Peguei um copo, enchi de Coca e me virei para ele.

– Quer? – perguntei apontando o copo para ele.

– Não.

– E por que veio aqui no balcão de bebidas se não quer beber?

– É que... Eu... Queria falar sobre o que aconteceu hoje a tarde. – fiquei um pouco tensa, mas assenti indicando para ele continuar – Eu realmente não queria fazer aquilo. Tipo, puf, beijar você? Não.

– Sentimento mútuo. – eu disse.

– Enfim, eu só queria dizer que o que houve foi uma “atração momentânea”. Só isso.

– Claro.

– Não significa que eu te ame.

– Não mesmo.

– Apenas uma atração.

– Isso ai.

– Eu continuo te odiando.

– Eu também.

– Pra mim você continua uma chata, mesmo depois de... um beijo.

– E você continua um idiota.

Depois desse diálogo um tanto inconvencional, demos um riso e eu tomei um gole da minha Coca. Caminhamos até o local em que estávamos e nos sentamos.

É, talvez nada tenha mudado, mesmo depois daquele beijo.

Ele continua sendo o idiota e eu a ‘chata’.

Foi apenas uma atração momentânea. É isso.

•••

Depois dos parabéns para a mãe da Sally todos nós jantamos e voltamos a conversar, de modo que a festa apenas acabou depois de meia-noite, com o último convidado indo embora quando já eram quase duas horas da manhã.

Subi para o quarto com Bianca, entrei no banheiro para trocar de roupa e depois me enfiei debaixo do cobertor, apenas dando boa noite para ela e literalmente apagando depois disso. Só vim acordar no outro dia de manhã e bom, hoje eu não acordei com um feixe de luz do sol entrando pela brecha da cortina.

Estava lá nos meus sonhos quando ouço uma voz soar bem perto do meu ouvido.

– Annie, acorda... – a voz disse novamente perto do meu ouvido.

Abri os olhos lentamente e quase tive um ataque cardíaco. Deitado a apenas centímetros de distância de mim na minha cama estava Percy, me acordando da maneira mais exótica possível.

– AHHH! – gritei de susto assim que abri os olhos, me sentando na cama com um pulo, o que fez minha cabeça latejar.

– Bom dia! – Percy disse com um sorriso no rosto se sentando na cama ao meu lado. – Acordou bem?

– Claro, melhor impossível. – eu disse ainda ofegando do susto e da minha levantada brusca da cama. – O que veio fazer aqui?

– Bom, o que você acha? Te acordar seria uma boa resposta.

– E por que você veio me acordar?

– Seu pai pediu. – ele respondeu e eu revirei os olhos. Nesse mesmo instante Bianca acordou, provavelmente com o pequeno barulho que nós estávamos fazendo e se sentou na cama, achando a situação um pouco estranha.

Tentei imaginar como eu me sentiria se assim que eu acabasse de acordar eu visse meu primo e uma menina que eu acabei de conhecer na mesma cama bem cedo da manhã. Bom, provavelmente não seria pior do que a vista que eu tive hoje, mas ainda sim é bem estranho pra ela.

– Percy? – ela disse entre um bocejo.

– Ah, oi Bianca! Bom dia! – ele disse se virando pra ela.

– Bom dia... – ela disse ainda estranhando a situação ela se levantou e caminhou até o banheiro, entrando lá e fechando a porta.

– Bom, sua tarefa foi cumprida, tô acordada, pode ir agora. – eu disse.

– Você sabe que eu até gosto quando pedem pra eu te acordar? Lembra o que aconteceu da última vez que eu te acordei? – ele perguntou com um sorriso maroto no rosto.

– Lembro, e antes que você leve mais travesseirada que naquele dia ou em qualquer outro, sai logo da minha cama.

Ele deu um riso e fez menção de se levantar da cama, mas parou no meio do processo e se virou pra mim, dizendo:

– Sabe, tô louco pra saber quando vão pedir pra eu te acordar de novo.

– Anda logo Percy! Sai! – eu disse batendo nele com o travesseiro enquanto ele ria. Depois de mais duas travesseiradas ele se levantou e eu percebi que eu também ria dessa cena.

N/A: Galera, eu sei que as notas finais estão enormes, mas o que eu esrevi é importante, então espero que leiam.