Let It Be escrita por tatadarde


Capítulo 1
Bad girls, bad choices




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Eu abri o olhos naquela manhã, sentindo a brisa gelada em meu rosto, vindo da varanda aberta na noite passada. Eu havia entrado por ela, mas, no pânico do momento, nem tive tempo de fechá-la. Só sabia que estava completamente ferrada. Meus tios me pegaram entrando pela varanda, mesmo que tenham me proíbido de fazer isso, há um ano e meio. 

Eu me levantei e me encaminhei para a cozinha, esperando o sermão de sempre dos meus tutores. Eu apenas entrei na cozinha, olhei para a cara dos dois, acenei com a cabeça, e fui para a geladeira buscar um suco. Já estava me preparando para um discurso de ''você vai acabar com sua vida desse jeito'', mas, meu tutor apenas disse:

- O suco esta na prateleira de baixo.

Eu abaixei e peguei a caixa, e fechei a geladeira. Maria, a tutora mulher, apenas me encarava, com um olhar de reprovação, talvez pelo meu feito de ontem, talvez pelo tamanho de meus shorts, pouco me importava. Eu peguei um copo no armário, e o enchi com o suco de laranja. A caixa estava vazia, então, mirei no lixo, e errei, a caixa passando pela janela e atingindo nosso vizinho. Ele era um japonês um tanto resmunão, então, me xingou e mostrou o dedo médio. Eu respondi o gesto, e Maria e John (meu tutor), deram um gemido, frustrados. Eu era uma decepção.

-Precisamos conversar Berry. - ele olhou para minha cara de pouco interesse. - Agora!

-Ok, não precisa gritar, senhor resmungão. - eu soltei uma leve risada.

Era tão engraçado os deixar irritados. Eles eram tão certinhos, que se irritavam por qualquer coisa. Fomos até a sala, e eu me sentei, desleixada, em uma poltrona verde-musgo horrível. 

-O que foi? - Eu encarei os dois, com os olhos cerrados, esperando que aquilo acaba-se logo. - Podemos começar? Marquei de sair com Isabel.

Isabel era minha melhor amiga. Ela tentava me fazer parar com meus vícios, porém, por algum motivo desconhecido, meus tutores achavam que ela era a culpada das desgraças de minha infeliz vida.

-Berry, encontramos isso no seu quarto. - Ele jogou uma bolsinha de couro no meu colo. Minha bolsinha de couro. Na qual eu escondia meus ''anestésicos''. - Explicações. Agora.

-Sim, é o que vocês estão pensando. Eu me drogo. Fim - Isso era uma mentira. Eu havia parado á alguns meses, porém, não parei com a bulimia e a auto-mutilação. Parecia mais difícil.

-Como você ousa mocinha? Como você ousa jogar fora tudo o que te demos? Tudo o que gastamos com você? - Maria estava de pé, na minha frente. Nunca tinha visto ela tão brava.

- Do mesmo jeito que vocês ousaram me prender nessa casa. Do mesmo jeito que vocês deixaram meus irmãos irem embora. - Eu senti lágrimas começando a brotar em meus olhos e eu gritei- Do mesmo jeito que vocês deixaram meus pais morrerem!

Isso deixou-os espantados. Eu os culpava, sim. Eles eram amigos dos meus pais, e, trabalhavam juntos. Haviam apenas duas passagens para o primeiro voô, e eles foram. Nem deram a chance para meus pais. Se meus pais tivessem ido, eles não teriam caído de um avião no meio do mar. Não estariam mortos.

- Quem você pensa que é para falar desse jeito com nós dois, mocinha? - Maria estava explodindo de raiva, o suor salpicando seu rosto, como se ela fosse uma panela de água fervente.

-Berry Mckinley, a garota filha dos quais vocês deixaram morrer, muito prazer - Eu estendi minha mão em um gesto irônico, mas a mulher chegou ao seu limite: Me deu um tapa bem dado no rosto.

-Sua atrevida, metida, arrongante! - Ela estava com raiva demais para dizer outra coisa.

-Calma meu amor...- John, mais controlado, a segurou pelo braço

-Calma? Como assim ''calma''? Você viu o que essa garota falou!

-Ué, só disse a verdade. -Eu sentia a onda de raiva tomando conta de meu corpo.

-Não ouse repitir isso! Nunca mais! 

-Eu repito se eu quiser, a boca é minha, não é?

-Sua... vadia! 

-E se eu for? Vocês não sabem nada de minha vida, apenas ligam para o dinheiro, trabalho e que eu fique calada no meu canto.

-Suba para o seu quarto agora!

-Você não é minha mãe, você não manda em mim!

-Já chega! Você vai para a casa dos seus irmãos. Hoje. As passagens podem custar quanto for, mas não te quero mais nessa casa. Para mim já chega, entendeu? Já chega! Não quero nem pintada na minha frente!

-Isso será o maior prazer. - Eu me levantei, subi as escadas, e fui ao meu quarto. Mas antes de entrar, mostrei meu dedo médio. Não ficaria assim. Não mesmo


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo, comentem!



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