Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 2
Capítulo 1




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Capítulo 1

Eu tinha que tocá-lo.

Meu Deus como eu ansiava tocá-lo, mas eles estava muito longe. E parecia que toda vez que eu chagava mais perto, ele ficava mais longe. Tinha algo em seus olhos que em chamavam a atenção de um jeito inebriante. Por um momento não consegui me mexer vidrada naqueles olhos, mas então, eu o queria. Queria para mim, como se mais nada nesse mundo fosse importante e , naquele momento, eu me mantinha fiel a esse julgamento.

Ao meu redor, existia apenas escuridão. Era apenas eu e ele. Meus passos em sua direção eram estudados, mas toda vez que eu pensava que tinha ido longe, eu o encarava e vi que a cada passo meu, era cinco de distância entre nós dois. Ele me olhava com uma esperteza invejante. Por dentro me perguntava por que ele não me seguia, me acompanhava ou tentava me alcançar. Ele era parte de mim, eu sentia. Algo que eu não conseguia liberar.

“Sam”, eu gritei. Como eu sabia o nome dele?

Ele tinha vindo tão de repente quanto seu nome. Mas, tão inesperadamente, ele começou a correr para longe de mim. Me pus a correr atrás dele, mas era inútil devido a nossa distância. Mesmo dormindo, fiquei consciente que minha frustração estava fazendo meu corpo esquentar de um jeito perigoso. Não que fosse a primeira vez que eu poria fogo em meu quarto, mas depois de dois anos , pensei ter superado essa minha “fase”.

Parecia que eu estava errada.

Quando eu tentava abaixar a temperatura, o sonho me puxava de volta e eu esquentava de novo. Não me entendam mal. Não sou cabeça quente, nem nada do tipo, mas aquela situação estava me frustando e me deixando com tanta raiva que eu estava perdendo o controle de mim inconscientemente. Meu corpo esfriava e esquentava, esfriava e esquentava, esfriava e esquentava, até o momento que algo gelado foi jogado impiedosamente.

Eu acordei cuspindo o máximo de água possível. Meu cabelo preto grudou em meu rosto e minha roupas ficaram encharcadas. Abri meus olhos para saber o que havia acontecido, mas tudo o que encontrei foi fumaça e mais fumaça.

“Merda”, eu disse me sentando.

Tirei meu cabelo do meu rosto e me pus de pé. Mesmo com a fumaça eu consegui vê-las. Minha mãe e Lissa, essa última com um balde na mão. Minha mãe me olhava preocupada, enquanto Lissa parecia emburrada e com raiva.

“Que diabos aconteceu com você pra me jogar água?”, eu berrei a Lissa, meu corpo pronto para ir pra cima dela.

Ela me respondeu ainda com a mesma carranca. “Você estava pegando fogo, literalmente. Não queria morrer queimada.”, e com um ar de deboche acrescentou. “Pensei que já soubesse se controlar”

Eu também, era o que eu queria dizer, mas o que eu fiz foi esquentar a alça do balde, até o ponto que ela gritou e o largou, me mandando um olhar mortal. Sei que foi infantil, mas ela tocou em meu ponto fraco, droga! Era aquele sonho. Já era a terceira vez essa semana que o tinha, mas dessa vez foi bem pior. Quase palpável. Antes eu tinha apenas deslumbres fracos, mas agora foi tão forte e precioso que tê-lo perdido doía.

Olhei para o relógio na minha mesa de cabeceira e suspirei. Estava quase na hora da minha tão esperada liberdade. Minha mãe ainda estava na porta, me estudando preocupada. Lissa tinha ido ao banheiro atrás de algo para o machucado da mão queimada.

Minha mãe era tão linda. Seus cabelos loiro curtos no ombros e seus olhos verdes brilhavam. Eu achava cruel o fato de eu não ter herdado nada disso, mas eu tinha as mesma feições delicadas de boneca que ela tinha e o mesmo senso de certo e errado. Pelo menos, eu achava que tinha.

