Não sei se estou ficando louca ou eu escutei alguém me chamar. Acho que a fome esta afetando meu psicológico, não é possível.

   __Sam, ei Sam. - escutei novamente.

   __Quem está ai? - falei assustada.

   __Sou eu Sam, Gabriel.

   __Gabriel? Cadê você? – Comecei a procurar em todos os contos visíveis.

   __Na janela atrás de você. - Janela? Tem uma janela aqui?

   __Como você me achou aqui? – disse virando a cabeça tentando ver a janela.

   __É uma longa historia depois eu te conto. Agora eu preciso achar um jeito de te tirar dai.

   __Não tenho como ajudar amarrada assim. – disse meio cabisbaixa.

   __Se tivesse alguma coisa de ferro pra eu tentar arrobar, mas não vejo nada aqui, só mato.

   __Eu acho melhor você ir chamar ajuda. – eu tinha que achar a maneira mais fácil de sair dali.

   __E te deixar aqui sozinha com esse sequestrador, nem pensar. – como se fosse fazer diferença.

   __Você não vai poder fazer nada ficando ai fora, é melhor chamar alguém. – tinha que o convencer, mesmo sabendo que ele é muito cabeça dura.

   __Mas... – ele não terminou de falar, ouvimos um barulho vindo de outro cômodo da casa.

   __Vai logo, acho que vem vindo alguém. – sussurrei apresada.

   __Mas eu falo com quem?

   __Com meu pai. – disse rápido.

   __O QUE?

   __Não grita, vai logo.

   Ele saiu no exato momento em que o sequestrador maluco entrou no quarto.

   __Falando com quem princesinha? – ele disse com aquele sorrisinho de psicopata.

   __Estava apenas pensando alto, formas de que eu quero que você morra. – disse com sarcasmo.

   Ele tirou o sorriso do rosto e colocou uma cara assustadora no lugar. Realmente de dar medo, mas eu tinha que aguentar e não demonstrar que estava assustada.

   __Então você vai me responder o que perguntei antes? – ele perguntou me encarando com aqueles olhos escuros e cheios de ódio.

   __Eu já disse que prefiro a morte. – responde seria encarando-o.

   __Tola. Não sabe o que diz. – ele falou de virando e indo em direção a uma caixa que havia no chão. Pegou uma pequena maleta que estava dentro da caixa. – Vamos ver se você não abre a boca agora. – ele a colocou em cima de uma mesinha que tinha ali e abriu. Não vi o que tinha dentro, mas escutei barulho de metais se chocando e percebi que coisa boa não era.

   Eu não podia mais esconder que estava assustada. O que ele pretendia fazer? Estava tão desesperada que comecei a chorar e tentar me soltar das cordas que amarravam minhas mãos e pernas.

   __Não precisa ficar nervosa. – ele disse colocando aquelas luvas que os médicos usam. – Se você tivesse sido uma boa menina isso não teria que acontecer. – quando ele virou-se novamente na minha direção estava com uma furadeira.

   __O que você vai fazer? – perguntei mesmo sabendo o que ele faria.

   __Não se faça de boba. – ele ligou a furadeira e aquele barulho fez meu corpo todo tremer. Quanto mais eu tentava segurar as lagrimas, mais elas caiam. – Ainda dá tempo de voltar atrás. – ele se aproximava de mim e eu ficava mais desesperada. Estava confusa, não sabia se falava ou esperava, quem sabe, o Gabriel chegar com ajuda. Mas parando pra pensar, talvez ele não chegasse a tempo.

   __Esta bem. – eu me rendi de uma vez.

   __O que disse? Não escutei direito. – ele desligou a ferramenta.

   __Eu digo o que você quer. – falei abaixando a cabeça para não encarar aqueles olhos que me davam arrepios ate na alma.

   __Boa garota. – ele soltou um risinho medonho e colocou a furadeira de volta na mesinha. – Agora vamos ao que interessa. – ele segurou meu queixo me fazendo encará-lo.

   Eu respondi o que ele queria. Depois ele começou a perguntar umas coisas estranhas sobre o trabalho do meu pai, eu não estava entendendo nada. Disse a ele que não sabia muito sobre o trabalho do papai, na verdade nunca me interessei pelos negócios dele. Ele ficou irritado pela minha falta de conhecimento e saiu do quarto.

   Eu respirei aliviada, mas não sabia se tinha feito o que era certo. O que me restava a fazer agora era esperar o Gabriel trazer ajuda. Se é que ele conseguiria.

Povs Gabriel

   Depois de sair correndo do “cativeiro” onde a Sam estava presa, fui para o bosque que havia logo atrás, onde havia deixado minha moto escondida. Tirei o monte de galhos que havia colocado para escondê-la melhor e segui empurrando-a ate sair do bosque e o mais longe possível para que o sequestrador não escutasse o ronco do motor.

   Quando já estava longe o bastante liguei a moto e acelerei ao máximo em direção à casa da Sam. Eu estava muito nervoso com o fato de ter que contar ao pai dela que a filha havia sido sequestrada.

   Apesar de o tio Greg ser bem legal, quando ele ficava zangado era melhor nem olhar pra ele. E esse era o meu medo: Qual seria a reação dele? Mas eu tinha que seguir em frente pela Sam.

