Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 28
Capítulo 27 - Destino


Notas iniciais do capítulo

Acho que vocês esperaram muito por esse capítulo, então não vamos falar muito por aqui. O capítulo não foi revisado, então relevem alguns erros. Nos vemos nas notas finais. Eis o ÚLTIMO capítulo :)



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I've been waiting for so long

For something to arrive

For love to come along

Now, our dreams are coming true

Through the good times and the bad

Yeah, I'll be standing there by you

And, baby, you're all that I want

When you're lying here in my arms

I'm finding it hard to believe

We're in heaven

And love is all that I need

And I found it there in your heart

Isn't too hard to see

We're in heaven

                                   Heaven - Bryan Adams

 

Enquanto esperava alguma palavra sair da boca de David, seus olhos correram pelo estado físico do bruxo, numa típica análise jornalística que ela já adquirira. Não era algo que ela simplesmente pudesse controlar, não havia nada no homem a sua frente que combinasse com sua coluna no Profeta e, mesmo que o contrário fosse, o mundo bruxo já sabia o bastante de sua vida e das pessoas que a rodeavam. David não fazia mais parte delas, de fato, mas uma coisa que Gina aprendera era que ninguém entra e sai da vida de outra pessoa sem deixar sua marca. E ele tinha feito aquilo nela. Ele era reservado, nunca gostou de estar na frente dos tablóides, mas aprendera a suportar o preço de namorar uma Weasley e uma das principais jogadoras do time Harpias de Holyhead. 

Ela sabia a razão. Como poderia esquecer? Gina sabia exatamente quem David era. Ao encontrá-lo em sua porta, sentiu-se quase aliviada, e agora sabia o porquê. Havia pensando em procurá-lo, embora não houvesse contado aquilo a ninguém, nem mesmo para Viviane, quem certamente a apoiaria. Mas a verdade era que ainda estava chateada demais para isso, e sabia que não era ela quem devia um pedido de desculpas. De todo modo, mesmo com o modo repugnante que David a tratara, lembrava-se de como ele havia sido muito diferente em todos os anos em que passaram juntos. Não apagava o que ele havia feito, e não significava que Gina o perdoaria ou esqueceria facilmente. Mas se deu conta de que não queria ter a imagem do ex namorado do último encontro deles. Precisava daquela conversa. Precisava que ele se redimisse para não continuar com a sensação de que passara anos com um completo desconhecido.  Se ele estava ali, disposto a ter uma conversa, e aparentemente sóbrio, a atenção de Gin seria toda dele naquele momento. Não sabia exatamente o que esperar, ou, dada as circunstâncias de seu último encontro com ele, dizer qual seria sua reação. Havia, até mesmo, a possibilidade -pequena, ela sabia- de David estar ali para dizer outras palavras, mas ela daria um voto de confiança a ele. Não permitiria que ele a tocasse como havia acontecido naquela fatídica noite n’A Toca. Sentia sua varinha junto de si e ainda era muito boa em azarações. Só esperava não ter que usá-las.  

—Apartamento legal. -Começou David, parecendo um pouco desconfortável no meio da sala. 

—Obrigada. Era da Hermione. -Explicou ela, colocando uma mecha de seu cabelo para atrás de sua orelha direita. -Por quê não se senta? 

Ele olhou para o sofá, parecendo analisar a proposta. No fim, dando-lhe um sorriso rápido, David sentou no sofá, e Gina o imitou, sentando-se de frente para ele, esperando não transparecer a leve tensão que assumia seu corpo. 

—Então, você e o Potter estão juntos. -Disse ele, e Gina não expressou reação alguma, apenas continuou encarando-o, sabendo que aquilo surgiria na conversa, mas como não foi uma pergunta, esperou que ele continuasse. -Estão morando juntos? 

—Não. -Respondeu Gina, escolhendo não ignorar a pergunta. Sentiu uma súbita vontade de se explicar, mas lembrou-se rapidamente que, na verdade, não devia nada a ele.

David assentiu, apoiando os cotovelos nas coxas e unindo as mãos entre elas. A tristeza era clara. Parecia pensativo, notou ela, ou talvez um pouco nervoso. 

—Como conseguiu meu endereço? -Perguntou Gina, franzindo a testa ao verbalizar a dúvida que lhe tomara assim que o viu em sua porta. Não que estivesse preocupada, mas se David sabia, então, provavelmente, o restante de sua privacidade corria risco. Parecia que Rita Skeeter havia inaugurado uma era inconveniente e sem limites de fofoqueiros de plantão. 

—Pensei que você ainda estivesse na casa dos seus pais -Explicou o bruxo, olhando para Bichento que, ignorando completamente sua presença ali, subiu no sofá e deitou-se ao seu lado. Ele sorriu, e Gina soube que ele estava se lembrando de algo -Sua mãe… Ela me ofereceu chá. 

—Com biscoitos, suponho. -Comentou ela, e David assentiu, ainda sorrindo. Gina sentiu o corpo ficar menos tenso com a lembrança da mãe e notou o corpo dele mais relaxado no sofá. -Molly Weasley não perde a oportunidade de engordar alguém. 

—Ela me fez algumas perguntas. 

—Não esperava que fosse diferente -Disse Gina, sabendo exatamente que Molly havia dado um bom sermão em David. Mas havia uma razão para a mãe ter dado seu endereço. Subitamente, sentiu seus ombros relaxarem, ainda que não completamente.  

O silêncio reinou por alguns minutos. Ela viu David encarar as próprias mãos unidas sem realmente enxergá-las. Gina quase podia ouvir a confusão em sua mente que seus olhos e expressão estampavam. Mas ela não poderia culpá-lo, não quando sua própria cabeça parecia um mar agitado. 

—Você deve estar se perguntando o que eu estou fazendo aqui depois do meu… momento na última vez em que nos vimos. -Falou David, voltando a olhá-la. 

—Não parecia você. -As palavras saíram da boca de Gina antes que ela pudesse freiá-las. 

—Como?

—Você nunca gostou muito de beber, além de socialmente. Parecia… Um completo estranho.

—É verdade. Mas naquele dia… -Ele parecia estar buscando as palavras - Eu não estava preparado para não ter você. 

—David…-Começou ela, fechando os olhos e temendo que ele estivesse ali, na verdade, com esperanças de resgatarem o que tinham. 

—Essa é a verdade, não posso mentir pra você. Os outros dias.. Bem, foram uma droga. Não queria ter feito o que fiz, machucar você… Eu nunca faria aquilo, Gina. Espero que me perdoe algum dia. Eu me sinto um completo idiota. 

—Eu sei. - Mas não mudava o fato de ter feito, pensou ela, que não deixou de notar uma leve surpresa nos olhos dele. Apesar do episódio, a ruiva reconhecia o arrependimento nas feições do ex namorado e o fato dele ter vindo até ali em busca de seu perdão. -Você não me machucou. Não fiquei com raiva de você, David. Bem...talvez um pouco.  

Ele assentiu, e voltou a encarar as próprias mãos.   

—Mas isso não quer dizer que eu não tenha que me desculpar. Eu… eu realmente sinto muito. Não tinha que terminar daquela forma, apesar de… -Um barulho de panelas veio da cozinha, e David virou a cabeça em direção do som, como se aquilo fosse um lembrete que não estavam sozinhos. A frase se perdeu e ele não fez questão de completá-la. E era melhor assim, pensou. Ele não estava ali para machucá-la. A prova foi a pergunta dele em seguida: -Você está feliz?   

