Saí em disparada à procura daquele maldito, mesmo com o choque térmico que a água causou. As poucas pessoas que estavam na praia se levantaram de suas cangas para ver nós dois passando como loucos correndo e gritando palavrões.

Cato estava à uma distância considerável de mim, mas tratei de acelerar o máximo que pude. Mas foi em vão já que o mesmo não parecia nem cansado e estava pronto para acelerar a hora que quisesse, o que fez com que parássemos num ponto tão distante do que estávamos que desabamos no chão, literalmente. Eu estava bem perto dele nessa altura, mas ambos não tínhamos forças para continuarmos à correr como sse não houvesse amanhã.

- Você sabe que eu vou te matar, não é? - falei ofegante.

- Eu sei que você não teria coragem. - respondeu olhando na minha direção fazendo nossos olhares cruzarem por alguns minutos.

Nunca tinha percebido o quanto os olhos castanhos claros de Cato eram bonitos e ficavam perfeitos para seu rosto. Havia areia em seu corpo perfeito, assim como provavelmente havia no meu. Balancei a cabeça tentando afastar meu pensamentos malucos levando um olhar confuso do garoto, mas voltei à olhar o céu de um azul claro lindo assim como o mar.

- Eu não quero ser presa... ainda. 

- Sei. - disse irônico.

- É verdade. - confirmei dando um risinho.

Ficamos um pouco em silêncio só observando as nuvens seguindo seu caminho pelo céu e ouvindo o barulho do mar batendo na areia e nas pedras. Era bom.

- Não vai levantar? 

- Não. Mas pode ir se quiser. - dei de ombros.

- Nem pensar que vou deixar você sozinha aqui. 

- Nossa, que cavaleiro! - murmurei revirando os olhos.

Ele deu de ombros e começou a andar indo para as barracas. Fiquei olhando ele caminhar devagar à beira mar quando tive uma ideia vingativa em mente. Me levantei devagar e cautelosamente cheguei perto do loiro e o empurrei na água.

Comecei a gargalhar alto que nem percebi o garoto se aproximando com um sorriso maliscioso e me puxando para água também. Quando me recuperei do susto comecei a sentir respingos d'água no meu rosto. Cato estava jogando água em mim. E eu como sou uma criatura vingativa fiz a mesma coisa e aprovetei para empurrar sua cabeça para debaixo d'água tirando maldosamente sua bermuda, o deixando nú na água. Enquano tinha tempo saí dando tropeços na areia.

Quando já estava longe o suficiente dele, provoquei balançando suma bermuda na mão:

- Nossa, que pequeno, Catinho. - fiz um sinal com os dedos mostrando o seu tamanho. Mas na verdade eu nem tinha visto, mas bem que eu queria. Ok, parei.

Ele corou e gritou:

- Clove, devolve a bermuda. - balbuciou enquanto engolia água já que estava preocupado em esconder o "Cato Jr." do que qualquer outra coisa.

- Vem aqui pegar.

- Olha que eu vou, hein? - falou chegando perto da margem deixando a água na sua cintura.

Segurei a bermuda na ponta dos dedos e joguei em sua direção gargalhando à ponto de me fazer cair na areia. Ele saiu d'água e veio na minha direção, primeiro fiquei com medo dele fazer alguma coisa comigo, mas simplesmente se sentou no meu lado.

- Você é um capeta, sabia? 

- Dizem isso algumas vezes. - respondo debochada.

- Mas eu gosto do perigo. - falou com uma voz rouca, me fazendo arrepiar. Eu tinha que fazer de tudo para não me entregar.

- Nem vem.

Ele me pegou pela a nuca e selou nos lábios. Tentei me soltar só que ele realmente era mais forte do que eu. Depois de algum tempo parei de tentar me soltar e deixei me envolver em seus lábios e dei espaço à sua língua. E deixei meus braços irem para a sua nuca afagando seus cabelos loiros lentamente. Putz, eu como eu gostava dele.

Nos separamos e ele sussurrou:

- Não diga que fiz isso à ninguém. - falou me deixando com um olhar confuso, e continuou: - Estou saindo com uma garota, desculpe Clove.

Não sabia se estava ouvindo o certo, mas era óbvio que eu não estava errada. Comecei a ficar vermelha e sem pensar duas dei um tapa no seu rosto. Eu esperava alguma reação dele, mas ele apenas suspirou e murmurou:

- Eu acho que eu merecia isso. - disse coçando a cabeça. - Pode dizer que me odeia.

Suspirei fundo tentando segurar as lágrimas que queriam vir à tona e me levantei num impulso que jogou areia para todos os cantos. E comecei a me afastar com pasos pesados e depois de algum tempo andando fui até o mar e mergulhei. Fiquei o máximo que pude em baixo d'água e quando voltei à tona ví uma onda vindo e mergulhei denovo, e depois fiquei boiando ficando mais longe do que eu pensava da terra firme, mas não era nada demais.

Depois de algum tempo voltei e andei em direção às barracas. Lá estavam todos em volta de Cato pelo o que ouvi antes de perceberem a minha presença, estavam perguntando por mim.

