Estava chovendo muito forte em uma pequena ilha. Dois jovens e uma criança corriam rapidamente pela escuridão, com apenas raios clareando os rostos.

    -Thalia, pare com isso! – Disse o garoto louro, com uma mochila enorme e roupas rasgadas e  expressão feroz, como se estivesse acabado de sair de uma luta. Ele era realmente bonito.

    Thalia,a garota que ele repreendeu,olhava freneticamente para trás, nervosa. Ela também vestia roupas rasgadas, mas pareciam de propósito, seus cabelos eram pretos e curtos para várias direções e ela não maneirava com o delineador, chamando mais atenção a seus olhos azuis elétricos.

     -Estou tentando, mas é difícil – Ela disse.

     -Galera, acho que a armadilha deu certo. – Disse a menininha loura, arfando. Ela não estava com roupas rasgadas, mas seus cabelos louros pareciam ninhos de ratos e com os clarões dos relâmpagos não dava para saber se seus olhos eram cinzentos ou era só visão de óptica.

    -Tem certeza? – Perguntou o louro diminuindo os passos.

    A menina parou e lhe lançou um olhar de desafio.

    -Acho melhor encontrarmos um lugar para ficar. – Disse, apenas.

    -Não sei não, Annabeth... - Falou o louro parando também, a gótica fez o mesmo.

    -Ótimo, se vocês querem ficar tomando um bom banho nessa chuva, com raios caindo toda hora do céu – Ela olhou para a Thalia -, e de brinde monstros querendo nos atacar, é uma ótima idéia mesmo.

        Annabeth cruzou os braços.

        Thalia revirou os olhos.

         -Tudo bem, espertinha... Mas onde vamos ficar?

         Arrumar um local para passar à noite naquela ilha, era mesmo uma idéia absurda, pensou Thalia.

         - Que tal ali? – Sugeriu o louro, apontando para o local onde havia um monte de terra -, fazemos um abrigo como fizemos em Seattle.

        -Ótima idéia, Luke - Aprovou Annabeth corando.

        Então construíram ali um esconderijo meio-sangue. Lá tinha tudo que um meio-sangue precisava, desde a geladeira portátil que Luke roubou até sacos de dormir, Ambrósia e néctar.

        -Acho melhor lavar nossas mãos. –Disse Thalia enquanto colocava alguns galhos no local, para camuflar o lugar.

        -E um pouco de água limpa também – Sugeriu Luke também, limpando suas mãos suja de terra em sua roupa -, nosso estoque de água potável acabou.

       -Tem um riacho aqui perto. – Disse Annabeth - Eu o olhei enquanto estávamos construindo a armadilha contra o ciclope – Continuou vendo os olhares indagadores de Luke e Thalia.

       - Ótimo, vou buscar água para nós. – Se involutou Luke.

       -Não, deixa que eu trague. – Negou Annabeth.

       -Está louca? Claro que não vou deixar. –Thalia a repreendeu colocando-se na frente de Annabeth.

       -Deixa que eu vá...

       -Cala à boca, Luke – Annabeth ficou vermelha, mas continuou com sua voz firme – Da última fez uma dracaenae o viu.

       Luke pareceu ofendido.

       -Enfim, eu vou – Disse Thalia pegando os recipientes de água de dentro da mochila – Onde fica, Annie?

       Annabeth bufou, pegou os recipientes e saiu chapinhando pela chuva antes que qualquer um dos dois se manifestasse.

       Annabeth desapareceu do ponto de vista deles.

       -Essa menina...

       Thalia e Luke sorriram.

       Os dois ainda estavam debaixo da chuva se entreolhando.

       -Então, vamos ficar debaixo dessa chuva? Pensei que o abrigo tivesse um propósito. – Perguntou Thalia olhando nos olhos de Luke.

       -Sei não... – Respondeu Luke, olhando para a direção onde havia ido Annabeth.