—Sim, estou. Voltar para minha família foi a melhor escolha que pude fazer.  -Disse ela, com sinceridade. Sorriu ao lembrar-se  dos almoços muito barulhentos, mas muito felizes n’A Toca. 

—E Potter? Sempre foi ele, não é? -Quis saber ele, usando um tom de voz controlado, como se estivesse conformado. -Esses anos que passamos juntos… Eu nunca consegui ter você completamente. Você era Gina Weasley, a melhor jogadora de quadribol das últimas temporadas e completamente inalcançável. Sinto muito por ter me satisfeito com apenas… Não me preocupei em alcançar o que eu ainda não havia conquistado de você. Fui presunçoso demais achando que eu já tinha tudo, preocupado demais com o trabalho. Muitas vezes deixei você de lado e eu sinto muitíssimo por isso, Gina. 

Gina assentiu. Sabia que ter levado anos com David foi um erro. Sabia exatamente os limites dos próprios sentimentos e tinha esperanças que fossem o suficiente. Mas bastou Harry aparecer em sua frente para dar-se conta que o que tinham ainda era algo inacabado. Partira com essa sensação para Gales. Os anos passaram, mas nada se resolve voluntariamente. 

—Sinto muito pelo jeito que as coisas terminaram entre nós, David. -Disse ela, sincera e aliviada por finalmente estarem tendo aquela conversa. -Em Gales, eu fingia ser outra pessoa. Deixava de lado a Gina que morava n’A Toca, que perdeu um irmão na guerra… Perdi muita coisa com ela, inclusive Harry. 

Alguns barulhos ainda vinham da cozinha. Gina olhou em direção a ela por alguns segundos. Falar aquilo em voz alta, admitir para si própria tudo aquilo era como se livrar de uma mochila cheia de pedras que carregara nas costas por muito tempo. 

—Gales foi tudo o que sempre quis, mas também foi a oportunidade perfeita para tornar tudo isso mais… Suportável. E você… Você, Viviane e a vassoura foram um alento, David. Não me faziam lembrar de nada difícil, mas de como as coisas poderiam ser fáceis. Ignorar parecia o certo. Mas não se pode fugir de si por muito tempo,  não é? 

—Então agora… Como você está, Gina? -Quis saber ele. Gina sabia que sua preocupação era genuína. Havia compartilhado algumas partes de sua juventude com ele. Falaram sobre Fred uma noite, mas David nunca insistia na conversa. Parte dela gostava daquilo.

—Os anos em Gales foram maravilhosos. Nunca me esquecerei deles, ou do time. Estarei em encrencas caso que não visite o time ou não apareça em alguns jogos. -Ela riu, divertida, ao lembrar-se das amigas que fizera. - Mas não sou capaz de deixar tudo o que tenho aqui novamente. Eu me sinto… completa. 

David sorriu, e Gina soube que ele estava feliz por ela. 

—Bem, acho que posso conviver com isso. Mesmo de longe, fico feliz por você. -Falou David, e Gina viu sinceridade em seus olhos. 

—Você vai voltar para Gales? 

—Não. Pensei nessa possibilidade, mas no St. Mungos as coisas são bem mais interessantes. Há certas doenças com tratamentos novos, e tenho a oportunidade de mostrar os que desenvolvi em Gales. -Explicou, e Gina ficou feliz por ele, lembrando-se do quanto ele amava o que fazia. -Mas, estou cumprindo as folgas, trabalhando só… no meu horário. Você tinha razão, sobre trabalhar demais. Pena eu ter percebido isso tarde. 

Comovida, Gina estendeu a mão e pousou por sobre as dele.

—Isso não mudaria muita coisa, não é? - Confidenciou ela. - Não era algo que você deveria ter feito por mim, David. Demorei a enxergar, mas suas prioridades nunca me envolveram, e as minhas tampouco contavam com a sua companhia. Não há nada de errado em se pôr em primeiro plano, mas éramos dispensáveis demais um para o outro. Então, por favor, não carregue o fardo de uma culpa que não é apenas sua. 

David assentiu lentamente, entendendo que aquela era a maneira dela lhe dizer que não havia como o presente ser diferente, mesmo que mudassem o passado. 

—Obrigado, Gina. - Agradeceu ele, aparentemente aliviado. Era nítido para ela que os últimos acontecimentos sobrecarregaram-lhe a mente, e ela ficava feliz de libertá-lo de amarras do passado das quais já havia se livrado há semanas.

Minutos mais tarde, quando David partira, Gina encontrou Harry bastante concentrado com algumas panelas no fogão. O sorriso que estampava seu rosto se perdurou por ali por mais tempo, pelo menos até sua presença ser notada. Ocorreu-lhe que o fato dele não usar magia enquanto cozinhava o exigia uma certa concentração que se refletia na ruga entre suas sobrancelhas, o que Gina achava particularmente adorável. Era a mesma ruga que aparecia quando Harry dedicava-se em algo no trabalho, a mesma expressão determinada em dá-la prazer na cama. 

Gina definitivamente amava aquela expressão. 

—Mexi nos seus armários. - Revelou ele quando a notou. 

—Percebi. -Admitiu Gina, caminhando para mais perto dele. Parou a poucos passos de distância, o cheiro da comida invadindo sua narinas. - Jantar? 

Harry assentiu, desviando os olhos da panela que manuseava com certa habilidade para encará-la.

—Tudo bem? 

—Sim. - Respondeu Gina, tendo noção que a pergunta não era tão simples quanto parecia. Felizmente, Harry era educado demais para questioná-la sobre a conversa com David, e ela preferiu continuar assim. Era ótimo viver sem precisar justificar seu silêncio, havia respeito e aquela era uma qualidade que ambos compartilhavam. 

Ele assentiu e lhe deu um meio sorriso antes de voltar a atenção para a panela, onde apetitosos pedaços de frango estavam sendo preparados. Gina aproximou-se ao ponto de abraçá-lo de lado de modo a não atrapalhar o serviço, e depositou um singelo beijo no ombro esquerdo dele. 

—Obrigada. - Sussurrou contra a manga do casaco de Harry. 

—Pela comida? -Ele ergue a sobrancelha. 

—Pela comida também. 

Mesmo com os olhos tapados pelo ombro dele, Gina sentiu quando esse desligou a boca do fogão e largou a colher. Não se moveu um centímetro, mesmo que agora ele estivesse de frente para ela.

—Eu não deixaria você completamente desprotegida se eu não soubesse o que ele andou fazendo. -Confidenciou Harry, parecendo um pouco sem jeito. Gina levantou as sobrancelhas, mas percebeu que não estava completamente surpresa com a revelação. 

—Você o estava vigiando? -Quis saber a Weasley, olhando-o seriamente.

—Não exatamente…

—Harry?  

Harry suspirou, erguendo uma das mãos para ajustar seus óculos. 

—Tudo bem. Tenho contatos no St. Mungus e também sei que ele estava hospedado no Caldeirão Furado. Eu só troquei algumas cartas e isso foi tudo.

Gina se manteve alguns segundos em silêncio, o avaliando. Pela expressão de Harry, ela soube que ele não saberia dizer se ela estava com raiva ou não. Na verdade, parecia que o auror só esperava não ser vítima de algumas daquelas azarações que ele sabia que ela era muito boa. 

—David não precisa ser vigiado. Passei anos com ele, Harry. -Respondeu Gina, por fim.   

—Mas eu não. -Disse ele, sincero. -E você mesmo me disse que ele não era de beber… Escute, quando vi que ele estava seguindo a vida dele, sem álcool e outras bebidas trouxas, eu parei. Não o acompanho tem semanas. Mas você não pode me culpar por ter feito o que fiz, ele não foi muito compreensivo na última vez. 

