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Bônus: (Pov. Alice)

Alice, Alice, Alice!

Meu nome era gritado exasperadamente, e por mais que eu tentasse abrir meus olhos. Não conseguia.

Estava com muito sono.

Alice, Aliceeeeeeeee

A voz de Charlie ecoou tão fundo em meus pensamentos que levantei da cama em um pulo.

— O quê? – Perguntei nervosa – Onde é o incêndio? –

— Aqui- Disse me entregando um papel – O que significa isso? –

Pisquei algumas vezes tentando acordar, tentando ler o papel. E quando finalmente consegui, meu corpo todo ficou tenso.

Não acreditava, Bella tinha feito mesmo o que imaginei que faria. Desde o dia da festa em que ela chegou aos pulos e com os olhos brilhando, minha mente não deixava de me alertar sobre isso.

Eu e Bella erámos muito unidas e muito diferentes. Bella sempre foi à quieta, bem educada e romântica. Sempre aprofundada em seus livros, estudiosa e sem vida amorosa.

Já eu, boca suja nata. Sempre metida em confusões na escola, com os garotos. Adorava tudo sobre moda, gostava de me vestir bem e estava sempre ligada a 220!

Vivemos toda nossa vida em Phoenix com Renée e Charlie.

Renée tinha sido uma mulher maravilhosa, uma incrível mãe, apaixonada por Charlie e enfrentou um câncer dignamente.

Charlie era durão, um pai amoroso. E apesar de ser xerife e ter sempre uma carranca era um dos caras maravilhosos que eu sei que Deus tinha colocado nessa terra.

Depois da morte da minha mãe ele tinha se tornado relapso, sem ânimo. Por isso eu e Bella prometemos sempre cuidar dele, por isso não posso acreditar, e nem mesmo aceitar as palavras escritas naquele bilhete.

— Alice, você sabia disso? – Charlie gritou me balançando pelos ombros com força –

— Não – Falei – Quer dizer, sabia dela com esse garoto – Me enrolei – A ajudei até, mas fugir. Não pai, isso nunca –

— Quem é esse garoto? – Charlie perguntou pausadamente –

Seu rosto estava tão vermelho, suas narinas abriam e fechavam.

Eu só o tinha visto assim uma vez, quando fugi pra uma cidade vizinha onde ia ter um show de uma banda de rock pela qual estava apaixonada. E eu iria voltar, imagina agora.

Meu Deus, ele colocou toda a policia atrás de mim. Tiraram-me no meio do show.

— Onde ela está? – Ele me perguntou entre os dentes –

— Calma – Pedi – Eu achei que sei onde –

Chutei minhas cobertas, levantei em um pulo. Charlie não me deixou tomar banho, ou escovar os dentes. Apenas me fez trocar de roupa para não ir de camisola.

Saímos apressados.

Bella só podia estar na praia.

A desgramada me enganou direitinho.

Charlie estava impaciente e me perguntava toda hora quando chegaríamos. Cada vez que nos afastávamos da praia, sabia que estávamos pertos.

O dia já estava alto, mas não era bonito. Nublado, ventava e definitivamente iria chover.

Quando chegamos mais ao fim da praia, enxergamos Bella sentada ao longe. Braços cruzados envolta da perna, olhos no mar. Parecia aflita!

Charlie correu na minha frente, me deixando respirando com dificuldade ao tentar alcança-lo.

— Bella – Ele gritou assim que se aproximou –

E a vi se assustar, ela não havia visto nossa chegada.

— O que vocês estão fazendo aqui? – Ela perguntou –

— Achei seu recadinho – Respondeu Charlie ríspido e eu ainda tentava recuperar o fôlego – Levanta daí –

Bella levantou. Seus olhos tremendo, ela queria chorar e eu queria abraça-la com meu instinto de irmã mais velha.

