Witching escrita por Julia


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/243779/chapter/5

 Abri os olhos lentamente. Por um minuto eu tive uma sensação de segurança, como se não estivesse tudo uma bagunça, até que as imagens da noite anterior invadiram minha cabeça. Uma bruxa, minha vó dissera. Isso que sou. Isso que explica tudo de estranho que já aconteceu comigo.

 Levantei-me lentamente e me arrumei para o café da manhã. Hoje o dia será longo.  Vovó disse que me ensinaria tudo e explicaria tudo, já que logo logo eu vá precisar me proteger.

 As crianças brincavam com Anthony em um canto da sala enquanto ela me esperava com um copo de chá em mãos.

- Bom dia, Claire. – Disse, sorrindo gentilmente.

- Bom dia.

- Bom. Acho que já podemos começar certo? – Eu assenti, de certa forma ansiosa para aprender como controlar meus poderes. – Bom, vamos começar com coisas fáceis. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, para se realizar um feitiço, não é necessário proferir palavras. Vem de dentro da bruxa. É preciso muita concentração e prática. – Eu me prendia em cada palavra, tentando absorver todas as informações que ela tinha para me passar. Vovó se levantou e foi até a cozinha. – Vamos começar com a levitação de itens pequenos, certo? O que você tem que fazer é se concentrar no objeto e visualizá-lo sendo levitado. É simples, olhe. – Ela apenas direcionou o olhar para um saleiro que se levantou da mesa vagarosamente e no segundo seguinte flutuava por toda a cozinha. O objeto dançava e dava piruetas no ar, conforme o olhar de vovó o seguia. E isso sem cair nem um grão de sal. Logo ele pousou no mesmo lugar de antes.

- Tente. – Ela sorria, me incentivando. Olhei fixamente para o saleiro, respirei fundo e me concentrei. Tentei imaginá-lo se levantando da mesa, assim como minha vó fez. A princípio ele levitou bem, mas depois começou a oscilar e de repente o saleiro girava e esparramava seu conteúdo para todos os lados, comecei a pensar em outras coisas e ele caiu no chão.

- Desculpe. – Murmurei. Senti minha face esquentar.

- Tudo bem, é normal. Ajuda se você gesticular. Dá direção ao objeto.

- Ok. Vou tentar novamente. – Olhei para um copo cheio de colheres e me concentrei em uma delas. Visualizei-a levitando e fiz um gesto com a mão para ajudar. Logo, a colher subia pelo ar, perfeitamente estável. Desenhei um círculo no ar e a colher rodopiou. Comecei a fazê-la flutuar pela cozinha, imitando a dança que minha vó havia feito com o saleiro. Logo, as outras colheres haviam se juntado a ela, flutuando, se entrelaçando, em movimentos perfeitos pelo local.

- Muito bom, Claire. – A voz macia, e a risada rouca que se seguiu fez com que todas as colheres caíssem no chão.

- Ah, obrigada, Anthony.  – Tentei esconder que minhas bochechas estavam ficando vermelhas enquanto me abaixava para arrumar a bagunça que havia feito.

 Assim passei o resto da tarde, aprendendo tudo o que podia sobre magia. Enquanto minha vó me ensinava a fazer as coisas pegarem fogo, me lembrei de um detalhe de quando minha vó me contou sobre eu ser uma bruxa.

- Vó?

- Sim?

- O que quis dizer quando disse que minha mãe não é uma bruxa. – Ela suspirou pesadamente, e se virou para mim.

- Quis dizer o que disse. Ela não é. – Ao ver que essa resposta não seria o suficiente para mim, ela continuou: - Quando sua mãe era pequena, eles, os caçadores, queriam pegá-la. Ela era uma bruxa muito poderosa. Então, eu retirei todo o poder dela. Charlotte nunca entendeu que fiz isso para protegê-la, e nunca me perdoou. – Assim que ouvi suas palavras me arrependi de ter perguntado. Aquilo parecia ser uma ferida de minha vó. – Bom, vamos dar uma olhada naqueles livros que ela mandou.

Em uma das malas que ela havia me feito trazer havia roupas e coisas pessoais de todos nós, mas na segunda havia apenas livros. Muitos livros. Quando voltamos para a sala principal, eles estavam dispostos sobre a mesa, esperando para serem estudados. Aqueles livros foram escritos por nossas antepassadas, e contavam a história das bruxas. Ali falava sobre todos os bruxos que já haviam existido e muitos que ainda existiam. Nós passamos horas e horas lendo sobre todos os grandes e pequenos feitos, e todas as personalidades e histórias de cada família e pessoa com sangue mágico nas veias, até que algo me chamou a atenção. Foi um homem. Ele tinha cabelos espessos e pretos, traços elegantes e atraentes. Em baixo de seu desenho havia um nome rabiscado. “Liam O’hara.” E eu o conhecia. Eu o conhecia, porque o vira todos os dias de noite em meus sonhos. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Witching" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.