Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos em um dia, hem.



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Capítulo 4

A sala estava segurando a respiração enquanto eu encarava o professor e apontava acusadoramente para o garoto Wave. Nos ficamos em silêncio, apenas nos encarando, até que eu finalmente abaixei o dedo e voltei a colocar minhas mãos na cintura.

“Qual é o problema de eu ter te colocado ao lado do Sr. Wave?”, Sr. Nage me perguntou, e, eu jurava que ele estava achando graça daquela situação.

“Você deve ter faltado a alguma aula de ciências básica.”, eu retruquei. “Fogo e água não se misturam”, eu destaquei cada palavra com cuidado.

“Eu sei.”, ele respondeu solenemente e sorriu.

Filho da –

“Então você é uma Bruxa Elementar do Fogo?”, o menino ao meu lado perguntou de repente. Minha atenção estava tão direcionada ao Sr. Nage, que eu havia me esquecido dele.

Arrastei meu olhar até ele e vi que , no lugar de sua confusão inicial, estava deslumbramento. E, percebi também, que ele estava tão incomodado quanto eu. Ele sorriu e me esticou a mão e tinha algo em seus olhos que brilhavam de entusiasmo. Ele queria de novo. Ele queria sentir aquela reação de novo. Mas eu não queria. Mesmo assim eu apertei sua mão.

Me senti como se tivesse no fundo do mar, afundando e sem poder respirar. Água entrando em meus pulmões e os queimando. E , então, logo que começou, terminou com a voz do Sr. Nage.

“Já que o bem entendido foi resolvido, vocês dois podem voltar aos seus lugares”.

Eu e o garoto soltamos as mãos e nos sentamos. Nossos olhares não tiveram nenhum segundo de distância. Assim que tudo foi resolvido, Sr. Nage voltou a dar a sua aula, mas como no início, tudo parecia ser de outra língua. Eu estava perdida nos olhos azuis do garoto sentado na minha frente.

E , além disso, eu já conhecia aquela primeira aula. Todo ano era mesma. Ele contava como a magia começou a muito tempo atrás e etc. A mesma babaquice de sempre. Era impressão minha, ou os olhos dele ficaram mais azuis?, eu me perguntava. Minha mente estava presa aquele momento solene. Ele sorriu de repente revelando os dentes brancos, mesmo que não fizessem muito contrastes na pele um pouco mais branca que a de Suzy.

“Meu nome é Nicolas, mas pode me chamar de Nick”, ele sussurrou. Eu sorri de volta sentindo meus olhos brilharem.

“Eu sou Alexa, mas meus amigos me chamam de Alex”, eu disse.

Era hilário que a um minuto atrás eu estava pronta para matá-lo e agora, eu estava deslumbrada com a cor de seus olhos. Nem quando eu conheci Suzy fiquei assim. Quando toquei sua mão pela primeira vez, me senti sendo acertada por um raio, mas invés de me machucar, ele me iluminava, assim como o sorriso da dona do poder.

“Eu nunca conheci outro como eu antes e te tocar foi como...”, ele parou de repente escolhendo as palavras certas. Nem eu mesma as tinha. Ninguém nunca havia me contado como era me tocar. “Foi como me sentir aquecido depois de um bom tempo frio”, ele soltou uma risada suave e se inclinou mais para perto de forma que pode sussurrar em meu ouvido. “Foi maravilhoso. Algo que eu nunca senti em minha vida e que eu adoraria senti de novo”, então se afastou para poder olhar em meus olhos de novo.

Me senti corando e abaixei meus olhos por uns poucos instantes. Era como se eu não conseguisse desviá-los dos azuis mar de Nick. Seus olhos saíram do meu por um momento e olharam para algo em minha mesa. Segui seu olhar a tempo de ver outro papel encantado. Fui um pouco para longe de Nick para poder abrir o papel e fiquei surpresa com a mensagem que estava ali.

O que aconteceu? Num momento você esnoba o garoto , depois está quase se agarrando com ele na sala. Se decida garota! Tem outra de olho também.

Era a letra de Lien. Mas mesmo se eu não reconhecesse a letra, só pela mensagem já saberia que pertencia a ela.

Ignore Lien. Vamos conversar no almoço. Leve ele com você. Acho que ele está em todos as nossas aulas.

Aquela era Suzy. Sempre doce.

Me ignorar não. Me responda, droga! Pelo menos o nome do gato!

Lien de novo. Sempre dura.

Agarrei minha até agora sumida caneta e comecei a escrever um recado rápido e eficiente que valia por mil palavras.

Nicolas. Nick.

