Valentina, possivelmente, ainda não poderia ter superado a história de seu ex, ele se sentiu horrível por achar que estava apressando demais as coisas, mas na verdade não estava, muito pelo contrário, Valentina havia se sentido realmente feliz pela primeira vez em meses e Lucas era o responsável por aquela felicidade.

-Desculpe, eu não devia... – Lucas tentou se explicar esperando por um fora daquela.

-Por que não devia? – Valentina o encarou com certa timidez, sempre ficava daquele jeito depois de algum beijo.

- Eu acho que apressei demais as coisas.

- Na verdade não, eu .. eu gostei. Me fez feliz.—“Feliz? Então o beijo a fez feliz?”, Lucas pensou bem animado com a sensação de que estava fazendo tudo certo.

-Feliz? É, também me senti feliz.—Lucas disse tentando esconder a timidez, mas o que fazia era prova-la cada vez mais, Valentina adorava isso. Um “pipe” interrompeu a troca de olhares dos dois, era o celular de Valen, o visor mostrava 17 chamadas não atendidas e o relógio marcava 02:16 – Droga!- Murmurou a menina, havia prometido a mãe que estaria em casa as 00:30 em ponto, ela desconhecia o motivo da hora ter passado tão rápido, mas ela sabia muito bem que estava metida em uma baita encrenca.

-Er... eu preciso ir. Obrigada pela noite.—Valentina depositou um selinho inesperado nos lábios do garoto e foi andando em direção a saída.

- Hey, espera... – Lucas gritou devido a música alta, tarde demais, ela já havia desaparecido em meio a multidão. Lucas ficou parado por um tempo olhando o caminho que ela percorreu antes de desaparecer entre aquelas pessoas bêbadas e malucas que dançavam como se o dia de amanha não existisse. Novamente ele sentiu aquele buraco que tinha sido preenchido pelo beijo que deu em Valentina se abrindo de novo, só que dessa vez maior e com mais rachaduras. Ele a havia perdido? Ele ligaria pra ela? Ele voltaria a vê-la? Talvez não. Ele nem tinha se quer perguntado o nome dela, não sabia nada dela além de sua decepção mais recente na vida. Em meio a pensamentos complicados, Lucas correu até a porta principal na esperança de ainda encontra-la na rua, andando de volta pra casa, mas ela havia ido de táxi, Lucas não sabia desse detalhe, Lucas não sabia de nada, nada além daquela certeza que havia perdido a garota por quem ele deve ter se apaixonado. Assim que se pôs pra fora daquele tumulto, Lucas olhou pra os Lados, mas não havia nada, nem ninguém. Ele decidiu andar um pouco, quem sabe não a encontrava? Assim ele fez, foi andando pelas ruas frias e escuras de São Paulo procurando Valentina, ele precisava dela de alguma forma, ou de todas as formas. Depois de longas horas andando sozinho sem encontrar nada, Lucas parou em uma rua, talvez a que estava mais iluminada naquele bairro, havia apenas uma casa com a luzes acesas, se ele soubesse que aquela era a casa de Valentina com certeza já estaria na porta esperando a menina atender, mas ele apenas deu meio volta e voltou pra casa, triste, ele queria passar mais tempo com ela, queria beija-la de verdade, queria saber o que sentia de tão forte com ela e como apareceu tão de repente em apenas uma noite. Assim que chegou em sua casa, se jogou na cama, mas como ele poderia dormir se seus pensamentos o perturbavam tanto? Ele estava decidido, amanha procuraria por ela, não iria deixa-la ir desse jeito.

Valentina correu desesperada para casa, sua mãe ia mata-la! Pegou o primeiro táxi que chegou, pensou em voltar para se despedir do menino que acabara de conhecer, mas precisava ir urgentemente. Ela se sentia triste por ter praticamente “fugido” dali, nem ao menos se despedindo dele e o deixando bastante confuso. Assim que chegou em casa, Valen foi recebida pela mãe sentada no sofá com um telefone na mão, estava com a expressão cansada e com os cabelos despenteados.

-VALENTINA! ONDE VOCÊ SE METEU? – A senhora Reis disse em tom alto assim que seus olhos pousaram sobre a garota que estava apoiada sobre a bancada da cozinha, Valentina estava esperando um belo castigo e uma bronca daquelas.

-Desculpe mãe, a hora passou rápido demais e acabei esquecendo, conheci uma pessoa, conversamos e quando fui ver já tinha passado da hora de voltar.—A menina falou lembrando de Lucas, então ela abaixou a cabeça e esperou sua bronca.

-Conheceu uma pessoa?—A mãe perguntou calmamente, Valen ficou espantada com a reação calma da mãe, mas rapidamente tratou de contar tudo.

- Um menino, sentamos em uma mesa ao mesmo tempo, ele é muito gentil.

- Menino? Valentina, o que você fez com esse menino?

-Ora mãe, absolutamente nada, conversamos apenas e dançamos um pouco, quando fui ver já estava tarde, então vim pra casa correndo.