       -Você a conhece... Ela vai ficar bem – Falou Thalia se abraçando por causa do frio.

       Luke balançou a cabeça, sorrindo.

       Então os dois entraram no abrigo, Thalia ficou ansiosa, ela estava sozinha com Luke. Um raio cortou o céu, enquanto ela sentava no seu saco de dormir, colocando os fones de ouvido do seu MP3.

       Luke também estava com a mesma sensação, mas procurava não demonstrar, se servindo de uma coca e se sentando na frente do abrigo, como um guarda.

      Thalia se arrepiou, outro raio cortou o céu.

      -Como você consegue tomar coca numa chuva dessa e nesse frio? – Perguntou ela.

      Luke que estava de costas para ela, virou.

      -Sei lá, me deixa alerto. – Respondeu. – E como você pode ouvir Green Day depois de um dia desses? – Retrucou Luke.

       Thalia sorriu, e outro raio trovejou.

       -É revigorante.

       Luke balançou a cabeça, se servindo mais de coca e virando novamente para entrada da barraca, os olhos de Thalia o fazia ficar tonto, imagine o sorriso.

       -Eu só quero um pouco mais de paz, como agora. – Disse Thalia de repente, com ele, ela sentia que podia desabafar.

       Luke virou novamente, e ela estava de cabeça baixa, isso cortou seu coração. Ele levantou e foi até ela, sentando-se na sua frente e levantando seu rosto delicadamente, relutante, com a ponta dos dedos.

        -Ei, ei não chore.

        -E quem disse que eu estou chorando? – Perguntou Thalia dando um olhar para Luke que o fez estremecer.

        -Ninguém... –Luke respondeu tirando sua mão do rosto dela.

        Ela olhou novamente para baixo.

        -Desculpe.

        -Tudo bem, de alguma forma, eu lhe entendo.

        -Não, não entende.

        Thalia estremeceu e um novo raio relampejou.

        -Está com frio? Olhe... – Luke foi até sua mochila enorme e tirou de lá uma jaqueta – Pegue... Isso vai te esquentar.

        Ela aceitou a jaqueta e sorriu agradecida.

        Luke se sentou de novo na frente dela, enquanto ela se vestia.

        Thalia inspirou tentando sentir o cheiro dele.

        Então, ele pigarreou.

        -Você ficou mais bonita com ela.

        Thalia corou, ela percebeu o; “mais bonita”. E outro raio cortou o céu.

        -Como você consegue fazer isso? – Perguntou Luke olhando abobado para trás, olhando para o céu.

        -O que?

        Ele se voltou para ela.

        -Os raios, são incríveis.

        Ela tirou os fones de ouvido e levantou a mão direita e fez uma concha entre os dedos, leves raios pipocaram dentro dela.

        Ele olhou fascinado.

        - Uau.

        - Você também foi incrível roubando a geladeira.

       Luke riu.

       -Que elogio...

       - É verdade. – Thalia levantou as sombracelhas, fazendo Luke engolir em seco, os olhos dela estavam muito pertos, e a boca...

      Ele se afastou um pouco.

      - Que foi? – Perguntou Thalia vendo sua mudança de comportamento.

     - Nada.

     - Hmmm, ta com medo, é? Tem medo de levar um choque? – Ela se aproximou dele, com a mão levantada.

     Luke apenas olhou para ela.

     Foi à vez de Thalia rir.

     - Vamos Luke, não confia em mim?

     Thalia se aproximou mais de Luke, ele se afastou. Ele não ia conseguir se responsabilizar pelos seus atos, ou melhor, ato que tinha desejo de fazer.

     -Claro que confio...

     -Não parece – Thalia deu um sorriso travesso enquanto erguia mais a mão na frente dele. –Só toque, eu não vou lhe machucar.

    A curiosidade e tentação eram muitas.

    Então ele se aproximou devagar de Thalia e colocou sua mão esquerda na mão dela direita.

    O coração dele parecia batuque de escola de samba.

