Não suporto mais isto. Cada vez que olho o Percy com a Rachel, é como se uma parte de mim fosse esmagada e triturada, apesar de ela ser o Oráculo. Não tenho mais forças para lutar contra o que sinto pelo Percy, desde que o beijei nas forjas de Hefesto no monte de Santa Helena. Cada vez que alguém pronuncia o seu nome o meu coração salta de dor por não ter a coragem suficiente para me declarar e por ser filha de Atena e ele filho de Poseidon.

A realidade é dura e intransponível. Os seus olhos verdes, da cor do mar, cativaram-me desde o primeiro momento que o vi. Se me tivessem perguntado se isto seria possível há algum tempo atrás eu teria rido dessa pessoa, mas agora …Aliás, desconfio que apenas o ignorara inicialmente porque previra que isto aconteceria e sabia que lá no fundo ele seria o rapaz da profecia.

E o Luke? Perguntam-me vocês. O Luke desde que se aliou a Cronos passou à história. Acho que me sentia atraída por ele, porque este me tinha protegido em inúmeras situações. Sinto muito por ele se ter juntado ao lado inimigo e agora, como consequência, Cronos tomou o controlo de seu corpo. Não sinto pena dele, apenas um nojo e ódio que nunca pensei ser possível uma pessoa ter por outra.

Agora me perguntam vocês o que se passa à minha volta neste momento. Acabei de interceptar a faca que teria matado Percy imediatamente. Ethan Nakamura irá me pagar pela dor que me está a infligir.

A faca enterrou-se bem no meu ombro e uma dor anormal apossou-se dele. Compreendi que a faca tinha veneno, porque a dor era praticamente impossível de suportar. Os meus sentidos ficaram embaçados e só senti que já não estava mais no chão.

Tive a percepção de que o Percy me chamava.

Perguntam porque eu me meti na frente do Nakamura, sim eu sabia que era ele, não sei. Senti um sentimento esquisito quando o vi a apontar com a faca na direcção do Percy. O meu coração pesara e um sufoco preencheu-me. Sei que Percy é imune, mas mesmo assim atirei-me devido ao aperto. Acho que eu sentira qual era o ponto de Aquiles dele.

Senti uma enorme pressão no meu ombro e comecei a gemer. A pouco e pouco recuperava os sentidos. Abri os meus olhos e vi alguns meios-sangue do chalé de Apolo a cuidarem do meu ferimento, estacando-o. Sabia que o meu propósito tinha sido cumprido, afinal acabar de salvar o garoto que poderia salvar o Olimpo e, como resultante, a humanidade.