Eu não sabia onde estava, mas lembro de ter caído de muito alto, de ter sido expulsa do meu lar... Tocar algo frio e úmido... E de ser tocada por algo quente e firme... Não consegui olhar, minhas pálpebras estavam pesadas demais para abrir, meu corpo parecia um grande fardo... Oh...! Também posso me lembrar de uma voz... Parecia gentil e preocupada... E desconhecida, mas era uma bela voz.

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Três semanas se passaram desde nosso primeiro encontro. Ela ainda não acordara, mas respirava tranquilamente, absorta a tudo em volta. Tinha um belo, longo e perfeitamente liso, cabelo, era de um tom arroxeado sem igual. Sua pele era completamente alva e macia, não tinha nenhum arranhão fora algo que parecia duas marcas de nascença nas costas, eram duas pequenas linhas avermelhadas paralelas uma com a outra. Ela tinha um ar doce e angelical, mal podia esperar para vê-la abrir os olhos, qual será a cor deles?!

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Há quanto tempo eu estive dormindo...? Onde eu estava...?  Por que me sentia tão bem ali...? As perguntas emaranharam-se em minha mente e de repente, uma voz me mandou acordar, como se fosse obrigada a obedecê-la, meus olhos se abriram.

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Eu já estava ficando desesperado, nada a fazia acordar, já havia completado um mês naquela agonia. Decidi então chamá-la, “Ei, garota... Acorde. Não pode dormir pra sempre”, e como se ela tivesse me ouvido, seus olhos se abriram, eram duas bolas peroladas, mostravam admiração, seu corpo se ergueu e ela ficou sentada na cama, me olhando atentamente.

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A figura em minha frente tinha cabelos dourados e espetados, lindos olhos da cor do límpido oceano, uma pele bonita e queimada do Sol. Haviam charmosas marquinhas em suas bochechas, ele parecia preocupado, mas aliviado. Me desprendi um pouco da imensidão azul do seu olhar e observei meu redor. Era um quarto de paredes de bambu, havia um guarda-roupa de madeira rústica, um pequeno criado-mudo ao lado da cama e a mesma, ambos eram da mesma madeira do guarda-roupa. Eu estava com um longo e fino vestido branco, ah... Eu me recordara muito bem dele, me dava uma sensação ruim, mas logo uma onda de calor invadiu meu corpo expulsando a sensação pra longe, num instante eu me sentia bem novamente, melhor do que nunca estive. Aqueles olhos encontraram os meus novamente.