Ficamos nós dois um olhando para o outro, sem dizer uma palavra. Apenas sorrindo, sabe aqueles momentos que pensamos que já passamos por aquilo e que está acontecendo de novo, acho que se chama dejavu. Era o que eu estava sentindo naquele momento. Não era estranho apenas ficar olhando para ele, como se nada existisse além da porta, mas de uma forma diferente.

Edward estava perfeito, com uma camisa social branca, com as mangas dobradas até o cotovelo, uma calça jeans preta, um sapato social e seus cabelos estavam revoltos para todos os lados, lindo de morrer.

– Oi Bella. – ele disse meu nome sorrindo torto, me tirando dos meus devaneios. – Pronta? – e esticou seu braço para poder segurar.

– Claro – depois que tranquei a porta, segurei seu braço e ele me guiou até seu volvo. Fomos em silêncio até chegar ao restaurante, mas não era um silêncio constrangedor, até que estava bom, não sei por que, mas só de estar perto dele eu ficava calma.

– Bella, chegamos. Eu vou te deixar aqui na entrada, e você me espera que eu vou estacionar o carro, tudo bem? – dizendo isso, ele saiu, abriu minha porta, e deu sua mão pra mim descer do carro. – Já volto - e beijou minha mão.

O restaurante é bem bonito e chique. Ele escolheu o melhor de Port Angeles, na área verde, ao redor dele há um lago com um bosque lindo, quando é dia dos namorados aqui acontece uma caminhada com vários balões em forma de corações, e o restaurante coloca suas mesas pra fora, fica extremamente lindo. Se ele queria me impressionar, ele já conseguiu.

Será que ele realmente existe? Dá pra perceber que ele não é deste século. Tão gentil e cavalheiro. Mas será ele assim tão perigoso quanto todos falam? A primeira vista não parece...

– Isabella?

Ouço alguém me chamando, parece ser aquela moça de novo. Olhei ao redor e nada vejo. Tentei ver pelas árvores e nada. Mas eu senti a mesma energia que apareceu pra mim de tarde. Eu podia não estar vendo ela, mas tinha certeza absoluta que ela estava aqui.

– Isabella, venha, eu preciso de ajuda. – ela apareceu no meio das árvores, me chamando. Eu curiosa como sempre estava começando a segui-la. Não tinha percebido, mas já estava perto dela, quando ia chegando mais perto, ela ia se afastando cada vez mais, me fazendo me afastar mais do restaurante. Estava praticamente hipnotizada.

– Bella, onde você estava indo, eu não pedi pra me esperar. – Edward estava na minha frente, impedindo meu caminho, assim que ele tinha parado de falar, eu me foquei nele e percebi que não tinha certeza de como tinha parado ali. Eu tentei olhar para a floresta e ver a moça, mas ela não estava lá de novo.

– Bella, seu nariz está sangrando, você está bem? ... Por favor, fala algo. – ele me segurou como se fosse me pegar no colo.

– Edward, sim não, quer dizer, eu estou bem. Só que tem uma moça que esta aparecendo pra mim. E...

– Que moça... – ele olhou ao redor e não viu nada, assim como eu. – Não tinha ninguém aqui, e que cheiro é esse? Vamos entrar e limpar o seu nariz, ai agente conversa, só vamos logo. – ele passou a mão carinhosamente no meu rosto, e me levou pela mão até o restaurante.

Depois que fui ao banheiro me limpar, eu voltei e ele já estava sentado. Como esperava, ele se levantou e puxou a cadeira para poder sentar de frente para ele na mesa para dois, era até que reservado, tinha uma das melhores vistas do restaurante, mas tinha um lindo biombo nos separando das outras mesas.

– Você está realmente bem Bella? – ele perguntou nervoso e preocupado.

– Estou não se preocupe. Não foi nada. – eu falei, mas não conseguia me desprender de seu olhar, acho que estava deslumbrada com ele.

– A minha curiosidade está me matando, você vê e fala com fantasmas?... Mas vamos falar de negócios primeiro, eu queria saber se aceitará a minha proposta? – ele foi bem direto.

– Já que você está sendo bem direto, eu também vou ser; eu quero que saiba que eu ainda não terminei a minha faculdade, então não sei se sou qualificada para o serviço. Entenda, não estou dizendo que não sou competente ao serviço.

– Eu não importo com isso, eu já vi pela sua planta que você é brilhante. Não precisa de um diploma para provar isso. E como eu disse irei duplicar o valor do dinheiro, já que irá inspecionar a obra inteira, claro se você aceitar. Mas já fique sabendo que quero você neste projeto – ele sorriu charmoso e encantador, me deixando mais encantada com ele. Eu queria saber da onde vêm todas essas coisas que eu sinto perto dele.

– Tudo isso seria porque eu sei da sua condição extraordinária? Ou porque não achou ninguém que cobrasse barato o serviço? – eu disse pra ele saber que eu já sabia quem ele realmente era e que não tinha medo dele.

– Não Isabella, eu sei muito bem que você me conhece com a palma da sua mão, e esse é um dos motivos, não precisamos de segredos um com o outro. Em questão do dinheiro, se quiser mais, é só falar o valor. – eu tive de engolir seco o que ele disse, como assim eu o conhecia como a palma da minha mão? Ele teria que me explicar muita coisa. Mas antes que eu pudesse dizer algo, o mêitre apareceu nos oferecendo o cardápio, como eu já imaginava apenas eu iria jantar. E ele ficaria olhando, mas pediu um vinho para disfarçar.

