Acordei já era um pouco tarde e todos já haviam descido pro café da manhã.
Tá bom eu confesso: BEM TARDE.
Odeio meu sono pesado.

Sentei-me na cama e examinei o relógio. Já haviam descido há 15 minutos e eu me levantei correndo pro banheiro.

Eu escovava os dentes enquanto me vestia, e isso foi uma das coisas mais esquisitas que já fiz. Pensando bem, não ganha da vez em que usei geléia pra abaixar o volume do cabelo mais esse caso não interessa agora... Só de lembrar das formigas, me dá arrepio.

Desci as escadas correndo, com os sapatos na mão e colocando o sobretudo da Grifinória. Passei por um menininho que também estava atrasado e o coitado caiu no chão quando eu o empurrei correndo como se fosse o fim do mundo, e ele correu também assustado.

Quando cheguei às portas do salão principal (pulando num pé só enquanto colocava um sapato), todos estavam prestando atenção ao que o diretor dizia, por isso consegui chegar ao meu lugar sem chamar atenção e nem olhares de praticamente ninguém. Somente o de Leo, que riu disfarçadamente, de Lizie que fez o gesto de guilhotina pra mim e o de Carter que me olhou intensamente e abriu um lindo sorriso.

–... O baile será daqui a duas semanas, então aconselho aos rapazes que sejam rápidos e tenham os pares formados até quinta-feira para os ensaios com a professora Mary. E agora: Café da manhã!

Os pratos se encheram de comidas mais meu estomago revirou. Não tava nem um pouco a fim de comer e quando os alunos saiam encontrei Ellizabeth no corredor.
Ela estava tão pálida quanto eu.

– Baile! –dissemos em uni som. Tínhamos péssimas lembranças de bailes. Eles eram feitos a cada pelo menos dois anos.
No ultimo ocorreu quando estava no 3º ano. Lizie fora convidada por tantos garotos que quase ficou maluca. E eu quando finalmente fui convidada, foi por um garoto da Lufa-Lufa, Ricardo Catermolle. Ele era asmático e vivia cheio de crises. No dia do baile, ele teve a pior crise que eu me lembrava até então. Muito misteriosa, sabe... Pra mim era armação. Fiquei plantada o baile todo. Todo mundo tinha seu par, fora eu e duas gordinhas da Corvinal. Desde então, decidi que foi o meu primeiro e ultimo baile. A simples idéia de ir a um me deixava apavorada.

– E então, - puxei assunto ao recobrar a voz. - Quem é o coitado que vai abrir o baile desta vez pela Grifinória? A Alexia? –Perguntei ao me lembrar do sorteio que faziam para que um aluno ou aluna de cada casa abrisse o baile com seu futuro par.

– Se fudeo Lillys. –Agora a cara de Lizie alternava de gozação para surpresa –Você que vai abrir o baile representando a Grifinória.

Minha reação foi tipo assim. Fiquei pálida e calada, mais por dentro era como se eu visse o apocalipse. As torres gêmeas caíram diante dos meus olhos, a Casa Branca desmoronou, um terremoto abriu a Inglaterra no meio levando todo mundo a puta que pariu e a bomba de Hiroxima caiu sobre Hogwarts.

“NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÕOOOOO, POOOOORRAAAAAA!” Gritei em pensamento e engoli em seco.

– Ah...Essa não...Eu?! E-EU?! Isso só pode ser piada! – Lizie fazia força pra não rir.
– Bem que ia ser bom se fosse piada. Pergunte a qualquer um. Com tantos nomes na Grifinória, a professora verruguenta tinha que puxar logo o seu! Que azar!

– Ai que sorte desgraçada, que vida sem jeito! –Choraminguei enquanto caminhávamos para a primeira aula.

Alexia que estava logo atrás de nós passou a nossa frente e nos parou.

– Fica tranqüila Lilly. Vou estar na primeira fila, para ver a sua cara... –Ela sorriu maldosamente pra mim e eu a empurrei puxando Lizie comigo.
– Idiota! –xinguei-a
–Fracassada!
– PUTA!

E com esse encerramento triunfal fui para a aula de poções.

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Pouco depois do almoço, Carter Scamander havia me convidado para ia ao baile, mais respondi que alguém já tinha me convidado. Quando ele quis saber que era, fugi do assunto.

