Distrito 5 - A Força Da Inteligência escrita por BelleJRock
E um clarão ofuscou meus olhos, eu aperto eles e depois abro. A avenida estava ali enorme e iluminada, telões por toda parte filmando os tributos. Éramos cercados por uma arquibancada cheia de pessoas da Capital e lá no fim havia um edifício e na varanda estava o presidente Snow com todos seus ajudantes e ministros.
O barulho era estrondoso com os gritos do povo da capital. Acene e sorria. Não conseguia nem abrir meus olhos direitos com todos me olhando. Olhei para Ethan e ele estava rindo, acenando e fazendo as pessoas olharem para ele. E por impulso levantei a mão e comecei a balançar. Agora sorria. Um sorriso meio torto meio idiota saiu de mim e a capital começou a gritar mais ainda, jogaram flores e seus chapéus, pulavam e gritavam e batiam palmas. Mas não eram para ninguém ali, era para os tributos do distrito 12, olhei rapidamente para trás e lá estavam eles pegando fogo e de mãos dadas. Uau. Como colocaram aquele fogo falso ali? De repente a carruagem parou e o presidente Snow se levantou e começou a falar:
- Sejam bem vindos! Sejam bem vindos! Tributos eu dou-lhes as boas vindas! Nós saudamos sua coragem e seu sacrifício e desejamos a todos... Felizes Jogos Vorazes. E que a sorte esteja sempre ao seu favor.
Os cavalos então voltaram a andar e passaram por um portão e os gritos das pessoas ficaram para trás, desaparecendo cada vez que se distanciava da avenida. Os cavalos estacionaram e nós saímos ao encontro de nossos estilistas que nos esperavam mais a frente. Antes de qualquer olá ou muito bem, Leah começou a falar:
- Porque você não sorriu grande e feliz? E aqueles do 12? Não acredito! Não acredito! Como não pensei em algo assim? Eles roubaram a cena de vocês. E eu ainda queria ter entrado lá para ajeita tudo aquilo era só para vocês faze...
- Chega Leah! – Disse sua irmã – Eles foram ótimos. Parabéns. Vamos subir estão nos olhando. – Agradeci a sua irmã e então Rodney desatou a rir escandalosamente. Seguimos em direção ao elevador e Leah depois de ter tomado uma aspirina disse:
-Os andares correspondem ao número do distrito de cada tributo. Logo o nosso andar é o quinto. - Quando chegamos ao quinto andar, algumas Avox nos esperavam e abriram a porta por nós:
- Ah, maravilhoso. – Exclamaram as duas gêmeas quando entramos no apartamento. Realmente era lindo. As paredes eram azuis claras a sala era enorme com uma T.V bem fina. Havia botões e Avox por todo lugar. No corredor dava para os quartos. A sala havia sofás enormes com tapetes felpudos. A mesa de jantar era grande e vermelha e as cadeiras eram ondulados, azul-escuro e bem lisinhas. Na mesa já haviam posto o jantar, nós sentamos depois de trocarmos de roupa e lá estava um outro banquete no dia. Um porco inteiro nos esperava com uma maçã na boca, salada, laranja, molhos, legumes e verduras estavam em volta dele. Arroz e feijão. Frutas em geral, bebidas que eram servidas pelas Avox. Começamos a comer e a conversa na mesa estava indo bem, porém eu ficava ao redor de meu silêncio.
- Por que essas moças não falavam comigo? – Perguntou Ethan
- Porque são Avox. São pessoas que cometeram crime e tiveram suas línguas cortadas para não falar mais. – Respondeu sua estilista.
- Que horror. – Disse Ethan.
-Horror são eles cometerem o crime, Ethan. – Retribuiu Leah. Depois todos ficaram em silêncio, a sós um com o outro. Foi então que me lembrei de que Rodney nesses últimos dias só gritara conosco ou dera risadas escandalosas. Nada de útil para a arena, quem sabe ele dava uma de ótimo mentor na frente de todos:
- Rodney como sobrevive na arena? – Eu perguntei.
-Ah, você quer saber? – Ele disse com um ar melancólico. – Você mata.
- Rodney, como sobrevive na arena? – Eu repeti mudando o tom de voz – Eu perguntei, preciso de resposta. Quer ver meu corpo num caixão num futuro próximo?
- Não. Cadê minhas barrinhas? – Ele começara a ficar nervoso.