Era como uma poesia seu nome. Dobrei o papel e o amacei em minha mão. Chamas discretas o envolveram, enquanto me aqueciam e o fizeram aparentemente virar pó, mas no segundo seguinte já estava na mesa de Suzy. Até os bruxos elementares poderiam fazer mágica de transporte.

Só que com mais estilo.

Nick observou cada movimento meu com seus olhos azuis confusos. Engraçado que enquanto eu lia o bilhete e meus olhos distanciavam dos dele, o incomodo voltou sem eira bem beira. Era como se eu fosse vomitar a qualquer momento e explodir de raiva ao mesmo tempo. Mas então, meus olhos voltaram a encará-lo e isso desapareceu quase que instantaneamente.

Ficamos assim a aula inteira. Ninguém nos perturbou, muito menos bilhetes indiscretos. E, mesmo que isso tivesse acontecido, eu não estava ligando para o mundo fora daqueles lindos olhos azuis.

Nem ouvi o sinal do final da aula batendo, mas me senti sendo arrastada para fora da aula e fora do alcance dos olhos de Nick. A primeira coisa que veio a minha cabeça foi: “mas que merda havia acontecido comigo?”. Então encarei os olhos cinzas e preocupados de Suzy.

“Dá pra falar o que aconteceu, ou pelo menos se mexer?”, essa era a voz de Lien, mas eu não conseguia focalizá-la.

Minha mente ainda estava uma bagunça e enquanto eu ia para a aula de Química, ela clareava devagar. Era como acordar de um sonho profundo e estar focalizando o muito real. Eu estava longe o suficiente de Nick, mas ainda conseguia ver seus olhos, em minha mente bagunçada. Suzy não dizia uma palavra sequer enquanto me guiava até a aula do Sra. Mandy, pena que não podia dizer o mesmo de Lien. Ela reclamava e reclamava.

Eu jurava que se não estivesse naquele estado de torpor, teria dado lhe um tapa. Daemen nos seguia também em silêncio e quando Luen se juntou ao nosso grupo, senti-a nervosa e um pouco confusa. Certamente ela deve ter visto deslumbres do que aconteceu na aula. Minha explosão, meu flerte, tranquilidade e etc.

“Ela está assim a quanto tempo?”, Luen perguntou preocupada.

“Quase dez minutos”, Suzy disse apreensiva.

“Não é melhor levá-la a enfermaria?”, Daemen perguntou.

“Não. Vai chamar muita atenção.”, Suzy respondeu dura.

“Mas o que aconteceu afinal de contas?”, Lien perguntou dura e pelo silêncio, eu deduzi que ninguém sabia ao certo. “Ela estava bem uma hora, depois começou a gritar pela sala, depois estava trocando olhares com aquele garoto novo, sei lá o nome, depois ficou assim, como uma estátua”

Se eu não estivesse naquele estado, diria que Lien estava preocupada comigo. Não sabia ao certo onde eu estava, mas sabia que estava em estado de choque, como se tivesse sofrido um tipo de trauma.

“Se ela pelo menos se mexesse”, Daemen disse.

“É culpa do garoto novo.”, Lien disse rabugenta.

“Nicolas. O nome dele é Nicolas”, Suzy disse. “Acho que finalmente descobrimos quem é o seu colega de quarto Daemen”

“É.”, ele concordou.

“Olha.”, Luen alertou depois de um tempo de silêncio. “Ela ta se mexendo”

A simples menção do nome de Nicolas, me fez sair do torpor e piscar. Meus olhos estavam ressecados e precisavam de umidade. Quanto tempo eu tinha ficado ali? Comecei a mexer meus dedos e notei que alguém segurava a minha mão. Acompanhei o destino dos meus dedos com o olhar e encontrei a mão de Luen. Também comecei a sentir a sensibilidade do corpo de novo. Uma mão estava em meu ombro por cima do suéter e eu suspeitava que pertencia a Suzy.

“Aly, querida, fale comigo”, a voz de Suzy era quase suplicante.

Conforme eu piscava, minha visão ficava mais e mais nítida. Consegui ver Lien e Luen, cada uma de uma lado do meu corpo. Daemen estava ao lado de Luen com a mão em seu ombro lhe dando apoio. Suzy estava na minha frente e seus olhos cinzas mais escuros do que tempestades.

“Suzy.”, eu disse depois de limpar minha garganta algumas vezes.

Comecei a identificar onde nós estávamos. No lobby do dormitório feminino. Era incrível o fato de não ter ninguém, mas deveria ser porque estávamos em horário de aula. Encarei quatro pares de olhos multicoloridos e me forcei a recobrar a consciência.