— Nós vamos embora agora – Charlie foi taxativo –

— Não – Ela respondeu com a voz embargada – Não vou –

— O quê? – Ele gritou – Acho que não te ouvi direito –

— Bella, por favor – Pedi –

— Sinto muito pai, sinto muito Alice – Implorou – Mas estou esperando Jacob e aqui que vou ficar –

— Mas você não vai mesmo – Charlie gritou pegando Bella pelos braços –

— Me solta pai – Ela pedia se sacudindo –

Eu só pedia para os dois parar, mas eles não me ouviam. Charlie me mandou pegar a bolsa de Bella e a apertou mais ainda para puxá-la.

— Me solta – Ela pedia – Eu vou esperar ele – Charlie a segurava pelos ombros agora – Ele é o amor da minha vida -

— Você não sabe nem o que está falando – Avisou –

— Você e a mamãe ficaram juntos quase que com a mesma idade –

— E você quer comparar? – Charlie gritou jogando as mãos para o alto – Era outra época, outra coisa...  – Respirou fundo tentando se acalmar – Hoje não, você têm tudo na mão. Vai poder estudar, se formar, conhecer lugares novos –

— Pai eu quero ficar com ele – Bella implorou – Quero me casar com ele-

Charlie bufou mais uma vez e tirou sua arma da cintura. Eu e Bella nos afastamos e nos entreolhamos assustadas.

— Pai... – Bella choramingou –

— Então vamos esperar juntos. E assim que ele aparecer meto uma bala nele –

— Você não pode fazer isso – Bella gritou, mas chorava –

— Eu não posso? – Charlie perguntou sem nenhum humor – Esse garoto vem seduzindo você há semanas, te trazendo para essa praia deserta. E eu não posso? Deus me ajude, mas quando ele atravessar a minha frente é o que vou fazer. –

— Alice? – Não intervi –

— Vamos embora Bella – Pedi –

— Você vai embora comigo agora, por que sou seu pai e estou te mandando – Charlie gritou puxando Bella pelos braços – Ou podemos ficar, e eu coloco uma bala bem no peito desse garoto -

— Ok – Ela respondeu por fim sem ânimo, puxando seu braço – Mas daqui alguns anos, quando eu estiver sozinha e miserável. A culpa será toda de vocês –

Bella passou por nós apressada.

Charlie colocou as malas o mais rápido que conseguiu dentro do táxi e fomos o mais que depressa possível para o aeroporto. Bella estava afundada em sua própria dor no canto do banco e respeitamos isso.

Charlie há observava o tempo todo com medo que ela fugisse e eu também. Porém ela só parecia esperar. Esperar por ele, os olhos na porta o tempo todo.

Queria lhe dar seu espaço, mas sei que ela precisava de mim. A abracei e deixei a chorar sobre meus ombros.

— Ele não vem –

Assim que eu disse, Bella chorou muito mais em meu colo e eu deixei.

Apesar da chuva chegamos em casa bem, mais ou menos.

Bella se trancou no quarto por dias. Recusou-se a comer, acordava no meio da noite gritando e chorando.

Aliás, ela não fazia outra coisa a não ser chorar e chorar. Charlie se fazia de forte, mas sei que estava sofrendo.

Os primeiros dias foram horríveis, mas depois Bella se tornou uma meia-zumbi. Comia, tomava banho e sentava na varanda.

Os dias foram se arrastando assim, tentei chamar nossos amigos aqui, mas ela nem desceu a sala. Estava cansada de tentar animá-la, livros, cds, jogar boliche. Nada a animava.

Até que me cansei, entrei no quarto e lá estava ela: Sentada na cama com as mãos ao redor das pernas, chorando e eu explodi.

— Já chega – Gritei a assustando – Chega Bella –

— Me deixa em paz – Falou em soluços –

— Mamãe teria vergonha de você – Ela ficou em choque –

— Isso é golpe baixo – Disse se recuperando -

— E você não está jogando baixo? – Perguntei –

— É minha vida – Bella gritou –

— Mas está atingindo a minha – Gritei de volta – Ou você acha que é legal ver sua irmã chorar até mesmo quando está dormindo? –

— Se você não tivesse levado Charlie até lá, você estaria poupada disso –

— Você é tão idiota – A sacudi pelos ombros – Ele não foi, não veio e não vai vir –

— Você não sabe disso –

— Eu sei – rebati – Por que ele deve ter refletido e visto o quanto iria custar essa aventura de vocês. Ele não abriu mão da família tão fácil como você fez –

Isso foi como um tapa em Bella. E era o que eu sentia, de verdade. Eu tinha essa sensação de não importância. Afinal, ela ia me abandonar.

