- Sim, eu. –Eu vi de relance o seu sorriso e ele levou sua mão ao bolso da frente procurando a varinha.

Instintivamente saquei a minha varinha e apontei em direção ao coração de Leo Malfoy. Para minha surpresa, o sorriso em seu rosto não desapareceu... Era... De um modo gentil.

Ele fez uma pequena chama na ponta da varinha e acendeu dois castiçais e só assim pude ver uma mesa quadrada a minha frente. Era coberta por uma toalha branca de cetim e dois pratos posicionados em lados opostos com uma bandeja de prata com comida ao centro. Abaixei a varinha.

- Notei que não apareceu pra jantar... Então preparei a mesa de ultima hora...
-Mas por que...
-Primeiro vamos jantar, depois a conversa, ok? –E estendeu a mão pra mim. Eu a olhei hesitante e me perguntei por que estava ali. Depois de um tempo, finalmente segurei sua mão e o deixei me conduzir até a mesa.
Sua mão era quente.

-Peguei algumas coisas da cozinha... –Ele começou a dizer mais eu o interrompi.

-Está perfeito. –O que custava ser gentil com ele? Ele finalmente fez algo de bom por mim...

Ele puxou a cadeira para me sentar e depois se sentou de frente para mim e se serviu um pouco de filé de peixe. Eu me servi em silêncio e entendi que ficaríamos assim por um bom tempo. Talvez o jantar todo. Mais não era um silêncio tenso. Era um silêncio... Pensativo.

Ele estava sendo tão gentil... E eu teimava a aceitar.

- Pollisulco? –Perguntei de repente. Leo levantou o olhar e me olhou nos olhos respondendo minha pergunta apenas com o afeto que vi em seus olhos. Não era mentira. Era ele.

Jantamos em silêncio e quando enfim terminamos, ele serviu duas taças com o que me pareceu vinho branco. Ele pegou uma taça e se levantou. Levantei-me também. Leo fez um gesto com a varinha e  a mesa juntamente com os castiçais desapareceram nos deixando iluminados somente pelas estrelas no teto.

- Por onde começo...?
-Que tal pelo começo? –sorri para ele que me deu um sorriso nervoso.
-Bem... Ahn... Faz um tempo que sinto... Algo por você...
-Ódio? –perguntei sendo teimosa.
-Nã-não... É...
Levantei uma sobrancelha.
- Amor... –Confessou ele timidamente.
Fiquei sem palavras.
Parecia que no fundo eu sempre soube.

-Lillys... Eu... Já tava na hora de parar de implicar... Faz um bom tempo que você não sai da minha cabeça. Eu até tentei esquecer, mais não dá pra eu fingir mais...
- Quanto tempo? –sussurrei
-Desde os 11 anos.

Prendi a respiração. Estávamos muito próximos. Ele olhava diretamente nos meus olhos.

- Eu...
- Eu sei que isso é tenso. Não quero te botar pressão. –Ele tinha um tom gentil na voz –Nem quero que você diga nada assim de prontidão e nem precisa dizer. Eu só...

Levei um dedo aos lábios dele silenciando-o.

-Você fala demais. –E dizendo isso aproximei meu rosto do dele e o beijei.

Se nem eu entendo isso direito, como você poderia?

A sensação dos lábios dele no meu era como fogo na madeira seca. Senti as mãos de Leo deslizar até minha cintura e encostar seu corpo contra o meu.

Quando nossos lábios se separaram permaneci de olhos fechados por mais um instante enquanto ele me abraçava.

-Esperei tanto por isso... –Ele sussurrou em meu ouvido. Estremeci com sua voz.
-Eu... Eu amo você... –Sussurrei certa do que eu sentia. Como pude ser tão cega?
É claro que eu o amava. Sempre amei.

Ele me beijou novamente e quando eu abri os olhos novamente ele sorria.

- Idiota –Sussurrei e meus lábios se curvaram num sorriso.

- Teimosa –Ele rebateu e rimos.

Enquanto nos esgueirávamos de mãos dadas pelos corredores de Hogwarts, eu pensava em tudo o que havia acontecido naquela noite. Ao chegarmos à frente do retrato da mulher gorda, Leo se virou de frente pra mim e me beijou em despedida. Depois, sorriu e disse:
- As pessoas podem ficar sabendo?
-O que?
-Que estamos namorando e...
-Estamos namorando?

Leo ficou vermelho e eu ri baixinho
-Vamos dizer que estamos... Nos conhecendo, que tal? –Sugeri e ele sorriu.
-Acho ótimo.
-Então... Podem? –Perguntou ele novamente e eu olhei pros lados para confirmar que ninguém se aproximava.
- Desde que não precisem contar a cada pessoa que ver...

Ele sorriu travesso.
- Eu não faria isso. –Leo acariciou meu rosto e se virou indo na direção contrária. Mordi o lábio inferior vendo ele desaparecer de vista.

-E então, vai entrar ou não? –Resmungou a mulher gorda com cara de sono.

Entrei e fui pra cama.

Dormi sorrindo.