“O que aconteceu?”, perguntei passando a mão pelo meu cabelo. Minha mente ainda era uma bagunça total. Meus amigos trocaram olhares preocupados e m encararam como se eu fosse uma maluca.

“Você não se lembra?”, Daemen perguntou.

Adotei uma postura igual a de Lien quando respondi. “É claro que não! Se eu soubesse não perguntaria”

“Estranho”, as gêmeas disseram juntas.

“Muito”, Daemen concordou. Mas Suzy não deu lhes atenção e se propôs a me explicar.

“Quando a aula acabou você e o garoto novo –“

“Nick, Nicolas”, eu a interrompi.

“É, ele mesmo.”, ela disse e continuou. “você dois não paravam de se olhar, então eu e Lien te tiramos da aula. Você parecia ter entrado em coma ou algo do tipo. Não se mexia.”

“Nós te trouxemos aqui e encontramos Luen no caminho”, Daemen terminou a história e as gêmeas assentiram preocupadas. “Mas..”, ele continuou. “Sabe o que é mais estranho?”

“Não”, eu, as gêmeas e Suzy dissemos em um uníssono.

“O professor Nage observava vocês dois se olhando e não dizia nada. Parecia até um pouco fascinado com o que via.”, Daemen coçou o queixo pensativo. “Era como se vocês fosse uma experiência quase perfeita”

Nós cinco nos encaramos confusos e intrigados. O que será que o professor Nage estaria aprontando? Eu não estava em condição de pensar naquele momento. Minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, como se eu estivesse de ressaca. Ficamos ali por mais um tempo pensando, até que o sinal do fim do segundo tempo bateu.

“É melhor irmos para a aula”, eu disse ainda um pouco tonta.

“Tem certeza?”, Suzy perguntou. “Agora é História da mágica. Com certeza esse tal de Nicolas vai estar lá”

A simples menção do nome dele fez meu corpo inteiro tremer. Parte de expectativa pela ideia de encontrá-lo de novo e parte de medo de sentir tudo de novo. Tinha certeza que não poderia trocar as aulas, então faria a única coisa que poderia.

“Ignorá-lo.”, eu e Luen dissemos ao mesmo tempo. Encarei seus olhos azuis distantes sorrindo e continuei. “Vou ignorá-lo o máximo que conseguir, sem olhá-lo nos olhos e coisas do tipo.”, então me lembrei de um coisa. “Merda, eu o convidei para almoçar com a gente.”

“Não se preocupe.”, Lien disse sorrindo. “Nós cuidamos dele. Se depender da gente você nunca mais vão trocar olhares apaixonados”

Eu ri e me levantei, mas foi rápido demais para o meu corpo e eu ameacei cair. Sorte minha que um par de mãos fortes seguraram-me pelos ombros. Levantei meu olhar e encontrei os olhos verdes de Daemen.

“Cuidado”, ele disse.

“Obrigado.”, respondi e corei.

Quando olhei para os outros em volta, encontrei o olhar de Luen, antes distante, mas agora um pouco desconfiado. Seu rosto estava vermelho e por um momento pensei ter visto em seus olhos a mesma coisa que tinha visto nos olhos de Lana. Ciúmes. Mas eu tinha certeza que não era o caso. Se fosse para eles estarem juntos, isso aconteceria a muito tempo atrás. Mas eles amigos, não é?

Com a minha mente distante de novo por causa de Luen, mal notei quando eu e Suzy deslizamos para os nossos lugares na aula de História da Mágica. Daemen e Lien se sentaram no lugar atrás do nossos e Luen foi para a sua aula de Meditação.

Era engraçado, mas Luen tinha sido colocada em algumas aulas inusitadas como Meditação, mas isso até que a ajudava a controlar os seus tão confusos poderes. Sra. Hudson nem notou o atraso de nós quatro e esperava que Luen também tivesse tido essa sorte.

Mal sentamos em nossos lugares e tão logo o incomodo voltou. Eu não precisava ser nenhuma genia para saber que ele estava a poucas cadeiras de distância de mim. Podia sentir sua presença queimando por cima do meu ombro esquerdo. Sorte que eu e Suzy nos sentamos no lado oposto das janelas, onde, aparentemente, ele gostava de sentar.

Eu conseguia sentir seu olhar em mim, então virei meu corpo discretamente, como tinha feito quando nos conhecemos e me virei para Suzy. Seus olhos estavam fixos na aula como se fosse a primeira vez que ouvia, mas é claro que não era. Parecendo sentir o meu olhar nela, Suzy arrastou seus olhos cinzas até os meus.