Depois que a comida chegou, começamos a ter uma conversa boa, sobre amenidades, enquanto eu jantava. Já estava esperando a sobremesa quando a moça apareceu na floresta, eu a vi pelo vidro, e sua fisionomia estava pura raiva.

– Isabella, você não pode. – e ela olhou pra o Edward. Até então ele não havia reparado nela, mas acho que apenas eu podia vê-la, mas ele reparou que meu humor mudou.

– Bella, o que você está vendo? E sei que está vendo algo, me responde – ele estava ficando nervoso de novo.

– Edward, eu não sei o que é direito, só que essa moça já é a terceira vez que ela aparece hoje pra mim. Só que agora ela parece estar com raiva. – eu disse, me virando para olhar novamente, mas ela havia sumido de novo. – Ela se foi de novo. Se você não se importar, eu tenho umas perguntas para fazer pra você. E não quero te enganar, eu aceitei jantar com você porque quero respostas e sei que apenas você irá me dar o que eu quero.

– Bella, eu sabia que esse dia iria chegar, e posso dizer que é só perguntar, eu irei responder o que quiser.

– Pode parecer estranho, não tanto com que você é um vampiro e eu uma bruxa, dois inimigos naturais... – parei para olhá-lo, e ele estava ficando com uma cara de dor. – Mas saiba que eu não me importo com isso. Mas é que eu estava tendo umas visões... Muito estranhas por sinal. E em uma delas eu vi você. E tenho certeza que foi do passado, do meu, ou do seu, eu não tenho certeza.

– Você me viu em suas visões? Acho que não estou surpreso. Afinal, você fez parte do meu passado. – ele disse tranquilo.

– Pode rir agora, mas eu acredito em seres sobrenaturais, só não sei se acredito em reencarnação. – agora que falei em voz alta, parecia tão besta essa minha dúvida.

– Não se preocupe, eu parei de acreditar em muitas coisas nesses longos séculos em que vivi, mas você é a minha exceção. Você deve estar se perguntando muita coisa, né?

– Sim, basicamente porque eu tenho as visões com você. E porque, eu acho, que eu já morri, pelo menos minha alma, porque aquele bebê, não poderia ser eu.

– Você viu isso? Bom... – agora ele parecia perdido em seus pensamentos. – Agora, sei que tenho muita coisa pra te contar, mas aqui não é o lugar para isso. Se quiser podemos ir para o meu apartamento, e podemos conversar lá, sem nenhuma intromissão. A Alice foi ao cinema com Jasper.

– Não sei se é uma boa ideia, aqui é um lugar publico e lá é...

– Você tem medo de mim? – agora ele parecia ofendido e muito triste.

– Não é medo, eu não sinto medo de você, é só precaução, meu pai e Jake, sempre me falaram de vampiros, e seus perigos, eu já me preparei muito para o caso de ser surpreendida por um vampiro, e você é o primeiro que vejo, então, não sei o que esperar. Mas não é medo de você, não sei, mas tenho plena certeza de que não irá fazer nada contra mim. – falei mais que a boca, toda vez que fico nervosa, eu disparo em falar e não calo mais, só parei porque ele começou a rir. – Do que está rindo?

– Nada, você fica adorável quando suas bochechas coram; isso me fascina.

Ele chamou o maître, e pagou a conta, pegamos o carro, e fomos para o seu apartamento em Port Angeles. Fiquei encantada com tanto espaço em apenas um apartamento, ele era o terraço, toda a parede da sala, a da sala de jantar e da cozinha eram apenas de vidro, de cima a baixo, com uma vista deslumbrante.

– uau! Não sem nem o que falar, é muito lindo olhar daqui em cima – a vista era para o oceano.

– Não é tão lindo quanto ficar olhando para você. Vem sente-se aqui, agora podemos conversar sobre tudo o que você quiser. – ele se sentou no sofá e ficou esperando que eu sentasse junto com ele. Eu me sentei perto dele, apenas para não mostrar que tinha medo, na verdade eu não tinha medo mesmo. Pelo contrario, eu gostava dele e de sua presença.

– Vamos começar novamente. Eu sou Isabella Swan – e estiquei minha mão para cumprimentá-lo, me sentando de frente para ele, passando uma perna por debaixo da outra. Colocando o cotovelo no sofá e apoiando a mão na cabeça.

– Prazer, sou Edward Cullen, encantado com a sua presença Bella. – ele pegou a minha mão e beijou, mas a segurou um pouco em seus lábios. E entrelaçou nossas mãos.

– Acho que você já me conhece faz muito tempo Edward, e você me é tão familiar. Não sou burra, eu sei que já te conheci antes, em outra vida, e eu vi isso, só não conheço a história do começo, pelo menos acho que não me lembro.

– Você é o amor da minha vida Isabella, a primeira vez que a vi, eu descobri o meu motivo para viver, não era mais apenas ficar vagando na terra pela eternidade. Você me deu motivos para continuar, em algo para acreditar.

– Mas porque isso é tão intenso, eu nunca senti isso antes, e não é assim como o... – doeu lembrar do Jake agora, ele me deixou, mas creio que tenha sido melhor, por enquanto.

– Você nunca irá sentir isso por ninguém Isabella, apenas por mim – ele foi chegando de vagarinho, e suas mãos tocaram o meu rosto, perto da minha bochecha, tirando alguns fios dos meus cabelos, colocando atrás da minha orelha. – Você pode ter certeza disso.

E foi se encostando, quando seus lábios tocaram os meus. Era frio e maravilhoso, doce e inebriante, eu deixei que me beijasse, pois era o que eu queria. Eu me senti tão bem, era o certo, e aprofundei o beijo. Mas não pude aproveitar o beijo.