"- Mamãe, por que a senhora tá colocando minhas roupas nessa mala? - perguntou a garotinha de seis aninhos para a mãe.

– Você vai viajar, querida. - disse a mãe contendo as lágrimas.

– Mas e as suas malas, mamãe? - a pequena não entendia.

– Eu não vou, filha. - lágrimas deciam pelo rosto da mulher.

– Não? - a mãe balançou a cabeça em forma afirmativa - Porque não vai? Porque tá chorando? Onde eu vou? - a garota já tinha pequenas lágrimas nos olhos.

– Me perdoa filha. - a mulher estava de joelhos, assim, ficando na mesma altura da garotinha - Eu tenho que ficar aqui. Você vai ir pra casa da sua tia Giselle. Ela tem boas condições e poderá cuidar melhor de você.

– Mas e a senhora? O papai? O Pê? O Junior? A Jessie, que tá ainda aí dentro? - aos prantos a garota apontou para a barriga da mãe - A Nattie?

– Eu e seu pai cuidaremos deles enquanto pudermos. - sentiu uma pontada no peito e uma forte dor na região do útero. - Chame seu pai, Lorenna.

A garotinha viu sangue saindo de sua mãe. Desesperada, correu até o escritório de seu pai, onde o mesmo riscava uma folha, provavelmente, desenhando um portão para a empresa em que trabava. Ao ver a garotinha, sorriu. Mas ao escutar suas palavras desesperadas sua feição mudou.

– Papai. Corre, mamãe, muito sangue, chorando, dor. Eu to com medo.

O homem correu e foi seguido pela garota. Chegando ao quarto que dividia com a esposa viu-a no chão, cheia de sangue e respirando com dificuldade. Todos os seus filhos estavam lá.

– E-eu amo vo-vocês. - murmurou com dificuldade a mulher.

– Eu te amo, mamãe - disse a garotinha. A mulher sorriu, mas logo soltou um gemido de dor.

O marido pegou-a no colo e saiu correndo. A garotinha, Lorenna, estava chorando juntos com seus irmãos.

– Vai ficar tudo bem Lori. - Disse o irmão.

– Não, não vai. - surrou, quando a porta abriu e parada lá estava Giselle, vestida com uma blusa social branca, saia de cintura alta, meia calça fina preta, um blazer e um mini salto social preto.

– Querida, vamos logo.

A garotinha se despediu dos irmãos, chorando, pegou suas malas e seguiu com a tia. Uma longa jornada."