Sai do quarto, e chorei durante algumas horas na cozinha.

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— Você acha que foi fácil? – Bella perguntou enquanto eu ainda lavava meu rosto –

— Eu não sei – Respondi – Eu nunca pensei em fazer isso –

— Foi difícil Allie, muito mesmo – Ela garantiu – Você importa –

— Eu importo? – Perguntei –

— Sim – ela respondeu emocionada –

— Então para – Implorei – Para de agir como se o mundo tivesse acabado. Por que não acabou –

— Mas o sentimento é igual – Ela falou –

— Eu sei – Confirmei, indo abraça-la –.

Quem nunca se apaixonou tão rápido e profundamente que quando acabou parecia que o mundo tinha acabado ali?! Se não, ainda iria. Mas o mundo não acaba, e só um novo mundo!

Abraçamo-nos por um tempo que não pude contar. E depois daquele dia Bella voltou a ser a Bella de antes. Com uma certa melancolia é verdade, mas fingia muito bem.

Eu, ela e Charlie jogávamos cartas, riamos assistindo séries, jantávamos fora, comíamos Pizza vendo filmes de terror. Entretanto, à noite sei que ela chorava e que toda tarde que se sentava na varanda era esperando por Ele.

Nossa ida para Nova York estava cada vez mais perto, quando Bella me fez uma proposta:

— O quê? – Não estava acreditando no que ela estava me pedindo – Você quer que eu te leve a La Push? –

— Isso mesmo – Afirmou –

— Charlie me mataria –

— Não se ele não soubesse – Segurou minhas mãos – Allie preciso saber o que aconteceu –

— Bella, você sabe o que aconteceu – Avisei –

— Não, me recuso a acreditar que Jacob me enganou. Ele não é assim – Ela dizia mais pra si mesma do que pra mim – Allie, eu me deitei com ele. Isso é importante –

Fiquei em choque por um minuto. E-l-a s-e d-e-i-t-ou! OMG!

— Bella – Tentei encontrar o que dizer – Não sabia que era tão sério –

— Eu chorei por semanas Alice, é claro que é sério –

— Você sabe o que eu quis dizer –

— Alice, você fala para o papai que adiantou a viagem. Nós vamos ate La Push e esclarecemos tudo de uma vez –

— Não sei se posso fazer isso –

— Você pode – Bella garantiu –Seja o que for, eu vou com você para Nova York, mesmo que ele me dê uma explicação maravilhosa. Eu vou apenas beijá-lo e pedir pra ele esperar por mim –

— E se não tiver explicação nenhuma? E se ele quebrar seu coração? –

— Vai doer, muito. Mas já apreendi que eu posso sobreviver. Só não posso ficar com essa dúvida pra sempre –

Eu sabia que estava louca no momento que concordei com isso, sentia que Bella ia se machucar mais. Porém, se era disso que ela precisava, eu não podia dizer não.

Charlie acreditou quando falei sobre o adiantamento da passagem. E me senti mal por mentir pra ele, e me senti mais mal ainda. Quando ele se despediu de nós chorando feito um bebê no aeroporto.

Quando chegamos a La Push, Bella estava brilhando mais que árvore de natal. Não conseguia segurar sua felicidade e ansiedade.

O pequeno vilarejo estava todo enfeitado como naquele dia da festa. Havia algo acontecendo aqui, não sabia o que era. Mas tinha a sensação que não seria bom.

Mas pela primeira vez em tempos vi os olhos de minha irmã brilhar.

Só resta saber se duraria muito tempo!