—Sei que nada do que ele disse muda o passado, ou o que ele fez. Mas David não é aquele tipo de pessoa. Ele… ele vai ficar bem. 

Harry assentiu, e experimentou dar um passo para mais perto dela. O silêncio reinou por alguns segundos. 

—Acredito em você. Não posso me desculpar pelo o que fiz, mas… Não vou fazer novamente. -Disse ele, e Gina não foi capaz de conter um sorriso, despertando a curiosidade ele. -O que?

—Nada, só pensando. -Ela achou que não faria nada mal deixá-lo mais agoniado. 

—Que fui… não sei. Estúpido? -Falou ele, um pouco na defensiva. 

—Claro que sim, mas... -Gina deu alguns passos até que pudesse fazer carinho no rosto dele, onde resquícios de uma barba fazia cosquinhas em sua mão. -Você foi tão você. Me lembro bem da sua mania de achar que pode resolver e proteger o mundo sozinho. 

—Sei que estaria morto sem Rony e Hermione. Não acho que eu me vire muito bem sem eles, se quer saber. -Falou ele, e Gina sorriu, satisfeita. -Mas velhos hábitos são difíceis de largar. 

Gina sentiu o corpo dele relaxar quando fez um carinhoso gostoso em sua nuca.   

—Eu falei sério quando disse que ia tentar fazer do jeito certo dessa vez. - Confidenciou Harry, olhando-a. 

—Não existe um jeito certo. - Ginny ergue a cabeça para encará-lo, suas mãos o acariciando na nuca e passeando livremente pelos fios negros e revoltos. Podia fazer aquilo por horas. -É apenas o jeito Harry. 

Harry a beijou, e Gina o sentiu sorrir em seus lábios. 

—Não acreditava que haveria um dia que eu pudesse te amar mais, Gina Weasley. - Sussurrou ele, como se a contasse um segredo. Sua boca vagava entre a bochecha, orelha e pescoço da ruiva. -Mas você...você sempre me surpreende. 

Ela riu, e não soube se o motivo era o carinho dele ou aquelas palavras. 

—Eu sou mesmo incrível, não sou? - Quis saber, sentindo ser guiada por ele até o meio da cozinha. O frango, naquela altura,  há muito esquecido. 

—Muito! -Disse Harry, rindo de tamanho convencimento. -Será que algum dia chegarei a altura de ser o namorado de Gina Weasley?  Eu meio que pretendo casar com ela.

—Hum...  não sei. - Ele fingiu pensar. - Mas você pode tentar, não? Casamento é algo importante, ela não casaria com qualquer um. 

Harry a beijou mais uma vez, mesmo que rápido, porque a carregou pelas coxas e a sentou na mesa. 

—Então morrerei tentando. - Falou ele, capturando os lábios dela para, agora muito bem acomodado entre as pernas de Gina, pudesse domá-los como bem queria.  

Não foi o sexo mais confortável que fizeram, mas sem dúvida o mais prazeroso. Havia algo de insano e primitivo em transar em cima da mesa da cozinha, e Gina particularmente teve aqueles sentimentos como ponto chave para alcançar o prazer, enquanto Harry, segurando-a firme pelas coxas, estocava forte e rápido dentro dela, totalmente deitada e entregue. 

De fato fora um jantar delicioso. 

 

~x~

 

Viviane pensava em estatística e probabilidades.  Ouvira uma vez que a ciência trouxa diz que as chances de um raio atingir uma pessoa é menor que um para um milhão. No entanto, ela discordava e era a prova viva de que ou estavam errados ou ela era mesmo agraciada com menos sorte do que julgava ser justo. Assim, em termos estatístico reais, para Viviane, uma pessoa não só pode ser atinginda por um raio uma vez na vida, como duas vezes! Aquilo só podia ser brincadeira... nunca fora de acreditar em crenças, mas alguém dos céus, fosse quem fosse, certamente estava rindo, ou tentando lhe transmitir uma mensagem que ela ainda não fora capaz de captar desde a primeira vez que se vira naquela situação.

Grávida. 

Outra vez. 

Demorou horas para se convencer de que era mesmo real e de que havia uma vida crescendo dentro dela. Durante o processo, ela inicialmente entrou em pânico, as memórias dolorosas que afundara no espaço mais profundo de sua mente submergiram de uma vez só, tão rápido que lágrimas escapuliram de seus olhos sem que ela pudesse sequer notar. Pensou que talvez o fato daquela “experiência” não ser nova para ela fosse lhe ajudar, mas quando chegou em casa após ouvir o fatídico e inesperado resultado de seus exames, a verdade lhe caiu como uma bomba, explodindo as fechaduras das caixas de lembranças e de seu controle emocional. 

Viviane vivera sozinha por tempo suficiente para aprender a recuperar seu aucontrole. Dormir naquele dia foi um problema, no entanto, com seus pensamentos girando enquanto suas mãos acariciavam a barriga ainda lisa num ato involuntário cujo a ação lhe arrancou um sorriso. Segundos depois, inevitavelmente lembrou-se de seu estado quando descobrira a sua primeira gravidez. O sorriso se desfez. Parecia tudo igual, mas também tão diferente…

Quando Viviane descobrira que estava grávida, anos atrás, ficara, a príncipio, desesperada. Não pela gravidez, mas pela reação de Ryron. Ser mãe não era sua maior prioridade, mesmo que fizesse parte dos seus planos. Mas não daquele jeito. Não naquele momento. 

Com o passar dos anos, não era que a idéia de ter uma bebê lhe fosse completamente abominável. Depois de tudo o que acontecera com Ryron, admitira para si mesma que o desejo perdera um pouco de seu brilho. Passara anos observando as mulheres grávidas que avistava pela rua, imagiando-se naquela situação. Passava a mão por sua barriga e, antes que pudesse se controlar, desejava que seu filho ainda estivesse lá. Lágrimas fizeram parte de muitos momentos, porquê lembrar de sua curta gravidez trazia lembranças dolorosas demais. Ela aprendeu a lidar com aquilo com o passar dos anos. Mulheres grávidas em jogos de quadribol não era tão comum. E se tem algo de bom na dor, é que, um dia, você aprende a conviver com ela. 

Contudo, ainda se lembrava de seu filho toda vez que via algum bebê recém nascido. Por vezes, Ryron ainda protagonizava seus pesadelos. Mas não se prendeu ao passado. Lembrava-se dele, e fazia de tudo para que seu presente não fosse nada igual. Sendo uma famosa jogadora de quadribol, despertou interesse numa quantidade significativa de homens. Havia se relacionado com alguns, mas, por mais que tentasse, havia uma barreira que a impedia de se entregar completamente. Depois da decepção, seu coração se fechou como forma de autodefesa. Uma reação involuntária. 

 Olhando-se no espelho no dia seguinte à notícia,  ela abraçou a si mesma como se para proteger seu bebê. Perdera um filho no passado e, não importava se estar grávida novamente lhe assustava em proporções gigantescas, não pederia outro. Não permitiria. Aquela era a única certeza que tinha em meio a bilhões de incertezas que lhe atormentavam.

