Facilidades. escrita por LaraMagchep


Capítulo 1
One Shot.


Notas iniciais do capítulo

Espero que os fãs de Jormungand gostem *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/243972/chapter/1

- Jonah, venha até aqui.

O garoto aproximou-se em passos lentos e parou ao alcançá-la, olhando seus cabelos brancos voarem suavemente para trás junto ao vento. Ela o encarou e pousando a mão sobre sua cabeça o fez virar para frente, a fim de ver o mesmo que ela.

- Ali, - A jovem traficante de armas apontou com a mão livre – O que você vê?

O céu crepuscular deleitava aos membros da facção uma esplendorosa vista daquele navio cargueiro, o astro rei deitava-se no horizonte manchando de laranja o mar e as nuvens. A equipe havia sido reunida ali por Koko para admirarem o pôr-do-sol com ela, apenas Jonah ficou distante, passando óleo em sua odiada MK-47.

- Eu vejo o sol – A criança soldado respondeu imediatamente, guardando o pano sujo no bolso do moletom.

- O que você sente quando o vê Jonah? – Lehm acendia um cigarro, encostado mais atrás, o sorriso paternal iluminando seu rosto enrugado.

Jonah ergueu seus olhos de rubi para a grande esfera laranja e hesitou.

- Sono.

A equipe riu, Koko mantinha seu olhar recaído em Jonah, a mão pousada em seus cabelos albinos, ela admirou sua pele parda sobre a claridade do sol por algum tempo, até seus oito subordinados terem saído em duplas para suas funções. Abaixou-se a altura de Jonah, encarando os olhos intransponíveis.

- Você ainda não aprendeu ainda, Yonah?

- As aulas são chatas – Se defendeu desviando o olhar, culpado.

- Não estou falando das aulas. Ainda não aprendeu a viver uma vida além da de soldado?

- Eu não tenho outra vida, Koko.

Koko Hekmatyar suspirou e bagunçou os fios macios e lisos de Jonah, empurrando-o pela testa para longe em um gesto carinhoso.

- Termine de preparar sua arma, invadiremos ao anoitecer.

A jovem traficante de armas contemplou mais uma vez o horizonte com olhos tristes, queria que Jonah tivesse um fio de esperança ali a seus cuidados, afinal foi por culpa de sua família que o pequeno Jonah perdera a dele.

                                 - Jormungand -

Era fácil sentir-se distraído com Koko e seu time por perto. Fácil demais e isso, na opinião de Jonah era uma droga. E era justamente por ser fácil que eles estavam metidos nessa enrascada.

- Mas que droga, Yonah – Bufou Lutz pelo celular – Como diabos você foi deixar isso acontecer?

- Foi em um momento – Defendeu-se o soldado, sem acreditar nas próprias palavras – Eu e Valmet nos viramos por um instante e ela entrou.

 - Mas que droga, Valmet – Desabafou Lutz, Jonah virou o telefone no ouvido da mulher para ouvir sua bronca, voltou a seu ouvido.

- O que faremos?

- Ela provavelmente vai tentar convencê-los a ir embora, - Era a voz de Lehm no telefone, serena e com certo toque cômico, o velho soldado adorava os caprichos da princesa das armas – Mas eles são traficantes como nós, e, isso é como uma corrida quando a informação se espalha. Estou surpreso que não tenha mais outros cargueiros.

- O que faremos? – Insistiu Jonah impaciente.

- Você e Valmet vão entrar e tirar Koko de lá a força tente não fazer bagunça e eliminem o menor numero de inimigos possíveis, não queremos que entrem em alerta, esse nevoeiro é quase como uma benção de Deus para nossa operação. Vamos tentar prosseguir com o plano de Lutz acertar o traficante de armas daqui de cima do contêiner, entretanto, se Koko estiver com Wolf, não hesitem em eliminá-lo.

Valmet fez menção de pegar o telefone, isso poria Koko em perigo, jogaria sua chefa no próprio campo de batalha, mas a criança murmurara um “entendido” e fechara o telefone celular.

- Yonah? – Insistiu Valmet desembainhando duas de suas facas. – Isso não é perigoso... Digo, para Koko?

Jonah terminou de carregar apenas uma pistola e a enfiou no bolso do moletom, junto ao pano com óleo que guardara e fora esquecido. Ele tirou o tênis novo que Mao lhe dera de presente na ultima cidade e as meias pretas que foram de Hugo até descobrir que Yonah não possuía ao menos um par e os deixou ali protegidos, subiu na borda do navio e olhou sério para seu cargueiro inimigo.

- Koko nunca estará em perigo, Valmet, não enquanto eu for seu guarda-costas.

