O avião demorava muito para partir, e esse tempo me agoniava, mas me deu tempo para pensar, refletir.  Minha chegada ao aeroporto foi um pouco dramática até porque ninguém me esperava lá, ninguém nem sabia que eu havia voltado. Liguei para minha tia que desde o dia que havia me contado a notícia não tinha notícias minhas.

“Alô, tia. Posso saber em que necrotério que foram examinar minha mãe?” falei com uma voz sombria que saia com facilidade da minha boca, toda aquela amargura já me consumira. Com um susto minha tia disse o local e antes de completar o que iria dizer tteve o tele fone desligado com grossura.

Sabia que a culpa não era dela, mas não me conformava mais com a minha vida, me lenda pessoal havia se tornado punir quem havia matado minha mãe. Larguei minhas coisas com descuido em minha casa e fui ao necrotério, o que não é nada muito romântico de se dizer, mas não me importava mais.

Claro que não é simples chegar num necrotério e pedir para ver um corpo, mas eu tinha como provar que o cadáver que procurava de fato era que me dera vida. Ela estava linda, sempre foi linda, parecia que estava dormindo, e sonhando, e esperando para ser acordada, mas isso seria impossível. As lágrimas escorreram lenta e facilmente pelo meu rosto enquanto segurava sua mão, que já estava rígida pela falta de sangue.

Perguntei para o responsável o que havia acontecido com seus órgãos, e ele me dissera que haviam sido doados conforme sua vontade, fiquei feliz que minha mãe “vivia” a sua autópsia já havia sido terminada e o corpo já estava pronto para ser enterrado.

Seu velório e enterro foram muito  emotivos para alguns. A tristeza já havia me consumido e eu não tinha mais lagrimas para derramar e em nenhuma das duas ocasiões falei com alguém, continuei séria. Ao seu término voltei para casa.

A noite foi longa e me deu tempo para responder todas ligações e mensagens que Niall havia deixado, pra ele ter voltado de não me ver na cafeteria, nem em lugar nenhum poderia ter sido perturbador. Assim que deixei Londres eu deixei uma mensagem falando brevemente o que havia acontecido, claro que ele não se contentava com aquelas poucas informações.

Liguei para ele:

“Calli?” ele falou com uma vós preocupada.

“Oi querido” tentei responder um uma voz no mínimo animada

“Como você está meu amor? O que vai fazer agora?”

“estou melhor sim. Eu vou alugar minha casa aqui do Brasil e vou voltar para Londres, minha, mãe não iria gostar de saber que abandonei os estudos, e tentar viver normal né?!”

“eu sinto sua falta, sua tristeza está me afetando Calli, quero você comigo aqui para que eu possa te abraçar e te acalmar”

“em algumas horas eu estarei ai, vou dormir e cedo voltar, te amo”

“Te amo”

E desligamos. Eu poderia ter dito a ele que era a uma pessoa que tinha, mas talvez isso deixasse sobre talvez uma pressão desnecessária.