Demorou algum tempo para se conformar e aceitar que dali pra frente, seria ela e seu pequeno pacotinho. Mas levou mais um dia para lembrar-se como ele fora parar ali e de que não havia feito nada sozinha, embora um sentimento de proteção despertara nela junto com certo egoísmo em relação à criança. Era dela, não era? Estava ali, dentro dela. Isso era o suficiente. Não precisava de mais ninguém. Ela poderia muito bem fazer aquilo sozinha. Semanas atrás, ela tinha certeza que sim, seria feliz criando um filho, mas depois de semanas convivendo com os Weasleys, algo mudara dentro dela. Eles eram a personificação da palavra família. Toda a confusão durante as refeições, as implicâncias de primos e irmãos, os gritos, risos e choro das crianças… tudo aquilo fez com que a vontade de ter uma família crescesse ainda mais dentro de Viviane. Mas fora Jonh o estopim para que seu autocontrole vacilasse. Ele a havia estudado, e se aproveitou  de cada brecha que encontrou. Se os Weasley haviam deixado-a sensível, com pensamentos de crianças em sua mente, Jonh havia conseguido, realmente e surpreendentemente, tocar seu coração. Não saberia dizer o que exatamente o auror fizera para que ela ficasse tão afetada por ele.

 Certamente não fora o sexo, pensou. Quer dizer, a mera lembrança ainda a fazia apertar os dedinhos dos pés e morder seus lábios. Mas não foi o que a levou a confiar nele. Talvez, pensou, ele só estivesse no lugar certo, no tempo certo, logo após encontrar com a pessoa que a despedaçara. Ainda assim, Viviane definitivamente não esperava partir esperando um filho dele. De todas as surpresas que a vida lhe reservara, aquela, sem dúvida, era a mais assustadora de todas.

Tentou, de todo jeito, focar em seu bebê. Ter a melhor alimentação e hábitos possíveis naqueles dias. Toda vez que John aparecia em sua mente, ela tentava, inutilmente, jogá-lo para escanteio. Havia adquirido um sentimento de posse em relação ao seu pacotinho, e o protegeria como uma leoa protege seus filhotes. Mas, por mais difícil que fosse evitar certos pensamentos, ela sabia que aquele bebê não era só dela e pensar em John tornou tudo mais complicado.

—Até de longe ele me irrita -Falou Viviane, embora estivesse sozinha em seu quarto. 

Sua cabeça se tornou uma grande confusão. O que ela iria fazer? Não poderia simplesmente mandar uma carta com os dizeres “parabéns, papai”. Ela nem ao menos sabia se ele desejava ser aquilo algum dia. E havia o medo, medo da reação dele, porque embora soubesse que podia muito bem fazer aquilo sozinha, não era egoísta o suficiente para escolher que seu filho não tivesse um pai.  

Não. Aquilo não poderia ser uma escolha dela. Como poderia? Por mais que fizesse tudo por aquela criança, e ela sabia que faria, privá-lo da figura paterna seria alcançar os mais elevados patamares de egoísmo. Teria que contar a John. Tinha que dar a ele ao menos uma oportunidade.

Só que o fato de estar apaixonada pelo pai do seu bebê tornava tudo mais complicado. Ela poderia até mentir para os outros, mas não era capaz de mentir para si. Parte de seu coração havia ficado naquele baile, com John. Contar sobre o bebê a ele significava encontrar com ele e ter que aguentar cada pedacinho de si querendo estar entre os braços do loiro. 

E também havia a expectativa. Freou fortemente esse pensamento, pois não queria esperar nada dele. A decepção é menos dolorosa quando as expectativas não são altas, mesmo que controlá-las fosse difícil demais quando seu coração não mais lhe pertencia. Resolveu, então, se dar mais alguns dias. Independentemente da reação de John, Viviane queria manter, por hora, aquela gravidez só para si. Merecia aquilo. Ao menos para finalmente acreditar que não estava sonhando. Lidaria com o resto do mundo depois que sua cabeça voltasse para o lugar, pois parecia estar em meio a uma jogo de quadribol. Decidida, sentou-se em seu sofá, olhando para o nada, com seu mundo embaixo de suas mãos, que descansavam em seu ventre.

Havia levantado, tomado seu café, tudo exatamente como fazia antes. Só que ao invés de se encaminhar para um próximo treino, sentou em sua sala e relaxou. Fazia algum tempo que havia comprado aquele sofá, mas nunca tinha passado mais de 10 minutos nele. E pretendia ficar ali por bem mais tempo se a campainha de seu apartamento não houvesse tocado. 

Quem quer que fosse atrás de sua porta, estava ansioso, pois tocou a campainha mais uma vez. Viviane se perguntou se manter aquele costume trouxa em seu apartamento era mesmo uma boa ideia, já que o som não era nada agradável. 

Imaginou quem estava do outro lado. O time havia retornado os treinos para o próximo campeonato mundial, de forma que nenhuma das meninas poderia estar ali, apertando sua campainha fervorosamente. E não lembrava de ter comunicado seu retorno para mais ninguém. Mas, de todas as pessoas que passaram por sua mente que poderiam de fato fazer-lhe uma visita naquele dia, quem realmente se encontrava atrás de sua porta não era uma delas. 

Mas era quem ela mais desejava ver. 

—John. -Disse Viviane, ao abrir a porta. Não um oi, nem um sorriso. Apenas o nome dele. Seus olhos demonstraram a surpresa em vê-lo ali e as batidas de seu coração aceleraram consideravelmente. 

—Pintinha… Oi. -respondeu ele, relaxando os ombros e parecendo aliviado. Ele a olhou dos pés a cabeça, como se estivesse se certificando de que realmente era ela. A confusão no semblante de Viviane com certeza denunciou sua surpresa, pois John começou a tagarelar segundos depois. -Fui atrás de você no seu trabalho, mas disseram que você vai ficar longe por um tempo. Gina me disse onde você mora, mas não sabia se te encontraria em casa. Mas aqui está você. 

—Sim, aqui estou eu. -Falou ela, simplesmente, ainda custando a acreditar que ele estava lá. -O que veio fazer aqui?

Sabia que talvez estivesse sendo ríspida demais, mas não era uma pergunta que ele não pudesse esperar dela. Não quando decidira aparecer, sem avisar, na porta da sua casa. 

—Tenho umas coisas pra te falar. -Respondeu ele, um pouco mais calmo, mas ainda tenso, Viviane percebeu. 

—E por quê não me falou na última vez que nos vimos? Poderia ter mandado uma carta também. 

John não respondeu nada, apenas a encarou, sério. Parecia querer ler os pensamentos dela, mas até onde Viviane se lembrava, ele não havia desenvolvido aquela habilidade. 

—Ser esquiva comigo não vai me fazer ir embora, você sabe. E pensei que já tínhamos superado essa fase. 

Ele estava certo, ela sabia disso. E aquilo a irritou, porque prometera a si mesmo que John Bennett não conseguiria mais tirá-la do sério, mas ali estava ele contrariando todas as suas expectativas. Como sempre.

—Posso entrar? -Ele não teve paciência para deixá-la pensar e talvez oferecer aquele convite. 

—Claro. -Respondeu Viviane por fim, rendendo-se a vontade de abrir mais a porta para que ele entrasse em sua sala. 

John adentrou no apartamento, olhando tudo ao redor, parecendo curioso e interessado demais. Viviane viu os olhos dele em direção ao pequeno corredor que levava em direção ao quarto e a cozinha, e soube que ele estava se perguntando se ela estava sozinha. Não pôde evitar revirar os olhos. 

Mas, ela não estava sozinha. Não mais. Aquele pensamento a fez acordar para o que ela tinha que fazer. O que ela também tinha pra dizer. 

—Apartamento legal. -Comentou John, finalmente virando-se novamente em direção a ela, colocando as mãos nos bolsos dianteiros de seu jeans. 