–Eu te fiz uma pergunta, Lillys.
–Hãn?
–Quem é?
– O que? –Me fiz de idiota. Não estava nem um pouco a fim de falar que esperava receber um convite para ir ao baile com o meu novo namorado.
–Não se faça de boba, amor. – Ele acariciou meu rosto.
“Amor?”, pensei.
– É... Alguém especial, que hãn... Prefiro não mencionar no momento...
Carter ficou com a pulga atrás da orelha.

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No quinto tempo, por ordem do diretor, todos os professores liberaram os alunos (ou como diz Ellizabeth “Soltaram a boiada”) para eles irem à luta, já que o baile foi marcado de última hora. Relutantemente o professor Spinn nos deixou sair.

Estava caminhando pro jardim onde as pessoas estavam se reunindo e tomando um ar fresco. Perfeito. Suspirei quando alguém agarrou meu braço.
– Fiquei sabendo, danadinha! –Lizie ria enquanto caminhávamos para debaixo de algumas árvores. – Como você vira namorada do seu inimigozinho e não conta pra sua melhor amiga aqui? – Ela fez bico.
–Nós não estamos namorando...
–Ah, por favor! Todo MUNDO já sabe QUE VOCE E LEO MALFOY ESTÃO NAMORANDO! –

Ela disse num tom tão baixo que teria acordado um búfalo do outro lado do mundo. As pessoas se virarão e começaram a comentar. Corei.

–Quando a situação está constrangedora, bom saber que posso contar com minha melhor amiga para melhorar as coisas. – Falei sarcasticamente. Lizie deu de ombros e se recostou em uma árvore.

– Vai com seu namorado? –Perguntou Lizie e eu percebi que hoje ela tava com ‘a macaca’ pra me atentar. Parecia até uma irmã mais nova que nunca tive.

– O Leo não me convidou ainda. – Decidi não deixar ela me tirar do sério.
– Fiquei sabendo que deu um não pro ruivo... –Ela falou com um tom de despreocupada, mas...

–Como soube?
–Tenho meus contatos.
–Parece interessada na vida do Carter... –“Strik 01!”
Ellizabeth ficou vermelha.
–E-eu... Nã-Não... Quer dizer... Só-só me disseram isso... –Ela gaguejou e eu ri
– Ah, Por favor! –Lizie me deu um soco no ombro.
“Strik 02!”

– Chata!
–Besta!
–Loira Burra!
–Afim do Carter! –“Strik 03! E a Lillys ganha! ”
“Cala boca”, ‘disse’ pro meu narrador imaginário.

Rimos e eu senti duas mãos quentes tamparem meus olhos.

– Oi? –Leo descobriu meus olhos e eu me virei para ele.
Seus braços envolveram minha cintura e eu senti o toque de seus lábios em meu pescoço e o cheiro de seu perfume. Fechei os olhos por um instante.

– Aaaalooou? Por acaso eu tenho cara de castiçal para ficar segurando vela? –Implicou Lizie, mais logo ela indicou algo atrás de mim com a cabeça.
Várias pessoas olhando. Eu sabia que Leo era popular, mais não achei que era tanto.
Entre elas, Alexia que me fulminou com o olhar. Suas amigas estavam ao seu lado de braços cruzados. Tirei meus braços do pescoço de Leo enquanto ele seguia o meu olhar.
Ele encarou Alexia e ela fez cara de incrédula, mais logo se virou e saiu pisando fundo com as amigas atrás.

Nesse momento eu soube perfeitamente que tinha pisado no calo da Alexia. Dane-se.

Leo deu de ombros e voltou a olhar pra mim.

– Então... –Ele começou – Você não aceitou o convite de ninguém ainda, né?
– Já sim. Vou com o Carter. – Brinquei e Leo fez uma careta.
– Não gosto daquele garoto...
Revirei os olhos.
–Claro que não, Leo Malfoy. –Atrás de mim, Lizie simulava que ia vomitar. –E ele não é um garoto... –murmurei, mais Leo ignorou essa parte.
–Ótimo. Quer ir comigo?
–Não. –Fiz uma cara de séria e ele caiu.
–Mas...

Revirei os olhos novamente.
– Você leva tudo a sério, Leo Malfoy. É claro que vou com você, ou você acha que por acaso eu tenho cara de idiota?
–Bem... Na verdade... – Ele brincou rindo e eu dei um tampa no ombro dele. Lizie fingia que estrebuchava de tanto vomitar.

Nos beijamos e Lizie fez pose de castiçal e acendeu a varinha.
Amigas.
Elas atormentam, mais não vivemos sem elas.