Demetria respirou fundo enquanto observava as fotos, ela fechava os olhos para tentar reviver os momentos, as sensações... Ela quase podia sentir o cloro da piscina, o calor do sol em sua pele, o perfume dele...

Por que ela ficava se torturando? Ela sabia que não tinha volta... Provavelmente nunca mais se veriam e , caso se vissem, iriam agir como estranhos. De nada adiantaria olhar as fotos antigas, relembrar os aniversários, os passeios!  Ela queria tudo de volta.

Ela sabia que não teria.

Ela mal se lembrava do porque haviam brigado. O porquê dessa situação.  Ela podia jurar que era por descaso... Ou por medo. O medo era de ambos, é claro, e esse medo estava em tudo: medo da traição, medo de confiar, medo de se importar, medo até de amar! E a assustava tanto essa confiança nele que vinha tão fácil, a alegria só de vê-lo de longe, a segurança que ele a passava.

Será? Será que era possível amar sem se machucar, confiar sem medo, respeitar e ser respeitada? Será que era possível que a única coisa entre eles era o medo?

Ela entendia que, com tudo que já havia acontecido na vida dela, era normal ter medo e ela sabia que ele também o tinha. Ele já havia sido machucado, ela já havia sido machucada e ambos fugiam desse sentimento confuso e instantâneo que os apanhou.  Mas toda vez que ele sorria, Demetria podia jurar que sentia seu coração derreter e o pior é ter a sensação de que acontecia o mesmo com ele.

Ela não queria perde-lo! Ela não PODIA! TUDO BEM QUE ESTIVESSE INSEGURA! TUDO BEM QUE ELE ESTIVESSE INSEGURO! TUDO BEM QUE AMBOS REFREASSEM ATÉ AÇÕES POR CAUSA DO MEDO... Ela não queria parecer insegura, não queria pressiona-lo, não queria mostrar que dependia dele, não queria estar presente demais (com medo de que isso o fizesse enjoar dela! Que... bobagem!), mas ela não conseguia não estar presente!

Ela tinha defeitos: era tão insegura e carente que o mínimo erro a faziam temer perder quem amava! Se preciso, pediria desculpas até pelo que não foi culpa dela, agradeceria até por um sorriso...e ela o fazia!

Ele apenas a olhava com um sorriso a chamava de “besta”, ele não entendia como ações tão pequeninas como um simples olhar, um sorriso, uma ligação...  a lembrança de uma besteira podiam ser tão importantes para ela! É que ela não estava acostumada! Nunca haviam chegado para ela e se importado com tão pouco.

E mesmo quando o tempo foi passando e ela começou a mostrar as suas fraquezas e inseguranças, começou a contar seus sentimentos... ela falava com um medo tão grande! Era simplesmente um medo de que ele pensasse que ela era fraca... Patética... Complicada demais... Boba demais...

COMO ELE NÃO A ACHAVA?

Ela era patética! Era complicada! Era boba! Chorava por qualquer motivo! Parecia uma boneca de vidro a ponto de se espatifar no chão e virar apenas cacos! Se importava com besteira! Agia impulsivamente!

Ele podia até não a compreender, mas sempre estava ali...chamando-a de “besta” por pensar que ele acharia isso ruim...que ele  a acharia patética...complicada...

Ele sempre a fazia se sentir melhor! Sempre dizia que nunca havia conhecido ninguém tão perfeito e isso a fazia rir! Ele achava lindo a personalidade dela... Não importava o tamanho do medo dela, sempre que se falavam ele a fazia se sentir bem e segura.

Era ridículo o quanto ele a tinha na palma da mão!

E era por isso! Por esses momentos tão pequenos e essas ações tão inesperadas que ela sempre queria mostrar que o amava! Que ela procurava mil e uma maneira para faze-lo acreditar!

Para provar para ele que ela o amava e nunca o deixaria ir embora!

Mas não importava o que ela fizesse...Ele sempre a superava!

E COMO ela AMAVA isso!

Uma disputa para mostrar quem se importa mais...uma disputa para dizer “eu te amo” mais rápido! Uma disputa contra tudo o todos que foram contra a união mais perfeita já criada!

Ela não podia nem dizer que havia saído de um livro, porque era REAL! E ela não podia dizer que havia saído de um filme romântico, porque qualquer filme perderia para eles.

Ela sentia que até os clássicos britânicos que povoavam suas estantes perdiam quando era a “história qualquer “ deles! E isso só melhorava tudo!

Ela sentiu os olhos marejarem e um soluço teimar em sair. Uma lágrima molhou a foto em suas mãos enquanto ela se lembrava dos olhos, do primeiro beijo, do primeiro abraço, da primeira risada, de quando ele foi atrás dela, de quando ele disse: eu te amo...

De repente, os olhos negros  se abriram ao ouvir uma música conhecida tocar ( when you say nothing at all do Ronan Keating) e ela pegou o celular de cima da escrivaninha e apertou o botão verde.

“Não fala nada...Só me escuta: vá até a janela e olhe para baixo.”  A voz no celular dizia. Ela conhecia muito bem essa voz.

Com um leve sorriso triste, ela se dirigiu até a janela e olhou para baixo, um riso escapou e ela sentiu todo o medo esvair enquanto ela via o homem que amava sorrindo e segurando um cartaz que dizia:

    TINHA QUE SER VOCÊ. E SÓ VOCÊ.