    Um pequeno choque atravessou por eles dois.

    Luke sorriu, pois a sensação era boa.

    Thalia ficou eufórica demais vendo Luke sorrir e tendo suas mãos grudadas, ela sem querer aumentou os volts.

     Ele arfou novamente.

     -Ai!

     - Desculpa, desculpa – Tentou Thalia se acalmar.

     Luke percebeu que eles estavam muito perto, com as mãos grudadas. Os olhos dela o embriagavam, não tinha jeito...

     Mas ainda tentou ouvir a voz da razão e tentou se separar as suas mãos, mas foi em vão, eles iam ficar grudados até o choque parar.

    Luke se aproximou mais dela, e ela então dele, e por fim, ele a beijou. Thalia logo se acalmou, o choque foi embora, dando inicio as outras sensações...

   Com as mãos então separadas, ainda sentados, ele trouxe ela mais para perto colocando sua mão na cintura, e ela, por sua vez, colocando suas mãos no cabelo dele, que tanto gostava.

    E rápido com um trovão se separaram.

    Thalia olhou para baixo, envergonhada.

    Ele não estava envergonhado, havia realizado seu desejo e ficou muito feliz por ela ter respondido. Agora ele queria mais.

    Luke colocou então sua mão nos cabelos dela, fazendo caricias da raiz até as pontas.

    -Foi a melhor sensação da minha vida.

    Thalia deu um sorriso, que ela já não dava faz tempo.

     - É? – Seu sorriso mudou para travesso – Qual das duas? – Perguntou colocando novamente suas mãos no cabelo dele e ficando de joelhos, fazendo assim, ela ficar mais alta do que ele.

     -Eu tenho que provar uma novamente, para poder decidir. – Respondeu ele colocando as mãos dele na cintura dela.

     Thalia jogou a cabeça para trás e riu.

     E depois abaixou sua cabeça procurando os lábios dele, e devagar se beijaram novamente.

     Ela suspirou.

     Ele notou que parou de trovejar.

     Eles se separaram, sorrindo um para o outro.

     -Então...?

     -Hum... Ainda estou em dúvida.

      Thalia sorriu enquanto remexia o cabelo dele.

     -Não seria bom se a Annabeth soubesse o que aconteceu.

      Luke ficou desapontado e se afastou de Thalia.

     -Não... É quero dizer... Não seria bom... Por que sei que ela sente alguma coisa por você, Luke. Não quero que ela fique zangada.

      -Logo ela? A filha da deusa da sabedoria?

     Thalia levantou uma sombracelha.

      -Pensava que pessoas como você, adorassem fazer coisas escondidas. –Ela falou tentando quebrar o clima.

      - Hmm – Luke se aproximou dela novamente – Não posso negar que é uma tentação.

      Ele deu leves beijos no pescoço dela até a boca.

      -Ainda mais namoros escondidos...

      Thalia se virou para o rosto dele e olhou no fundo de seus olhos.

       -Está me pedindo em namoro?

       -Claro – Ele sorriu e vendo a expressão dela disse:

       -Escondido, é claro.

       Thalia o beijou.

       - Sim. – Murmurou.

       Eles ouviram passos pela chuva do lado de fora do abrigo. Eles se separaram rapidamente, Thalia foi para seu MP3 e Luke foi para sua mochila. Então Annabeth entrou toda molhada com os recipientes transbordando de água.

      -Aqui galera a água, demorei um pouquinho porque fui ver se não tinha monstros pela redondeza... Parou de trovejar Thalia, conseguiu se controlar. – Annabeth deu um sorriso de parabéns, mas se desfez, vendo as expressões deles.

      - O que está acontecendo? 

      -Nada. – Responderam os dois juntos.

      Annabeth estreitou os olhos, ela estava ainda mais desconfiada. Porém se limitou a se sentar no seu saco e ler seu livro.

      Luke e Thalia trocaram sorrisos travessos.