Coloquei minha roupa de praia e peguei minha bolsa e fui até o grupinho.

- Estou indo, não estou passando bem. - falei dando um sorriso falso.

Katniss olhou para mim desconfiada e percebi que Gale olhava do mesmo jeito, mais confirmaram com a cabeça. Ví Cato tentando se esconder sem sucesso atrás de Marvel e Peeta.

Acenei para todos e fui até a calçada e peguei um táxi, falei meu endereço e o carro deu a partida.

Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi me enfiar no banho com roupa e tudo. Ao longo do tempo fui tirando as peças de roupa até finalmente ficar do jeito que cheguei ao mundo.

Deixei algumas lágrimas rolarem pelo meu rosto algumas vezes enquanto me secava, e coloquei um pijama.

Me joguei na cama. É, eu nunca me imaginaria chorando por um idiota que nem o Cato.

~*~

Houvi um barulho na janela. Fui até a varandinha do meu quarto e ví Katniss e Gale com roupas diferentes das que eu ví na última vez. E por uma razão estranha Katniss carregava uma mala cinza.

- Abre a porta para gente.

Desci as escadas e abri a porta, sem me importar de estar com um short mini e uma blusa larguinha. Eles eram meus amigos de infância, não tem nada aqui que eles já não tenham visto. Ok, parei.

- O que vocês estão fazendo aqui? - me sentei na poltrona que meu pai idolatrava e eles no sofá.

- Vou dar uma de amigo gay. - falou Gale dando um suspiro e lançando um sorriso estranho para mim: - O certo, amiga, é o que aconteceu com você?

Gargalhei com a imitação cheias de movimentos... "gays" e uma voz fininha.

- Nada. 

Abracei os joelhos e fiquei observando eles se entre olharem. Óbviamente eles não acreditaram, mas eu não queria falar sobre isso agora, só queria deitar na minha cama e sonhar que hoje fosse diferente, no qual eu descobria que eu gostava do Cato e ele gostava de mim e poderíamos viver felizes para sempre. Mas infelizmente uma hora eu teria que acordar.

Contei tudo o que aconteceu.

- Desculpe Clove, mas eu não posso te ajudar, só se você quiser que eu bata no Cato ou que eu veja Titanic com você. - o moreno disse isso ao se levantar. - Eu aguento a melação do Jack e da Rose por você. Mas o resto é com a Katniss.

Acompanhamos com os olhos o garoto se dirigindo para cozinha, provavelmente indo roubar um pedaço de bolo.

- Pode jogar na cara que eu sou teimosa e que eu não admitia, eu mereço. 

Ela sorriu fraco e me puxou para o lugar que Gale estava ocupando antes. Agarrei uma almofada e a apertei com todas as minhas forças. Katniss não dizia nada só ficava olhando eu descontar a raiva ou matar a minha carência com a pequena e provavelmente almofada. Depois de algum tempo larguei-a com os braços já dormentes. Ela começou:

- Eu não sei se isso vai ajudar, ou não, mas os seus olhos dizem que você está mais decepcionada do que qualquer outra coisa. Você esperava que Cato mudaria de uma hora para outra? Ele é o tipo de cara que mudará com a sua companhia e isso resultará em alguma coisa. E pelo o que parece, ele está sendo domado pela Cashmere, não ao contrário.

- Ele está saindo com a vadia loira número 2? - perguntei, não sabendo se gargalhava ou chorava.

Ela assentiu.

- Veja pelo lado bom, com ela provavelmente ele vai aprender alguma coisa, porque não parece que ela quer ele. Sei lá, parece mais vontade de chamar atenção da parte dela do que outra coisa, e ele parece um cachorrinho. Quando terminarem você ignora ele, e veja o que vai acontecer. Esse relacionamento não vai demorar para acabar. Ela apareceu depois e começou a brigar com ele, por que ele falou o nome de outra garota enquanto beijava ela na água.

"Tem outra garota?" Choraminguei mentalmente.

- Não ficaria surpresa se fosse o seu nome. 

- Até parece. - sussurrei. - Ele brincou comigo, assim como fez com as outras garotas.

- Era isso que eu pensava do Peeta, bom, aqui estamos nós. Não sei se vai durar, mas com apenas um dia de namoro eu estou adorando. - ela sorriu apaixonada e continuou: - Eu quero a garota que falou para eu agarrar o "Pita" de jeito, e quero que você faça isso com outro. Faça o jogo do Cato. Pelo amor de Deus, se agite, Clove. 

Tentei sorrir, e acabei percebendo que tinha esquecido de perguntar o que tinha naquela mala.

- O que tem naquela bagaça? - perguntei apontando para ela.

- Você não vai falar assim quando eu abrir. - caminhou até a mala e levou para cima do sofá e a abriu revelando várias peças de roupa. - A dona Effie, me deu algumas peças que Portia fez, mas acabou não colocando a venda por falta de espaço na coleção. Por minha mãe ela estão super na moda, e nisso ela está certa. Eu posso dar alguma para você, já que a Clovinha adora.

Sorri com mais animação. Eram todas originais, eu poderia andar pela a rua com elas e não me depararia com ninguém usando-as. Ai meu Deus, que paraíso.