—Obrigada. -Disse ela, tentando agir com naturalidade. Já havia passado por aquele momento antes, o de pensar como daria aquela notícia. A lembrança a fez, automaticamente, procurar sua varinha no bolso de trás de seu short, pois a imagem de Ryron veio em sua mente. 

Mas John não era ele. Foi fácil lembrar-se disso quando o loiro disse:

—Você 'tá bem, Pintinha? 

—Sim, estou. -Não tinha a intenção de ser monossilábica, mas sua gravidez dominava sua mente de modo que temia que a bomba explodisse involuntariamente. Seria bom mantê-lo ocupado e se manter em silêncio até que tudo se aquietasse dentro dela, de modo que não viu mal algum em instigá-lo a falar. -O que você tem pra me dizer? 

—Me disseram que você vai ficar um tempo longe dos treinos. O que aconteceu? Está doente?

Droga. 

—Não posso treinar por alguns meses, mas não se preocupe, não é nenhuma doença. 

—Bom, isso é ótimo. Brilhante! -exclamou ele, sorrindo. 

—O que…? 

—É claro que se você estivesse doente, não mudaria nada. Mas atrapalharia algumas coisas, com certeza. É melhor que você esteja mesmo cheia de energia, Pintinha. -Disse ele, e Viviane franziu o cenho. Aquilo não estava fazendo sentindo algum. Ao ver sua expressão, John suspirou, parecendo cansado. O sorriso em seus lábios parecia tímido, e Viviane sempre achou que aquele adjetivo nunca se encaixaria a ele  -Talvez eu esteja sendo um pouco otimista. A decisão é toda sua, mas desde que conversei com Harry, e aquele desgraçado entende mesmo alguma coisa, eu abri os olhos. Espero que não seja tarde demais pra isso, mas quando estávamos n'A Toca, no galinheiro, e no Caldeirão Furado, e depois no St. Mungus, eu pensei… Bem, eu pensei muitas coisas. Mas quando você foi embora… Eu não queria que você partisse. Mas você parecia muito certa em voltar, e eu mantive minha maldita boca fechada. Isso deve estar sendo totalmente ridículo, eu sei. Me desculpa por ter percebido só depois…

—John.

—... isso tudo é novo pra mim. Eu não deveria ter te deixado vir embora e…

—"Deixado"

—... aquele irmão do Rony, esqueci o nome dele, são todos a mesma coisa! Mas ele estava cheio de dedos pra cima de você…

—O Carlinhos? 

—Sim, ele! Obrigado. Ele morava longe, não sei porque voltou. Com certeza ninguém sentiu a falta dele e…

—John, pelo amor de Deus, você pode, por favor, calar a boca!? - Pediu Viviane, quando suas mãos começaram a suar. Ele estava uma completa confusão e seu interior  não estava muito diferente. As coisas nunca foram muito claras entre eles, o orgulho era uma barreira difícil de se vencer, ela reconhecia isso. 

—Desculpe. - Respondeu ele, um tanto envergonhado. Era a primeira vez que ela o via daquela forma e, se não fosse pela tensão da situação, se não estivesse prestes a dar uma notícia que mudaria completamente suas vidas, Viviane apreciaria mais o momento.

—John, o que você veio fazer aqui? -Indagou ela, repelindo a vontade de sacudir o auror. 

—Vim ficar com você. -Admitiu ele, jogando os braços e relaxando os ombros, como se fosse a primeira vez, e de fato era, que admitira isso não só para Viviane, como também para si mesmo. -Quer dizer, isso se você me quiser. E eu realmente espero que você queira. Mesmo que não sinta o que eu sinto por você, mesmo que me ache irritante, mesmo que odeie eu te chamar de Pintinha... espero que me aceite. Porque, honestamente, não sei o que farei caso você responda não. Provavelmente serei piada no trabalho por um tempo, como já venho sendo. Esses últimos dias… Não consegui nem trabalhar, tudo o que eu pensava era no quanto fui burro por não ter notado antes, por não ter insistido em te fazer ficar em Londres. Não sou muito bom com isso, você sabe, relacionamento sério era o meu maior medo, mas descobri que ficar sem você... ficar sem você é incomparavelmente pior. 

Pronto, John havia falado tudo, e Viviane se dera conta disso porque ele, felizmente, parara de tagarelar e agora a olhava. Os olhos azuis um tanto arregalados esperavam alguma reação que ela ainda não esboçara. Havia entendido certo? John veio para ficar com ela? Após alguns minutos, durante os quais usou para regular a respiração e as batidas de seu coração que parecia querer sair do peito, ela engoliu em seco. Sentia-se feliz, mas não… completa. Não mais. John viera por ela, mas havia 3 dias que Viviane deixara de ser apenas ela. Há 3 dias, não estava mais sozinha. 

Havia 3 dias que Viviane se tornara mãe. 

—Por favor, diga alguma coisa, Pintinha. - Implorou John, quando o silêncio se tornara agonizante. 

—Você está com medo? - Perguntou ela, abraçando a si mesma, sem esboçar um sorriso. Por Deus, estava tão nervosa…

—Pra caralho, Pintinha. - Admitiu ele. 

Dessa vez, o comentário a fez rir. 

—Isso são sintomas muito graves, John. 

—Eu sei. 

—E que talvez, não tenha mais volta. Não tem mais volta. -Ele franziu o cenho com aquela afirmação, não sabendo que Viviane se referia agora a outra coisa. Um filho. Eles teriam um filho, e aquilo era para sempre. John teria noção das responsabilidade que teria? Ele a queria e, por Mérlin, ela o queria também. Mas um filho… John estava preparado? John queria ser… pai? 

—Eu meio que conto com isso. - Disse ele, sorrindo para ela. Viviane fechou os olhos, guardando a imagem por temer ser a última vez. 

—E-eu preciso... preciso falar uma coisa. 

—É sobre morarmos longe? Não me importo, posso pedir transferência e… -Por Deus, ele iria tagarelar de novo. 

—Eu tô grávida. - Rápida, direta. Viviane falou e nesse momento ela pôde jurar que seu coração errou duas batidas. 

John parou instaneamente e o silêncio reinou por longos minutos que mais pareceram horas. A frase o pegara tão de surpresa como pegara a si mesma há 3 dias. Somente os olhos se moveram, e eles pararam em sua barriga, coberta por suas mãos. O que ele estava pensando? Desejou que ele voltasse a tagarelar, mas as palavras pareciam lhe ter sumido. 

—John? 

John deu um pulinho, assustando-se com o chamado. 

—De-desculpe, eu... 

—Você não precisa ficar. -Avisou ela, rapidamente, e ele a olhou confuso, franzinho o cenho. 

—O que disse?

—Estou dizendo que consigo lidar com isso sozinha. -Continuou Viviane, as palavras parecendo sair feito facas afiadas. Não imaginou que fosse tão dolorido proferi-las, mas precisava, não importava que fosse ficar destruída com a partida de John logo depois que ele viera para ela. Seu bebê, era ele o que realmente importava agora. - Pode abrir mão das suas obrigações, se você não estiver preparado. E-eu... 

—Pare. -Ele ergueu a mão direita, sinalizando a palavra. 

—John, estou falando sério. Sei que você não pretendia ser pai tão cedo e honestamente eu...

—Você sabe!? -O tom era de indignação. Viviane então parou, vendo John rir com o nariz.  

—O que? - Ela não estava entendendo nada.  

O humor de John parecera mudar drasticamente de esparançoso para… raiva? Pânico começou a tomar Viviane e sua mão direita já procurava a varinha quando o loiro voltou a falar: 

—Eu não sou ele.  -Embora parecesse com raiva, o tom fora mais ameno. -Nao sei se é tão difícil de notar mas, merda, não sou aquele maldito Ryron. E quer saber, você não sabe de tudo, Viviane!