“O que houve?”, ela sussurrou preocupada de novo. Ela tinha prendido seu cabelo loiro de um jeito que deixava seu rosto mais evidente e lindo. As bochechas estavam meio rosadas por causa do meu olhar nela e sua preocupação, dando lhe contraste na pele pálida. Saindo de meus pensamentos, a respondi apreensiva.

“Ele está me olhando.”, eu afirmei. Ela olhou por cima dos meus ombros e eu observei seus olhos vagando pela sala, procurando, até que eles brilharam e se fixaram em algo. Mas foi tão pouco tempo que eu invejei sua força de vontade.

“Ele não está te olhando”, Suzy disse e eu suspirei. Deveria ser apenas paranóia minha, eu pensei antes dela acrescentar sorrindo. “Ele está te encarando descaradamente”

“O quê!”, eu arfei baixo, mas o suficiente alto para chamar a atenção de Daemen e Lien.

“O que foi?”, Lien perguntou impaciente. Daemen permanecia quieto e até um pouco distante como Luen ficava.

“Nick está me olhando”, eu murmurei. Lien, Daemen e Suzy riram baixo chamando mais um pouco de atenção para nós.

“Desde quando você tem medo quando garotos bonitos te olham?”, Daemen perguntou quando chorando de tanto rir.

“Desde que eu pareci um zumbi quando me arrancaram de perto dele”, eu respondi e eles pararam de rir quase que instantaneamente, relembrando de uma hora atrás.

“Tem razão.”, Suzy disse. “É só você não o encarar de volta”, dito isso ela e os demais voltaram a prestar atenção na aula.

“Certo”, eu disse. Mas era mais fácil falar do que fazer.

Aquela foi a hora mais longa de toda a minha vida. Eu não conseguia prestar a atenção na aula apenas pegando pedaços dela. Ainda sentia o olhar de Nick em mim e me sentia cada vez mais tentada a olhá-lo de volta. Uma parte de mim queria ter a sensação de estar no mar de novo, mas me contentei segurando a mão de Suzy.

Ela sorriu para mim sentindo a minha mão e a apertou de volta. Quando eu segurava a mão de Suzy, sentia-me em um caminho tão iluminado e estrondoso. Seus raios me atingiam carinhosamente e me faziam ver uma luz interior tão intensa que quase me cegava. Era tão bom.

“... muito tempo atrás, como parte da sala sabe, éramos como reis entre os mortais...”, a professora continuava. Eu tirei minha mão da de Suzy e prestei total atenção a aula, rezando para que ela terminasse logo.

“... assim como fogo e água. Algumas pessoas diziam que os bruxos elementares que os representavam eram fortemente atraídos um pelos outros. Não de uma forma normal, mas de forma quase que indestrutível.”, Sra. Hudson fez uma parede de isopor aparecer quase que instantaneamente na sua frente (com seus poderes de fada) e a socou, dando ênfase a sua frase. Algo no que ela estava dizendo me fez escutar o que ela estava falando.

“E quando um olhava nos olhos do outro, era quase como um encanto. Nada podia soltá-los. E foi assim que nasceram muitos casamentos ilegítimos no mundo mágico”, ela suspirou parecendo sonhar com aquilo, pena que eu não poderia dizer a mesma coisa. Sem pensar duas vezes, levantei minha mão.

“Sim, Senhorita Night”, ela disse.

Todos os olhares da sala foram para mim na segunda vez naquele dia.

“Era como uma atração maluca entre os elementos?”, eu perguntei um pouco hesitante. Acho que meus amigos não pegaram a dica, mas eu não os estava encarando para saber.

“Mais ou menos”, ela disse depois de alguns risos na sala. Mas eu não sabia de quem vinha, minha atenção momentânea era apenas da professora. “É mais como se eles se reconhecessem. Não é com qualquer pessoa que acontece isso”, ela acrescentou parecendo ler a minha mente. “É um caso muito raro e exclusivo para bruxos muito poderosos”

E com isso, o sinal tocou. Eu permaneci paralisada em mina cadeira. Não por causa do que havia acontecido na aula de Mágica, mas sim com que eu tinha acabado de descobrir. E se isso tivesse acontecido comigo? Quer dizer que eu era uma bruxa poderosa ou que Nick era poderosos? Ou talvez nós dois fôssemos. De qualquer jeito, eu não estava gostando nada disso.

Mas, ao mesmo tempo, ansiava para que essa fosse a solução para o meu problema.

Não que uma atração maluca entre os elementos fosse lá uma solução.


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Notas finais do capítulo

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