“Querida, o que aconteceu?” ela perguntou vendo se poderia ou não se aproximar.

É claro que ela tinha um pouco de medo de mim, quem não teria? Mas me doía ver aquela preocupação reluzindo dela. No começo da minha “mudança”, eu achei que apenas meu pai me entendia, mas com o tempo, comecei a ver o quanto ela se preocupava tanto comigo como com o meu eu. Aquele que teria que lidar com um fogo literal dentro de mim. Isso não a deixava nada feliz também.

Não que ela não soubesse que isso aconteceria, mas esperava que fosse com Lissa envés de mim. Já que ela era a filha mais velha, logicamente herdaria os poderes do papai, mas aconteceu algo que me fez os poderes virem para mim.

Desviei meus olhos dos dela enquanto respondia. “Um pesadelo”

Não era um pesadelo de verdade, mas quase. Perde ele, Sam, em meu subconsciente me causou uma dor no peito quando estive acordada. Tinha até algo em mim que queria voltar a dormir só para encontrá-lo novamente e tê-lo em meus braços.

Antes que eu percebesse, minha mãe me abraçou. Não retribuí seu abraço porque estava com dor demais. O que será que estava acontecendo comigo. Via naquele abraço o medo que ela sentia de ver tudo de novo.

No início da minha mudança, eu tinha um humor instável e toda vez que me irritava, algo pegava fogo. Quando eu dormia era pior. Os pesadelos eram tão intensos que fazia partes do meu corpo pegar fogo, como se estivesse me queimando. Com o passar do tempo, comecei a ter noção de quando eu estava pegando fogo e o apagava. Mas hoje, foi bem diferente. Toda vez que apagava, o sonho me puxava de volta e o fogo se alto acendia.

Acho que foi até bom Lissa ter jogado água em mim, senão era capaz da casa ter pego fogo, acidentalmente. Mas é claro que não iria admitir isso a ela. Ás vezes essa rivalidade com Lissa me machucava. Antes desses poderes apareceram e estragarem tudo, nós tínhamos uma relação de irmãs de verdade. Ela era a minha melhor amiga, mas agora... Éramos como duas concorrentes de um prêmio que já havia sido conquistado por mim.

“Está tudo bem , Loise?”, meu pai perguntou aparecendo da porta do meu quarto.

“Tudo, apenas dando um abraço de despedida na nossa filha”, minha mãe respondeu se afastando e me segurando pelos ombros para poder olhar fundo em meus olhos negros. Tinha algo ali que me causou um aperto no peito. Ela estava tão preocupada comigo, mas parecia querer lidar com isso sozinha, diferente da primeira vez.

“Daqui a pouco você terá que deixá-la ir, meu amor.”, meu pai insistiu. Eu ainda não tinha visto porque estava olhando para minha mãe. Toda aquela preocupação, meu Deus!

“Eu sei, Charlie” , ela respondeu se afastando. Eu sabia que tinha um mas..., na resposta dela, mas ela preferiu deixar para lá. Eu sabia que ela tinha sofrido com aquela época, mas fazia tanto tempo que eu pensei que ela tinha superado.

Pelo visto não.

Comecei a fazer a minha cama, quando meu pai passou o braço pelo meu ombro e me deu um beijo na testa. Diferente da minha mãe, ele estava feliz com aquele dia. Não pra se livrar de mim, mas porque era o começo do último ano na escola. Logo algum carro viria me buscar e me levar para a escola. Ele tinha orgulho de mim e isso fez que um sorriso crescesse em meu rosto sem que eu percebesse.

“Está ansiosa, baixinha?”, ele perguntou me ajudando com a cama. Minha mala estava num canto do meu quarto já pronta. Meus outros objetos já estavam na escola e só faltava a mim e aquela mala.