Ele andou de um lado para o outro na sala, passando a mão direita no cabelo e rindo embora o riso fosse totalmente sem humor. Parecia falar consigo mesmo, mas Viviane não era capaz de ouvir. Sua mente parecia funcionar a lenha, demorando a processar as palavras de John.

—Você ia me contar? - Quis saber ele, parando de frente para ela mais uma vez. A expressão em seu rosto parecia um misto de decepção e raiva. -Iria me contar caso eu jamais tivesse vindo aqui? 

—Sim. - Disse ela, e lágrimas voltaram a molhar suas bochecas, embora continuasse com a feição impassível. 

John assentiu, observando-a. Seu olhar ainda era demonstrava confusão, mas nada ali parecia raiva. Viu ele olhar para os próprios pés, como se estivesse controlando seus próprios atos e ela soube que, na verdade, eletemia fazer algo que fosse assustá-la. Lentamente, ele aproximou-se e Viviane soube que ansiava pelo toque dele quando não sentiu medo. Ele não era o Ryron. 

—Não sou ele, Pintinha… -Sussurrou ele, quando chegara perto o suficiente para acaraciá-la no rosto, mas não o fez. Ao invés disso, continuou falando, mas dessa vez mais calmo. - Eu amo você Viviane. E eu aposto que isso você não sabia. Mas você não pode abrir mão das minhas obrigações, afinal, elas são minhas.

—John…

—Escute, eu sei que você pode fazer isso sozinha. Droga, você pode tudo, Pintinha. Mas eu não quero abrir mão das minhas obrigações. Eu estava naquele galinheiro também. E… Eu amo você, Viviane. Ouviu bem? - John parecia desolado, mas precisava transmitir aquela certeza agora muito nítida em seu coração. - Mas, se isso não importar, se não for o suficiente, então há mais uma coisa que você não sabe. 

—Diga. - Pediu ela, as lágrimas saindo desenfreadamente de seus olhos.

—Mesmo que eu não a amasse, -continuou John, a olhando nos olhos - eu jamais abandonaria o meu filho. Não há meio termo quanto a isso, não há escolha. Eu nunca o abandonarei. E por mais que eu nunca tenha pensado nesse lance de ser pai, se eu pudesse escolher a mãe de um filho meu, seria você, Pintinha. Então não, eu não abro mão de nada.

Viviane não se apaixonou novamente por John, mas mais uma vez. Naquele exato momento, com ele lhe olhando profundamente nos olhos, como se pudesse ver tudo dentro dela e, mais do que isso, lhe entregando tudo de si mesmo. Sentiu-se tôla por ter medo. Ela o amava e, intimamente, sabia que jamais amaria um monstro novamente.  

John a segurou porque ela viu-se incapaz de continuar longe dele e, ali, na sala de seu apartamento em Gales, Viviane encontrou os braços de John e afundou seu rosto no peito do loiro, chorando de alívio e felicidade enquanto ele acariciava seus cabelos. 

Parecia estranho que ambos vivessem aquele momento agora, mas desde o princípio não foram um casal tradicional. Ela mal saberia dizer quando, entre as diversas brigas bestas que tiveram, se apaixonou por ele. No entanto, enquanto tentava regular a respiração, Viviane deu-se conta de que não era a primeira vez que John a consolava. Na noite em que contara tudo ele, logo após Ryron a encontrar, ele havia lhe abraçado. Nunca faria isso com você, ele dissera. De todas os defeitos que ela reconhecia em John, mentiroso não era uma delas.

John estava ali, e também esteve no Caldeirão Furado, e no jogo de Quadribol... por Deus, ela caíra em cima dele. John sempre a amparou, mesmo quando ela sequer precisou. O pensamento lhe acalmou. Sentiu as mãos dele segurarem seu rosto, envolvendo suas bochechas numa gentileza que fez com que seus olhos ardessem, emocionados. Ele beijou sua bochecha esquerda, e suas bocas se procuraram involuntariamente, num beijo carinhoso e cheio de saudade, mas que infelizmente não durou muito pois, subitamente, John começou a rir. 

Viviane se afastou o suficiente para encará-lo, a pergunta em seu olhar. 

—Será que sempre será assim? Vamos brigar até quando estamos nos declarando? - Riu John, arracando um sorriso dela em resposta.

—Bem, você se declarou. -Ela deu de ombros, adorando provocá-lo. 

—Fazer o que se sou um homem romântico? -Respondeu ele, esfregando o nariz no dela. - Um homem romantico e irresistível. 

Não seria o seu John caso ele não fosse um tanto convencido. 

—Irresistível? - Riu Viviane, a voz um pouco rouca devido o recente choro. 

—É claro, foi só cair nos meus braços que você se apaixonou. 

—Eu não caí nos seus braços! -Ela se fingiu de indiganada, lembrando do modo como se conheceram. 

—Talvez não tenha sido a sua intenção, mas não temos controle do nosso destino, não é mesmo? - John lhe deu um selinho antes de abaixar-se para ficar na altura da barriga de Viviane. -É mesmo… real? 

—Sim. - Ela acariciou a barriga em resposta. - Também custei a acreditar. 

—É, você não é táo fácil de se convencer. - Declarou John, e então tocou a barriga dela com cuidado, como se Viviane fosse quebrar a qualquer instante. Acariciou a barriga e aproximou-se para contar um segredo. - Sua mãe é muito orgulhosa, mas vamos aprender a contornar isso, eu prometo. 

Viviane riu e xingou baixinho ao constantar que estava chorando de novo. Droga, os hormônios da gravidez a fariam uma completa manteiga derretida. Sem poder se conter, ela o puxou para cima e pulou nos braços de John, deixando a saudade tomar as rédeas dali pra frente. O beijou profundamente, o guiando até seu quarto enquanto ele, percebendo suas intenções, tratou de despi-la com o mesmo cuidado com o qual havia tocado em sua barriga. 

Foi a primeira vez que fizeram amor, embora o desejo sempre tão ávido entre ambos houvesse acelerado o ritmo em alguns momentos. Ainda assim, John beijou cuidadosamente cada pedacinho do corpo de Viviane, demorando especialmente na barriga, onde sussurrou promessas de amor e cuidado. Novamente, ela o puxou para beijar-lhe a boca, e dizer, finalmente, que o amava. A revelação fez John sorrir e sussurar um convencido “Eu sei” antes de gemidos de prazer darem a conversa por encerrada. 

—Você acha que será menino ou menina? - Perguntou ele, horas depois. Ambos ainda estavam nus, deitados na cama no quarto completamente escuro. Viviane descansava a cabeça no peito de John enquanto ele, incansavelmente, acariciava-lhe na barriga. 

—Você tem alguma preferência? 

—Na verdade, não. 

—Humm… Então acho que será uma menina. - Revelou ela. O quarto estava escuro, mas perguntou-se se John era capaz de notar o quanto ela estava feliz. 

—Algum motivo especial? Teve algum sonho? - John ficou subitamente ansioso. - Minha mãe sonhou comigo antes de me ter. 

—Não sonhei. - Viviane virou-se para olhá-lo. - Mas acho que será interessante vê-lo sendo pai de uma menina. 

John sorriu enviesado, entendendo onde ela queria chegar. 

—Bom, se ela puxar para você, estou ferrado. 

—Não vou facilitar para você. - Riu ela, encostando brevemente seus lábios nos dele. John usou a mão direita para afastar alguns fios de cabelo que insistiam em cair sobe o rosto dela. 