E se atirou no mar gelado, o frio das ondas cortavam seu corpo como se fossem navalhas afiadas, encharcavam seus ossos a cada braçadas e ele tinha a impressão que fosse congelar, mas aquilo era necessário, era a sua penitencia por ter tirado os olhos da traficante de armas,  tudo porque estar com eles eram muito fácil.

                            - Jormungand -

- Lutz e Lehm, eu quero os dois em cima daquele contêiner, que dá direto para dentro da sala de Wolf. Tojo rastreie o destino do outro cargueiro, tenho certeza que este é um chamariz, depois de descobri-lo passe imediatamente as coordenadas para Hugo e Wiley, eu quero que explodam aquela coisa com todos os soldados americanos juntos.  R e Mao vigiem o perímetro, estamos quase na Austrália a Marinha deve estar de olho nas coisas por aqui. Eu, Jonah e Valmet vamos entrar e tentar negociar com Wolf, se aquele canalha não consentir quero a cabeça dele explodida antes que qualquer músculo se mova. Entendidos?

A equipe olhou para Koko, ela ainda possuía um risco rosa pela extensão do pescoço partindo de sua mandíbula, fora isso que acontecera a ultima vez que ela tentara entrar no campo de batalha. Todos naquela sala entendiam que Koko era formidável e habilidosa, dona de qualidades inimagináveis em uma garota tão jovem, mas decidiram na calada da noite, enquanto a princesa das armas dormia que não a deixariam se envolver em algo tão extremo outra vez ao menos que fosse necessário.

- Até a parte em que Koko se incluiu, todos podem obedecê-la. Quem é a favor? – Propôs Lutz sorrindo para a chefe incrédula, todos ergueram a mão, inclusive Jonah – Então, Koko fica com Jonah e Valmet para termos certeza de que ela não dará um jeito de subir sem ser vista.

Na hora marcada tomos tomaram suas posições, confirmadas por telefones descartáveis, Valmet trazia Koko presa em seus braços musculosos moldado por treinamento árduo e incansável. Ela gostava da sensação de ter Koko ali segura, em seus braços, Jonah também parecia satisfeito, tinha consciência da força de Valmet e que Hekmatyar jamais se libertaria daquele aperto. Esperaram que todos tivessem partido para soltar Koko, ela sentou-se emburrada murmurando palavras desconexas, Jonah sentou-se a sua frente e Valmet fora buscar um lanche para eles.

- Porque você não deixou que eu fosse Jonah?

- Você se machuca, você sempre se arrisca e se machuca.

- E isso importa pra você?

Jonah hesitou, não era expert em sentimentos, não se achava no direito de tê-los, afinal, todas as pessoas que ele amava acabavam tendo seu sangue jorrado para todos os lados e o jovem soldado fazia de tudo para reprimir aquele sentimento que começara a gerar pelos nove. Ele encolheu os joelhos e colocou sua cabeça entre eles.

- É fácil demais ficar com vocês. A gente esquece que ta trabalhando – Ele murmurou abafado, a boca pressionada contra a própria pele.

- Você está bem agora, Jonah – A voz de Koko não tremia e Jonah entendeu o que Lehm vivia dizendo sobre ela ser madura para sua idade, Koko parecia às vezes uma velha sábia – Nós não vamos deixar nada te acontecer e você não irá deixar que nada nos aconteça. Nós somos uma uma fam...

Jonah se levantou, ajudando Valmet que chegava com as xícaras e a pilha de donuts, queria ter tapado os ouvidos, poderia ter tapado os ouvidos assim que ouviu o começo da palavra, ele não tinha família. Nunca a teria.

Eles comeram, Valmet era uma bela atriz e imitava com perfeição todos os integrantes do grupo, Jonah achava que iria morrer de tanto rir, lagrimas lhe escapavam dos olhos, Koko ria também, mas gostava de ver as reações do garoto, ele era uma caixinha de surpresas, nunca se sabe com o que ele se surpreenderia. Uma vez ficara encantado com uma cafeteira, uma cafeteira estando em uma missão de escolta de mísseis teleguiados via internet. Seu telefone vibrou e ela levou ao ouvido, ainda rindo:

- Koko, o navio foi avistado, mas ainda não temos Wolf na mira. Talvez ele nem apareça no escritório essa noite.

Pois bem, pensou Koko a desligar, ela o faria aparecer naquele escritório. Olhou de relance para os guarda-costas e saiu pela direita, passou em seu quarto para colocar o fone comprido de seu celular e apanhar sua capa esverdeada, colocou o capus e foi para baixo, subiu em um Jet ski e seguiu em direção ao navio de Wolf.