“Claro! Vou ver meus amigos e aprender mais sobre mágica. É ótimo”, eu estava realmente ansiosa. Contava os segundos para ouvir as buzinas do carro e seguir pela estrada para poder respirar novamente o ar de Spell the Most (*Feitiço a Mais) , minha escola. Além de encontrar meus amigos e participar de muitas festas, mas claro que essa última parte eu não iria mencionar ao meu pai. Ele estava tão radiante com a minha ida a escola que nem notou o cheiro de queimado que enchia o ar do meu quarto.

“Último ano, hem? Quem diria que a minha baixinha seria a bruxa da família, mas eu já deveria ter suspeitado quando nas festas de Haloowen você insistia em se vestir de bruxa.”, ele riu de uma memória distante enquanto eu ruborizava.

“Pai, eu tinha 8 anos”, eu disse terminado de arrumar a cama e indo pegar uma roupa limpa na comoda. A que eu estava usando agora estava chamuscada e suja, mas mesmo que estivesse limpa, eu não iria de pijama para a escola. Não era o jeito que eu imaginava estrelar na escola.

Parece que finalmente meu pai notou meu estado deplorável, porque, enquanto eu procurava uma blusa na gaveta, senti meu cabelo se secando. Não um secar natural, era mais um tipo de secador de cabelo. Era óbvio que ele podia fazer isso. De onde mais eu poderia ter herdado os meus poderes. Mas ele tinha mais prática e mais experiência do que eu. Tanto que eu não sabia se pudia fazer isso com meu cabelo sem queimá-lo.

“Obrigado”, eu disse pegando uma blusa branca básica da gaveta junto com uma calça jeans que eu adorava. Meu pai me deu um riso de resposta e eu entrei no banheiro para poder tomar banho e trocar de roupa.

Saí já arrumada e com o cabelo preso em um rabo de cavalo. Um pouco da minha franja lateral fugia das minhas orelhas e iam para os meus olhos. Não me irritava, muito pelo contrário. Era exatamente o que eu queria que acontecesse.

Quando cheguei a cozinha, encontrei meu pai sentado lendo o jornal, Lissa também sentada, mas me encarando duramente e com a mão enfaixada, e minha mãe tentando ligar o fogão com um isqueiro ruim.

“Querido, você poderia...”, mas ela foi cortada quando o fogão acendeu. “Obrigada”, ela disse por cima dos ombros.

Mas, não tinha sido meu pai que tinha acendido o fogo, mas eu. Ninguém, além de Lissa percebeu isso. Meu pai parecia muito absorvido no jornal para ouvir, e minha mãe estava de costas para a gente, mas Lissa tinha um senso estranho de quando era eu ou meu pai a usar os poderes.

O silêncio era um pouco perturbador, então resolvi puxar um assunto leve.

“Então, Lissa , o que vai fazer agora que as férias acabaram?”, perguntei a pegando de guarda baixa.

Isso fez meu pai tirar os olhos do jornal e a encarar, assim como minha mãe, que u suspeitava que iria deixar meu café da manhã queimar. Ao contrário de mim, eles realmente queriam saber o que Lissa estava pensando em fazer. Ela não tinha se manifestado sobre nada que gostaria de fazer depois da férias, então isso fazia um tópico sensível para puxar conversa.

“Não sei”, ela respondeu corando do pescoço até o último fio de seu cabelo loiro. Eu só não sabia se era de raiva ou de vergonha. “Talvez uma faculdade de fotografia”, ela adicionou tentando fugir dos olhares acusadores.

Lissa adorava fotografar tudo que via. Não era novidade ela querer uma faculdade de fotografia. Não me surpreenderia em nada se ela seguisse a carreira de fotografa. Além dela gostar, era algo que ela fazia bem.

Com essa resposta rápida, meu pai voltou ao jornal e minha mãe ao café da manhã. Lissa me mandou um olhar raivoso e pegou seu celular, mandando mensagem a alguém. Estávamos mergulhados em silêncio de novo. Suspirei colocando meus cotovelos sob a mesa e me recostando na cadeira.