—Suas sardas. - Disse ele, subitamente. 

—O que tem elas? 

—Quando eu era criança, falavam que eu tinha um monte de pintas na cara. -Contou John, e viu o momento em que Viviane entendeu. - Pintinha… não sei se um dia aprenderei a não te chamar assim. 

—Então preciso pensar em um apelido bem ridículo para você também. - Deu-se por vencida, mesmo que, internamente, o apelido não mais lhe incomodasse. 

—Que tal… pai garanhão? 

—Não precisamos aumentar ainda mais o seu ego. - Riu ela, amando vê-lo chamando-se de pai.  

—Você é mesmo muito teimosa, Viviane Keller. - John ficou por cima dela, começando a distribuir beijos pelo pescoço da morena. 

—Mas você me ama. - Gabou-se ela. 

—Amo. - Concordou ele, descendo os beijos para o ombro direito. - Não gosto de metades. Quando eu disse que a queria… você lembra? 

—Lembro… - A verdade era que ela não lembrava, os beijos dele haviam chegado em seus seios, lhe tirando qualquer resquício de pensamentos racionais. 

—Quis dizer que quero o pacote completo. 

E então Viviane Keller entregou-se completamente, mais uma vez, a John Bennett. E, dessa vez, era para sempre. 

  ~X~

 -Você é um babaca, Potter. Sabia disso? -Disse um Rony furioso. 

—Ronald! -Ralhou Hermione, sem graça. -É claro que ele não está falando sério, Harry. 

—É claro que não. Você é, na verdade, um grande babaca.  

Harry revirou os olhos, mas a verdade é que estava se divertindo com aquela situação. Rony as vezes era tão previsível… Felizmente, Harry sabia muito bem o furacão que enfrentaria quando desse seu presente de casamento para os melhores amigos, afinal, depois de anos de amizade, algumas coisas mudaram, mas não tanto assim.

—Harry… Não podemos aceitar -Falou Hermione. 

—É claro que podem. -Rebateu ele, sabendo que não venceria aquela batalha tão facilmente, mas certamente sairia vitorioso. -Você adorou a casa, Mione. E o trasgo que você quer chamar de marido também. Ele só está em processo de negação. 

—Ora seu… -Começou Rony, mas Harry o interrompeu. 

—Não sabia o que comprar de presente. E sou o padrinho do casamento, eu não poderia dar qualquer coisa. 

—Não sabe tricotar? -Implicou Rony. Harry o ignorou mais uma vez. 

—Íamos atrás de uma casa. -Comentou Hermione, ainda desconcertada, mas parecendo bem mais conformada que o noivo.  

—Nós vamos! E eu vou pagar, Potter. -Guinchou o ruivo, bem na hora que Gina adentrava no aposento com algumas caixas de pizza flutuando ao seu lado. 

—Sério, Ronald? -Falou Gina, ignorando o olhar desejoso do irmão em direção as pizzas.  

Harry sorriu satisfeito quando Gina deixou as pizzas numa mesa perto de onde estavam e foi em direção à ele, sentando-se confortavelmente em suas pernas. Havia um local vazio ao lado do auror, mas a namorada não perderia a chance de irritar ainda mais o irmão mais velho. 

—Escute, Rony, eu sei que você pode pagar por essa casa e, provavelmente, pela Grã-Bretanha inteira. -Começou Harry

—Ouch, exageraado. -Disse Gina. Vendo as orelhas do irmão ficarem num tom curioso de vermelho,  resolveu acabar logo com aquilo. -É claro que você pode pagar pelo castelo da rainha da Inglaterra, irmãozinho, e como não temos tanto dinheiro como você, resolvemos dividir o presente. Somos os padrinhos. Pode, não é? 

—Eu sinto falta de quando você morava em Gales -Comentou Rony, mas todos sabiam que aquilo era uma grande mentira. 

—E você é um grande mentiroso, além de mal agradecido. -Respondeu a ruiva, sorrindo sarcástica. -Vamos lá, Rony, você pode aceitar. É só derrubar essa muralha do orgulho Weasley. Veio mais forte em você, como todos podem ver. 

—Gina… -Chamou Hermione ainda envergonhada, mas os cantos de seus lábios denunciavam que ela estava contendo o riso. -Não sei como agradecer. 

—Tá vendo só? A Mione já amou a casa! -Comemorou Harry, sorrindo. Rony poderia lhe dar um soco naquele momento. 

—Então está decidido!  -Falou Gina, exalando felicidade. 

—Eu não disse nada, Ginevra! - Alertou Rony, com o maior bico do mundo. 

—Você vai aceitar, Ronald. Seria uma grande desfeita caso não aceitasse, e você sabe como a mamãe ficará com raiva caso isso aconteça. Ela te jogaria vivo no ninho do finado Aragogue se você recusasse. - Gina falava com uma calmaria que Harry sempre invejaria, fingingo conferir as próprias unhas. - Além do mais, a Mione já aceitou, e todo mundo sabe quem manda nesse relacionamento.  

—Ginevra, eu vou… 

—Molly ficaria fusiosa. -Concordou rapidamente Harry. 

—É claro que sim. -Disse Gina, dando um beijo na bochecha do namorado antes de se levantar de suas pernas. -Vem, Mione. Vou te mostrar o andar de cima. Sabia que tem mais 2 quartos? Pra quando a família aumentar! 

As bochechas de Hermione ficaram levemente rosadas, ainda sem graça com o presente, mas absolutamente encantada com tudo. Seus olhos brilhando deixavam isso claro. Harry chegou a pensar que a amiga derrubaria algumas lágrimas, mas Gina a puxou, fazendo a amiga se levantar para segui-la. Mione deu um aperto de leve no ombro direito de Harry ao passar por ele. 

—A família já é grande o suficiente, você não acha? -Perguntou ela, acompanhando Gina.

—É claro que não. - Negou Gina veementemente, e ambas subiram rindo ao subirem as escadas. 

Harry relaxou no sofá, encarando Rony. O amigo agora olhava para o teto, tentando fingir que não estava curioso com o resto da casa. Ainda estava furioso, o bico em sua cara poderia ser visto até do outro lado do oceano, pensou. Harry não poderia ligar menos. Sentiu uma súbita vontade de implicar ainda mais com o amigo, mas depois de alguns minutos em silêncio, ouvindo, por vezes, as risadas de Gina e Hermione no andar de cima, pensou que estava na hora de facilitar as coisas. 

O orgulho de Rony sempre fora algo difícil de lidar, mas Harry, com o tempo e com uma pequena ajuda de Hermione, aprendera a contorná-lo. Além do mais, Gina o fizera lembrar de uma novidade.

—Recebi uma carta de John ontem. -Começou, e Rony o olhou. 

—Ninguém sentiu a falta dele - Respondeu o ruivo, ainda carrancudo - Ele só sumiu por quantos dias? 5?

—Não é como se não soubessemos pra onde ele foi.

—É. Pelo menos eu ganhei a aposta no departamento. Todo mundo acreditava que ele ganharia outro pé na bunda da Viviane. -Rony riu, um tanto presunçoso.

—Você apostou no amor? Que fofo! -Brincou Harry, bastante suspreso com a sensibilidade do amigo.  

—Qual é… quando eles estavam juntos no mesmo ambiente, n’A Toca principalmente, eu me preocupava com as criança, na inocência delas. Têm coisas que elas não estão preparadas pra aprender ainda. 

—Teddy os flagrou uma vez -Lembrou-se Harry.  