   Envolto a tantos pensamentos cheguei a casa dela num piscar de olhos. Estacionei a moto e entrei a procura do tio Greg. A festa ainda estava rolando, algumas pessoas já tinham ido embora, mas ainda tinha bastante gente. Parecia que as pessoas não tinham notado a falta da aniversariante. Comecei a procurar pelos locais onde não tinha muita gente, visto que o tio Greg não gosta de multidões, mas não o encontrei. Procurei pelo por todos os locais da festa, mas não achei. Tinha que ser rápido, pois poderiam fazer alguma coisa com a Sam.

   Andando pelo meio da festa vi a Bea, que parecia procurar alguma coisa, e fui atrás dela para perguntar sobre o pai dela.

   __Bea onde é que o tio Greg esta? Preciso falar com ele urgente. – cheguei falando sem mais delongas.

   __Ai, que susto você me deu garoto. – ela disse botando a mão no peito esquerdo. – Eu não sei onde o papai esta, deve esta no escritório, eu acho, mas... – ela não terminou de falar, pois eu já estava me dirigindo ao local.

   Cheguei ao escritório e fiquei parado em frente à porta pensando no diria e como diria. Ergui a mão fechada para bater na porta, mas a mesma foi aberta antes. Por pouco não bati na cara do Tio Greg. Ele estava conversando com um cara, que já estava se retirando.

   __Então nos falamos segunda na empresa Josh. – o Tio Greg disse se despedindo do tal Josh.

   __Certo Greg. E não se esqueça de verificar aqueles arquivos. – eles deram as mãos e tal cara foi embora. Quando ele passou por mim senti uma coisa estranha. Mas deixei pra lá, precisava falar com o Tio Greg urgente.

   __Ora, vejamos quem esta aqui. Gabriel! – ele disse quando percebeu que eu estava ali.

   __Oi Tio. – falei meio nervoso.

   __E então, esta gostando da festa? A Sam estava linda não acha? Falando nela, você a viu? Procurei-a por todo canto da casa e não a encontrei. – ele disparou tudo de uma vez, fiquei sem saber o que dizer.

   __É sobre ela mesma de que eu vim falar. – tinha que ir com calma para não assustar muito. – Aconteceu uma coisa e... – não terminei a frase, vi o semblante ficar assustador na mesma hora. – Acho melhor o senhor sentar pra escutar o que eu vou dizer.

   __Rapaz é melhor me dizer logo o que aconteceu com a minha filha. – ele disse em tom grave que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiar de medo.

   __Vamos entrar e sentar, ai então eu lhe explico tudo direitinho. – ele assentiu e então entramos. Depois de sentar ele me encarou com uma cara de quem dizia: Pode começar a falar! – Bem... é...eu não sei como dizer...é...eu quero que o senhor saiba que eu tentei fazer o possível pra evitar, mas...

__Garoto desembuche de uma vez antes que minha paciência acabe. – ele disse já irritado.

__A Sam foi sequestrada. – falei de uma vez pra ser menos doloroso.

__O QUE? – ele gritou levantando da cadeira e batendo forte na mesa a sua frente.

__Eu juro, eu tentei evitar, mas o cara era três vezes maior que eu... – eu tentei me explicar, mas só estava piorando a situação.

   Então o Tio Greg fez a ultima coisa que eu achei que ele faria numa hora dessas. Sentou-se e virou o copo de uísque que estava na mesa. Depois de um tempo parado ele falou.

__Me explique direitinho como isso aconteceu. – eu começo a achar que meu tio foi abduzido e colocarão um robô no seu lugar.

__O - ok – assenti ainda achando a reação dele estranha.

FLASHBACK ON

   Eu estava procurando a Sam para mais uma tentativa (pela milésima vez) de conversar a sós. Depois dos parabéns a vi indo em direção as bebidas então corri pra tentar alcançá-la, mas ficava difícil com tanta gente amontoada para tentar pegar um pedaço de bolo (que pela cara devia estar uma delicia). Quando cheguei à mesa dos sucos não a vi, então comecei a olhar para todos os cantos procurando-a. Vi-a entrando na casa então corri para alcançá-la, essa era a melhor chance de falar com ela, pois dentro da casa não havia muita gente então provavelmente não seriamos interrompidos.

   Mas quando estava entrando na casa vi aquela cena que me paralisou, um homem muito estranho agarrando-a por trás, fazendo-a desmaiar. Fiquei tão nervoso e amedrontado que a única coisa que me passou pela cabeça foi me esconder. Fiquei atrás de uma planta observando o que ele fazia. Ele a pegou no colo e saiu pela lateral da casa. Eu o segui escondido e o vi colocando-a numa van. Eu corri rápido e peguei minha moto que estava na frente da casa, consegui o seguir sem ser percebido. Enquanto o seguia percebi a burrice que havia feito. Podia ter gritado e evitado o sequestro, mas fiquei tão assustado que não consegui abrir a boca.

   Estava tão aéreo que não havia percebido que já tínhamos saído da cidade, só percebi quando vi a van entrar numa estrada bem estranha que nos levou a casa onde a Sam esta presa. Bem antes da casa entrei no meio do mato para me esconder. Fiquei escondido perto da casa ate escutar a voz da Sam gritando socorro vindo de uma janela no fundo da casa, corri ate lá imediatamente.

FLASHBACK OFF