- Já chega! – Eu gritei na cara de Rodney, e o grito ecoou na sala toda. – Eu quero respostas agora. Eu tenho irmãos, eu tenho família eu quero saber como é. Eu quero sair dali com vida!
- Sente-se, por favor, vamos conversar - Interrompeu-me Ethan.
- Eu não vou sentar! Não tem mais conversa aqui. Ethan, você não entende! Você não sabe de nada. Isso é um jogo mortal! Você não sabe os perigos que está correndo. Eu estou ficando desesperada porque isso está custando uma vida, quer dizer, vinte e três vidas! Ótimo, silêncio. – Percebi a cena que eu fazia, sentei-me novamente, me senti enjoada olhando para o meu prato e antes que eu levantasse Ethan disse:
- Fique. Ouça-me. Você acha que eu não sei sobre o perigo? Eu sei sim. Mas não tenho chances. Não sou inteligente como você. Não sou forte, não tenho instinto para matar. Não sou ninguém. Eu não tenho chances! – Gritou Ethan. – Só me sobrou isso. As pessoas terem pena de mim. Eu odeio isso.
- Quem te disse para fazer isso? – Eu perguntei. – É a pior tática já existente. Não tem cabimento e não leva á lugar nenhum, Ethan.
- Eu vou me deitar. – E por fim ele saiu da mesa. Eu estraguei o jantar, e a fome já havia passado. Saí da mesa também, virei de costas para ouvir o que Avery tinha a dizer:
- Pegou pesado, hein. – Mas ela não estava falando do Ethan, eu acho, porque quando vi Rodney ele estava com lágrimas nos olhos. Não podia fazer nada, virei à cara e fui ao meu aposento. Fiquei encarando a porta, não iria ficar lá deitada. Não ia conseguir relaxar, precisava de ar fresco, e quando ia para varanda encontrei Rodney lá encarando o nada, sentindo a brisa empurrar seus cabelos desengonçados. Vi ele chorando lá na mesa e decidir falar com ele:
- Oi Rodney.
- Olá. Veio fala da arena?
- Não...
- Que pena.
- Você quer falar então? – Não entendia a dele.
-Querida, eles irão te matar se sair viva ou não. Você acha que sou feliz por ter ganhado?
- Você diz sempre essas coisas aos tributos antigos?
-Talvez. Eles me evitavam. Por causa das barrinhas eu acho. – Ele começou a rir. – Água é importante para sobreviver. Procure. Não deixe que a pegue. Use sua melhor força para lhe ajudar e não matar. Comida em segundo lugar depois da água. A cornucópia é um banho de sangue. Os carreiristas sempre se unem, sua maior fraqueza é caçar, ás vezes. Usem sua fraqueza como ponto de referência para um bom jogo. Amanhã, treine sua sobrevivência e somente uma vez faça o que é de melhor, eles podem achar que foi sorte. Tem depois seções individuais, não ganhe uma nota tão alta, mas não tão baixa a ponto de retirar seus patrocinadores. Talvez deva ajudar o Ethan com isso. Ele não é ruim, mas continua a ser uma pessoa mais frágil. Talvez devesse pedir desculpas á ele também.
- Por que só disse isso hoje?
- Porque sou louco. Por que eu fui mentor da única pessoa que eu amava que me restou depois dos jogos. E ela disse a mesma coisa que você naquele jantar, querida. Agora tem uma cicatriz enorme em volta do pescoço. Aonde foi costurado ao corpo.
Passei a mão no meu pescoço. Ainda não tinha cicatriz, somente o medo. Não é á toa que Rodney come tantas barrinhas de cereais. Saí da varanda e fui falar com Ethan. Encontrei-o deitado de bruços na cama, choramingando:
- Ethan?
- Rodney mandou você aqui? Para se desculpar?
Não podia mentir, a verdade era aquela. Porém vê-lo ali, sabendo que iria morrer me deixou um pouco comovida.
- Sim.
- Não precisa, pode ir se deitar.
-Ethan, não menti quando disse sobre a tática idiota. É realmente idiota.
- Terminou?
-Deixe-me ajudá-lo. Rodney disse para mim muitas coisas. – Então mesmo ele deitado de bruços, comecei a repetir tudo que Rodney me disse. Sabia que me ouviria. - E amanhã será o centro de treinamento. No que você é bom?
- Em nada.
-Amanhã vamos descobrir isso.
- Por que está sendo legal comigo?
-Porque você teve esperança. Até os gênios precisam disso. Boa noite, Ethan.
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