Comecei a brincar com a fogo, fazer imagens de pessoas e coisas do tipo. Era uma técnica que meu professor de mágica me ensinou para eu aprender a controlar os meus poderes e que , com o tempo, fui levando como um novo hobby.

Os olhos de meu pai saíram de novo do jornal e me fitaram sorrindo. Ele adorava minhas demonstrações de poder, ainda mais aquela. Eu gostava de brincar com imagens básicas, de pessoas conhecidas e coisas e tal. Primeiro comecei com Wish (*Desejo), o meu cavalo. Eu sentia tanta falta dele, assim como das aulas de arco e flecha.

Nas férias , eu quase pirei de saudade. Era irônico que, antes desses poderes inusitados chegarem, a ideia de ficar com saudades da escola era uma piada muito sem graça. Mas depois que conheci a Spell the Most, tudo mudou.

“Não se preocupe, filha. Wish deve estar bem. Aposto que cuidaram bem dele”, meu pai me assegurou vendo como eu sofria vendo a imagem do meu amado cavalo.

Todos os Witch Elementary (*Bruxos Elementares) tinham seus cavalos. É claro que com a raridade que se encontrava um, os estábulos ficavam vazios. Tanto que Wish tinha a companhia apenas de Storm (*Tempestade) de Suzy e Shot (*Tiro) do professor Robert. É claro que com isso eles teriam bem mais espaço, mas eu acho que eles se sentiam meio que solitários.

“Eu sei”, eu respondi vagamente prestando a atenção no mundo em volta de mim. Minha atenção era toda das chamas que saiam das minhas mãos. Era engraçado como elas nasciam do nada e quando eu usava o fogo, meio que me sentia aquecida, aconchegada. Era tão bom. Era, bem, mágico.

Minha atenção saiu de minhas mãos quando eu ouvi uma buzina ao longe. Levantei tão rápido que pareci um raio. Me inclinei na janela para olhar do lado de fora e o vi. O carro preto de vidro fumê da escola. Por um momento, pensei que eles tinham se esquecido de mim, mas é claro que era besteira.

“Eles chegaram, eles chegaram”, eu gritei indo ao meu quarto e pegando minha mala. Quando voltei para a cozinha, o café já estava servido, mas ninguém estava comendo. Todos estavam me encarando. De novo, aquela ironia da escola veio a minha cabeça.

A primeira a se levantar foi minha mãe. Ela me abraçou tão apertado que por um momento eu não consegui respirar, mas quando olhei em seus olhos verdes, vi as la´grimas que ela estava contendo em meu quarto.

“Eles nem deixaram você tomar café, baixinha”, meu pai disse vindo me abraçar. Ele passou os braços na cintura da minha mãe, como um sinal discreto que ela deveria me deixar ir. “É o último ano, Loise”, ele murmurava em seu ouvido e minha mãe apenas assentia em resposta.

Em vez de fazer como meus pais e se levantar, minha irmã apenas deu um aceno de cabeça para mim que eu retribui quando já estava na porta. “Tchau”, eu disse quando fechava a porta e descia a escadas do meu prédio. Uma missão um pouco difícil carregando aquela mala imensa.

Quando cheguei lá fora, me senti como um pássaro longe da gaiola. Livre, livre para voar. E para usar meus poderes. Dei um último olhar para a janela e vi meus pais e Lissa acenando ansiosos. Meus pais, não Lissa.

O motorista do carro pegou minha mala e a colocou no porta malas do carro. Logo em seguida abriu a porta de trás do carro para mim, sempre me chamando de senhorita e coisa e tal. Ele logo entrou no carro e ligou o carro, mas antes que ele andasse, acenei pela última vez da janela com o meu maior sorriso.

Eu estava indo para o meu verdadeiro lar.


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Notas finais do capítulo

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