                                   -Jormungand-

Jonah se agarrou na corrente e içou seu corpo para fora da água, escalando o aço frio com dedos ágeis, pulou silenciosamente para dentro e quando virou-se deu de cara com um homem fardado, olhando boquiaberto para a criança. Jonah avançou, desarmando-lhe e acertando a parte traseira da arma contra o nariz do soldado, pulou e desferiu outro golpe o arremessando contra o contêiner, o soldado americano caiu desmaiado. Virou-se para Valmet que passava a segunda perna pela borda do navio e pulava, o tapa-olho encharcado, rasgou uma parte da roupa do soldado e entregou para ela, oferecendo no lugar do tapa olho. A russa agradeceu, trocando um pelo outro, retirou da cintura uma pequena adaga e a ofereceu a Jonah, o garoto sorriu e ela pensou que Koko tinha razão, Jonah era um bom rapaz.

Adiantaram-se calados por um bom tempo, ligaram o telefone e recebiam coordenadas de Lutz pelo celular, pularam em cima de onde deveria estar o traficante de armas.

- Yonah, aqui é Lehm, Wolf entrou no prédio, Lutz está com ele na mira, porém Koko... Koko está mal, esta ferida. Tirem ela de lá agora.

Valmet foi quem invadiu o grupo de cinco soldados que guardavam o escritório nunca saberiam o que os havia atingido. Valmet pulou em cima do primeiro e a faca desceu livre pelo seu pescoço, esgueirou-se por trás do segundo, usou os braços para dar um giro de 180º com a cabeça do outro, atirou-se contra o terceiro e a lamina de sua adaga perfurou-o duas vezes, rasgando seus dois pulmões, foi contra o quarto abrindo-lhe um rasgo na jugular, quando avançou para o quinto, a criança soldado já tinha seu cadáver nos braços. Sorriu para Valmet, era como vê-la dançando.

Jonah arrombou a segunda porta, o quadro doeu-lhe o estomago e lhe deu um gosto ruim na boca. Só haviam dois guarda costas, o primeiro pisava sobre o ombro direito de Koko, ela sangrava muito, filetes de sangue escorriam do seu couro cabeludo, o sangue do nariz bezuntava seus lábios e um hematoma roxo se formava em seu olho direito. Jonah retirou a pistola mais rápido que o segurança em cima de Koko e o alvejou mais vezes que pode contar, por ira. Ele caiu, Valmet atirara uma faca contra o ombro do segundo, o fez hesitar por segundos, Jonah caiu de joelhos ao lado de Koko e a enfiou em seu peito, apontou a pistola para o segurança e enfiou uma bala em seu peito. Ele também caiu. Os dois guarda-costas de Hekmatyar viraram-se para o Wolf, mas ele cambaleava. Uma metralhadora nas mãos, sangue escorria de seu lóbulo temporal, trançou as pernas até cair por cima da mesa, com um esguicho de sangue saindo do crânio.

- Ei, Yonah, está ai? – Chamou Lehm – Lutz o pegou.

Koko pediu o celular para a criança, o recebeu e descansou ele sobre a orelha.

- Bom trabalho.

Hugo e Wiley detonaram o outro cargueiro, a russa com uma venda negra sobre os olhos pediu para que buscassem a eles imediatamente. Fizeram bagunça ao sair, o navio todo virado contra os três, mas no fim das contas o reforço ali era mínimo. Subiram no bote e Jonah ofereceu calado a Koko o pano cheio de óleo.

- Para que é isso? – Ela perguntou.

- Seu sangue.

- De onde?

Jonah grunhiu impaciente, tomou das mãos dela o pano e começou a trabalhar nos sulcos vermelhos que manchavam sua pele pálida. Sentiu-se reconfortado e se repreendeu era fácil estar com eles.

- Koko...

- Hm?

- Koko, sou eu, Jonah, acorde.

- O que? Temos problemas?

- Não, quero te mostrar uma coisa.

Jonah a apanhou pela mão e a guiou para fora, ainda era noite, mas clareava, de fato podia-se ver o fraco amarelado no horizonte. A criança soldado parou bem onde Koko estava aquela tarde, olhou para a garota e suspirou.

- O que foi, Yon?

- Eu não gosto que você se machuque. Eu fiquei com medo de que você pudesse morrer.

- Eu sei. – Koko murmurou alisando o nariz inchado.

- Eu não é só porque parece que eu não estou fazendo meu serviço direito. É porque você é diferente Koko, todos vocês são. Ficam tentando me ensinar um punhado de coisas que eu não conheço, vocês se importam comigo.

- Jonah, eu quero que você tenha uma vida diferente. Você sempre vai ser um soldado, sempre terá nas costas a vida de muitas pessoas, mas você é uma criança.

- Eu sei.

Silêncio, o sol nascia lentamente, Koko perdera o sono.

- Quer saber o que eu sinto quando vejo o sol?

- O que, Yonah?

- Eu sinto todos vocês perto de mim. Sinto como se fossemos uma família de verdade.

- Nós somos, Yonah. Somos o que todos nós precisamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!