—Pobre Teddy. - Riu novamente o ruivo, e Harry viu a tromba do amigo dar uma trégua. - Mas o que ele disse? Na carta.

—Ah, acredito que ninguém apostou essa. Ele vai ser pai, cara. 

Rony arreglou os olhos, exatamente a mesma reação que Harry tivera ao ler a carta com Gina. 

—Uau!! Têm razão, essa ninguém adivinhou!

—Sim. Ele e Viviane vão passar um tempo em Londres até ela poder voltar a jogar. -Comentou Harry. 

—Isso é bom. Vai ter que nos aguentar mais um pouco. - Rony ainda parecia bastante surpreso. -Mas, hã, fico feliz por eles. 

—Eu também. 

—Vai dar uma casa pra eles também? -Quis saber o ruivo, ácido, fazendo Harry revirar os olhos. 

—Sabia que você custaria a aceitar. 

—Eu não aceitei. -Respondeu Rony, embora seu tom de voz denunciasse que seu humor estava bem melhor.  

—Bem, não há volta. Você e a Hermione são importantes pra mim. -Falou Harry,  sério e olhando para o amigo. -Eram tudo o que eu tinha. O que fizeram por mim... não há quantia em dinheiro que pague, Rony. Você já me deu algo pelo qual nunca poderei pagar. 

—E o que seria? Já disse que a vassoura  não foi tão cara assim. 

Harry sorriu, lembrando-se da data feliz em que recebera o presente. Lembrava também de como o amigo fizera questão de dar a primeira volta em sua vassoura, a mais rápida já lançada até então. 

—Você me deu uma família, Rony. 

Rony manteve-se calado. Seus olhos foram de Harry até a janela que denunciava um jardim onde alguns pássaros sobrevoavam. Harry acompanhou o olhar do amigo. Imaginou facilmente uma mesa farta no meio daquele jardim, onde provavelmente almoçariam em muitos domingos. Fora um dos motivos que o levou a comprar, além do campo ali perto onde poderiam jogar quadribol despreocupadamente. A proximidade com A Toca era só a cereja do bolo.

Harry sabia que Rony havia gostado da casa, assim como Hermione. Não foi só a postura, agora mais relaxada do amigo no sofá, mas conhecia o amigo o suficiente para saber qual exatamente o tipo de lugar que ele moraria. E se ele ficara com raiva, é porque havia gostado muito da casa. Foi fácil imaginar Rony e Hermione felizes naquele lugar e Harry podia apostar que o amigo estava imaginando aquilo também. 

—É claro que alguns apetrechos trouxas não podem faltar -Comentou Gina para Hermione, chamando a atenção dos rapazes. As duas estavam agora descendo as escadas, e Harry notou o olhar curioso de Hermione em direção a Rony. -Então, podemos comer as pizzas? Não se preocupe, Rony. Peguei uma promoção muito boa!

—Oh, a casa é adorável, Harry. E tem uma estante incrível em um dos quartos, onde certamente farei minha biblioteca. -Falou Hermione, animada.

—É claro que você gostou do espaço pros livros. -Zombou Harry. 

 -Obrigada, vocês dois. É linda! Quando nos mudarmos, farei um jantar delicioso. Vocês estão convidados, é claro. Não é, amor? 

Todos olharam para Rony. Hermione nitidamente estava jogando verde, e chamar o ruivo de “amor” foi muito esperto, pensou Harry. Ao seu lado, Gina colocou as mãos na cintura, parecendo impaciente. 

Rony suspirou. Deu de ombros e falou:

—Maldição, ok! Contanto que me deixem pagar pelo maldito jantar! 

Gina levantou as mãos para os céus. Hermione sorriu e abraçou o melhor amigo, sussurrando mil agradecimentos. Harry retribuiu o abraço, e por cima da cabeça da amiga, viu Rony bagunçar o cabelo da irmã, sorrindo. 

A última coisa que Harry pensou antes das pizzas trouxas roubarem totalmente sua atenção, foi que nem milhares de dementadores seriam capazes de acabar com sua felicidade naquele dia. Nada de espiões. Teddy seguro e saudável. Rony e Hermione prestes a se casar, e até John e Viviane haviam se acertado - e surpreendido todo mundo. E, claro, havia Gina. Tendo a ruiva do seu lado, Harry não precisava mais de nada.

—Somos uma dupla maravilhosa! - Gabou-se Gina, horas mais tarde. Rony finalmente havia se rendido a curiosidade de conhecer o restante dos cômodos da casa, o que Hermione, tão empolgada quanto Teddy ao receber um presente, tratou-se de mostrá-lo com animação. 

—Não tinha dúvidas quanto a isso. - Admitiu Harry, a abraçando pela cintura. O fim de tarde estava incrível e o jardim da casa, onde agora estavam em pé, oferecia uma vista maravilhosa para o pôr do sol. 

—Eu ainda preciso de provas concretas de vez em quando, você sabe, para ter certeza que não estou sonhando. - Gina deu uma piscadela, roubando um casto beijo dos lábios do chefe dos aurores. 

—Então você sonhava comigo? -Harry apertou mais a cintura dela contra si, divertindo-a com o convencimento atípico de sua personalidade. 

—Digamos que você invadia os meus sonhos e que eu não era muito eficiente em expusá-lo. 

Harry riu, puxando a boca dela de encontro a sua pelo queixo para um beijo que povoaria os pesadelos de Rony caso visse. 

—Eu devo ser mesmo muito poderoso. - Sussurrou ele entre os lábios da ruiva, a fazendo gargalhar.   

O destino havia lhe pregado algumas peças, mas no fim, ali estava Harry, tendo em seus braços a mulher de sua vida. E ele não pretendia soltá-la nunca mais. 


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Notas finais do capítulo

N/A LEvans: Nem acredito que esse momento chegou. Bem, ainda teremos um EPÍLOGO, mas capítulo, esse é oficialmente o último. Iniciei essa fic sendo apenas uma garota completamente viciada em Harry Potter e em romances literários. Foi ótimo partilhar com vocês algumas das ideias que tomaram minha cabeça durante esses anos. Vocês, de certa forma, me viram crescer. Amadurecer. Destino foi tão especial... Claro, eu mudaria MUITA coisa, mas fico feliz com esse final. Deixo aqui meu carinho e minha gratidão pelas amizades que fiz por causa dessa fic, pelos comentários, pelas recomendações. Peço desculpas também pela demora, mas o processo de escrita exige certa inspiração e nem sempre ela está disponível. No mais, MUITO OBRIGADA, pessoal. Espero que vocês tenham gostado desse capítulo. Ficou enooorme, mas foi feito com muito carinho. COMENTEM!! Quero saber o que acharam!! Beijo grande!
N/A CellaBlack: Queria dizer que estou feliz por finalmente terminar Destino (mesmo com mais um epílogo pela frente), mas a verdade é que a ficha ainda não caiu. O ato de escrever essa fanfic me acompanha há 9 anos, eu ainda era uma adolescente no ensino fundamenta quando ela nasceu, e hoje sou uma mulher quase formada. É muito louco pensar no tanto que evoluí e, lendo os capítulos dessa história, consigo perceber minha evolução. Há tantas coisas que eu mudaria, mas admito sentir um certo orgulho do conjunto completo. Feliz em encerrar esse ciclo e triste pelo mesmo motivo. Espero que esse final atenda as expectativas de vocês, amados leitores. Obrigada pela paciência de esperar cada capítulo, pelos comentários, recomendações e compreensão. Aguardo comentários!!! Nos vemos no epílogo! Um grande beijo ♥



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